Arquivos do mês de

janeiro 2015

Faniquito

Tudo mudou

29 de janeiro de 2015

Não cresci sonhando em viajar, eu confesso.

E nem depois de começar a namorar a Dé (hoje também conhecida como Faniquita) imaginava essa possibilidade como um dos principais e constantes objetivos de vida. Nasci, cresci e me criei em São Paulo. Amo essa cidade como poucas coisas nesse mundo, e ainda não me imagino fora daqui por períodos muito longos. Poucas foram as oportunidades em que estive distante de casa, viajando em família – normalmente férias na praia, ou no máximo um final de ano no Rio Grande do Sul – até 2008, o trajeto mais longo havia sido esse. Formatura em Porto Seguro não conta, pelo caráter de despedida que a viagem envolvia. Por isso mesmo, qualquer pensamento que considerasse algumas semanas distante de casa me parecia incômodo.

Mas veio a primeira aventura: reveillón na Argentina, passagens compradas com seis meses de antecedência. Pedi demissão pouco antes, a Dé foi mandada embora em seguida, e lá fomos nós – namorados desempregados na terra dos hermanos. Oito dias de brigas, acertos e memórias intensas de verdade. De lá reatei minha relação com meu pai, com quem novamente havia brigado pouco antes de partir, num telefonema na virada de ano. Foi o último reveillón que tivemos (ele faleceu em agosto de 2009), e me conforta saber que a felicidade que sentia em terras tão distantes foram capazes de baixar minha guarda, capotar meu orgulho me permitir fazer aquilo que achava certo, simplesmente por fazer, e dividir um último feliz ano novo com o velho. Naquele momento eu me dei conta que essa avalanche de descobertas, esse aprendizado forçado pela necessidade de saber se virar num lugar que você não conhece te transforma e te faz crescer de uma forma inexplicável.

A gente percebe a cada novidade nosso espaço no mundo. Revê constantemente aquilo que é, e onde quer chegar. Nos faz pessoas melhores (mas nem sempre – descobri numa empreitada seguinte que de fato é viajando que a gente conhece as pessoas). Não importa – veio a segunda, a terceira, e dali em diante incorporamos o hábito de viver o mundo plenamente: fosse pesquisando o próximo destino, vasculhando vontades ou enfrentando desafios pessoais. Foi viajando que eu perdi meu medo de altura, caminhei pela primeira vez no gelo, tomei água brotando do chão, machuquei joelho, escalei, fiquei sem tomar banho – e depois tomei o melhor banho do mundo num rio, fiz rapel, trilha, canoagem, conversei em idioma que não domino. E o mais legal de tudo isso: conheci gente. Muita gente. E aprendi coisas que eu adoraria ensinar por aí a quem precisasse ou quisesse. Nada de livro, tudo pelo caminho.

Viajar deixou de ser um intervalo na rotina, pra ser parte do dia-a-dia. Eu enxergava a prática como um período de descanso. Hoje eu não consigo dissociar minhas viagens das transformações que elas sempre proporcionam. Mais do que te renovar e relaxar, viajar te reinventa. E poder renascer a cada nova oportunidade te faz alguém melhor, mais lúcido e com a mente mais aberta. Porque o mundo fica grande demais, e não há olhos, braços ou pernas que bastem.

Sonhar vira necessidade, e pronto: tudo mudou.

Polônia

Tempero polonês

26 de janeiro de 2015

Auschwitz e João Paulo II: são os dois expoentes que destacam mundialmente a Cracóvia. Obviamente a cidade polonesa possui outros pontos e características marcantes, mas são essas duas memórias que comumente ocorrem ao falarmos dela.

Com um pouquinho mais de pesquisa, descobrimos um terceiro. E é dele que falaremos hoje, uma vez que quando por lá, é também um destino comum aos visitantes (mesmo não ficando exatamente na Cracóvia, mas sim em seus arredores): a mina de sal de Wieliczka (Kopalnia soli Wieliczka). Quando a gente fala “mina de sal”, esqueça aquela imagem de calor subterrâneo e absoluta escuridão. O lugar é realmente incrível.

Adquire-se esse passeio de uma forma bem simples: por flyers informativos na recepção dos principais hotéis (os próprios hotéis fazem seu agendamento quando solicitados), ou por oferta no centro histórico de Cracóvia – existem várias equipes que abordam o turista em seu passeio pela cidade. Compramos o nosso pela Seek Krakow (que possibilita inclusive o agendamento pelo próprio site – http://www.seekrakow.com/), aparentemente a maior das companhias de lá. O preço foi um pouco mais alto – soubemos depois, passeando pelo centro – mas o tour foi excelente e não temos queixas. Definida a data, o transfer passa no seu hotel/albergue/ponto, recolhe o grupo e segue até Wieliczka.

O ticket de entrada para a mina - do lado direito, o verso com um adesivo colado (esse adesivo é a autorização para fotos e vídeos, que você só compra durante o passeio, lá dentro mesmo).

O ticket de entrada para a mina – do lado direito, o verso com um adesivo colado (esse adesivo é a autorização para fotos e vídeos, que você só compra durante o passeio, lá dentro mesmo).

Chegando lá, o grupo recebe seu aparelhinho de áudio, para acompanhar tudo o que o guia diz sem gritaria. Mas por ser numa mina, é bom manter pouca distância do sujeito, pois o raio de alcance não é dos maiores. Com o canal correto sintonizado, é hora de descer.

O aparelhinho para acompanhar o áudio do guia.

O aparelhinho para acompanhar o áudio do guia.

As escadas que te levam ao interior da mina são sim um desafio razoável. São 378 degraus para baixo… portanto, prepare bem suas articulações, pois chegando lá embaixo são umas 4 ou 5 horas de caminhada. Aos que têm algum problema de joelho, é possível descer de elevador. O passeio é bem tranquilo – apesar das distâncias razoavelmente grandes, os túneis são bem extensos. O guia que nos acompanhou é possivelmente um dos poloneses mais simpáticos do mundo, e com um inglês excelente, apesar do sotaque.

A descida é longa.

A descida é longa.

Chegando lá embaixo, o tour começa – e eu não vou estragar a surpresa esmiuçando os detalhes. Mas posso dizer que há uma apresentação geral e histórica da mina, o relato de lendas que envolvem o local, alguns fatos sobre os mineiros que lá trabalhavam, um tour infantil (e temático, que lamentamos não ver, pois a molecada entra fantasiada) e mais um bom punhado de histórias. Das coisas bacanas que merecem o registro, há uma curiosidade genial sobre o funcionamento do fluxo de ar nos túneis – as áreas são separadas por enormes corredores, e cercadas por portas gigantes. Uma porta só pode ser aberta quando a outra é fechada, justamente pelo fato do fluxo de ar precisar ser interrompido. Se ele não for, a porta seguinte é empurrada e se torna praticamente impossível de ser aberta.

Caminhando contra o vento.

Caminhando contra o vento.

Outra coisa legal é a idade de cada pedaço das paredes, e a coloração do sal (branco quando novo, e preto quando muito antigo). O interior da mina é adornado por dezenas de estátuas e imagens esculpidas por artistas locais – obviamente, todas em sal. Existem áreas em que ocorrem festas, espetáculos e até concertos: a acústica dentro da mina é excelente, e demonstrada na exibição de um fragmento de peça de Fryderyk Chopin (outro polonês famoso, afinal de contas) em uma das salas. No nosso caso, a música executada foi essa aqui. Bonidimais.

Nosso guia, explicando as diferenças de cor do sal.

Nosso guia, explicando as diferenças nas cores do sal.

Uma das várias esculturas em sal. Coisa mais linda.

Uma das várias esculturas em sal. Coisa mais linda.

Porém, são dois os pontos altos do passeio: um, e mais famoso, é a Capela de Santa Cunegunda (Święta Kinga) – a santa padroeira polonesa. Localizada no coração da mina, a capela é enorme, e TODA feita em sal – das imagens ao altar, passando por bancos, piso trabalhado, e enormes e incríveis lustres, cujas pedras são – advinhem – feitas em sal também. Obviamente que há uma bela estátua de João Paulo II por lá, igualmente detalhada e bonita.

Na capela, o visual é impressionante.

Na capela, o visual é impressionante.

Um detalhe do lustre, e suas pedrinhas.

Um detalhe do lustre, e suas pedrinhas.

A bênção do Papa.

A bênção do Papa.

O outro é um light painting (aquela projeção de luzes que parece desmontar, remontar ou dar vida a determinadas coisas) feita quase no final do passeio, em uma sala gigantesca que mais parece um cinema. Tanto o som como as imagens são coisa quase inacreditável. E (in)felizmente não temos registros desse local – e mesmo procurando no Youtube, não achei nada que mostre essa parte do passeio.

O que me parece um sinal: vá conhecer pessoalmente, porque vale muito a pena! 🙂

Gastronomia, Perú

Uma tarde no museu

22 de janeiro de 2015

Confesso que não sou o cara que viaja pra conhecer museus (exceto alguns muito específicos – famosos ou não – cujos temas ou abordagens são quase obrigatórios). Porém, em Lima tivemos a oportunidade de conhecer um lugar que agrada tanto aos aficcionados quanto a pessoas como eu, que só querem um passeio interessante – seja ele onde for.

O Museo Larco é um museu particular, cuja coleção compreende peças importantes da história do Perú datadas de até 4000 anos atrás. Obviamente, para quem é natural de um país com pouco mais de 500 anos de história pós-colonização, é um tsunami de informações sobre o que de fato acontecia com nosso continente. Dá até uma invejinha tanto conhecimento sobre as raízes de um povo – coisa que a gente infelizmente nem arranha.

O museu é bem ajeitadinho e não deve nada pros grandes e clássicos...

O museu é bem ajeitadinho e não deve nada pros grandes e clássicos…

...fora que o Perú é especialista em surpreender seus visitantes.

…fora que o Perú é um país especialista em surpreender seus visitantes.

Fizemos o passeio acompanhados de um guia (coisa que a gente também nunca havia feito até então, e que recomendamos a quem se interessar). Apesar de perder em privacidade e autonomia, você ganha demais em contexto – parece uma coisa óbvia, mas pra gente não era, e por isso a explicação. A coleção de cerâmicas, máscaras e artefatos encontrados durante escavações em diversas cidades do Perú são de cair o queixo. E o museu é extremamente bem montado (iluminação, áreas e fluxo), o que torna o passeio ainda mais bacana. Das informações que recebemos, uma vertente que vale ressaltar é um outro lado da visão sobre os incas – algo bem diferente do que se conta/diz em Cusco, por exemplo. E isso é o máximo, pra explodir a cabeça mesmo, e fazer a gente ficar sedento pra conhecer que raio de continente é esse em que a gente vive – principalmente essa parte de baixo.

Uma imagem da exposição em detalhes.

Uma imagem da exposição em detalhes.

Porém, ainda não citei os diferenciais, e eles existem. Três deles, pra ser mais específico:

O primeiro é o acervo que não está exposto do museu propriamente dito, mas sim num depósito anexo. Uma vez que a ideia do museu nasceu de uma coleção herdada (por Rafael Larco Hoyle, filho de Rafael Larco Herrera – o colecionador original – sendo que Larco Hoyle foi aconselhado por seu tio – Victor Larco Herrera, que fundou o primeiro museu de Lima – a construir um museu para abrigá-la), a cada nova leva de artefatos descobertos durante escavações posteriores, era necessário também um novo espaço para guardar tanta coisa. São diversos corredores, com dezenas de peças tão ou mais bonitas do que as expostas na área principal: vasos, máscaras, utensílios, cabaças, potinhos e potões sensacionais. Beira ao inacreditável a quantidade e a beleza de tudo.

A parte "não-exposta" é simplesmente absurda.

A parte “não-exposta” é simplesmente absurda.

Não são poucas as peças, as prateleiras e os corredores.

Não são poucas as peças, as prateleiras e os corredores.

Pois é... a gente fica com cara de pateta.

Pois é… a gente fica com cara de pateta.

O segundo é a coleção erótica (nada mais justo, uma vez que estamos no Perú, e piadas sempre cabem). Simpaticamente é a hora em que nosso guia apresentou o espaço, fez alguma piadinha marota e disse que nos esperaria na saída dali. O que se seguiu foi uma ode à criatividade dos nativos peruanos – porque o bicho pega nas imagens nada inocentes que compõem a coleção.

Se você achava que eram os orientais os  mais simpáticos à sacanagem...

Se você achava que eram os orientais os mais simpáticos à sacanagem…

...acredito que sua opinião mude a partir de agora.

…acredito que sua opinião mude a partir de agora.

Por último, o terceiro motivo: após tanta risada com uma exposição nada convencional, estávamos com fome. E o restaurante do museu é uma parada necessária a toda e qualquer pessoa que pretenda iniciar uma incursão na culinária local – hoje, das mais bem conceituadas do mundo. Sem frescuras, mas com todo o requinte possível: que comida boa do cão. Além de tudo ser lindo e cuidadoso, o sabor é um troço que eu só sou capaz de descrever com caras e barulhos de tão delicioso. Papo de gordinho? Não. Mesmo. E esse trocinho redondo da primeira foto abaixo continua sendo a coisa mais gostosa que comi na vida.

Não dá pra explicar, meus amigos. Mas posso dizer que é tão bom quanto bonito.

Não dá pra explicar, meus amigos. Mas posso dizer que é tão bom quanto bonito.

Vale ainda ressaltar o jardim que entorna o museu – uma beleza colorida, mas que a gente acabou não dando muita importância na ocasião, por estarmos muito cansados nesse dia (hora dessas eu conto a história da viagem inteira, justificando esse fato). O complexo ainda possui várias outras atividades educacionais, recreativas… enfim, é uma casa linda, que em nada se parece com aqueles museus que davam sono nas aulas de História.

Cores e mais cores nos jardins do museu.

Cores e mais cores nos jardins do museu.

Vá, pra fugir um pouco dos passeios mais tradicionais da capital peruana. Tenha curiosidade nos olhos, alimente bem seus ouvidos, e dispa-se de pudores. Ah sim! Se puder, vá com fome 😉

Argentina, Brasil, Paraguai

A maior queda-d’água
em volume do mundo

19 de janeiro de 2015

Por Vanessa Marques


Sim, é isso mesmo. A maior cachoeira em volume de água do mundo fica aqui pertinho da gente. Foz do Iguaçu, o segundo destino brasileiro mais procurado pelos gringos, é bastante subestimada pelos próprios brasileiros. Conheço muitas pessoas que já visitaram mais de uma dezena de países, mas nunca se animaram em ver as majestosas cataratas de perto. Que pena! Se eu tivesse que listar as três coisas mais bonitas que já vi neste mundão-de-meu-deus, certamente as cataratas estariam entre elas. Foz do Iguaçu é absolutamente imperdível. Acredite em mim.

Primeira coisa: quando falamos “Foz do Iguaçu”, não vamos nos prender à cidade em si. Foz é uma cidade de fronteira, consideravelmente grande e sem uma identidade bem definida. Dentre as grandes cidades do Brasil, certamente não é uma das mais interessantes. Mas vamos considerar uma visita a Foz como uma viagem à tríplice fronteira, que envolve também Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina). As três cidades ficam a poucos minutos de distância entre si.

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A primeira dúvida de quem viaja a Foz costuma ser relativa a hospedagem: Foz ou Puerto Iguazú? Bem, depende dos seus objetivos de viagem. Se seu foco for comprar bugigangas no Paraguai, sugiro ficar em Foz, pela proximidade. Se você quiser conhecer as cataratas e aproveitar bons restaurantes de comida argentina a uma curta caminhada de distância, Puerto Iguazú sem dúvida é a sua escolha.

Se optar por Foz, uma dica econômica de hospedagem no centro é o Hotel Pietro Ângelo*, com diárias em torno de R$ 200 para duas pessoas. A localização é boa e o hotel foi reformado recentemente: http://goo.gl/wSL8NI. Bem perto dele, uma ótima opção para o jantar é o Vó Bertila Pizza & Pasta, um gostoso restaurante italiano bem aconchegante.

Para quem quiser ficar na pequena cidade argentina, um hotel que indico por sua excelente localização é o Yretá Apart Hotel, com diárias em torno de R$ 220 (http://goo.gl/q7sdRU). A rodoviária da cidade fica bem próxima a ele, o que permite fácil acesso às linhas de ônibus que ligam Iguazú às cataratas brasileiras, argentinas, Ciudad del Este, centro de Foz e etc, tudo por um preço bem camarada. Os restaurantes também ficam muito próximos e alguns são excelentes. Algumas dicas para quem aprecia os bons cortes argentinos: Aqva, La Rueda 1975 e El Quincho del Tio Querido, todos no centrinho (minúsculo) da cidade. Para quem procura um barzinho para a happy hour, o Puerto Bambu Resto Bar, na esquina mais bacana da cidade, é a melhor escolha. E se você procura alta gastronomia contemporânea com referências francesas e italianas, faça uma visita ao De La Fonte. É uma boa chance de conhecer um restaurante deste tipo sem pagar os preços extorsivos cobrados aqui no Brasil.

Os táxis na região são um tanto caros. Se optar por fazer os passeios utilizando este meio de transporte, negocie com o mesmo taxista um pacote para todos os dias por um preço fechado, chorando um bom desconto. Como disse no parágrafo anterior, a partir de Puerto Iguazú é tranquilo fazer os passeios de ônibus por preços baixos. Em Foz o transporte público é mais complexo e disperso. Outra opção é alugar um carro no aeroporto de Foz. Verifique apenas se a CNH brasileira é válida na Argentina, e NEM SONHE em entrar com o carro alugado no Paraguai, por motivos óbvios.

 

ATRAÇÕES

Ah, elas merecem um capítulo separado.


Parque das CataratasLado argentino

Separe o primeiro dia (de sol) para conhecer o parque argentino. Se todas as atrações estiverem abertas, vai levar um dia inteiro. Tome um café reforçado antes de sair. Chegando ao parque, entre pela trilha “Sendero Verde”, que é curtinha – desta forma você evita o trenzinho lotado na primeira estação. A trilha termina em um lugar onde existe uma lanchonete, banheiros e entrada para outras trilhas (chamados de “circuitos”). Sugiro começar pelo Circuito Inferior, que é o mais cansativo. Faça o Circuito Inferior inteiro, tome o barquinho para a Ilha de San Martin e suba o monte para ter uma vista inesquecível das cataratas. Esse percurso todo, ida e volta, deve tomar as três primeiras horas no parque (fazendo com calma). Voltando, faça um lanche e siga para o Circuito Superior. Esse é rápido e beeeem mais leve, sem cansaço. Aí tome o trenzinho rumo à estação Garganta Del Diablo e faça este último circuito, que é basicamente 1 km pra ir e outro pra voltar, mas totalmente plano, sobre o rio, bem calminho. No final, você ficará frente a frente com uma das vistas mais impressionantes deste planeta… Prepare-se!

O Parque das Cataratas do lado argentino...

O Parque das Cataratas do lado argentino e sua aura de “Ilha da Fantasia”

Parque das CataratasLado brasileiro

O parque brasileiro não requer um dia inteiro, já que é bem menor que o argentino, mas se você quiser fazer as coisas com calma, talvez seja melhor não marcar mais nada para este dia. O “nosso” lado das cataratas tem uma super infraestrutura que agrada até aos gringos mais exigentes. Para começar, entre no ônibus e desça na estação Macuco Safari, um passeio de bote bem radical que sobe o rio ao estilo “taca-le pau” e termina embaixo de uma queda d´água muito forte. Se possível, leve uma muda de roupa e toalha, MESMO QUE ESTEJA USANDO CAPA DE CHUVA. O passeio molha de verdade. Mas vale muito a pena! É demais!

O Macuco do lado brasileiro custa 170 reais (janeiro/2015). No lado argentino o passeio custa menos, mas dizem que não é tão seguro. Há alguns anos aconteceu um acidente grave quando um bote virou.

Quando terminar o Macuco, tome o ônibus novamente e desça na estação “Trilha das Cataratas”. As vistas dessa trilha são deslumbrantes: você vai ver todas as quedas argentinas a partir do melhor dos camarotes. No final dela também existem vistas incríveis: é lá que as pessoas clicam a foto clássica do arco-íris:

...e do lado brasileiro. Com arco-íris e tudo.

Duplo arco-íris, verdadeira ostentação da natureza, porque beleza pouca é bobagem.

Outras atrações da região: Ciudad del Este (mesmo para quem não é muambeiro, vale pelo interesse “antropológico”, por assim dizer), Usina de Itaipu, Parque das Aves, Free Shop de Puerto Iguazú (uma opção para quem quer fazer compras sem enfrentar o perrengue paraguaio), Templo Budista de Foz e Tríplice Fronteira. Mas tenha em mente uma coisa: as cataratas são as estrelas absolutas da região. Se for preciso, abra mão de qualquer outra atração para visitá-las tanto na Argentina quanto no Brasil. Depois volte aqui para me contar como foi. Boa viagem! 🙂


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Gastronomia, Irlanda

Irish breakfast

15 de janeiro de 2015
Teste

Por Melissa Lüdeman


Sausages, bacon, black pudding, white pudding, ovos, tomate, batata, feijão doce, cogumelos e torradas. Um cardápio que parece pesado para degustar nas primeiras horas da manhã, mas, na verdade, é um abraço gastronômico.

Antes de morar em Dublin, torcia o nariz para a ideia de comer feijão no café da manhã, ainda mais a versão doce – que é a opção tradicional na terra do Leprechaum. Achava insano e jurava de pé junto que não iria gostar nada desta combinação bizarra de bacon + cappuccino. Mas, como acho válido experimentar sabores diferentes, resolvi encarar a empreitada num belo – e chuvoso – domingo, pós-bebedeira.

O Full Irish Breakfast – ou Café da manhã Irlandês completo – é o verdadeiro menu viking! Composto por aproximadamente nove ingredientes principais – podendo variar de acordo com o restaurante – é uma refeição que sacia e segura sua fome durante um dia inteiro, acredite, e pode ser uma poderoso remédio para curar uma ressaca dublinense.

Ainda não acredita que pode ser muito saboroso? Saiba mais sobre cada item do prato e dê uma chance:

Ovos fritos – é o tradicional zoião com gema mole. Geralmente o prato vem com duas generosas unidades;
Sausages – são as salsichas embutidas tradicionais da Irlanda. O sabor é similar a uma lingüiça assada, mas não tão saborosa quanto;
Bacon – na Irlanda eles utilizam uma parte mais nobre do porco para produzir o bacon, que parece um lombo com uma quantidade ideal – e nada enjoativa – de gordura, cortado em fatias milimétricas;
Black Pudding – um embutido feito basicamente com sangue de porco e aveia – a ideia parece detestável, mas é delicioso;
White Pudding – outro embutido muito similar à versão Black, mas sem o sangue, feito basicamente com carne de porco, gordura e farinha de aveia – é muito gostoso;
Feijão doce – é uma versão de feijão branco, com sementes maiores – temperada com molho de tomate. Na Irlanda é muito comum encontrar este tipo de feijão já pronto sendo comercializado em latas pela marca Heinz;
Batatas, tomate e cogumelos – geralmente são servidos em pedaços rapidamente salteados numa mistura de azeite com ervas;
Torradas – simples, feitas com pão de forma branco.

Desejou?

Desejou?

Além da Irlanda, este prato é muito comum no desjejum de países como a Inglaterra e Escócia – com algumas alterações de ingredientes e apresentação do prato, dependendo da região.

Não existe um ritual para comer o prato, o ideal é libertar o visigodo que existe dentro de você e mandar tudo pra dentro. Minha dica especial é passar manteiga na torrada e colocar o feijão por cima – SIM, PÃO COM FEIJÃO -, é simplesmente delicioso. Ah, não se esqueça de reservar uma fatia de torrada para ‘chuchar’ na gema do ovo.

Se estiver em Dublin, recomendo dois locais muito famosos pelo Irish Breakfast:

Third Space
Unit 14, Smithfield Market, Dublin 7
http://www.thirdspace.ie/

Lemmon Jelly
Millennium Walkway Dublin 1
http://www.lemonjellycafe.ie/


Esse é nosso primeiro texto com colaboração externa! Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Brasil

A grama do vizinho

12 de janeiro de 2015

Budapeste é uma das cidades mais impressionantes que já visitei. Durante todo o tempo que estive lá fiquei perplexa com as paisagens que a cidade oferece.

De um lado o Castelo de Buda, de outro a Chain Bridge e mais pra frente o Parlamento. Por um tempo considerei a ideia de morar ali, ter a oportunidade de ver essa cidade linda todos os dias, me sentir minúscula perto de tantos prédios gigantescos e cheios de história, de ficar embasbacada todos os dias ao passar por uma mesma rua.

Ah... o Parlamento <3

Ah… o Parlamento <3

Mas será que isso é possível?

Quando digo “Budapeste”, sinta-se à vontade para trocar o nome da cidade por qualquer outra: Praga ou Viena, que têm tantos prédios históricos quanto Budapeste; Dubrovnik com suas muralhas gigantescas e suas ruazinhas estreitas e lotadas; El Chaltén, que tem no seu quintal o Fitz Roy, absurdamente lindo e imponente; Rio de Janeiro com o Pão de Açúcar e a sua vista maravilhosa; São Paulo com suas… ahm… seu… hmmm… seus prédios intermináveis? Seu bolsão de poluição no céu?

Que céu poluído mais bonito!

Que céu poluído mais bonito!

Essa história de morar em Budapeste e ver tanta beleza todos os dias me fez pensar: morando em uma cidade qualquer, fazendo parte do seu cotidiano, mergulhada na sua rotina, é possível prestar atenção no que a sua cidade realmente te oferece? Não estou falando de coisas pra fazer, de lugares para comer, isso todos nós sabemos e estamos procurando conhecer cada vez mais. É possível olhar a sua cidade com os olhos de alguém que vê uma cidade pela primeira vez, por exemplo? É possível andar pela mesma rua todos os dias e não deixar que a paisagem vire somente um cenário, daqueles que você sabe que está lá simplesmente porque sempre esteve ali, e sempre vai estar?

Nasci em São Paulo, mas me mudei para o interior e por lá fiquei durante alguns anos. Nós morávamos relativamente perto da capital, então vínhamos pra cá várias vezes. Lembro de chegar em São Paulo uma vez, e em pleno dia útil pela manhã a Avenida Professor Francisco Morato estava toda livre (coisa que não se vê mais hoje em dia). Andar por aquela avenida gigantesca vendo uma cidade completamente diferente da minha me fez achar tudo aquilo muito novo e divertido. Voltamos a morar em São Paulo e depois de algum tempo (não muito) me acostumei de novo com a cidade. Acostumei tanto com a cidade a ponto de voltar da nossa última viagem achando que São Paulo não é uma cidade turística, e que não oferece paisagens impressionantes pra quem chega aqui. Que o caos do cotidiano é tão intenso que, como pode alguém querer conhecer essa cidade quando se tem o Rio de Janeiro, cheio de praias e belezas naturais, um pouquinho mais pra cima?

Foi nesse contexto que me propus a prestar atenção no que está ao meu redor. Cheguei em São Paulo decidida a dar uma chance pra esse lugar tão cinza e hostil. Confesso que é uma tarefa difícil quando se está parada no trânsito em um carro sem ar condicionado, ou então de pé num ônibus lotado, mas a experiência tem sido gratificante.

É olhar com carinho que a cidade retribui.

É olhar com carinho que a cidade retribui.

Por exemplo, existe um prédio na Marginal Pinheiros que integra de uma forma espetacular a tal “parede viva” com uma fachada espelhada e imponente – coisa que nunca vi em nenhum outro lugar. Sempre achei que as praças de São Paulo não eram usadas, mas duas ruas atrás de onde trabalho tem uma pracinha cheia de sombras, muito gostosa pra sentar, descansar e tomar coragem antes de voltar pra labuta. Me descobri uma fã dos prédios espelhados e acho que um bom paisagismo faz desses prédios um multiplicador de paisagens bonitas e céus azuis cheios de nuvens. As belezas estão aí pra quem quiser vê-las, não são tão óbvias quanto as de Budapeste, e às vezes não têm tantas histórias quanto as de lá, mas achar beleza no meio do caos está me parecendo recompensador.

Umas das grandes vantagens de viajar é que chegar num lugar novo te faz enxergar com outros olhos, te faz aceitar coisas novas, experiências diferentes. E conseguir trazer esse olhar e essa abertura pra sua vida cotidiana… aí que a coisa toda se torna enriquecedora.

Nuvenzinhas x 2

Nuvenzinhas x 2