Arquivos do mês de

dezembro 2014

Dinheiro

E o dinheiro?

22 de dezembro de 2014

Viajar não e tão difícil quanto parece.

O dinheiro envolvido pode parecer restritivo, mas ao invés de pensar que tal orçamento vai te impedir, por que não pensar que esse mesmo orçamento é que vai ditar o tipo de viagem que você vai fazer? É simples assim: Existem vários estilos de viagem. Você pode se hospedar nos melhores hotéis, comendo nos melhores restaurantes e fazendo passeios fechados, que normalmente custam mais caro; ou então se hospedar em albergues, hotéis menores e mais simples, alugar um quarto no Airbnb, comer “comida de rua”, fazer compras no supermercado, cozinhar suas próprias refeições e fazer passeios por conta própria. Esses são somente dois exemplos em situações opostas, mas existem milhares de opções que você pode escolher, e são essas escolhas que vão ditar o seu estilo de viagem e, consequentemente, seu orçamento.

Não vou dar dicas específicas de como guardar dinheiro. Esse assunto é complicado e rende uma discussão mais focada, mas vou dizer o que eu faço e que tem funcionado muito bem com a gente (estou falando aqui de uma pessoa que tem um emprego normal, onde se tira férias uma vez por ano, e por consequência, só consegue fazer uma viagem grande uma vez por ano também):

1. Tenho uma poupança de viagem. Eu já aprendi o quanto do que eu ganho pode ser reservado sem afetar os nossos gastos normais, então logo que recebo meu tão suado salário, antes mesmo de pagar as contas, já reservo o dinheiro da poupança. Isso é feito ao longo do ano, todos os meses. Chegando perto das férias, esse é o nosso orçamento. A viagem vai ter que ser adaptada pra esse orçamento (já chegamos a mudar o destino por esse motivo).

2. A melhor época para se comprar passagens aéreas é por volta de dois meses antes da sua viagem (aqui tem um texto muito bom sobre isso). Fazemos a compra da passagem com cartão de crédito, e o pagamento com o menor número de parcelas possíveis sem estourar o orçamento total. A ideia é tentar pagar a passagem antes da viagem terminar. Eu, pessoalmente, não gosto de voltar da viagem e continuar pagando por mais três ou quatro meses. Mas também não adianta pagar a passagem à vista, se isso vai te deixar sem dinheiro durante a viagem: tudo isso tem que funcionar equilibradamente. Se alguma coisa tem que ser paga no cartão de crédito (e sempre tem – não dá pra fugir) é melhor que seja uma passagem comprada em Reais do que hospedagem e outros gastos feitos em moeda estrangeira, que estão sujeitos à variação de câmbio e IOF.

3. Não levamos muita coisa em dinheiro físico. Na verdade, isso depende do seu destino. Claro que chegando na Venezuela, por exemplo, levamos tudo que tínhamos em dinheiro físico porque não podíamos contar com uma infra-estrutura que nos permitisse outra coisa. Mas destinos mais ‘preparados’ nos permitem fazer o seguinte: levamos uma reserva em Real (uns R$ 200,00 a R$ 400,00) – essa é a reserva do desespero: se tudo der errado, você corre pra casa de câmbio e troca esses Reais. Deixamos todo o nosso dinheiro em duas contas separadas (uma minha, outra do Masili). Essas duas contas são normais – poupança ou corrente mesmo, o único porém é: você deve avisar o seu banco que vai viajar pra fora do país (ou seu cartão é bloqueado para prevenir fraudes após a primeira transação em território estrangeiro) e ele deve fazer parte da Rede Plus (Visa) ou Rede Cirrus (Master).

Os selinhos, no verso dos cartões.

Os selinhos, no verso dos cartões.

Os nossos cartões são da Plus. Isso te permite chegar em qualquer banco do mundo que faça parte dessa rede (e os bancos participantes são muitos) e sacar seu dinheirinho diretamente da sua conta, no débito, na moeda local, com uma conversão muito boa e uma taxa simbólica cobrada pelo seu banco. Além de você estar com dinheiro em mãos (há quem diga que temos mais cuidado ao gastar o dinheiro físico do que com um cartão de débito, por exemplo), você pode entrar no extrato da sua conta a qualquer momento e decidir se o que você está gastando está condizente com o seu orçamento ou não.

Isso é o que pode te ajudar a controlar os gastos e te manter dentro do planejamento. Mas tudo isso também depende do seu auto controle e do que você considera como prioridade na sua viagem. Depois de algumas viagens, eu e o Masili descobrimos que não abrimos mão de boa comida, por exemplo, mesmo que isso signifique compartilhar um quarto e um banheiro em um albergue, onde passamos tão pouco tempo. Mas também conheço quem troque uma boa refeição por um quarto maravilhoso de hotel. Pra quem não abre mão de nenhum dos dois, a escolha do destino e a duração da viagem tem que ser mais cuidadosa. Qualquer prioridade é válida, desde que permita fazer da sua viagem aquilo que você quer.

Gastronomia

Onde a gente vai comer hoje?

19 de dezembro de 2014

Se tem uma coisa que a gente não abre mão quando põe o nariz pra fora de casa – e o pé na estrada – é comer bem. E entenda-se por “comer bem” aquilo que tem sabor e deixa a gente feliz, não estamos falando de lugares chiques, preços absurdos nem nada disso. Apesar de preferir albergues a hoteis, ainda não usamos as cozinhas coletivas – por opção. Quando o assunto é comida, a gente também gosta de aproveitar a viagem.

Por esse motivo, acho que cabem aqui alguns pitacos gastronômicos esporadicamente. Não são poucas as memórias que vêm acompanhadas de verdadeiras experiências (muitas vezes boa, outras bastante ruins) com alguns sabores locais. Bebidas, comidas, doces ou salgados, os sabores só trazem mais cor e intensidade à experiência de conhecer o mundo. Isso sem contar as peculiaridades, que nem sempre a gente encontra perto de casa.

Notamos essa relação passional com a experiência de sabores locais em nossa primeira viagem, quando logo após de darmos nosso primeiro passeio pelas redondezas e a fome bater, procuramos um lugar pra comer.

– E entramos no McDonalds.

Errado, né Brasil.

Errado, né Brasil.

Nada contra. Até os Fast Foods têm suas peculiaridades – e valem a curiosidade, que se diga. Mas… McDonalds como primeira experiência? Tenha dó, né! Saímos de lá com cara de idiota, e passamos o restante da viagem “correndo mais riscos” – porém muito mais felizes. Fugimos do previsível sempre que possível. Continuamos frequentando lanchonetes e pubs hoje em dia – mas somente quando a vontade de conhecer o lugar, visitar certas coisas ou fazer um passeio fala mais alto que a fome.

Mas esse texto é só uma introdução ao assunto. Não temos nada contra lugar nenhum, e experimentamos de tudo. É um sacrilégio você vir a São Paulo e não experimentar certas coisas, de certos lugares – assim como acontece com Rio, Bahia, Lima, Munique, Tóquio ou Dublin. Existem os clichês turísticos, assim como existem os verdadeiros hábitos locais. Vamos atrás deles.

Preferencialmente, com aquela fominha incomodando.

Romênia

No meio do caminho tinha um castelo

16 de dezembro de 2014

A Romênia dificilmente surge como destino principal quando a gente fala em viajar pra Europa. Mesmo quando o assunto é Leste Europeu, ela normalmente acaba como opção de fundo. Mas estávamos lá, e dela falaremos em outras oportunidades. Hoje o assunto é um passeio específico – um destino meio óbvio, quando o assunto é Romênia: o Castelo do Drácula. Mas não é sobre ele que falaremos. Não dessa vez.

O assunto aqui é o Castelo de Peleș (fala-se Péleshhh), que fica na região de Sinaia – uma cidade mais conhecida por suas montanhas, e por ser uma famosa estação de esqui. Bem, famosa pra quem esquia… a gente realmente desconhecia o lugar. Essa cidade fica justamente no caminho entre Bucareste e Brasov – onde fica o Castelo do dentuço. E seria uma das paradas do nosso tour.

Um pouco da belíssima fachada

Uma fachada respeitável

Cabem aqui algumas curiosidades:

– Não importa o tour que você contratar (existem vários, com diferentes pacotes): chegando ao Castelo, seu guia será substituído por um guia ligado diretamente à equipe do Castelo, “para que não hajam distorções nas histórias da família real”;

– Ao entrar, você precisa calçar “uma meia sobre os sapatos”. É uma meia meio nojentinha (existem dois baús repletos delas – possuem tamanhos e cores diferentes, portanto dispa-se das suas vaidades), mas ecologicamente correta;

Não é bonito, mas funciona 🙂

– Ao chegar, os grupos são organizados conforme os critérios da equipe do Castelo (nosso grupo, que era relativamente pequeno, com 8 ou 10 pessoas, teve de 10 a 15 pessoas somadas). Por que essa informação? Nossa guia era uma moça toda austera e educada, cujas instruções e informações eram dadas no gogó – e ela falava razoavelmente baixo. Isso, num grupo mais amplo, prejudica – e muito – a compreensão das histórias;

– Porém, como estávamos em dois, acabamos nos organizando: enquanto um ficava próximo à guia e conseguia pegar todas as explicações, o outro ficava na rabeira do grupo, pra conseguir fotografar os ambientes sem aquele povaréu na frente. Parece besteira, mas não é;

A diferença entre "pessoas" e "não-pessoas" numa foto

A diferença entre “pessoas” e “não-pessoas” numa foto – preferimos sempre a segunda opção

– Falando em fotos: as externas são liberadas. Para fotografar (e filmar) os ambientes internos, é cobrada uma taxa (coisa de uns 25, 30 Reais pras fotos, um pouco mais pros vídeos). Por ser um pouco salgada, pouca gente no nosso grupo pagou. Mas tenho certeza que depois dos primeiros dois minutos todo mundo se arrependeu. Vale – e como vale.

O Castelo de Peleș era a residência de verão do primeiro Rei da Romênia, Carol I (1839-1914) – e esse é o único registro histórico que pretendo fazer. Cercado por montanhas, o complexo é impressionante. A paisagem compõe algo muito próximo ao imaginário popular no que se diz respeito a “um Castelo em uma floresta”: enormes paredes verdes, um gigantesco parque, e alamedas que conduzem o visitante por um belíssimo passeio da entrada à chegada. Há uma fonte (pra variar, repleta de moedas – fizemos o nosso pedido por lá, e bem… ele se realizou). Os jardins ao fundo são coisa a se perder de vista, e só deixam todo o ambiente mais encantador.

Os ENORMES e coloridos jardins

O Castelo, não por acaso, é considerado um dos mais bonitos do mundo. Creio que as imagens externas deixem isso bem claro e justifiquem a fama. Quanto aos ambientes internos, visitamos somente o salão central e o primeiro piso (existe a opção de tour completo – o qual não fazia parte do nosso pacote: a quem desejar, vale se informar previamente na compra do tour), mas o passeio já valeu com sobras. Os relatos da guia são ricos em detalhes, e contextualizam cada uma das salas e quartos visitados. A preservação é primorosa, e a gente se sente de fato imerso num mundo à parte enquanto está por lá.

A sala de armas

A sala de armas – com muitas e muitas armas (tinha até uma armadura pra cavalo)

Um dos detalhes do salão central, que é incrível

Um dos detalhes do salão central, que é incrível e todo cheio das histórias

Os móveis são todos originais, e igualmente impressionantes

Os móveis são todos originais, e tão impressionantes quanto o Castelo

Os vitrais são bonitos DEMAIS

Um dos vários vitrais – que estão por toda parte, e não destoam da beleza geral

Aqueles momentos em que você se liga que está "na casa da realeza"

Aquela hora em que você olha pra cima, e o queixo cai

Por incrível que pareça, não é o local das principais refeições

A sala dos lanchinhos corriqueiros – sim, não é essa a sala de jantar

Ficamos estupefatos!

Ficamos estupefatos!

É um passeio absolutamente necessário aos que desejam ampliar um pouco a percepção sobre a história (extremamente confusa, embaralhada e sofrida) da Romênia, além de obviamente, conhecerem um belo de um castelo de verdade!

Faniquito

Como tudo aconteceu

14 de dezembro de 2014

Não sei de onde veio esse amor por viajar, só sei que um dia me descobri assim: querendo conhecer o mundo inteiro. Sempre tive essa vontade, mas considerava uma vontade normal, mediana, coisa que todo mundo deve sentir.

Minha primeira viagem pra valer foi pra Argentina. Digo pra valer porque foi a primeira que fiz “sozinha”, sem os meus pais; porque viagem com os pais não conta. Eles sempre sabem pra onde ir e o que fazer, eles têm tudo planejado; viajar com os pais sempre tem aquele ar de segurança, de férias de criança.

E nessa primeira viagem pra Argentina, depois de deixarmos as malas no quarto, sairmos pela porta do hotel e darmos de cara com a rua, sem saber se deveríamos ir pra esquerda ou pra direita, sem falar a língua local, sem saber o que comeríamos pelos próximos nove dias, sem saber o que veríamos, o que sentiríamos, sem saber como iríamos nos locomover, ou seja, sem saber praticamente nada; confesso que me bateu um pequeno desespero, mas foi aí que uma faísca acendeu e aquela vontade que eu considerava normal cresceu a ponto de se tornar uma paixão inexplicável, quase um vício.

Hoje em dia, chegar num lugar completamente desconhecido me fascina de um jeito que poucas outras coisas conseguem me fascinar. Hoje, ao chegar num lugar novo, fico extremamente feliz em ouvir uma língua na qual eu não sei se estão me xingando ou me dando boas vindas, fico extasiada em olhar pra uma paisagem completamente diferente de tudo aqui que cresci acostumada a ver, fico ansiosa em pensar que meu almoço vai ter uma variedade de sabores que pode fugir totalmente da minha zona de conforto. Mais ainda, só de pensar em fazer coisas que normalmente não faríamos “em casa”, como subir uma montanha ou até mesmo andar sem destino fixo pela cidade até que seu corpo e seus pés implorem por descanso, isso sim, me deixa muito empolgada.

Por esses motivos (entre tantos outros) que viajar tomou um lugar de tanta prioridade na minha vida, por ter esse efeito terapêutico, por me propiciar conhecer tantas coisas novas, por me fazer viver experiências pelas quais nunca achei que fosse passar, até mesmo me interessar por assuntos que na escola nunca prestei muita atenção. Quanto mais conheço do mundo, muito mais quero conhecer.