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Zagreb

Causos, Comunicação, Fofuras

Três dicas bacanas, e duas pitadas de coisas boas

27 de julho de 2015

Estávamos planejando nossa viagem dentro da própria viagem – sempre com uma cidade/país de antecedência pelo menos, já com as informações básicas na mão. É um hábito que temos (e um dos pilares desse site, que se diga, pois prezamos pela aventura – desde que ela tenha pelo menos um dedinho de controle e perspectiva). E em nosso mochilão pelo Leste Europeu, após uma semana e 4 países visitados (Romênia, Polônia, República Tcheca e Eslováquia), tínhamos até então uma viagem relativamente tranquila. Nossa quinta parada era a Hungria, e por lá estávamos enquanto este causo se desenrolava.

Causo sim, porque não sabíamos ainda de que maneira chegaríamos ao nosso próximo destino: Zagreb. Estávamos em Budapeste, e em nossas pesquisas (mais) um ônibus parecia ser a forma de locomoção mais adequada até a próxima cidade. Assim que chegamos à capital húngara – mais especificamente no dia seguinte, uma vez que chegamos debaixo de chuva, e com chuva passamos nosso primeiro dia por lá – começamos a pesquisar de que maneira faríamos tal trajeto. Existiam algumas possibilidades, mas como tudo o que pesquisávamos, eram informações novas e de caráter absolutamente desconhecido. E chegamos aqui ao nosso primeiro ponto:

1) Tenha (e não tenha) medo de pessoas

A gente e o Anton - nosso amigo e protagonista das próximas linhas desse texto.

A gente e o Anton – nosso amigo e protagonista das próximas linhas desse texto.

Aprendemos muito cedo (e em outra viagem) que nem todo demônio é vermelho, nem todo anjo tem asas. “É viajando que a gente conhece as pessoas“, profetizou uma pessoa certa vez, e essa é uma verdade irrefutável. Tem gente que se descontrola durante esse período, e exagera – pro bem ou pro mal – em determinadas situações. Portanto, não confie cegamente nos relatos alheios: suas impressões, seu conforto e suas expectativas têm relação direta com a sua personalidade e sua proposta de viagem.

Sendo assim, sempre que pesquisamos “coisas que dependeriam de gente”, procuramos nos informar se aquela REALMENTE era uma boa ideia com os locais. E no caso dessa viagem Budapeste/Zagreb, não foi diferente. Porém, a forma como isso ocorreu que foi engraçada, e nos dá margem à segunda dica:

2) Preste atenção aos sinais

Oras, estávamos num albergue localizado a algumas quadras do centro de Budapeste – mas o casarão, por alum motivo bizarro, era quase que completamente “decorado” com pôsteres, lembranças e coisinhas croatas. “Esse tiozinho não promove a própria cidade? Mas que cacete…” foi meu primeiro pensamento. E resolvemos matar a curiosidade sobre aquele fato perguntando ao gordinho bigodudo de voz fina.

– Eu nasci em Zagreb, mas vim morar em Budapeste.

Decoração náutica, pôsteres de Split, Dubrovnik e Plitvice. Nada de Budapeste... por que?

Decoração náutica, pôsteres de Split, Dubrovnik e Plitvice. Nada de Budapeste… por que?

Explicado, meus amigos. E instantaneamente o senhorzinho (chamado Anton) se tornou nossa fonte mais confiável de informações sobre nossos próximos destinos. Com isso, deixamos o protocolar bom dia/boa noite de lado, e passamos a puxar assunto com o sujeito. O que leva à terceira e última dica desse texto:

3) Amizades acontecem

Assim que chegamos, caía um mundo de chuva. Ficamos ilhados no albergue. Era começo de noite, nossos estômagos estavam nas costas. Resolvemos perguntar ao Anton se seria possível nos emprestar um guarda-chuva para irmos até algum restaurante próximo. Ele nos emprestou duas capas. E capas BACANAS, não aqueles sacos plásticos com capuz. “Pra gente ir tranquilo e voltar quando quiser”, sorrindo. Ganhou de cara nossa simpatia – e alguns bons votos de confiança.

Se não fossem as capas do Anton, não teríamos tido nossa primeira (e acachapante) impressão do prédio mais bonito que já vimos na vida: o Parlamento de Budapeste.

Se não fossem as capas do Anton, não teríamos tido nossa primeira (e acachapante) impressão do prédio mais bonito que já vimos na vida: o Parlamento de Budapeste.

Porém, a maior surpresa aconteceu alguns dias depois, num papo sobre como chegar à Croácia de ônibus. Fomos perguntar ao Anton quais as linhas mais confiáveis, quanto custava, e antes mesmo de engatarmos a segunda pergunta ele nos veio com essa:

– Se vocês esperarem mais dois dias, eu vou pra lá de carro. Vocês podem vir comigo de carona, se quiserem.
– Uou! E quanto sai, Anton?
– Não sai nada, é carona. Vocês vão comigo e eu deixo vocês na rodoviária.
– <3

Dé, esperando a carona pra Croácia, com aquela cara de "a gente se deu bem nessa" - e se deu bem mesmo, meus amigos :)

Dé, esperando a carona pra Croácia, com aquela cara de “a gente se deu bem nessa” – e se deu bem mesmo, meus amigos 🙂

E numa viagem em que toda grana poupada é uma bênção, a economia pode estar num papo bacana com alguém ainda mais bacana. Antes que perguntem: claro que não dá pra confiar em todo mundo, muito menos tomar isso tudo como regra. Mas são possibilidades, que existem pra valer. No mundo existem dois tipos de pessoas: as boas e as ruins. E elas estão por aí, espalhadas pelo mundo. Se a gente tiver um mínimo de inteligência e sagacidade (sempre quis usar essa palavra num texto) e ficar atento aos lugares e pessoas que passam pela gente, a chance de termos boas surpresas é enorme.

Vale pra viagem, mas vale pra vida também 🙂

Croácia

Zagreb pra isso

13 de julho de 2015

Depois das generalidades, trazemos hoje as coisas que Zagreb realmente soma. Porque sim, toda cidade tem suas particularidades – e algumas delas podem ser muito legais. Começando pelo passeio até a cidade alta – e partindo do último ítem do texto anterior (no final do segundo parágrafo), quando dissemos que havia uma escadaria próxima ao centro gastronômico da cidade.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

O acesso à cidade alta é possível tanto pela escadaria quanto pelo funicular (Zagrebacka Uspinjaca) – e temos aí nossa primeira particularidade: o funicular de Zagreb é um dos “menores transportes coletivos” do mundo. Não usamos o bichinho, uma vez que a subida pela escadaria leva pouco mais de um minuto, mas nos rendeu algumas fotos bem simpáticas.

O funicular é o transporte familiar de fato - afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

O funicular é o transporte familiar de fato – afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

Já na cidade alta, algumas coisas valem a pena. A começar pelo passeio até duas ruas acima, onde demos de frente com a Igreja de St. Mark. Apesar do prédio relativamente pequeno, é uma construção marcante – principalmente por seu telhado, composto de um mosaico de ladrilhos brilhantes, com desenhos e dois escudos em destaque: o brasão de armas de Zagreb (vermelho, com um castelo, à direita), e o brasão que representa o Reino da Croácia (1527 a 1868, que foi parte das terras da Coroa de St. Stephen – hoje território croata em toda a sua extensão).

A bela igreja de St. Mark...

A bela igreja de St. Mark…

...e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

…e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

Existem outras igrejas e prédios do governo próximos à igreja, mas tínhamos um objetivo: ouvir/assistir ao estouro do canhão, que acontece na cidade todos os dias ao meio-dia em ponto: uma tradição que vem desde 1º de janeiro de 1877. Procuramos nas placas espalhadas pelas ruas da cidade, e nada. Andamos, andamos, e nada. Pois quando resolvemos sentar pra descansar próximos ao funicular, e a Dé foi comprar uma pipoca, olhamos pra cima e…

...enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã...

…enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã…

...aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

…aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

Sim, o forte (Kula Lotrščak) tem placas que dão a entender que o prédio é um pequeno museu. Entramos e perguntamos se era ali mesmo o raio do canhão – o que nos foi confirmado pela moça que tomava conta da loja no piso térreo. Compramos a entrada (que além do canhão dá acesso à parte superior do forte, que nos permite uma visão em 360º de Zagreb). Bom, antes de qualquer coisa, o canhão – em vídeo. Sim, estávamos sozinhos – e o estouro é pra arrebentar qualquer ouvido…

O guarda responsável pelo canhão convidou a gente a visitar a cabine em seguida pra tirar umas fotos.

Faz barulho MESMO o danado.

Faz barulho MESMO o danado.

Logo depois, subimos pra conferir Zagreb por cima. E que surpresa agradável foi essa 🙂

Perto dali, outro ponto marcante da cidade é o Stone Gate. Porém, mesmo com esse nome, não esperem um portão de pedra, ou mesmo algo grandioso, como uma catedral ou um forte. O Stone Gate é um fragmento da muralha que abrigava a cidade velha. Possivelmente datado de 1266, é um memorial que abriga uma pintura da Mãe de Deus – peça inexplicavelmente salva do fogo em 1731, em um dos diversos incêndios que castigaram a região. Nessa pequena curva está hoje uma espécie de capela, que atrai fiéis de todas as partes do mundo. E exatamente por ser uma capela, não nos sentimos suficientemente à vontade pra bater uma foto lá dentro.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

São algumas das curiosidades da capital croata, que é um lugarzinho dos mais gostosos. Mesmo não tendo esse apelo turístico todo, todo lugar novo sempre garante um punhado de histórias bacanas. As de Zagreb voltaram na nossa memória, e possuem um sabor bem bacana!

Croácia

Zagreb? Pra quê?

6 de julho de 2015

Quando fomos embora de Zagreb, rumo à Turquia, o taxista que nos levou ao aeroporto resolveu puxar assunto num inglês simpaticíssimo. Naqueles minutos que se seguiram, soubemos que a capital croata tinha fama de cidade-dormitório para os turistas que visitam o país  – e éramos prova viva disso, já que usamos Zagreb como “parada” para nossa viagem pela Croácia, e não como destino.

Chegamos ao país por lá, e não passamos sequer um dia na cidade. Almoçamos no meio da tarde, demos uma volta, descansamos e seguimos viagem – por Zadar, Dubrovnik, Split, voltando para Zagreb dez dias depois, quando pudemos de fato explorar um pouco das redondezas. A capital croata é uma cidade bonita, com uma praça central bastante movimentada, de onde partem ruas que se ramificam num centro gastronômico logo acima, numa área comercial bastante desenvolvida à direita, em sua principal catedral seguindo adiante ainda pela direita, e numa outra área visivelmente mais turística à esquerda, com mesas espalhadas e televisores nas alamedas. E além desses lugares, existe também uma área mais alta da cidade, acessível por uma longa escada logo no início do tal centro gastronômico. Essa escada fica à esquerda, e os mais desavisados podem passar por ela sem notar. Este texto vai tratar de todas as outras áreas, fora essa da escada – que será nosso tema ainda essa semana, num segundo texto 🙂

Um dia pra descobrir Zagreb. Simbora pra praça central!

Um dia pra descobrir Zagreb. Simbora pra praça central!

Demos sorte de encontrar a tal praça central num dia de evento – uma espécie de quermesse, patrocinada pela Câmara de Economia Croata (só descobrimos isso depois, graças ao Google Tradutor). Várias barraquinhas com artesanato, souvernires e muita comida local – tudo a um preço muito acessível, que se diga. Mas estava implícito o desafio de descobrir o que era cada coisa e quanto custava, pois quase todos os comerciantes não falavam inglês – e quando falavam, somente arranhavam. Mas mesmo assim experimentamos alguns queijos, docinhos e chocolates croatas numa boa.

Um pouco de inglês, um pouco de mímica, e a gente se entende.

Um pouco de inglês, um pouco de mímica, e a gente se entende.

Num toldo que servia de palco, alguns artistas se apresentavam: um grupo de cantoras de música típica, uma bandinha de churrascaria, e um grupo de cheerleaders (?) que dançava e jogava bastão ao som de uma adaptação bizarra do Rap das Armas (sim, aquele do Tropa de Elite). Foram momentos, pra dizer de uma forma singela, edificantes.

Parapapapapapa papapapá... Parapapapapapa papapapá!

Parapapapapapa papapapá… Parapapapapapa papapapá!

Vale ainda a história da pipoca, que a Dé pediu no carrinho de uma tia perto dali.

– How much for the popcorn?
– Sôri noenglish.
– How much?
– Tentém.
– What…?
– Tentém (com as duas mãos, abrindo e fechando duas vezes).

Sim, tentém. Ten-ten. Vintão.

O tal centro gastronômico é composto de trocentos restaurantes, bares e afins, e é bastante frequentado em todos os períodos do dia. Por lá comemos num restaurante italiano (que fica superlotado à noite, e é gigante), bebemos num trailer de sucos naturais, almoçamos num lugar chamado Pivnica Mali Medo (http://tinyurl.com/og3etwb – cuja tradução é “Pub Ursinho”) por duas vezes, e jantamos numa hamburgueria excelente chamada Rocket Burger (http://tinyurl.com/p6kpbbv). Existem lugares mais chiques, outros que possivelmente reúnem a máfia (quando no trailer de sucos, pedi pra usar o banheiro de um bar, e era um daqueles que a gente detesta encontrar pelo caminho – numa casa escura, com um cara mal-encarado esparramado numa cadeira, assistindo TV ao lado de um caça-níqueis). Mas dá pra se divertir numa boa alameda adentro.

Um feijão (sim, feijão), linguiças e cogumelos, e uma caneca de cerveja pra energizar o almoço...

Um feijão (sim, feijão), linguiças e cogumelos, e uma caneca de cerveja pra energizar o almoço…

...um hamburgão e uma cerveja artesanal pra darem um calor à noite.

…um hamburgão e uma cerveja artesanal pra darem um calor à noite.

Caso precise ir ao banheiro, pergunte pras pessoas certas :)

Caso precise ir ao banheiro, pergunte pras pessoas certas 🙂

A área comercial, seguindo à direita da praça principal, possui alguns fast-foods, bancos e aquelas lojas de sempre, que existem em qualquer centro de qualquer cidade. A primeira impressão é de um passeio desinteressante, caso você não chegue ao final dele. Porém, alguns passos adiante está o prêmio a quem apostar em Zagreb: a catedral da cidade (Zagrebačka katedrala). É um troço absurdo de gigante, e um dos pontos mais visitados da cidade. Uma das suas torres ainda está em processo de reconstrução/restauração, e tanto esse processo como seu relógio original têm suas histórias explicadas num painel do lado esquerdo da entrada principal.

Uma catedral linda e gigante. Fotos internas são proibidas (soubemos disso da pior forma)...

Uma catedral linda e gigante. Fotos internas são proibidas (soubemos disso da pior forma)…

…e logo ao lado, um pouco de antes/depois.

Todo esse passeio, bem como a área turística, de bares e shoppings do lado oposto pode ser feita à pé numa boa, e em um único dia. Algumas quadras abaixo estão a estação de trem e a rodoviária da cidade, e entre essas quadras alguns parques bem bonitos deixam o passeio ainda mais agradável.

Zagreb pode não ser de fato um lugar que as pessoas sonhem conhecer, por esta ou aquela determinada atração. Mas menosprezá-la é um passo pra trás… afinal de contas, nem toda cidade precisa ser diferenciada. Algumas, que parecem bem comuns, podem ganhar um espaço tão ou mais importante em nossas memórias por nos proporcionarem apenas e somente dias bacanas.

Croácia

Zadar, quase sem querer

23 de março de 2015

Do itinerário definido em nossa viagem pelo Leste Europeu, um determinado trecho era razoavelmente problemético: Chegaríamos na Croácia por Zagreb, e de lá seguiríamos para Dubrovnik. Um trecho de 600 quilômetros, que a princípio faríamos em um dia… mas convenhamos: quem em santa consciência quer passar um dia inteiro dentro de um ônibus? Apesar da distância ser a mesma entre São Paulo e Rio de Janeiro, não iríamos pela Dutra. Os ônibus que percorrem esse trecho o fazem com diversas paradas, pra subida e descida de passageiros. Além disso, não sabíamos qual a qualidade do ônibus, ou mesmo da estrada (preocupações que posteriormente se mostraram bastante fundamentadas, mas isso é assunto pra outro texto). Conclusão: resolvemos cortar esse trajeto em três partes: o primeiro iria de Zagreb ao Parque Nacional Plitvice (onde passaríamos o dia em visita); ao final da tarde, percorreríamos o segundo trecho, de Plitvice a Zadar, onde passaríamos a noite, e visitaríamos durante o dia seguinte; à noite, viria o terceiro trecho, entre Zadar e Dubrovnik, que faríamos de madrugada, dormindo (em teoria – a prática não foi bem assim, mas quando falarmos de Dubrovnik a gente conta o que aconteceu).

Nosso texto de hoje trata da segunda perna dessa viagem. Mais especificamente, sobre Zadar.

Nosso texto fala sobre esse trecho em destaque, de uma viagem gigante, antes planejada pra ser feita num dia só.

Chegamos na cidade no início da noite, e na rodoviária mesmo acabamos pedindo nosso primeiro cevapi da viagem (um sanduíche bem do gostoso, e uma espécie de kebab em forma de salsichinhas – sim, parece um sanduíche de cocô). Com o wi-fi da lanchonete, vimos onde estávamos, pedimos um táxi e fomos direto pro apartamento que havíamos alugado. Porém, acabamos ficando em um quarto ainda melhor, uma vez que o que reservamos teve sua chave roubada (!) pelas hóspedes anteriores. O dono do lugar promoveu nosso alojamento, e acabamos ganhando cozinha e banheiro exclusivos sem custo adicional. Melhor primeira impressão, impossível.

Parece cocô, mas é bem gostoso.

Parece cocô, mas é bem gostoso.

E depois de jantar, o descanso dos Deuses.

E depois de jantar, o descanso dos Deuses.

Apresentado o tema, vamos à cidade, que desbravamos durante o dia seguinte.

A Dé disse que “só estaria na Croácia de fato quando visse o Mar Adriático” (ou seja, pra ela Zagreb não valia como Croácia). Assim sendo, chegamos enfim à Croácia quando avistamos a marina. Seguindo adiante, chegamos à cidade antiga, e por lá ficamos durante todo o dia. Existem duas atrações em Zadar que são amplamente difundidas, e que atraem visitantes do mundo todo: o Morske orgulje – o “órgão marítimo“, uma estrutura que toca música (mesmo) com o impacto das águas do Mar Adriático, e o Pozdrav Suncu – a “saudação ao Sol“, outra estrutura que fica logo ao lado, e à noite é iluminada por centenas de lâmpadas coloridas. Logo na chegada – por esse caminho que fizemos – demos de cara com as duas.

Com o mar ali do lado, já vale como Croácia :)

Com o mar ali do lado, já vale como Croácia 🙂

Mas antes de falar delas, falemos do Centro Histórico. O passeio em si não é muito demorado, pois ele é composto de poucas ruas mais largas, e outro punhado de vielas mais estreitas. Porém, tanto as ruínas como os prédios são de cair o queixo. Zadar é uma cidade antiquíssima (constam registros de vida na região que datam da pré-história), e alguns pedaços dessa história continuam imponentes e lindos, como os pequenos fragmentos das colunas que faziam parte do Fórum Romano (século II), e a Igreja de São Donatus (século IX). Além disso, a própria composição do Centro, pavimentado com pedras claras e brilhantes, detalhes nas paredes e o ambiente nas vielas deliciam os que passam por lá. Um local absolutamente encantador.

Zadar tem uma cor predominante: o bege.

Zadar tem uma cor predominante: o bege.

E isso não é nenhum demérito, pois a cidade fica ainda mais charmosa desse jeito.

E isso não é nenhum demérito, pois a cidade fica ainda mais charmosa desse jeito.

As colunas, datadas do século II. Do tempo em que o mundo nem redondo era.

As colunas, datadas do século II. Do tempo em que o mundo nem redondo era.

Sete séculos depois, a Igreja de São Donatus.

Sete séculos depois, a Igreja de São Donatus.

Alguns detalhes que não desmentem...

Alguns detalhes que não desmentem…

...a idade e a beleza de Zadar.

…a idade e a beleza de Zadar.

Almoçamos em um dos restaurantes indicados pelo proprietário do apartamento onde ficamos. O Bruschetta (http://www.bruschetta.hr/en/) é enorme, com mesas externas e uma baita vista do Adriático. Além da cerveja – e da bruschetta, obviamente – pudemos experimentar um dos pratos mais gostosos e vistosos de toda a viagem: camarões gigantes, filés de atum, lulas, peixe branco e mariscos. Uma verdadeira e deliciosa sacanagem. Chegue cedo se quiser sentar sem precisar pegar fila.

Aquele azul ali é o Mar Adriático. Nos sentimos chiques.

Aquele azul ali é o Mar Adriático. Nos sentimos chiques.

Chiques e ogros. E felizes.

Chiques e ogros. E felizes.

Durante a tarde passeamos sem rumo. Algumas banquinhas de artesanato, lojinhas pequenas, outras nem tanto, e em pouco tempo você já passeou por todo o Centro. Pelo caminho, diversos grupos de turistas, mas em grupos bem menos numerosos do que veríamos posteriormente em Dubrovnik, o que garante um passeio tranquilo e sem multidões pelo caminho. Fomos então ao Morske orgulje. O mar estava suficientemente agitado para que pudéssemos presenciar e constatar aquilo que nos parecia exagero anteriormente: de fato, Zadar toca música com as águas do Adriático. As pessoas ficam sentadas nos degraus do órgão, e ninguém se importa de vez ou outra se molhar um pouco. A trilha sonora pra tarde estava escolhida, e era de fato maravilhosa.

A alameda que ladeia o Adriático. Ao fundo...

A alameda que ladeia o Adriático. Ao fundo…

...encontramos "o tecladinho de Zadar".

…encontramos “o tecladinho de Zadar”.

Enquanto acompanhávamos a saída de um transatlântico, que estava atracado no porto, próximo ao Pozdrav Suncu, a tarde aos poucos se despedia. O painel principal montado no chão emula a proporção entre o Sol e os planetas – também representados tanto em distância quanto em tamanho pela alameda que ladeia o Centro Antigo.

Um pouco antes do Sol se pôr, a notória alegria de um dia incrível.

Um pouco antes do Sol se pôr, a notória alegria de um dia incrível.

No detalhe, os planetas espalhados pela orla. A foto foi tirada de cima...

No detalhe, os planetas espalhados pela orla. A foto foi tirada de cima…

...do painel que representa o Sol. E agora vocês entendem o porquê.

…do painel que representa o Sol. E agora vocês entendem o porquê.

Foi-se  a tarde, e o transatlântico.

Foi-se a tarde, e o transatlântico.

Pouco depois da saída do navio, não havia mais luz natural. “Ligaram o Sol”, e o Zadar ganhou mais um espacinho em nosso coração com aquelas luzes coloridas, que dançavam desordenadamente, enquanto as pessoas passeavam sobre o painel. Tivemos nosso momento por lá, e ficamos ainda mais encantados. É algo extremamente simples, sem pirotecnias ou adereços desnecessários. Mas é bonito, muito bonito.

Tiramos nossa casquinha das luzes noturnas, daquele enorme Sol.

Tiramos nossa casquinha das luzes noturnas, daquele enorme Sol.

Às vezes a gente acha que passou muito tempo num mesmo lugar. Zadar pedia pelo menos mais um dia. Uma cidade deliciosa, delicada e agora, saudosa. Nossa parada para um descanso tornou-se uma das memórias mais latentes da viagem.