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Fazendo as malas, Hospedagem, Ir e vir, Perrengues

Maldito mês de dezembro (?)

7 de dezembro de 2015

Foi-se a primeira semana de dezembro. O período de Festas é um dos momentos do ano em que a grande maioria das pessoas resolve botar o pé na estrada: férias escolares e/ou coletivas, é uma oportunidade de enfim juntar a família e fazer alguma coisa diferente da vida. Não por acaso, é justamente entre dezembro e janeiro em que essa alegria pode ser trocada por ódio mortal e absoluto se você não souber jogar direitinho com essas datas. Botar as malas no carro pode significar horas e horas de congestionamentos, competição por comida e abrigo com outros turistas, dores de cabeças inimagináveis e absurdas… enfim, a coisa toda pode virar um inferno.

Que o humor da Dé no trânsito seja igual ao seu durante esse final de ano.

Que o humor da Dé no trânsito seja igual ao seu durante esse final de ano.

Sendo assim, a gente vem passar umas dicas e conselhos aos que se aventuram nesse período, e que normalmente soltam fumaça só de pensar nesse “maldito mês de dezembro”. Vamos lá:

1) Sim, é mais caro – conforme-se ou não vá

O final de ano obviamente não é a melhor época pra viajar se você está apertado de grana. Períodos que coincidem com férias escolares/coletivas têm um aumento descomunal de preços em praticamente tudo: hospedagem, comércio local, lazer e abastecimento vão arrancar uma grana do seu bolso SIM – e não adianta ficar ranhetando na fila da vendinha ou pro tio do picolé. Se não tiver essa grana extra disponível, capriche na seleção de filmes do Netflix e fique em casa – seus meses de janeiro e fevereiro agradecerão, acredite.

2) Procedência

Na praia, na montanha, no interior ou exterior, com desconhecidos, amigos ou família: verifique a procedência da sua hospedagem (cuja reserva – espero – já tenha sido feita há dois ou três meses). Chuveiros que não esquentam, geladeiras que não fecham, ventiladores quebrados ou ar condicionado barulhento são coisas que sempre deixam a gente soltando fumaça. Tem cobertor? Cama suficiente? Pernilongo? A casa é ventilada? E a água? Precisa levar alguma coisa? Tem wi-fi? A internet é boa? É camping mesmo ou é um quintal adaptado? Não se acanhe em perguntar e pesquisar: mais vale apertar o espaço no carro e levar um ventilador de casa (desde que a voltagem bata – sim, não esqueça desse detalhe) do que passar duas semanas suando que nem um porco madrugada adentro.

Este é o Amadeu - o cara que você NÃO quer encontrar este mês.

Este é o Amadeu – o cara que você NÃO quer encontrar este mês.

3) Kit de escoteiro

Vale pra qualquer viagem, mas simbora relembrar: farmacinha (remédio pra dor de cabeça/muscular, band-aid, cotonete, gase, esparadrapo, pomada pra coceira, repelente se for o caso, protetor solar, creme dental e escova de dentes são o kit básico). Se usar algum medicamento específico, leve de casa. “Ah Marcelo, mas onde eu vou tem farmácia“. Sim, tem. E se não tiver o que você precisa (ou custar o triplo do que você normalmente paga) você vai se sentir culpado por não ter seguido essa dica. Uma bolsinha que cabe no porta-luvas ou no bolsinho da mochila pode te poupar a dor de cabeça de sair correndo no aperto, e uma graninha razoável.

Dinheiro em viagem é pra diversão, e não pra apagar incêndio.

Além da farmacinha, outros ítens legais de se ter na bagagem:

  • adaptador elétrico/benjamim (imagina que legal ter que desligar o ventilador pra deixar o celular carregando?);
  • se for tirar muitas fotos, lembre-se: descarregá-las pode ser necessário se você não tiver cartões de memória suficientes. Aí um hd externo ou uma boa conexão (para backup em nuvem) podem ser necessários. Ajuste expectativa e realidade, e seja feliz.
  • prepare-se pro melhor e pro pior: se mesmo com previsão de sol existir alguma possibilidade de fazer frio, não seja a anta que só levou bermuda e biquini. Às vezes sua praia pode acabar virando um Banco Imobiliário, e se isso acontecer, esteja quentinho, faça uma pipoca e divirta-se da mesma forma.
Nunca subestime a capacidade de diversão de um jogo de tabuleiro em dias de chuva.

Nunca subestime a capacidade de diversão de um jogo de tabuleiro em dias de chuva.

4) Tenha alternativas

Viaje com antecedência, e se possível faça o mesmo pra voltar. Horários bizarros são bem-vindos, desde que não coloquem em risco sua saúde e segurança (se for o caso, junte-se ao exército de turistas e escolha uma boa trilha sonora). Quando em seu destino, lembre-se que os programas mais populares serão inevitavelmente os mais abarrotados de gente. Procure alternativas menos conhecidas, ou mude os horários (não tenha medo de acordar cedo, almoçar mais tarde ou mesmo jantar no final da tarde – você está descansando, e sair da rotina inclui experimentar novos hábitos). Se a multidão for inevitável, não seja o cara que fica reclamando da demora, da fila ou do atendimento ruim (as pessoas da cidade que você está visitando também precisam se adaptar à demanda, e não é coisa simples).

Insira um milhão de turistas nessa foto e vislumbre seu futuro.

Insira um milhão de turistas nessa foto e vislumbre seu futuro.

5) Aproveite e mude seu jeito

É final de ano, e todo mundo quer festejar. Faça parte das lembranças boas das pessoas, sendo aquele que faz a diferença pro bem. Lave aquela louça que você não lavou o ano todo, divida as despesas e as dores de cabeça com quem estiver contigo, e faça parte do grupo. Se você não tiver grupo, é uma ótima época pra fazer amizades. Procure manter um sorriso na cara, e respire fundo nas dificuldades antes de responder com uma patada. Suas férias podem te ajudar a cumprir aquelas eternas promessas jamais cumpridas, se sua atitude começar a mudar antes mesmo da contagem regressiva.

São nossas dicas (mas ainda não é nosso último texto do ano) 😉

Faniquito, Tailândia

Como escolher
uma operadora de mergulho

15 de outubro de 2015

Por Ângela Goldstein


Conversando com o Masili outro dia, disse que gostaria de enviar um texto meu pro Faniquito e fiquei felicíssima quando minha proposta foi aceita, pra logo em seguida quebrar a cabeça pensando sobre o que eu poderia escrever. Para quem ainda não me conhece – muito prazer, meu nome é Ângela – eu também escrevo um blog de viagens, o Naonde?, e queria apresentar aqui alguma coisa diferente do que eu faço lá. Mas acabei metendo minha colher num angú que eu já conheço muito bem e vou falar sobre mergulho mesmo.

Entre agosto de 2014 e março de 2015 eu trabalhei como divemaster em uma operadora numa ilha no sul da Tailândia, Koh Phi Phi – aquela mesma do tsunami, e essa experiência me tornou muito mais crítica na hora de escolher com quem eu vou mergulhar no futuro. Ter conhecido o outro lado da moeda me chamou a atenção para diversos aspectos que teriam passado em brancas nuvens anteriormente e são eles que eu quero dividir com vocês. Vamos lá?

O que importa, afinal?

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Se você já quer sair de casa com a reserva do mergulho feita para não correr o risco de não ter vaga no barco, procure o máximo de informações pela internet que você puder.

Tripadvisor tá aí pra ser usado e abusado, leia resenhas, procure fotos, veja o site da operadora, saiba há quanto tempo está em funcionamento, veja se ela representa alguma marca de equipamento – em geral, quando as operadoras representam alguma marca, o equipamento que eles têm disponível para locação será dessa marca. Enfim, faça uma busca tão detalhada quanto você faria no perfil do Facebook da nova namorada do seu ex.

Se você prefere ir até o escritório da operadora, o que é melhor ainda, faça todas essas perguntas a quem te atender. Peça para ver fotos do barco, para ver o equipamento, quantas pessoas já estão confirmadas para a saída que você quer fazer etc..

O barco

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Um dos maiores diferenciais da operadora onde eu trabalhei em Phi Phi era o barco, o maior e mais confortável da ilha. Eu sempre mostrava fotos dele para os clientes e vi vários narizes torcidos seguidos do seguinte comentário: “Mas eu nem ligo pro barco…

O chão emborrachado – que só a gente tinha – fazia toda diferença do mundo na hora em que você já estava todo equipado e o mar jogando de um lado para o outro. Um chão bem liso, quando molhado, escorrega mais do que baba de quiabo.

Um banheiro com mais espaço também ajuda pacas na hora de se trocar. Parecem características meio banais e desprezíveis, mas fazem muita diferença quando somadas.

O equipamento

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Uma vez uma cliente que estava se inscrevendo para fazer o curso básico me pediu pra ver o nosso equipamento antes de se decidir. O fim do mês estava chegando, eu precisava da comissão daquela venda, queria acabar com aquilo o mais rápido possível e fiquei pensando: “Mas essa pessoa não tem nem o curso básico, a troco de quê vai querer ver o equipamento que a gente fornece? Tenha santa paciência!

Coloquei o meu melhor sorriso na cara e levei a moça até a sala onde tudo ficava guardado, ela deu uma olhada rápida e fechamos o negócio.

Depois fiquei pensando comigo mesma que, no lugar dela, eu também gostaria de saber o que eu usaria para fazer os mergulhos e em que estado estaria. Ela pode não fazer a menor idéia da função de um colete, mas um colete rasgado ou esfiapado causará uma má impressão, sempre.

Não custa nada pedir para ver o equipamento, isso é parte do trabalho de quem está te atendendo – e se a pessoa ficar de má vontade quando você pedir, problema dela.

Quem vai te levar

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Acho que de todas as dicas desse texto, esta é a mais importante. Se você tiver a oportunidade de conversar com quem vai te levar, não se furte de fazer as perguntas que julgar mais estapafúrdias. De verdade. Mergulho é uma atividade segura? Sim, muito, mas contanto que você siga todos os critérios e, principalmente, que você se sinta perfeitamente confortável com quem está te levando.

Lembro da primeira vez que eu mergulhei, estava ainda um pouco apreensiva antes de me decidir e perguntei pro moço que estava me atendendo: “Se eu ficar com medo… o instrutor segura na minha mão?

Só dei o dinheiro depois de ouvir uma resposta afirmativa.

Você só vai se sentir à vontade se não tiver dúvidas, e você só não vai ter mais dúvidas depois de fazer todas as perguntas que quiser.

Pergunte há quanto tempo o seu instrutor ou divemaster trabalha com mergulho, quais são os melhores pontos, que tipo de animais e corais podem ser vistos naquela região, quanto tempo dura cada mergulho, qual a profundidade máxima, quantas pessoas vão com um mesmo instrutor, como é o briefing antes do mergulho.

Logo depois que voltei para o Brasil fiz uma saída com um instrutor péssimo. Éramos três mergulhadores que seriam guiados pelo mesmo instrutor, eu e um casal de São Paulo que havia tirado a certificação há bem pouco tempo. Quando eu entrei no barco o instrutor pediu para ver minha certificação (sempre um bom sinal!) e ficou todo pimpão ao descobrir que eu sou divemaster, o maior defeito de muito instrutor de mergulho é achar que divemaster é sinônimo de escravo. Não é. Arrumei meu equipamento e fui tomar um solzinho básico no deck, só esperando a hora que ele nos chamaria para dar o briefing do mergulho e cairmos na água. Um tempo depois ele me chamou e disse pra colocar o equipamento e pular.

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Mas qual a profundidade máxima? Quanto tempo ficaríamos mergulhando? O que a gente iria ver? O que faríamos caso o grupo se separasse embaixo d’água? Com que frequência ele consultaria o nosso consumo de ar? Como a gente mostraria isso pra ele?

Todas essas foram perguntas que vieram à minha cabeça, mas às quais eu não dei tanta importância por causa da minha experiência anterior. Eu conheço o meu consumo de ar, eu sei o que fazer caso me perdesse do grupo, eu sei o limite de profundidade que eu posso chegar. Mas e o casal?

Logo que eu pulei na água ele pediu aos meu companheiros que fizessem o mesmo e segurássemos numa corda que estava presa entre o barco e uma pedra. Lembram de todas as perguntas que eu fiz dois parágrafos acima? Pois é, a moça que iria conosco me fez e o folgado do instrutor ainda teve a cara de pau de me pedir para verificar se ela estava com o lastro certo. Eu sei fazer isso? Claro. Eu deveria fazer isso? Não, era o trabalho do bonito e não meu.

Por isso é sempre bom conversar com quem vai te levar e esclarecer todas as suas dúvidas! Mergulho bom é mergulho com segurança!


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Faniquito, Fazendo as malas

Portas em automático

20 de agosto de 2015

Por Erica Hideshima


Faniquito. Palavra que define toda santa viagem. Pra mim, a empolgação é a mesma na hora de fazer uma mala de cinco quilos pra passar o fim de semana trabalhando nos eventos esportivos da vida, ou quando preparo meus dois grandes volumes de 32 quilos pra passar um mês fora. E, confesso, conter a ansiedade de escrever sobre isso está bem complicado – uma palavra atropela a outra, dá vontade de contar um monte de histórias num post só…mas vou tentar me controlar.

Dizem por aí que “viajar é trocar a roupa da alma”. E como eu gosto de shopping, gente. Sério: viajar é a coisa que mais amo na vida – mais do que comer e dormir.

Cada vez que a gente sai de casa, sempre volta com um monte de coisas que dariam excesso de bagagem se fossem palpáveis e tivéssemos de colocar nas malas. Memórias, sensações, sabores e cheiros que sempre serão lembrados – mesmo que você volte para o mesmo lugar depois de anos.

Depois de rodar e rodar por aí a gente acaba criando rituais para que cada vez a viagem funcione melhor. Esses são os primeiros passos depois que escolho pra onde ir:

  • Checar o formato da tomada (e a voltagem dela)
  • Checar a temperatura média no mês
  • Checar os meios de transporte públicos.
Transporte público: pra ficar de olho (e às vezes fotografar)

Transporte público: pra ficar de olho (e às vezes fotografar)

  • Conferir no TripAdvisor as dicas de pontos turísticos e hotéis.
  • Fazer um roteiro dia-a-dia (flexível, claro), já estipulando quanto dinheiro gastar por dia e quais são os lugares a serem visitados – sempre cumprindo a ordem de prioridades. Geralmente eu seguro bastante o dinheiro nos primeiros dias, pra poder esbanjar da metade pra frente caso não haja nenhum imprevisto no meio do caminho.
  • Reservar os hotéis quase sempre no www.booking.com, que reserva e cancela quase sempre de graça.
  • Avaliar o custo benefício do hotel em relação aos lugares onde quero ir. Geralmente, procuro ficar perto de estações de trem e metrô pra chegar mais rápido nos pontos que quero visitar.
Tudo fica mais fácil com mobilidade

Tudo fica mais fácil com mobilidade

  • Ter sempre dinheiro a mais pra imprevistos como o citado aqui embaixo.
  • Especialmente checar os aeroportos menores se você viaja com companhias low cost – teve uma vez que achei que iria de Frankfurt pra Veneza e era em um aeroporto a mais de 100km de onde eu estava. Ou seja: é como se estivesse em Congonhas e tivesse de pegar o vôo em Viracopos. Me ferrei e desembolsei mais de 100 eurecas pra chegar ao aeroporto. E era um táxi ilegal – ou seja, se tivessem me matado e jogado no mato, jamais teriam descoberto. Espero que minha mãe não leia isso.
  • Guardar seu passaporte como se fosse sua vida – sim, me roubaram o passaporte em Nápoli. Acreditem: o passaporte brasileiro é o mais caro no mercado negro, já que brasileiro não tem cara de nada e tem cara de tudo. Vale a pena comprar aqueles porta documentos que você usa dentro da calça. Coloque ali também o cartão de crédito e seu dinheiro.
  • Ter um cartão pré-pago ligado à sua conta bancária. No Itaú, por exemplo, tem o Global Travel – transfiro dinheiro da minha conta pro cartão pagando uma taxa que vale a pena na hora de comprar aquele monte de coisa que a gente paga muito mais caro no Brasil.
  • Não pare na rua pra dar atenção pra gente puxando papo do nada. Os caras são muito bons em levar suas coisas sem você nem perceber. Em Paris, por exemplo, tem o golpe do anel de ouro. Eles tentam parar as pessoas na rua dizendo que elas deixaram cair o anel de ouro. Passe reto – e muito rápido.
  • Atenção para o peso da sua bagagem: em vôos intercontinentais as malas podem pesar 32 quilos cada. Mas se você for voar em companhias low cost dentro da Europa ou Estados Unidos, muitas vezes você só pode despachar uma mala – com, no máximo, 23 quilos. Os caras enfiam a faca mesmo porque sabem que as pessoas não podem jogar a bagagem fora.
Fique de olho na balança (da bagagem)

Fique de olho na balança (da bagagem)

  • Leve uma farmacinha na bolsa. Remédios para dor-de-cabeça, cólica e alergias nunca são demais. Sou meio hipocondríaca, confesso, mas me sinto muito mais segura saindo de casa sem medo de comprar coisas desconhecidas se eu passar mal.

Enfim, seguir guias pode ser muito chato. E minha intenção não é fica botando o terror em ninguém. Sei quanto enche o saco alguém dizendo “faça isso, faça aquilo”…

Disto isso, encerro minha primeira participação no Faniquito já com faniquito de escrever outro post. Mas aí, prometo, vai ser sobre por onde andei…e por onde quero andar.


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Faniquito

E o que fica?

28 de maio de 2015

Existe uma coisa mais importante do que a viagem em si: o conjunto de memórias que ela nos proporciona. Somos feitos de experiências, que nos afetam e transformam a todo instante. Num período especial – como uma viagem, uma data especial como um aniversário, um reveillon ou outras festas – tudo o que queremos é aproveitar ao máximo cada momento, e que de tão especiais levá-los dali em diante pro resto da vida. Mas sabemos que o tempo é cruel, e aos poucos certas memórias perdem cor, vida, detalhes e emoções, podendo se transformar futuramente numa imagem turva daquilo que já foram um dia.

Por sorte, vivemos num mundo onde qualquer registro é possível de diversas e excelentes maneiras. Hoje em dia qualquer pessoa pode gravar um vídeo (e que luxo era isso há 20 anos), um depoimento, ou ainda tirar fotos e mais fotos sem se preocupar “se o filme está acabando”. Possuímos um aparato considerável, a preços módicos e bastante populares já há algum tempo. Nossa memória agradece, pois tenho certeza que num futuro distante, mesmo que esses registros tenham se tornado obsoletos, eles existem – e resgatá-los será uma possibilidade E uma necessidade de toda uma geração.

"Minhas férias" - versão 1985

“Minhas férias” – versão 1985

Mas você já parou pra pensar como andam os seus registros?

Sim. Preservar as memórias é tão necessário quanto acumulá-las. E antes que eu seja considerado um cara com TOC, vou exemplificar o que quero dizer: em algum momento você já revirou as fotos (aquelas, reveladas, tiradas em máquinas analógicas) da sua infância? Conseguiu identificar as pessoas que estão ali? Ou as situações? Em que ano foram tiradas? Por sorte você talvez consiga encontrar aquele carimbo estratégico no rodapé ou no verso da chapa (e na pior das hipóteses, aquela data digital horrorosa no rodapé da foto). É pouco, mas é o que tínhamos… organizávamos álbuns de 24 ou 32 fotos, e nos baseávamos neles para contar uma história que só podia ser vista individualmente.

Hoje, tiramos 32 fotos durante nosso almoço, e exibimos pro mundo.

Então, que tal seguir umas dicas básicas pra organizar direito essa bagunça, e não fazer das memórias da sua viagem um catadão de arquivos aleatórios? Nada de muito difícil ou avançado, e que fará toda a diferença quando daqui a algum tempo você quiser lembrar onde e quando tomou aquele sorvete maravilhoso:

1) Uniformize e não invente

Local / AnoMêsDia_0001 - é baba.

Local / AnoMêsDia_0001 – é baba.

Lugares têm nome. Dias são datas. Monte pastas levando em consideração essas duas informações, e dificilmente você perde aquilo que registrou. Nada de “Nova Pasta (1)” e “Unnamed File”. Mais: se existe um diretório IMAGENS no seu micro, USE: crie um diretório Fotos, outro chamado Viagens dentro dele, e pronto! Parece besta porque é óbvio. Pras lembrancinhas físicas, a mesma coisa. Guarde tudo junto, num só lugar. E organize – é muita sacanagem jogar tudo num canto e depois querer achar alguma coisa. Sua viagem e suas memórias merecem respeito.

2) Backup – faça quantos puder

Mais vale dois HDs funcionando do que um soltando fumaça.

Mais vale dois HDs funcionando do que um soltando fumaça.

Já imaginou perder todos os registros de uma viagem inesquecível por desleixo? Nunca mais ver aquela foto incrível, tirada longe pra burro de casa? Nunca confie plenamente no HD do seu micro. Ou no seu cartão de memória, que pode ficar guardado acidentalmente ao lado de um ímã. Faça cópias dos seus arquivos – em DVD, HDs externos, em nuvens, pen drives, enfim… porque se existe uma certeza nesse mundo, é que um dia a sorte acaba – pra todo mundo. Então, seja precavido.

3) Está viajando? Gostou do lugar? Pegue uma lembrancinha e leve na mala.

Tente lembrar do nome do prato daquele restaurante húngaro...

Tente lembrar do nome do prato daquele restaurante croata…

Pode ser cartão de visita, guardanapo, etiqueta, folheto, bolacha de copo, o que for. Chegando em casa, organize um “coisário” com essas bugigangas. Se visitou várias cidades ou países, divida as coisas em envelopes ou saquinhos. Pode parecer besteira, mas se alguém te perguntar sobre o que fazer em certo lugar que você já visitou, a dica sairá redondinha. Não é mole guardar detalhes de diversos lugares visitados uma única vez, mas relembrar é fácil quando você tem à mão uma lembrancinha.

4) Faça um diário durante a viagem

Serve até como terapia, às vezes.

Serve até como terapia, às vezes.

Querido diário, as minhas férias foram…” – NÃO. Nada disso, pelamor. Acabou o dia? Antes de dormir (naquela pausa no banheiro, ou mesmo deitado na cama) faça um resuminho rápido dos principais acontecimentos do dia. Na hora de contar pra todo mundo com foi sua viagem, nada vai ficar pra trás, e quando quiser relembrar, essas anotações serão um roteirinho mais que simpático pra você sentir saudade daqueles dias 🙂

5) Capriche, e respeite suas memórias

Rale, e faça seu equipamento ralar também.

Rale, e faça seu equipamento ralar também.

Uma viagem é uma conquista importantíssima. Faça valer. Registre coisas interessantes, momentos bacanas, e viva intensamente cada segundo. São dias de deleite, não de pressa. Faça algum esforço para se orgulhar dessas memórias: cuide bem do seu material, tire fotos e faça seus vídeos com calma e cuidado. Mas não viva de fotos: viva os momentos que estarão nelas. Contar uma história bem vivida é mole – e a foto ou o vídeo são excelentes auxiliares, mas o protagonista é você.

Faniquito, Fazendo as malas

Fazendo a mala

4 de maio de 2015

Nossa primeira grande viagem foi para Bolivia e Perú. Como marinheira de primeira viagem, pesquisei tudo o que podia e não podia. Li trezentos mil relatos sobre cada lugar que iríamos visitar. Teríamos que viajar várias vezes dentro desses dois países e, como vocês podem imaginar, os ônibus e trens disponíveis por lá não eram da melhor qualidade. Isso sem contar os relatos de sofrimento das pessoas que resolveram fazer o tour para o Salar de Uyuni (o deserto de sal da Bolívia). Com isso em mente, me preparei para todos os cenários de desgraça possíveis e imagináveis.

Ainda lembro muito bem de arrumar a mala pensando em tudo que eu poderia precisar, seguindo uma planilha toda elaborada com tudo que uma pessoa preparada deveria ter. Assim como lembro claramente de chegar nos últimos dias da viagem com metade da mochila praticamente intacta.

Pensando nesse exato momento, eu te conto o que eu aprendi sobre como fazer a mala:

1. você não pode levar todas as possibilidades dentro da sua mala

A gente precisa de pouco, acredite.

A gente precisa de pouco, acredite.

Vamos encarar os fatos: existem literalmente milhares de coisas que podem acontecer durante uma viagem. Coisas que podem dar certo, que podem dar errado, que não saem conforme planejado. O albergue que te parecia tão ajeitadinho na internet pode ser um pulgueiro, então você leva o seu saco de dormir pra colocar na cama; chover numa época que normalmente não chove – você quer mesmo andar com um guarda chuva durante o período inteiro da sua viagem?; fazer um frio ou calor maior do que você estava esperando; você pode torcer o pé, ter dor, ter um piriri, ou então seu vôo ter overbooking e você passar uma noite a mais numa cidade sem reserva de hospedagem, ou então numa rodoviária xexelenta… É impossível você estar preparado para cada uma dessas possibilidades. Viajar é improvisar, e é difícil começar a imaginar o improviso arrumando a mala, no conforto do seu lar, onde você tem tudo à mão. O melhor é escolher o meio termo, ou se preparar para o cenário mais provável. Para o que foge disso, você pode se planejar financeira e espiritualmente para algumas surpresas: para comprar uma blusa mais quentinha, alugar um cobertor, ou até mesmo pegar um guarda chuva emprestado do albergue ou hotel.

2. diminua a quantidade de roupas

Mala mais vazia = menos peso nas costas = mais lugar pra trazer lembranças

Mala mais vazia = menos peso nas costas = mais lugar pra trazer lembranças

Na hora de arrumar a mala, pegue tudo que planeja levar e coloque na cama. Assim você tem uma visão geral de tudo que precisa caber na sua mala ou mochila. Tente reduzir ao mínimo possível. Lembre-se que você não precisa de uma roupa pra cada dia: você pode lavar roupa a cada três ou quatro dias, sempre que você chega em uma cidade nova, a cada duas cidades, enfim… você tem que pensar no planejamento da sua viagem e ver de quanto em quanto tempo pode usar aquela mesma roupa. Pra quem usa mochila, também pensar que esse é o peso que suas costas vão ter que aguentar durante todo o período da viagem.

3. mochila do dia

Minha mochilinha: meu xodó.

Minha mochilinha/minha companheirinha

É uma mochilinha que você leva nas costas o dia inteiro, todos os dias, com sua câmera, seu passaporte, carteira, celular e afins. Eu gosto de sair de casa com ela já pronta – é ali que eu levo tudo que tenho de valor, além de todo o planejamento da viagem, passagens, reservas etc. É minha fiel escudeira: durante o dia ela vai até virando cabide… amarro blusas e o que mais for possível nela, assim minhas mãos ficam livres, e não largo dela nem em avião e ônibus (ela viaja no meu pé).

4. alguns itens básicos

Isso é muito pessoal, mas sempre tem algumas coisas que não dá pra deixar de levar. O Masili, por exemplo, não fica sem fone de ouvido (pra ouvir música durante as viagens) e tampão de ouvido (pra quando a gente divide quarto em albergue). Eu, por exemplo, já fui salva por um pacote de lencinhos umedecidos numa rodoviária perdida entre o Perú e a Bolívia – além dos mesmos lencinhos terem sido essenciais para a manutenção do nosso casamento no Monte Roraima, onde passamos praticamente 3 dias sem conseguir tomar banho. Eu levo uma canga na minha mochila do dia, porque protege a câmera, e ainda posso usar pra outras milhares de coisas. Agora também tenho um tênis próprio para caminhada – depois de me arrastar durante quase 10 dias pela Europa por causa de dor no pé, resolvi que esse tênis, ao lado de um chinelo, são necessários e mais do que suficientes pra qualquer viagem.

Esse é só o básico do básico. Aos poucos a gente vai compilando mais dicas sobre essa arte e deixando por aqui.