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abril 2015

Faniquito

Quando machuca

30 de abril de 2015

O texto de hoje é um pouco diferente.

Ele levanta uma questão que vem tomando minha atenção há algum tempo, mais especificamente, desde que soubemos que nossa viagem a Auschwitz “não foi algo tão bem recebido” por algumas pessoas – umas mais próximas, outras nem tanto. Entenda-se pela expressão entre aspas como uma forma simplista de tentar traduzir por vezes inconformismo, por outras perplexidade o fato de termos visitado um local cuja história é notoriamente triste, e de um contexto cujas explicações são desnecessárias.

“Não dá pra entender… ir pra um lugar desses, nas férias? Uma época pra se divertir, não pra… isso. Quem sai de casa pra ficar deprimido? Ver esses horrores, isso acaba com qualquer clima, não relaxa. Não faz sentido, não é pra mim. Eu nunca iria…”

Antes de qualquer coisa: é uma reflexão válida, e possui algum sentido.

De fato a primeira coisa que a gente imagina quando pensa em férias é “aproveitar o tempo livre“. É a maior das verdades. Pra muitos, significa poder fazer nada, ou usar aquelas poucas semanas disponíveis pra “condensar a felicidade” em passeios, compras, reuniões, almoços e visitas. “Pensar férias” pode significar um “momento margarina“: normalmente é essa a ideia vendida em qualquer material promocional turístico. Não existem pessoas sozinhas, tristes ou introspectivas nos anúncios de viagens. Aparentemente, as férias significam que após um ano de trabalho duro, finalmente chegamos lá – e quando você chega lá, acorda, passa o dia e dorme sorrindo. Pode parecer besteira, mas a gente morde essa isca, mesmo sem querer. É hora de desligar. E quem desliga, não quer pensar muito.

– Tristeza? Longe de mim. Choque? Já não me chega esse cotidiano terrível, essa coisa corrosiva…? Eu não vou usar meu pouco tempo livre tentando entender a dor e o sofrimento alheio. Isso é coisa de masoquista,

Cela do Presídio de Ushuaia (Argentina)

Cela do Presídio de Ushuaia (Argentina)

Pois bem. Entendido o outro lado, vou expor o meu.

Já estivemos em alguns lugares cuja descrição é oposta ao pensamento acima: prisões, campos de concentração, instalações militares, ruínas de guerra, museus de tortura, etc. Antes de qualquer coisa: gostamos do assunto – eu, especialmente, tenho um fascínio inexplicável por esse tipo de coisa, e não é de hoje. Tem gente que enlouquece num free shop, outros que voltam encantados com hotéis e restaurantes espetaculares, tem quem se derreta por museus e pontos turísticos, e mais alguns que capotam com a beleza da natureza (também faço parte desse grupo de uns tempos pra cá). Mas minha principal motivação tem base no ser humano, sua essência e complexidade – eu não posso negar.

Talvez por isso encontrá-lo num contexto limítrofe seja algo tão incrível.

Memorial em homenagem às crianças judias (Eslováquia)

Memorial em homenagem às crianças judias (Eslováquia)

Nossa vida cotidiana é na maioria das vezes estabelecida em uma rotina muito parecida, com mais ou menos poder aquisitivo, regrada por uma política aberta e com liberdade de expressão (esqueçam bandeiras e porta-vozes, mirem somente no contexto). Entrar em contato – mesmo que minimamente e de forma quase superficial – com outro tipo de realidade é uma experiência transformadora, no sentido mais escancarado da expressão. Mesmo com tanta imagem pronta, tanta referência histórica, tanto filme e tanto livro, sequer arranhamos a possibilidade de que certos acontecimentos tenham de fato ocorrido. Que tais coisas tenham existido. Enfim, que aquilo seja de verdade, e não cenário montado. Nada te prepara pra isso, e viajar para esses lugares exige sim estômago, alguma coragem e muito coração.

Somos pessoas que normalmente passam longe desses limites. Saber de histórias in loco, conhecer personagens (heróis, vilões ou simplesmente ilustres desconhecidos), pisar, tocar e ver certas coisas quebra a fantasia e nos transporta pra realidade mais distante e impensável possível. Pra quem imagina que essa jornada seja nociva, eu respondo que essa talvez seja uma das poucas – senão a única maneira de nos colocarmos no lugar de um desses personagens. E a vida nos ensina que essa passagem é a forma mais efetiva de mudarmos nossa maneira de agir e reagir a determinadas situações, coisas ou pessoas. Calçar os sapatos alheios pode nos trazer conforto ou incômodo, mas com certeza não nos deixa indiferente aos passos que se seguem.

Memorial "Sapatos às Margens do Danúbio" (Hungria)

Memorial “Sapatos às Margens do Danúbio” (Hungria)

Mas quem – estando de férias – quer se colocar no lugar de um prisioneiro? De um escravo? De um soldado? Um carrasco? Um nazista?

Pois é. Não é somente entrar em contato: é encarnar o personagem. Entender de dentro, sem intervalos comerciais, palavras cuidadosas ou tempo pra respirar. Sim, é uma experiência fortíssima, mas faz nossa mente abrir e nunca mais voltar ao tamanho de antes. Aquele sentimento distante vira perplexidade. Como era possível fazerem isso? Como esses caras aguentavam? Quem conseguia levar uma vida assim? Você vai embora com quilos e quilos de interrogações incômodas, mas necessárias pra nossa evolução pessoal. Deixamos por lá os preconceitos, o medo e o ranso. Às vezes ganhamos desgosto por aquilo que fomos capazes de fazer um dia, mas ele funciona como uma tatuagem: você leva consigo, e não repassa. Aquilo é seu, e pra sempre será.

Homenagem aos civis mortos durante a Revolução Húngara de 1956

Homenagem aos civis mortos durante a Revolução Húngara de 1956

Enfim… aos que duvidam ou desgostam desse tipo de viagem, ou de sua proposta, eu deixo um pensamento: a vida não é feita somente de felicidade. Às vezes as grandes obras – que tanto admiramos e tomamos de exemplo – são deixadas por pessoas que sofreram com dores, castigos e penas impensáveis pra gente. Mais importante do que valorizar o resultado é entender o processo – e ele nem sempre acontece num caminho de flores. Portanto, entrar em contato com aquilo que fomos capazes de fazer um dia só nos faz crescer, mesmo de uma maneira que não pareça ideal num primeiro momento. Pro bem ou pro mal, o ser humano evolui todos os dias. Não tenha medo de evoluir alguns anos em poucas horas – porque no fim das contas, é isso o que de fato acontece.

Alemanha, Gastronomia

Freistaat Bayern: um passeio muito além da Oktoberfest

23 de abril de 2015

Por Melissa Lüdeman


A Alemanha tem uma história carregada de significado. É impossível pensar no país e não se lembrar do massacre aos judeus durante a Segunda Guerra. Sem dúvida, o nazismo está enraizado na memória coletiva do mundo, mas é na parte sul do país que a lembrança é muito mais branda, e a população, muito mais alegre e receptiva.

A Baviera está localizada no Sul da Alemanha, onde o clima é mais ameno aos padrões tropicais dos brasileiros. No verão, as temperaturas podem chegar à média dos 30ºC – um deleite para turistas que não estão acostumados com o frio devastador.

Visão aérea do centro de Munique

Visão aérea do centro de Munique

Munique, uma das maiores cidades da região, é especialmente agradável. Além de ser palco do maior evento de cerveja, comida e música do mundo – a Oktoberfest –, também respira história, modernidade (ainda que comedida) e harmonia com a natureza.

É impossível chegar ao coração de Munique e não se apaixonar. A Praça de Carlos (Karlsplatz) é a porta de entrada para o centro. Além do Portão de Carlos (Karltor), uma parte da antiga muralha da fortaleza medieval que protegia a cidade, o local possui uma bela fonte no cerne da praça, um alívio refrescante para turistas que visitam a cidade no verão.

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Fonte da Karlsplatz

Fonte da Karlsplatz

Seguindo adiante pelo Karltor, por meio da Neuhauser Strasse, é possível visualizar o prédio da Augustinerbräu*, a cervejaria mais antiga de Munique, fundada em 1328. Para quem gosta de cerveja, experimentar esta preciosidade é quase obrigatório.

Logo mais à frente, surge a Praça de Maria (Marienplatz), uma das mais bonitas praças da Alemanha, que abriga a antiga e a nova prefeituras (Altes und Neues Rathaus) no mesmo perímetro. A nova prefeitura, além de ser um prédio de beleza ímpar com uma arquitetura esplendorosa, possui no centro a Torre do Relógio, onde, todos os dias às 11h e às 17h uma procissão de bonequinhos saem de dentro do relógio para dançar.

Neues Rathaus na MarienPlatz

Neues Rathaus na MarienPlatz

Ainda no centro, podemos avistar de quase todos os lugares a Frauenkirche, igreja que foi parcialmente destruída na Segunda Guerra, e hoje está restaurada. Com suas cúpulas verdes marcantes e salão gigante, a igreja pode abrigar até 20.000 fiéis.

Para os que adoram comer, tenho duas dicas deliciosas e igualmente especiais para todos os tipos de bolso: o Viktualienmarkt, um mercado ao ar livre, e a cervejaria/restaurante Hofbräu.

O Viktualienmarkt é uma espécie de feira ao ar livre com tudo que há de melhor em comidas típicas bávaras, bem como temperos, mel caseiro, geleias, frutas maravilhosas e queijos de vários tipos. Prove tudo que lhe oferecerem e aprecie os aromas de cada barraca. Procure pelo Obatzda, uma pasta de queijo Camembert com páprica, cerveja e temperos e descubra que este é o acompanhamento perfeito para um bretzel tradicional.

Viktualienmarkt

Viktualienmarkt

A Hofbräuhaus foi fundada em 1589 pelo Duque William V da Baviera para uso próprio, a fim de evitar a fadiga que era ter que comprar a cerveja direto da Saxônia. Apenas depois de um tempo, em 1828, a cervejaria foi aberta ao público. O local é bastante amplo, com espaços em áreas internas e externas (ou biergarten, como eles costumam chamar os lugares onde se toma cerveja ao ar livre), e mesas no melhor estilo bávaro de ser: dois bancos grandes com uma mesa de madeira no meio. A decoração é simples, mas muito bonita, e o teto com pinturas é um espetáculo à parte.

Interior da Hofbräuhaus

Interior da Hofbräuhaus

Além de tomar o Maß de cerveja Hofbräu, ou HB para os íntimos – que na minha opinião é uma das melhores cervejas do mundo –, você poderá experimentar pratos típicos da Baviera: eisbein (joelho de porco)schweinsbraten (bife tenro de porco com batatas), würstplate (poutporri com várias salsichas alemãs), apfelstrudel (torta de maçã), entre outros, sempre regado a muita música tradicional.

Schweinsbraten com batata

Schweinsbraten com batata

O passeio pelo centro de Munique pode ser feito em um dia, para aqueles que tiverem pressa, ou em dois, para ter um pouco mais de folga para curtir cada detalhe. Acompanhe um dos muitos guias que transitam pelo local e conheça muitas histórias. Vale muito a pena!

Afinal, “In München steht, eins, zwei, g’suffa!” (Aqui em Munique – um, dois, nós bebemos!).

Eu, e a minha querida e amada Maß

Eu, e a minha querida e amada Maß


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Croácia

Winter is coming – parte 2

16 de abril de 2015

Dubrovnik: a King’s Landing de Game Of Thrones.

À medida que você vai conhecendo uma região, você começa a notar semelhanças entre as cidades. No Perú por exemplo, todas as cidades que visitamos têm a Plaza de Armas, que é a praça principal da cidade (herança da colonização espanhola). No Leste Europeu, a semelhança acontecia com as Old Towns, que nada mais são do que centros históricos. Guardadas as devidas proporções, elas são bem parecidas entre si, com ruas de pedra ou paralelepípedo, estreitas e com circulação proibida (ou bem reduzida) de carros; prédios históricos, bonitos, coloridos, cheios de enfeites, esculturas, estátuas, gárgulas e santos; pelo menos uma igreja com arquitetura monstruosa e linda… uma coisa meio gótica; e uma grande concentração de bares, restaurantes, cafés e afins. É basicamente o coração da cidade.

A Croácia foi o último país que visitamos durante nossa viagem. A primeira cidade croata visitada foi Zadar*, que logo de cara tinha um centro histórico bem diferente do que tínhamos visto até então. Vários prédios de pedra com uma arquitetura mais simples (mas nem por isso menos impressionante) e um ar “um pouco mais grego”. De Zadar, seguimos viagem até Dubrovnik.

Chegamos na rodoviária e de lá fizemos um trajeto à pé para o centro velho. O caminho é longo – são quase 3Km (que parecem 12), bonito, cheio de plaquinhas indicando a direção e a distância que você ainda vai percorrer, passando inclusive por “ruas de escada” (como foi dito no post anterior, a cidade é cheia de subidas e descidas pesadas), já pra sentir o clima do Old Town. A chegada ao centro propriamente dito é inexplicável: antes mesmo de virar a esquina, já é possível ver uma parte da muralha e a famosa Minceta Tower.

Minceta Tower - a primeira pancada na chegada às muralhas de Dubrovnik.

Minceta Tower – a primeira pancada na chegada às muralhas de Dubrovnik.

Uma visão geral da entrada do Old Town.

Uma visão geral da entrada do Old Town.

Logo na entrada da cidade, a fonte onde você pode abastecer sua garrafinha d'água de graça.

Logo na entrada da cidade, a fonte onde você pode abastecer sua garrafinha d’água de graça.

Nas vielas, os diversos restaurantes.

Nas vielas, os diversos restaurantes.

Tendo visitado outras cidades, todas com seu centro histórico tão característico, já me considerava uma expert (aham!) no conceito “Old Town“. Mas chegar à cidade velha de Dubrovnik é jogar todo o seu repertório no lixo, e se sentir em meio a um filme medieval, pronto para ouvir barulhos de canhões e esperando arqueiros uniformizados dominarem a muralha da cidade, todos prontos para a batalha. Uma coisa meio Senhor dos Anéis mesmo…

Um cenário de filme - e de série :)

Um cenário de filme – e de série 🙂

Dubrovnik parece um forte, um cenário pronto para a guerra. A cidade nasceu para abrigar os que fugiam dos bárbaros – ou seja, já nasceu da necessidade de proteção. Devido à sua localização estratégica, a cidade sempre foi um alvo muito desejado, e assim como o resto da Europa, passou por uma dança das cadeiras, sendo dominada por vários países e impérios diferentes durante décadas.

A marina. De frente pro mar, uma das faces das muralhas.

A marina. De frente pro mar, uma das faces das muralhas.

Uma torre, com um dos sinos de Dubrovnik.

Uma torre, com um dos sinos de Dubrovnik.

A altura dos muros abraça as residências em alguns pontos da cidade.

A altura dos muros abraça as residências em alguns pontos da cidade.

A visão do Adriático e da Marina, de cima de um dos pontos da muralha.

A visão do Adriático e da Marina, de cima de um dos pontos da muralha.

Mesmo com essa confusão toda, Dubrovnik conseguiu manter-se próspera, e à medida que crescia, o fortalecimento de sua defesa crescia junto. Mas nem tudo são rosas, e a junção de um terremoto gigante com a separação da Iugoslávia fizeram um estrago considerável na cidade, tanto na área histórica como nos prédios residenciais e comerciais. O centro histórico é patrimônio da UNESCO, e até hoje ela e o governo investem em restaurações estruturais. Essas restaurações incluem detalhes como a remontagem dos telhados tradicionais, e o cuidado com alguns buracos, ainda visíveis nas paredes dos prédios.

Os acessos ao centro histórico, vistos de dentro da cidade.

Os acessos ao centro histórico, vistos de dentro da cidade.

As estreitas vielas, que levam dos muros à alameda principal.

As estreitas vielas, que levam dos muros à alameda principal.

O principal passeio pra se fazer em Dubrovnik consiste em explorar os 1.940 metros de muralhas que envolvem o centro velho. As muralhas formam um quadrilátero, sendo que cada ponta tem um forte. A parede que está de frente para o mar é a mais fina – tem de 1,5 a 3 metros de espessura, e a que está de frente para o continente é mais reforçada, com até 6 metros de espessura. Sua altura, dependendo do local, chega a 25 metros. O passeio é bem tranquilo, e o mais legal é que, como ela dá a volta em todo o centro, você consegue ter uma visão privilegiada da cidade e dos arredores.

O ingresso para o passeio pelas muralhas. Os números em destaque são os locais do passeio onde os fiscais verificam se sua entrada foi paga/está válida.

O ingresso para o passeio pelas muralhas. Os números em destaque são os locais do passeio onde os fiscais verificam se sua entrada foi paga/está válida.

Os muros são bem altos em alguns pontos, e bem baixinhos em outros.

Os muros são bem altos em alguns pontos, e bem baixinhos em outros.

Os telhados estão sendo restaurados, com sua coloração original...

Os telhados estão sendo restaurados, com sua coloração original…

...mas não é um trabalho rápido nem fácil - pois telhado é o que não falta.

…mas não é um trabalho rápido nem fácil – pois telhado é o que não falta.

A visão de um trecho da muralha e o Mar Adriático, de um dos pontos mais altos da cidade.

A visão de um trecho da muralha e o Mar Adriático, de um dos pontos mais altos da cidade.

Um pouco mais abaixo, a paisagem completa.

Um pouco mais abaixo, a paisagem completa.

A entrada principal da cidade velha é pela Pile Gate, e nessa mesma rua ficam vários guias, prontos para te abordar e oferecer quinhentos passeios dos mais variados tipos, inclusive um específico do Game of Thrones, que te leva aos lugares onde foram filmados os episódios, conta curiosidades sobre o show, os personagens, a história, etc. Não fizemos esse tour porque ainda não vimos a série, mas um fato interessante é que a cidade literalmente pára em função das filmagens. Existem cláusulas de confidencialidade entre os cidadãos, os quais não saem de casa durante esse período. Mas o que a série traz de retorno no turismo justifica a paralisação de todo o comércio no Old Town.

A loja mais lotada do centro histórico. Compramos nossa lembrancinha também, pra quando a gente (enfim) assistir a série.

A loja mais lotada do centro histórico. Compramos nossa lembrancinha também, pra quando a gente (enfim) assistir a série.

O tour que nós fizemos e recomendamos (além de um passeio de caiaque pelo Mar Adriático <3) foi um walking tour, desses que um guia local te leva pela cidade, contando a história e curiosidades que só alguém que vive lá pode saber. É relativamente baratinho, e vale a pena pra você ir embora sentindo que realmente conheceu um pouco do lugar.

Os ingressos do walking tour são um pouco mais baratos que os do passeio pela muralha.

Os ingressos do walking tour são um pouco mais baratos que os do passeio pela muralha.

A gente acabou optando por fazer o walking tour...

A gente acabou optando por fazer o walking tour…

...que começava justamente no fim da tarde.

…que começava justamente no fim da tarde.

O que foi muito bom, pois pudemos conhecer a noite de Dubrovnik.

O que foi muito bom, pois pudemos conhecer a noite de Dubrovnik.

Uma noite pintada de luzes amarelas...

Uma noite pintada de luzes amarelas…

...que deixavam as texturas das muralhas e do piso ainda mais evidentes.

…que deixavam as texturas das muralhas e do piso ainda mais evidentes.

Luzes de outras cores fazem a paisagem ficar ainda mais bonita.

Luzes de outras cores fazem a paisagem ficar ainda mais bonita.

E assim a gente se despediu de lá :)

E assim a gente se despediu de lá 🙂


* Na verdade a primeira cidade croata foi Zagreb, mas como a Croácia dos meus sonhos sempre teve o Mar Adriático, Zagreb pra mim entra numa categoria à parte.

Causos, Croácia, Gastronomia, Ir e vir

Winter is coming – parte 1

13 de abril de 2015

Pegando embalo na estreia de mais uma temporada de Game Of Thrones, com a turminha de Jon Snow, Tyrion Lannister e cia. na noite deste último domingo, faremos uma semana especial por aqui no Faniquito – não sobre a série, mas sim sobre uma de suas locações mais bonitas e vistosas: Dubrovnik.

Porém, esse primeiro texto não será tão direto. A cidade será apresentada na próxima quinta-feira, com a volta da Debs pra cá (após um mês de aprimoramento profissional do/para o Faniquito). Hoje darei algumas dicas sobre o que fazer quando em Dubrovnik – coisas que o pessoal do Game Of Thrones possivelmente não poderá incluir nos próximos capítulos da série. Afinal de contas, não é só de inverno que esse mundo é feito…

Pra começar, vamos direto pro estômago.

Em Dubrovnik, existem duas áreas comerciais de destaque: a cidade velha, e a área portuária. A primeira é bem mais movimentada, pois o objetivo de todos os cruzeiros que desembarcam por lá é justamente explorá-la durante o dia. Cruzeiros esses que chegam – obviamente – pela área portuária, o que justifica a afirmativa anterior. A oferta de restaurantes na cidade velha é gigantesca, o que acaba deixando a região do porto em segundo plano como opção gastronômica – um vacilo monstruoso, como demonstrado em dois exemplos logo abaixo:

A Otto Taverna (http://tinyurl.com/pdhb69t) é uma excelente opção para um jantar mais romântico e reservado. O ambiente é lindo e minúsculo, com um atendimento primoroso e simpaticíssimo. Mas nenhuma combinação de todos esses fatores supera a experiência da sequência de pratos servida durante o jantar. Muito sabor, boas quantidades, e e um cuidado que aumentarão seu amor – inevitável desde a chegada – pela cidade. Chegue cedo (o restaurante abre para o jantar no finalzinho da tarde, começo de noite), e seus poucos lugares vão embora rapidinho. Apesar de alguma rotatividade, a pressa não é lugar comum para quem opta pela comida de lá – por motivos óbvios.

Bonito, gostoso e delicado.

Bonito, gostoso e delicado.

Alguns metros distante dali – coisa de 5 minutos de uma caminhada tranquila – está o Amfora (http://tinyurl.com/pm7jers). O restaurante possui um salão bem amplo, inclusive com algumas mesas na calçada. Não se deixe enganar por seus aspecto de “lugar que não deu certo” – sim, ele normalmente tem lugares de sobra. O atendimento é muito atencioso e excelente, assim como seus pratos. Destacamos com louvor o risoto preto, que é um dos melhores pratos que já comemos NA VIDA. Durante nosso jantar, o garçom ofereceu alguns ítens que não estavam no cardápio – incluindo alguns pratos em fase de experimentação que o chef da casa estava fazendo. Uma delícia.

Risoto pra comer de joelhos.

Risoto pra comer de joelhos.

A segunda dica é sobre transporte.

Dubrovnik não é exatamente a cidade mais fácil pra você se locomover. A entrada da cidade, além do acesso de veículos, comporta o porto e a rodoviária. As pousadas se espalham nas áreas residenciais, e existem alguns hotéis mais próximos da cidade velha (cujos valores de hospedagem beiram ao proibitivo), sendo a saída mais comum para quem se hospeda na cidade o aluguel de apartamentos. Porém, os acessos são extremamente complicados – pela geografia vertical da cidade, subidas e descidas pesadas, suas vielas e becos. Os valores de táxi são caros – a cidade em si não é barata, e toda economia possível deve ser considerada para os viajantes menos afortunados – grupo esse que integramos desde sempre.

Uma cidade vertical não é mole de ser explorada.

Uma cidade vertical não é mole de ser explorada.

Uma boa alternativa para poupar as pernas e agradar os bolsos é comprar o passe diário de ônibus, vendido logo na entrada da cidade velha. Por 30 kunas (coisa de R$ 12), você pega quantos ônibus quiser no período de um dia. São linhas circulares, que dão acesso a praticamente toda a cidade – incluindo a rodoviária. E uma informação a ser destacada: todos os pontos de ônibus possuem informações sobre linhas, e horários de saída e chegada (que são cumpridos com rigor britânico), o que facilita absurdamente a vida de qualquer turista. As viagens são curtas, pois a cidade é pequena, então não tenha medo e compre seu bilhete assim que chegar à cidade.

Sempre pontual, ele te espera pra sair na hora certinha.

Sempre pontual, ele te espera pra sair na hora certinha.

O bilhete diário: não esqueça de validar, pois não há cobrador.

O bilhete diário: não esqueça de validar, pois não há cobrador.

A terceira e última dica: sobre um causo local que aconteceu com a gente.

Qualquer lugar minimamente turístico oferece uma gama razoável de possíveis passeios e atividades. O caiaque foi nossa escolha em Dubrovnik, com um circuito que nos daria uma visão bacana da cidade, algum conhecimento histórico, uma volta por uma ilha da cidade, e uma parada em uma pequena praia de lá. Nessa praia, além de comer um lanche, havia a possibilidade de mergulhar de uma pedra, tomar um banho de mar e nadar utilizando snorkel. Não nos arriscamos na pedra, comemos nosso lanche e fomos pra água fazer nosso primeiro mergulho livre.

A prainha da terra de Jon Snow.

A prainha da terra de Jon Snow.

Resultado: a visão incrível daquele tanto de peixe numa água absolutamente transparente nos levaram a investir num curso de mergulho poucos meses depois. Uma ideia que jamais havíamos imaginado, e que tomou forma naqueles poucos minutos de alegria. Mais uma prova concreta de que o faniquito existe em todo mundo. É só botar pra fora.

Gostou? Quinta tem mais 🙂

França

Mudança de planos

9 de abril de 2015

Por Daniela Beneti


Oi gente, tudo bom? Assim como o  Masili e a Dé, donos do Faniquito, vim dividir algumas histórias de viagens com vocês. E já que o Masili contou como foi levar a mãe dele pra conhecer o mundo, quero contar como foi a experiência do meu pai.

Em 2008 eu fiz meu primeiro mochilão rumo a Europa. Minha primeira viagem internacional. Juntando um pouco todo mês durante 1 ano e meio, consegui realizar o sonho (ainda conto dos perrengues).

Esse fato deu um estalo na cabeça do senhor meu pai, seu Ricardo. Pra ele, Europa era coisa de milionário. Então como a filha de 26 anos, dura, tinha ido parar lá?

Alguns meses depois da minha volta, meu pai me abordou: você gostaria de conhecer o Egito? Achei que era uma pergunta retórica e respondi que sim. Pois no final de 2010 ele já tinha o dinheiro para nós dois, que vinha juntando desde aquela época.

Por quê Egito? Meu pai sempre foi apaixonado por história e por filmes. Conhecer as grandes civilizações era um sonho e ele sempre quis ver de perto as pirâmides. Esse era o cara que, ao invés de contos de fada, me contava a história de Cleópatra e Helena de Tróia quando eu era pequena.

"Você gostaria de conhecer o Egito, filha?"

“Você gostaria de conhecer o Egito, filha?”

Em janeiro de 2011, fomos felizes e contentes comprar nosso lindo “pacote Egito” em uma operadora, com tudo que tínhamos direito – hotel, passeios, cruzeiro pelo Nilo. Meu pai me deixou em casa com um sorriso de orelha a orelha.

Mas se vocês estão lembrados, em janeiro de 2011 aconteceu uma coisinha básica chamada “Primavera Árabe”, uma onda de protestos contra as ditaduras estabelecidas que sacudiu o Oriente Médio. No dia em que compramos o passeio, ela chegou ao Egito.

"Pai, deu ruim."

“Pai, deu ruim.”

Liguei no dia seguinte para a agência de viagens, que me garantiu que “era coisa passageira, que sempre acontecia por lá”. Visto que, um mês depois a coisa só tinha piorado, a moça nos deu a opção de trocar o pacote por outro de nossa escolha, com valor semelhante.

Meu pai ficou simplesmente arrasado. Passei semanas perguntando “pra onde você quer ir?” , só pra escutar um teimoso e seco “pro Egito”. Não havia o que fazer. Depois de mais um mês, ele solta um irritado “Então quero fazer o mesmo passeio que você. Vamos pra Europa”.

Peguei aquele valor e , junto com a consultora, bolei um novo pacote. Paris, Veneza, Florença, Roma e Athenas – muita história pra compensar o Egito perdido. Mas o italianão estava irredutível. Embarcou para Paris com um bico de criança contrariada. Não era o passeio que ele imaginava. Fui com medo que ele detestasse tudo.

Bobagem. O primeiro contato dele com um vôo internacional não podia ser melhor, com a Air France*. O tratamento solícito compensou o cansativo vôo e ele já foi ficando mais animado. Ao chegar, passar por aeroporto e tudo mais, peguei um ônibus da própria companhia até o centro de Paris, onde pegaríamos o metrô. A parada era bem no Arco do Triunfo.

Agora sim, você está em Paris.

Agora sim, você está em Paris.

Ele ficou uns 5 minutos olhando praquele monumento, embasbacado. Foi aí que eu pai entendeu que qualquer viagem pode ampliar suas fronteiras, mesmo que ela não seja aquele primeiro plano que você fez.

O CHOQUE CULTURAL

Bem, contei pra vocês como a viagem para o Egito do meu pai virou Europa. Agora, vou contar um pouco do choque cultural e de valores que ele teve lá.

Meu pai como contei, meu pai nunca tinha saído do Brasil e todas as suas referências eram São Paulo e afins. Quando disse a ele que pegaríamos metrô para tudo, ele olhou para mim como se subitamente eu tivesse ficado laranja-tangerina “Por que a gente faria isso? Vamos de táxi”.

Tive a única reação possível: eu ri como nunca. E tive que explicar que, a não ser que ele tivesse virado milionário e eu não soubesse, táxi só pra casos muito necessários ou lugares muito difíceis. Em uma cidade com uma malha de metrô tão extensa como Paris não faz sentido nenhum ficar pra cima e pra baixo de táxi. Perde-se o melhor da cidade.

Claro que ele não ia se convencer com um simples argumento. Como bom paulista, seu Ricardo sempre foi de carro pra todo lado e não entende (até hoje) por quê eu não dirijo. Então foi muito a contragosto que enfiei meu pai metrô adentro.

Apresentando Seu Ricardo ao metrô.

Apresentando Seu Ricardo ao metrô.

Primeira surpresa dele: chegamos rápido e fácil até o hotel. Que ficava a apenas duas quadras do metrô Trocadero. Chegamos, fizemos nosso check-in, deixamos as coisas e, depois de apresentá-lo ao conceito de mochila do dia, fomos andar.

Pra quem já conhece Paris, sabe que ele tomou a segunda surpresa assim que atravessou a avenida em frente ao metrô: do Trocadero, uma antiga instituição militar, hoje um espaço de exposições, você tem uma das mais belas vistas da Torre Eiffeil.

Surpresa!

Surpresa!

Pra ter uma ideia do encanto do meu pai, ele até hoje trata a torre como uma “pessoa” – ela é linda, ela é maravilhosa, sinto falta de olhar pra ela. Acho que esse é um dos momentos que fazem de Paris uma cidade mágica, esse encontro com paisagens dignas de cinema, ali, perfeitas, bem à sua frente.

Foi assim que ele aprendeu como caminhar por uma cidade é uma descoberta. Meu pai há muito tempo não caminhava São Paulo, assustado, como muitos, pela violência. Mas não caminhar por uma cidade é perder seu encanto e sua conexão real com ela.

No primeiro dia, andamos pelas margens do Sena e ao redor da Torre. Foi um dia incrível para os dois. Para mim, por dividir aquele lugar com o meu pai. Pra ele, por descobrir que uma cidade pode ser sim mais humana, feita pras pessoas andarem por ela, vendo coisas bonitas e apenas aproveitando o fim de tarde em um café.

Turistando...

Turistando…

...e turistando mais um pouco.

…e turistando mais um pouco.

Claro que também fomos turistar nos dias seguintes. Visitamos o Palácio de Versalhes e seus jardins bem na época das àguas dançantes, fomos à Champs Elysées, Place de La Concorde, Louvre (onde o difícil foi tirar seu Ricardo da ala egípicia) e ao Les Invalidès, antigo hospital de guerra, hoje um museu dos conflitos desde a época pré-histórica. Esse determinaria o ano seguinte, na hora que meu pai viu o acervo da Segunda Guerra.

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Não façam isso, não mesmo!

Controlar seu Ricardo em museus provou-se minha mais árdua tarefa. Parecia uma criança na Disney – louco por experimentar tudo, agora, já. Foram 6 horas e meia de Louvre, vencido apenas pelo cansaço. Querendo tocar em tudo (e sim, pro meu desespero ele botou a mãozona em  peças de 4 mil anos de idade). No Invalidés, ele tirou foto abraçado com tanque de guerra, bomba de submarino. Além de Egito Antigo, meu pai sabe tudo de Segunda Guerra. Já viu todos os filmes, lê qualquer livro que encontra sobre. Ficou doido. Sabia o nome de todas as batalhas, os generais nas fotos, as siglas das armas. E eu olhando, pensando que pra quem veio emburrado, ele tinha se conformado muito bem.

Acho que até que seu certo no final, né pai?

Acho que até que seu certo no final, né pai?

Mal sabia eu que isso daria origem a uma nova viagem, mas isso é conversa para outro dia.


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Brasil

São Paulo, da Cantareira

6 de abril de 2015

“Da primeira vez em que fomos lá, em dezembro de 2012, se não me engano o Shin tinha lido sobre esse passeio em algum blog ou matéria. Só que a gente foi meio no escuro, tanto que nem levamos comida e tal… chegamos no laguinho, ficamos 40 minutos e voltamos. Mas a gente sempre ficou com isso em mente: a gente precisa voltar com um grupo legal pra fazer um piquenique”.

Foi assim que a Van (que já escreveu por aqui, e possivelmente aparecerá outras vezes logo mais) justificou a convocação para o passeio desse final de semana: uma subida até a Pedra Grande, no Parque da Cantareira, e um piquenique mais adiante. Aproveitar a cidade num feriado é sempre um bom programa em São Paulo – se você souber como fazê-lo.

Então fomos em sete: a Van e o Shin, eu e a , a Jan, o Moraes e o Klein. Devidamente reunidos pelo caminho e agrupados no metrô Santana por volta das 10h, seguimos dali até o acesso à trilha, feito a partir do Núcleo Pedra Grande, no Parque Estadual da Cantareira.

Todo mundo é digno até a subida começar.

Todo mundo é digno até a subida começar.

A chegada ao parque é bem tranquila (pode ser feita de carro ou ônibus numa boa). Estacionamos numa rua próxima à entrada, e de lá seguimos. O acesso ao Núcleo Pedra Grande custa R$ 12 (somente em dinheiro – crianças menores de 12 anos, adultos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência não pagam, estudantes pagam meia-entrada). Diz-se que o preço para estacionar por perto é de R$ 6, mas paramos de graça duas ruas abaixo, e ninguém nos perturbou. O parque fica aberto das 8 às 17h.

A Van nos contou que o acesso à Pedra Grande podia ser feito de carro, mas com o tempo sua entrada foi proibida, sendo permitido somente o acesso à pé. A trilha tem ao todo 9,6km (ida e volta), contando o desvio para a Pedra Grande e a área de piquenique, e constitui-se basicamente de subidas na ida, e descidas na volta (sendo somente a última perna desse trajeto – justamente o acesso à área de piquenique – feita de forma inversa). Portanto, prepare as pernas assim que entrar no parque.

Faça seu alongamento e seu xixizinho antes da subida :)

Faça seu alongamento e seu xixizinho antes da subida 🙂

A boa notícia é que essa subida, apesar de possuir alguns trechos bastante íngremes, é relativamente tranquila. O primeiro trecho – e o mais extenso – dá acesso à Pedra Grande. Ele é todo asfaltado, e sombreado pela Mata Atlântica, o que ajuda muito na subida, e deixa o passeio mais gostoso. Existem algumas áreas planas intercalando o trajeto, ótimas para retomar o fôlego, e tomar um gole d’água. Sim, leve água (dica óbvia para qualquer caminhada, mas cuja lembrança é sempre pertinente). O tempo estimado de trilha é de duas horas, e é um programão pra quem está começando – são poucos os desníveis, e com calma até os mais despreparados são capazes de vencê-la.

A trilha é bem tranquila, mas subida é subida...

A trilha é bem tranquila, mas subida é subida…

...e ela devagarinho vai te fazendo suar.

…e ela devagarinho vai te fazendo suar.

Subimos “acompanhados” de um grupo de italianos, cruzamos com vários japoneses descendo a trilha, e em nossa chegada não foram poucos os idiomas que permeavam o ambiente. Não resistimos a conhecer os parques alheios quando nos afastamos de casa, e o mesmo acontece por aqui. Mas antes de falar da área de piquenique, um pouco mais sobre a subida.

Alguns trechos são mais puxados, mas vale a pena.

Alguns trechos são mais puxados, mas vale a pena.

Chegando na Pedra Grande, o visual arrebata – e nem poderia ser diferente. São Paulo do avesso é um visual difícil de ser comparado a qualquer outra coisa no mundo. O horizonte de prédios e relevos geométricos da cidade corta a paisagem de lado a lado, apoiado numa cama verde – justamente a divisão entre a cidade e a pedra onde estávamos sentados. É um visual incrível mesmo… e a sensação é de poder “diminuir o volume” daquele monstro ali adiante, pra poder admirá-lo com calma. Um barato. Pouco adiante, no Museu da Pedra Grande, existe outro mirante. E de lá essa visão fica ainda mais ampla.

São Paulo logo ali, gigantesca como sempre.

São Paulo logo ali, gigantesca como sempre.

Mas desse ângulo impressiona ainda mais.

Mas desse ângulo impressiona ainda mais.

E não termina.

E não termina.

Informação bizarra: tem sinal de celular lá em cima.

Seguimos em direção à área de piquenique – nesse momento o asfalto dá lugar à terra. Poucos metros adiante, uma placa sinaliza o final de São Paulo e o início de Mairiporã. Mais alguns minutos de descida, uma paradinha numa casa com acesso proibido – cujo aspecto em si já basta pra afastar caras como eu, e chegamos ao nosso destino.

Seguindo adiante, deixamos São Paulo pra trás.

Seguindo adiante, deixamos São Paulo pra trás.

A subida agora é de terra.

A subida agora é de terra.

Resident Evil.

Resident Evil.

Tivemos sorte: uma mesa ficou vaga assim que chegamos, e pudemos nos instalar numa boa. Não eram poucos os que haviam se arriscado durante a manhã para chegar ali, mas nem de longe o número de pessoas lembrava aquela invasão paulista ao Ibirapuera, Villa-Lobos ou afins durante qualquer final de semana com sol. Famílias inteiras, crianças e velhinhos, casais e grupos de amigos dividiam espaço numa bagunça com cara de sábado. Ainda sobre as mesas: não vimos ninguém se estapeando por uma, e aparentemente aquele jogo de War que acontece em praças de alimentação não é uma prática local.

Chegamos :)

Chegamos 🙂

A gente veio aqui pra comer ou pra conversar?

A gente veio aqui pra comer ou pra conversar?

Ficamos próximos ao lago de água esscura, que é recheado de peixinhos. Uns borboletões enormes nos fizeram companhia durante todo o tempo em que estivemos por lá. Pouco depois do lanche, uma pausa pra deitar na grama, tirar um cochilão, umas várias fotos, ou até mesmo encontrar algum amigo, que por acaso teve a ideia de estar no mesmo lugar, no mesmo dia e no mesmo período.

Uma garrafa de vinho quebrou. Embebedamos as borboletas.

Uma garrafa de vinho quebrou. Embebedamos as borboletas.

Obrigado vinho. Obrigado borboletas.

Obrigado vinho. Obrigado borboletas.

Uma visão geral do parquinho.

Uma visão geral do parquinho.

Uma visão mais de perto :)

Uma visão mais de perto 🙂

Além do playground e das mesas, existem banheiros masculino e feminino – ambos muito bem cuidados, com papel (e rolinho extra) inclusive. Reabastecemos nossas garrafinhas d’água nas torneiras do banheiro, e numa biquinha próxima ao lago, cuja existência só notamos pouco antes de ir embora. Saímos de lá por volta das 16h, e nosso caminho de volta demorou uma hora redondinha, coincidindo com o horário de fechamento do parque.

Sim, água. Na Cantareira.

Sim, água. Na Cantareira.

Sossego e tranquilidade. As piadas e a infâmia não saíram nessa foto.

Sossego e tranquilidade. As piadas e a infâmia não saíram nessa foto.

Um fim de tarde maiúsculo.

Um fim de tarde maiúsculo.

Um passeio como esses às vezes gera certa desconfiança: “Mata Atlântica em São Paulo? Se eu quiser ver árvore passeio no Ibirapuera“, algum ranzinza pode dizer; “Trilha asfaltada? Não tem nada de natural nisso“, é o discurso que pode sair da boca de outro reclamão. Não amiguinhos, é bem diferente disso. Um passeio desses pode funcionar como uma pontadinha de esperança na gente, que anda tão desanimado com tudo por aqui – sim, tomamos água na Cantareira, respiramos um ar mais que puro, tomamos sol, curtimos silêncio, aproveitamos a cidade passeando entre as árvores – um verdadeiro disparate. É bom… esperança sempre é bom. E o passeio, mais que recomendável.