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Croácia

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Os sons da Dalmácia

26 de abril de 2016

Poucas são as pessoas capazes de ignorar uma música incidental (sendo ela bonita ou não) durante um passeio, ainda mais quando esse passeio acontece na região da Dalmácia. Split é a segunda maior cidade croata, e para contar sua história seriam necessários vários e vários parágrafos – mas indicamos um link aos mais curiosos.

É exatamente em Split que encontra-se o Palácio de Diocleciano, e no interior de seus muros o centro histórico de Split se desenvolveu. Com influências multiculturais – dada a extensão e complexidade histórica do local, referências gregas e romanas são evidentes em sua arquitetura. Suas vielas e corredores convidam a uma exploração mais detalhada de cada um de seus detalhes, e desde o último final de semana milhares e milhares de pessoas conheceram (ou reconheceram) mais um pedacinho desse Palácio, que funciona como locação para algumas cenas de Game Of Thrones.

(Aviso de leves spoilers aos que pretendem assistir à série. Mas nada sobre a nova temporada, muito menos relevante a ponto de comprometer sua experiência – não é do nosso feitio: somos educados)

Sem dragões e iluminado. Para nossa alegria.

Sem dragões e iluminado. Para nossa alegria.

Porque certamente tem gente que não curte esse lugar.

Porque certamente tem gente que não curte esse lugar.

Suas caves funcionam de locação, e são onde Daenerys Targaryen guarda seus dragões na cidade de Meereen. Acabamos conhecendo por acaso – e pra fugir do calor – as ruínas desse local. São muito bem preservadas, e tão impressionantes quanto o restante da cidade. E algum tempo depois reconheceríamos essas pilastras e a estrutura interna do palácio na série

Mas falaremos mais de lá em outra ocasião, pois durante o passeio uma cantoria distante nos atraiu. Seguimos aquele som até uma sala redonda, com teto em forma de abóboda. Diversos turistas se aglomeravam ali pra assistir a essa belezura aqui.

O céu estava absurdamente azul e lindo...

O céu estava absurdamente azul e lindo…

...e o Vestíbulo (o nome desse local) transbordava turistas - e música :)

…e o Vestíbulo (o nome desse local) transbordava turistas – e música 🙂

Nunca havíamos ouvido a tal música dálmata. Por sinal, pra mim dálmata era raça de cachorro e eu nunca fui procurar sua etimologia. Mas sim, era um coral dálmata, cantando músicas folclóricas da região. Uma combinação muito bonita de música boa, num lugar espetacular, debaixo de um céu azul mais que perfeito. Assim como os músicos de metrô, os one man band da vida e outros artistas de rua, encontrar música pelo caminho dá uma graça toda especial ao dia. Trazer na bagagem as memórias visuais bonitas que encontramos em Split é ótimo – musicá-las foi ainda melhor.

Ainda mais, sem nenhuma queimadura causada por um dragão.

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Zagreb pra isso

13 de julho de 2015

Depois das generalidades, trazemos hoje as coisas que Zagreb realmente soma. Porque sim, toda cidade tem suas particularidades – e algumas delas podem ser muito legais. Começando pelo passeio até a cidade alta – e partindo do último ítem do texto anterior (no final do segundo parágrafo), quando dissemos que havia uma escadaria próxima ao centro gastronômico da cidade.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

O acesso à cidade alta é possível tanto pela escadaria quanto pelo funicular (Zagrebacka Uspinjaca) – e temos aí nossa primeira particularidade: o funicular de Zagreb é um dos “menores transportes coletivos” do mundo. Não usamos o bichinho, uma vez que a subida pela escadaria leva pouco mais de um minuto, mas nos rendeu algumas fotos bem simpáticas.

O funicular é o transporte familiar de fato - afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

O funicular é o transporte familiar de fato – afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

Já na cidade alta, algumas coisas valem a pena. A começar pelo passeio até duas ruas acima, onde demos de frente com a Igreja de St. Mark. Apesar do prédio relativamente pequeno, é uma construção marcante – principalmente por seu telhado, composto de um mosaico de ladrilhos brilhantes, com desenhos e dois escudos em destaque: o brasão de armas de Zagreb (vermelho, com um castelo, à direita), e o brasão que representa o Reino da Croácia (1527 a 1868, que foi parte das terras da Coroa de St. Stephen – hoje território croata em toda a sua extensão).

A bela igreja de St. Mark...

A bela igreja de St. Mark…

...e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

…e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

Existem outras igrejas e prédios do governo próximos à igreja, mas tínhamos um objetivo: ouvir/assistir ao estouro do canhão, que acontece na cidade todos os dias ao meio-dia em ponto: uma tradição que vem desde 1º de janeiro de 1877. Procuramos nas placas espalhadas pelas ruas da cidade, e nada. Andamos, andamos, e nada. Pois quando resolvemos sentar pra descansar próximos ao funicular, e a Dé foi comprar uma pipoca, olhamos pra cima e…

...enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã...

…enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã…

...aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

…aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

Sim, o forte (Kula Lotrščak) tem placas que dão a entender que o prédio é um pequeno museu. Entramos e perguntamos se era ali mesmo o raio do canhão – o que nos foi confirmado pela moça que tomava conta da loja no piso térreo. Compramos a entrada (que além do canhão dá acesso à parte superior do forte, que nos permite uma visão em 360º de Zagreb). Bom, antes de qualquer coisa, o canhão – em vídeo. Sim, estávamos sozinhos – e o estouro é pra arrebentar qualquer ouvido…

O guarda responsável pelo canhão convidou a gente a visitar a cabine em seguida pra tirar umas fotos.

Faz barulho MESMO o danado.

Faz barulho MESMO o danado.

Logo depois, subimos pra conferir Zagreb por cima. E que surpresa agradável foi essa 🙂

Perto dali, outro ponto marcante da cidade é o Stone Gate. Porém, mesmo com esse nome, não esperem um portão de pedra, ou mesmo algo grandioso, como uma catedral ou um forte. O Stone Gate é um fragmento da muralha que abrigava a cidade velha. Possivelmente datado de 1266, é um memorial que abriga uma pintura da Mãe de Deus – peça inexplicavelmente salva do fogo em 1731, em um dos diversos incêndios que castigaram a região. Nessa pequena curva está hoje uma espécie de capela, que atrai fiéis de todas as partes do mundo. E exatamente por ser uma capela, não nos sentimos suficientemente à vontade pra bater uma foto lá dentro.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

São algumas das curiosidades da capital croata, que é um lugarzinho dos mais gostosos. Mesmo não tendo esse apelo turístico todo, todo lugar novo sempre garante um punhado de histórias bacanas. As de Zagreb voltaram na nossa memória, e possuem um sabor bem bacana!

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Zagreb? Pra quê?

6 de julho de 2015

Quando fomos embora de Zagreb, rumo à Turquia, o taxista que nos levou ao aeroporto resolveu puxar assunto num inglês simpaticíssimo. Naqueles minutos que se seguiram, soubemos que a capital croata tinha fama de cidade-dormitório para os turistas que visitam o país  – e éramos prova viva disso, já que usamos Zagreb como “parada” para nossa viagem pela Croácia, e não como destino.

Chegamos ao país por lá, e não passamos sequer um dia na cidade. Almoçamos no meio da tarde, demos uma volta, descansamos e seguimos viagem – por Zadar, Dubrovnik, Split, voltando para Zagreb dez dias depois, quando pudemos de fato explorar um pouco das redondezas. A capital croata é uma cidade bonita, com uma praça central bastante movimentada, de onde partem ruas que se ramificam num centro gastronômico logo acima, numa área comercial bastante desenvolvida à direita, em sua principal catedral seguindo adiante ainda pela direita, e numa outra área visivelmente mais turística à esquerda, com mesas espalhadas e televisores nas alamedas. E além desses lugares, existe também uma área mais alta da cidade, acessível por uma longa escada logo no início do tal centro gastronômico. Essa escada fica à esquerda, e os mais desavisados podem passar por ela sem notar. Este texto vai tratar de todas as outras áreas, fora essa da escada – que será nosso tema ainda essa semana, num segundo texto 🙂

Um dia pra descobrir Zagreb. Simbora pra praça central!

Um dia pra descobrir Zagreb. Simbora pra praça central!

Demos sorte de encontrar a tal praça central num dia de evento – uma espécie de quermesse, patrocinada pela Câmara de Economia Croata (só descobrimos isso depois, graças ao Google Tradutor). Várias barraquinhas com artesanato, souvernires e muita comida local – tudo a um preço muito acessível, que se diga. Mas estava implícito o desafio de descobrir o que era cada coisa e quanto custava, pois quase todos os comerciantes não falavam inglês – e quando falavam, somente arranhavam. Mas mesmo assim experimentamos alguns queijos, docinhos e chocolates croatas numa boa.

Um pouco de inglês, um pouco de mímica, e a gente se entende.

Um pouco de inglês, um pouco de mímica, e a gente se entende.

Num toldo que servia de palco, alguns artistas se apresentavam: um grupo de cantoras de música típica, uma bandinha de churrascaria, e um grupo de cheerleaders (?) que dançava e jogava bastão ao som de uma adaptação bizarra do Rap das Armas (sim, aquele do Tropa de Elite). Foram momentos, pra dizer de uma forma singela, edificantes.

Parapapapapapa papapapá... Parapapapapapa papapapá!

Parapapapapapa papapapá… Parapapapapapa papapapá!

Vale ainda a história da pipoca, que a Dé pediu no carrinho de uma tia perto dali.

– How much for the popcorn?
– Sôri noenglish.
– How much?
– Tentém.
– What…?
– Tentém (com as duas mãos, abrindo e fechando duas vezes).

Sim, tentém. Ten-ten. Vintão.

O tal centro gastronômico é composto de trocentos restaurantes, bares e afins, e é bastante frequentado em todos os períodos do dia. Por lá comemos num restaurante italiano (que fica superlotado à noite, e é gigante), bebemos num trailer de sucos naturais, almoçamos num lugar chamado Pivnica Mali Medo (http://tinyurl.com/og3etwb – cuja tradução é “Pub Ursinho”) por duas vezes, e jantamos numa hamburgueria excelente chamada Rocket Burger (http://tinyurl.com/p6kpbbv). Existem lugares mais chiques, outros que possivelmente reúnem a máfia (quando no trailer de sucos, pedi pra usar o banheiro de um bar, e era um daqueles que a gente detesta encontrar pelo caminho – numa casa escura, com um cara mal-encarado esparramado numa cadeira, assistindo TV ao lado de um caça-níqueis). Mas dá pra se divertir numa boa alameda adentro.

Um feijão (sim, feijão), linguiças e cogumelos, e uma caneca de cerveja pra energizar o almoço...

Um feijão (sim, feijão), linguiças e cogumelos, e uma caneca de cerveja pra energizar o almoço…

...um hamburgão e uma cerveja artesanal pra darem um calor à noite.

…um hamburgão e uma cerveja artesanal pra darem um calor à noite.

Caso precise ir ao banheiro, pergunte pras pessoas certas :)

Caso precise ir ao banheiro, pergunte pras pessoas certas 🙂

A área comercial, seguindo à direita da praça principal, possui alguns fast-foods, bancos e aquelas lojas de sempre, que existem em qualquer centro de qualquer cidade. A primeira impressão é de um passeio desinteressante, caso você não chegue ao final dele. Porém, alguns passos adiante está o prêmio a quem apostar em Zagreb: a catedral da cidade (Zagrebačka katedrala). É um troço absurdo de gigante, e um dos pontos mais visitados da cidade. Uma das suas torres ainda está em processo de reconstrução/restauração, e tanto esse processo como seu relógio original têm suas histórias explicadas num painel do lado esquerdo da entrada principal.

Uma catedral linda e gigante. Fotos internas são proibidas (soubemos disso da pior forma)...

Uma catedral linda e gigante. Fotos internas são proibidas (soubemos disso da pior forma)…

…e logo ao lado, um pouco de antes/depois.

Todo esse passeio, bem como a área turística, de bares e shoppings do lado oposto pode ser feita à pé numa boa, e em um único dia. Algumas quadras abaixo estão a estação de trem e a rodoviária da cidade, e entre essas quadras alguns parques bem bonitos deixam o passeio ainda mais agradável.

Zagreb pode não ser de fato um lugar que as pessoas sonhem conhecer, por esta ou aquela determinada atração. Mas menosprezá-la é um passo pra trás… afinal de contas, nem toda cidade precisa ser diferenciada. Algumas, que parecem bem comuns, podem ganhar um espaço tão ou mais importante em nossas memórias por nos proporcionarem apenas e somente dias bacanas.

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Winter is coming – parte 2

16 de abril de 2015

Dubrovnik: a King’s Landing de Game Of Thrones.

À medida que você vai conhecendo uma região, você começa a notar semelhanças entre as cidades. No Perú por exemplo, todas as cidades que visitamos têm a Plaza de Armas, que é a praça principal da cidade (herança da colonização espanhola). No Leste Europeu, a semelhança acontecia com as Old Towns, que nada mais são do que centros históricos. Guardadas as devidas proporções, elas são bem parecidas entre si, com ruas de pedra ou paralelepípedo, estreitas e com circulação proibida (ou bem reduzida) de carros; prédios históricos, bonitos, coloridos, cheios de enfeites, esculturas, estátuas, gárgulas e santos; pelo menos uma igreja com arquitetura monstruosa e linda… uma coisa meio gótica; e uma grande concentração de bares, restaurantes, cafés e afins. É basicamente o coração da cidade.

A Croácia foi o último país que visitamos durante nossa viagem. A primeira cidade croata visitada foi Zadar*, que logo de cara tinha um centro histórico bem diferente do que tínhamos visto até então. Vários prédios de pedra com uma arquitetura mais simples (mas nem por isso menos impressionante) e um ar “um pouco mais grego”. De Zadar, seguimos viagem até Dubrovnik.

Chegamos na rodoviária e de lá fizemos um trajeto à pé para o centro velho. O caminho é longo – são quase 3Km (que parecem 12), bonito, cheio de plaquinhas indicando a direção e a distância que você ainda vai percorrer, passando inclusive por “ruas de escada” (como foi dito no post anterior, a cidade é cheia de subidas e descidas pesadas), já pra sentir o clima do Old Town. A chegada ao centro propriamente dito é inexplicável: antes mesmo de virar a esquina, já é possível ver uma parte da muralha e a famosa Minceta Tower.

Minceta Tower - a primeira pancada na chegada às muralhas de Dubrovnik.

Minceta Tower – a primeira pancada na chegada às muralhas de Dubrovnik.

Uma visão geral da entrada do Old Town.

Uma visão geral da entrada do Old Town.

Logo na entrada da cidade, a fonte onde você pode abastecer sua garrafinha d'água de graça.

Logo na entrada da cidade, a fonte onde você pode abastecer sua garrafinha d’água de graça.

Nas vielas, os diversos restaurantes.

Nas vielas, os diversos restaurantes.

Tendo visitado outras cidades, todas com seu centro histórico tão característico, já me considerava uma expert (aham!) no conceito “Old Town“. Mas chegar à cidade velha de Dubrovnik é jogar todo o seu repertório no lixo, e se sentir em meio a um filme medieval, pronto para ouvir barulhos de canhões e esperando arqueiros uniformizados dominarem a muralha da cidade, todos prontos para a batalha. Uma coisa meio Senhor dos Anéis mesmo…

Um cenário de filme - e de série :)

Um cenário de filme – e de série 🙂

Dubrovnik parece um forte, um cenário pronto para a guerra. A cidade nasceu para abrigar os que fugiam dos bárbaros – ou seja, já nasceu da necessidade de proteção. Devido à sua localização estratégica, a cidade sempre foi um alvo muito desejado, e assim como o resto da Europa, passou por uma dança das cadeiras, sendo dominada por vários países e impérios diferentes durante décadas.

A marina. De frente pro mar, uma das faces das muralhas.

A marina. De frente pro mar, uma das faces das muralhas.

Uma torre, com um dos sinos de Dubrovnik.

Uma torre, com um dos sinos de Dubrovnik.

A altura dos muros abraça as residências em alguns pontos da cidade.

A altura dos muros abraça as residências em alguns pontos da cidade.

A visão do Adriático e da Marina, de cima de um dos pontos da muralha.

A visão do Adriático e da Marina, de cima de um dos pontos da muralha.

Mesmo com essa confusão toda, Dubrovnik conseguiu manter-se próspera, e à medida que crescia, o fortalecimento de sua defesa crescia junto. Mas nem tudo são rosas, e a junção de um terremoto gigante com a separação da Iugoslávia fizeram um estrago considerável na cidade, tanto na área histórica como nos prédios residenciais e comerciais. O centro histórico é patrimônio da UNESCO, e até hoje ela e o governo investem em restaurações estruturais. Essas restaurações incluem detalhes como a remontagem dos telhados tradicionais, e o cuidado com alguns buracos, ainda visíveis nas paredes dos prédios.

Os acessos ao centro histórico, vistos de dentro da cidade.

Os acessos ao centro histórico, vistos de dentro da cidade.

As estreitas vielas, que levam dos muros à alameda principal.

As estreitas vielas, que levam dos muros à alameda principal.

O principal passeio pra se fazer em Dubrovnik consiste em explorar os 1.940 metros de muralhas que envolvem o centro velho. As muralhas formam um quadrilátero, sendo que cada ponta tem um forte. A parede que está de frente para o mar é a mais fina – tem de 1,5 a 3 metros de espessura, e a que está de frente para o continente é mais reforçada, com até 6 metros de espessura. Sua altura, dependendo do local, chega a 25 metros. O passeio é bem tranquilo, e o mais legal é que, como ela dá a volta em todo o centro, você consegue ter uma visão privilegiada da cidade e dos arredores.

O ingresso para o passeio pelas muralhas. Os números em destaque são os locais do passeio onde os fiscais verificam se sua entrada foi paga/está válida.

O ingresso para o passeio pelas muralhas. Os números em destaque são os locais do passeio onde os fiscais verificam se sua entrada foi paga/está válida.

Os muros são bem altos em alguns pontos, e bem baixinhos em outros.

Os muros são bem altos em alguns pontos, e bem baixinhos em outros.

Os telhados estão sendo restaurados, com sua coloração original...

Os telhados estão sendo restaurados, com sua coloração original…

...mas não é um trabalho rápido nem fácil - pois telhado é o que não falta.

…mas não é um trabalho rápido nem fácil – pois telhado é o que não falta.

A visão de um trecho da muralha e o Mar Adriático, de um dos pontos mais altos da cidade.

A visão de um trecho da muralha e o Mar Adriático, de um dos pontos mais altos da cidade.

Um pouco mais abaixo, a paisagem completa.

Um pouco mais abaixo, a paisagem completa.

A entrada principal da cidade velha é pela Pile Gate, e nessa mesma rua ficam vários guias, prontos para te abordar e oferecer quinhentos passeios dos mais variados tipos, inclusive um específico do Game of Thrones, que te leva aos lugares onde foram filmados os episódios, conta curiosidades sobre o show, os personagens, a história, etc. Não fizemos esse tour porque ainda não vimos a série, mas um fato interessante é que a cidade literalmente pára em função das filmagens. Existem cláusulas de confidencialidade entre os cidadãos, os quais não saem de casa durante esse período. Mas o que a série traz de retorno no turismo justifica a paralisação de todo o comércio no Old Town.

A loja mais lotada do centro histórico. Compramos nossa lembrancinha também, pra quando a gente (enfim) assistir a série.

A loja mais lotada do centro histórico. Compramos nossa lembrancinha também, pra quando a gente (enfim) assistir a série.

O tour que nós fizemos e recomendamos (além de um passeio de caiaque pelo Mar Adriático <3) foi um walking tour, desses que um guia local te leva pela cidade, contando a história e curiosidades que só alguém que vive lá pode saber. É relativamente baratinho, e vale a pena pra você ir embora sentindo que realmente conheceu um pouco do lugar.

Os ingressos do walking tour são um pouco mais baratos que os do passeio pela muralha.

Os ingressos do walking tour são um pouco mais baratos que os do passeio pela muralha.

A gente acabou optando por fazer o walking tour...

A gente acabou optando por fazer o walking tour…

...que começava justamente no fim da tarde.

…que começava justamente no fim da tarde.

O que foi muito bom, pois pudemos conhecer a noite de Dubrovnik.

O que foi muito bom, pois pudemos conhecer a noite de Dubrovnik.

Uma noite pintada de luzes amarelas...

Uma noite pintada de luzes amarelas…

...que deixavam as texturas das muralhas e do piso ainda mais evidentes.

…que deixavam as texturas das muralhas e do piso ainda mais evidentes.

Luzes de outras cores fazem a paisagem ficar ainda mais bonita.

Luzes de outras cores fazem a paisagem ficar ainda mais bonita.

E assim a gente se despediu de lá :)

E assim a gente se despediu de lá 🙂


* Na verdade a primeira cidade croata foi Zagreb, mas como a Croácia dos meus sonhos sempre teve o Mar Adriático, Zagreb pra mim entra numa categoria à parte.

Causos, Croácia, Gastronomia, Ir e vir

Winter is coming – parte 1

13 de abril de 2015

Pegando embalo na estreia de mais uma temporada de Game Of Thrones, com a turminha de Jon Snow, Tyrion Lannister e cia. na noite deste último domingo, faremos uma semana especial por aqui no Faniquito – não sobre a série, mas sim sobre uma de suas locações mais bonitas e vistosas: Dubrovnik.

Porém, esse primeiro texto não será tão direto. A cidade será apresentada na próxima quinta-feira, com a volta da Debs pra cá (após um mês de aprimoramento profissional do/para o Faniquito). Hoje darei algumas dicas sobre o que fazer quando em Dubrovnik – coisas que o pessoal do Game Of Thrones possivelmente não poderá incluir nos próximos capítulos da série. Afinal de contas, não é só de inverno que esse mundo é feito…

Pra começar, vamos direto pro estômago.

Em Dubrovnik, existem duas áreas comerciais de destaque: a cidade velha, e a área portuária. A primeira é bem mais movimentada, pois o objetivo de todos os cruzeiros que desembarcam por lá é justamente explorá-la durante o dia. Cruzeiros esses que chegam – obviamente – pela área portuária, o que justifica a afirmativa anterior. A oferta de restaurantes na cidade velha é gigantesca, o que acaba deixando a região do porto em segundo plano como opção gastronômica – um vacilo monstruoso, como demonstrado em dois exemplos logo abaixo:

A Otto Taverna (http://tinyurl.com/pdhb69t) é uma excelente opção para um jantar mais romântico e reservado. O ambiente é lindo e minúsculo, com um atendimento primoroso e simpaticíssimo. Mas nenhuma combinação de todos esses fatores supera a experiência da sequência de pratos servida durante o jantar. Muito sabor, boas quantidades, e e um cuidado que aumentarão seu amor – inevitável desde a chegada – pela cidade. Chegue cedo (o restaurante abre para o jantar no finalzinho da tarde, começo de noite), e seus poucos lugares vão embora rapidinho. Apesar de alguma rotatividade, a pressa não é lugar comum para quem opta pela comida de lá – por motivos óbvios.

Bonito, gostoso e delicado.

Bonito, gostoso e delicado.

Alguns metros distante dali – coisa de 5 minutos de uma caminhada tranquila – está o Amfora (http://tinyurl.com/pm7jers). O restaurante possui um salão bem amplo, inclusive com algumas mesas na calçada. Não se deixe enganar por seus aspecto de “lugar que não deu certo” – sim, ele normalmente tem lugares de sobra. O atendimento é muito atencioso e excelente, assim como seus pratos. Destacamos com louvor o risoto preto, que é um dos melhores pratos que já comemos NA VIDA. Durante nosso jantar, o garçom ofereceu alguns ítens que não estavam no cardápio – incluindo alguns pratos em fase de experimentação que o chef da casa estava fazendo. Uma delícia.

Risoto pra comer de joelhos.

Risoto pra comer de joelhos.

A segunda dica é sobre transporte.

Dubrovnik não é exatamente a cidade mais fácil pra você se locomover. A entrada da cidade, além do acesso de veículos, comporta o porto e a rodoviária. As pousadas se espalham nas áreas residenciais, e existem alguns hotéis mais próximos da cidade velha (cujos valores de hospedagem beiram ao proibitivo), sendo a saída mais comum para quem se hospeda na cidade o aluguel de apartamentos. Porém, os acessos são extremamente complicados – pela geografia vertical da cidade, subidas e descidas pesadas, suas vielas e becos. Os valores de táxi são caros – a cidade em si não é barata, e toda economia possível deve ser considerada para os viajantes menos afortunados – grupo esse que integramos desde sempre.

Uma cidade vertical não é mole de ser explorada.

Uma cidade vertical não é mole de ser explorada.

Uma boa alternativa para poupar as pernas e agradar os bolsos é comprar o passe diário de ônibus, vendido logo na entrada da cidade velha. Por 30 kunas (coisa de R$ 12), você pega quantos ônibus quiser no período de um dia. São linhas circulares, que dão acesso a praticamente toda a cidade – incluindo a rodoviária. E uma informação a ser destacada: todos os pontos de ônibus possuem informações sobre linhas, e horários de saída e chegada (que são cumpridos com rigor britânico), o que facilita absurdamente a vida de qualquer turista. As viagens são curtas, pois a cidade é pequena, então não tenha medo e compre seu bilhete assim que chegar à cidade.

Sempre pontual, ele te espera pra sair na hora certinha.

Sempre pontual, ele te espera pra sair na hora certinha.

O bilhete diário: não esqueça de validar, pois não há cobrador.

O bilhete diário: não esqueça de validar, pois não há cobrador.

A terceira e última dica: sobre um causo local que aconteceu com a gente.

Qualquer lugar minimamente turístico oferece uma gama razoável de possíveis passeios e atividades. O caiaque foi nossa escolha em Dubrovnik, com um circuito que nos daria uma visão bacana da cidade, algum conhecimento histórico, uma volta por uma ilha da cidade, e uma parada em uma pequena praia de lá. Nessa praia, além de comer um lanche, havia a possibilidade de mergulhar de uma pedra, tomar um banho de mar e nadar utilizando snorkel. Não nos arriscamos na pedra, comemos nosso lanche e fomos pra água fazer nosso primeiro mergulho livre.

A prainha da terra de Jon Snow.

A prainha da terra de Jon Snow.

Resultado: a visão incrível daquele tanto de peixe numa água absolutamente transparente nos levaram a investir num curso de mergulho poucos meses depois. Uma ideia que jamais havíamos imaginado, e que tomou forma naqueles poucos minutos de alegria. Mais uma prova concreta de que o faniquito existe em todo mundo. É só botar pra fora.

Gostou? Quinta tem mais 🙂

Croácia

Zadar, quase sem querer

23 de março de 2015

Do itinerário definido em nossa viagem pelo Leste Europeu, um determinado trecho era razoavelmente problemético: Chegaríamos na Croácia por Zagreb, e de lá seguiríamos para Dubrovnik. Um trecho de 600 quilômetros, que a princípio faríamos em um dia… mas convenhamos: quem em santa consciência quer passar um dia inteiro dentro de um ônibus? Apesar da distância ser a mesma entre São Paulo e Rio de Janeiro, não iríamos pela Dutra. Os ônibus que percorrem esse trecho o fazem com diversas paradas, pra subida e descida de passageiros. Além disso, não sabíamos qual a qualidade do ônibus, ou mesmo da estrada (preocupações que posteriormente se mostraram bastante fundamentadas, mas isso é assunto pra outro texto). Conclusão: resolvemos cortar esse trajeto em três partes: o primeiro iria de Zagreb ao Parque Nacional Plitvice (onde passaríamos o dia em visita); ao final da tarde, percorreríamos o segundo trecho, de Plitvice a Zadar, onde passaríamos a noite, e visitaríamos durante o dia seguinte; à noite, viria o terceiro trecho, entre Zadar e Dubrovnik, que faríamos de madrugada, dormindo (em teoria – a prática não foi bem assim, mas quando falarmos de Dubrovnik a gente conta o que aconteceu).

Nosso texto de hoje trata da segunda perna dessa viagem. Mais especificamente, sobre Zadar.

Nosso texto fala sobre esse trecho em destaque, de uma viagem gigante, antes planejada pra ser feita num dia só.

Chegamos na cidade no início da noite, e na rodoviária mesmo acabamos pedindo nosso primeiro cevapi da viagem (um sanduíche bem do gostoso, e uma espécie de kebab em forma de salsichinhas – sim, parece um sanduíche de cocô). Com o wi-fi da lanchonete, vimos onde estávamos, pedimos um táxi e fomos direto pro apartamento que havíamos alugado. Porém, acabamos ficando em um quarto ainda melhor, uma vez que o que reservamos teve sua chave roubada (!) pelas hóspedes anteriores. O dono do lugar promoveu nosso alojamento, e acabamos ganhando cozinha e banheiro exclusivos sem custo adicional. Melhor primeira impressão, impossível.

Parece cocô, mas é bem gostoso.

Parece cocô, mas é bem gostoso.

E depois de jantar, o descanso dos Deuses.

E depois de jantar, o descanso dos Deuses.

Apresentado o tema, vamos à cidade, que desbravamos durante o dia seguinte.

A Dé disse que “só estaria na Croácia de fato quando visse o Mar Adriático” (ou seja, pra ela Zagreb não valia como Croácia). Assim sendo, chegamos enfim à Croácia quando avistamos a marina. Seguindo adiante, chegamos à cidade antiga, e por lá ficamos durante todo o dia. Existem duas atrações em Zadar que são amplamente difundidas, e que atraem visitantes do mundo todo: o Morske orgulje – o “órgão marítimo“, uma estrutura que toca música (mesmo) com o impacto das águas do Mar Adriático, e o Pozdrav Suncu – a “saudação ao Sol“, outra estrutura que fica logo ao lado, e à noite é iluminada por centenas de lâmpadas coloridas. Logo na chegada – por esse caminho que fizemos – demos de cara com as duas.

Com o mar ali do lado, já vale como Croácia :)

Com o mar ali do lado, já vale como Croácia 🙂

Mas antes de falar delas, falemos do Centro Histórico. O passeio em si não é muito demorado, pois ele é composto de poucas ruas mais largas, e outro punhado de vielas mais estreitas. Porém, tanto as ruínas como os prédios são de cair o queixo. Zadar é uma cidade antiquíssima (constam registros de vida na região que datam da pré-história), e alguns pedaços dessa história continuam imponentes e lindos, como os pequenos fragmentos das colunas que faziam parte do Fórum Romano (século II), e a Igreja de São Donatus (século IX). Além disso, a própria composição do Centro, pavimentado com pedras claras e brilhantes, detalhes nas paredes e o ambiente nas vielas deliciam os que passam por lá. Um local absolutamente encantador.

Zadar tem uma cor predominante: o bege.

Zadar tem uma cor predominante: o bege.

E isso não é nenhum demérito, pois a cidade fica ainda mais charmosa desse jeito.

E isso não é nenhum demérito, pois a cidade fica ainda mais charmosa desse jeito.

As colunas, datadas do século II. Do tempo em que o mundo nem redondo era.

As colunas, datadas do século II. Do tempo em que o mundo nem redondo era.

Sete séculos depois, a Igreja de São Donatus.

Sete séculos depois, a Igreja de São Donatus.

Alguns detalhes que não desmentem...

Alguns detalhes que não desmentem…

...a idade e a beleza de Zadar.

…a idade e a beleza de Zadar.

Almoçamos em um dos restaurantes indicados pelo proprietário do apartamento onde ficamos. O Bruschetta (http://www.bruschetta.hr/en/) é enorme, com mesas externas e uma baita vista do Adriático. Além da cerveja – e da bruschetta, obviamente – pudemos experimentar um dos pratos mais gostosos e vistosos de toda a viagem: camarões gigantes, filés de atum, lulas, peixe branco e mariscos. Uma verdadeira e deliciosa sacanagem. Chegue cedo se quiser sentar sem precisar pegar fila.

Aquele azul ali é o Mar Adriático. Nos sentimos chiques.

Aquele azul ali é o Mar Adriático. Nos sentimos chiques.

Chiques e ogros. E felizes.

Chiques e ogros. E felizes.

Durante a tarde passeamos sem rumo. Algumas banquinhas de artesanato, lojinhas pequenas, outras nem tanto, e em pouco tempo você já passeou por todo o Centro. Pelo caminho, diversos grupos de turistas, mas em grupos bem menos numerosos do que veríamos posteriormente em Dubrovnik, o que garante um passeio tranquilo e sem multidões pelo caminho. Fomos então ao Morske orgulje. O mar estava suficientemente agitado para que pudéssemos presenciar e constatar aquilo que nos parecia exagero anteriormente: de fato, Zadar toca música com as águas do Adriático. As pessoas ficam sentadas nos degraus do órgão, e ninguém se importa de vez ou outra se molhar um pouco. A trilha sonora pra tarde estava escolhida, e era de fato maravilhosa.

A alameda que ladeia o Adriático. Ao fundo...

A alameda que ladeia o Adriático. Ao fundo…

...encontramos "o tecladinho de Zadar".

…encontramos “o tecladinho de Zadar”.

Enquanto acompanhávamos a saída de um transatlântico, que estava atracado no porto, próximo ao Pozdrav Suncu, a tarde aos poucos se despedia. O painel principal montado no chão emula a proporção entre o Sol e os planetas – também representados tanto em distância quanto em tamanho pela alameda que ladeia o Centro Antigo.

Um pouco antes do Sol se pôr, a notória alegria de um dia incrível.

Um pouco antes do Sol se pôr, a notória alegria de um dia incrível.

No detalhe, os planetas espalhados pela orla. A foto foi tirada de cima...

No detalhe, os planetas espalhados pela orla. A foto foi tirada de cima…

...do painel que representa o Sol. E agora vocês entendem o porquê.

…do painel que representa o Sol. E agora vocês entendem o porquê.

Foi-se  a tarde, e o transatlântico.

Foi-se a tarde, e o transatlântico.

Pouco depois da saída do navio, não havia mais luz natural. “Ligaram o Sol”, e o Zadar ganhou mais um espacinho em nosso coração com aquelas luzes coloridas, que dançavam desordenadamente, enquanto as pessoas passeavam sobre o painel. Tivemos nosso momento por lá, e ficamos ainda mais encantados. É algo extremamente simples, sem pirotecnias ou adereços desnecessários. Mas é bonito, muito bonito.

Tiramos nossa casquinha das luzes noturnas, daquele enorme Sol.

Tiramos nossa casquinha das luzes noturnas, daquele enorme Sol.

Às vezes a gente acha que passou muito tempo num mesmo lugar. Zadar pedia pelo menos mais um dia. Uma cidade deliciosa, delicada e agora, saudosa. Nossa parada para um descanso tornou-se uma das memórias mais latentes da viagem.