Arquivos do mês de

julho 2015

Ir e vir

Com guia? Sem guia?

30 de julho de 2015

Existe uma questão filosófica envolvendo guias de viagem: eles ajudam ou atrapalham? Estar sem um guia acompanhando determinado passeio te dá a liberdade necessária pra descobrir algo novo por conta própria? É melhor saber da boca de um local as informações necessárias pra gente absorver tudo aquilo que um passeio ou visita oferecem? Dá pra trocar um guia pela Wikipedia, ou mesmo pelo Google?

Vamos por partes.

Polêmica: quem vai na frente, se ninguém sabe o caminho, nem o que fazer?

Polêmica: quem vai na frente, se ninguém sabe o caminho, nem o que fazer?

Primeira coisa, e sempre tratando de qualquer assunto sob o nosso prisma: de início sempre procuramos fazer nosso roteiro por conta própria, ignorando inclusive passeios guiados – justamente por termos essa impressão destacada nas questões do início desse texto. Achávamos que um passeio guiado seria: 1) uma bagunça organizada, pois normalmente ele é feito em grupo, e 2) não teríamos a oportunidade de descobrir certas histórias e detalhes por conta própria. Assumimos o preconceito, e assim mesmo nossos passeios foram divertidos.

Foi aí que, por um acaso, experimentamos o outro lado da coisa.

Eles sabem de tudo, e ainda dividem com a gente? Claro que sim!

Eles sabem de tudo, e ainda dividem com a gente? Claro que sim!

Numa viagem em que inevitavelmente tínhamos direito a alguns passeios: todos com um guia a tiracolo. Num primeiro momento é uma situação meio bizarra ter alguém te pajeando o tempo todo (ainda mais por ser um passeio exclusivo, em que fazíamos somente os três, sem grupo). Funcionava exatamente daquela maneira, que mais parecia uma corrida de autorama, onde a gente nunca pisaria fora da área delimitada.

Quem ganha e quem perde nessas duas situações? Voltamos ao nosso prisma, e nossa opinião é: casar as duas situações é o cenário ideal.

É uma eterna satisfação descobrir certas coisas por méritos próprios: ir conferir aquele cantinho que ninguém vai, confirmar expectativas e se aprofundar em pesquisas, notar certos detalhes que parecem novidade, tudo isso nos causa um bem-estar enorme. Não existe coisa mais gostosa do que se apropriar de um destino, e dali em diante contar histórias e passar adiante dicas que parecem coisa nossa, e só nossa. E em qualquer lugar, a qualquer época, sempre existe uma situação ou descoberta só nossa, que nos acompanhará dali em diante por todas as vezes que contarmos sobre determinada viagem.

Se existe um lugar que você quer conhecer, simplesmente conheça.

Se existe um lugar que você quer conhecer, simplesmente conheça.

Porém, nada impede um tourzinho guiado: seja um city tour, um passeio histórico, ou mesmo uma visita guiada. Apesar de parecer maçante (e às vezes é bem isso mesmo), é uma certeza que com um bom guia e um bom roteiro esse tipo de programa amplia nossos horizontes instantaneamente. E não são poucos os casos que nesses passeios o próprio guia conta detalhes ou opiniões pessoais que fazem barulho suficiente pra gente se intrigar, e mergulhar ainda mais fundo naquele destino.

Existem diversos tipos de tour disponíveis por aí: de grupos de viagem a passeios exclusivos, de guias credenciados a guias locais (que levam o viajante por passeios fora dos roteiros padrão, e cujo valor cobrado vai de acordo com o que você queira pagar – se quiser). Existem ainda grupos voluntários, que fazem passeios temáticos (de terror, políticos, históricos, baseados em livros ou filmes, para crianças, sazonais, etc.). Tivemos ótimas experiências com todos esses tipos, e cada um atende a determinado tipo de perfil.

Uma tarde de diversão e aprendizado, com direito a treinar um novo idioma, e com alguém que sabe onde te levar, e ainda tira fotos por/pra você.

Uma tarde de diversão e aprendizado, com direito a treinar um novo idioma, e com alguém que sabe onde te levar, e ainda tira fotos por/pra você.

Resumindo: caso seja sua primeira viagem, aprofunde-se na pesquisa sobre seus destinos. Pense que um novo lugar inevitavelmente desperta uma curiosidade de 360º. O desejo de qualquer pessoa que viaja é absorver o máximo no menor período de tempo. Desperte sua curiosidade, e sinta-se preparado para ser seu próprio guia na maioria do tempo, mas não dispense ajuda em determinados momentos – até mesmo pra relaxar. Mais do que qualquer outra coisa: livre-se de preconceitos. Não existe melhor ou pior: existem situações, e elas costumam ser diferentes uma da outra. Viajar é aprender e conhecer, o tempo todo. Faça isso da(s) maneira(s) que você mais gosta.

Porque às vezes tudo o que a gente quer é conhecer o basicão, sentado num banco de ônibus ou caminhando com mais meia dúzia de pessoas, e com alguém ao microfone contando uma história bacana.

Causos, Comunicação, Fofuras

Três dicas bacanas, e duas pitadas de coisas boas

27 de julho de 2015

Estávamos planejando nossa viagem dentro da própria viagem – sempre com uma cidade/país de antecedência pelo menos, já com as informações básicas na mão. É um hábito que temos (e um dos pilares desse site, que se diga, pois prezamos pela aventura – desde que ela tenha pelo menos um dedinho de controle e perspectiva). E em nosso mochilão pelo Leste Europeu, após uma semana e 4 países visitados (Romênia, Polônia, República Tcheca e Eslováquia), tínhamos até então uma viagem relativamente tranquila. Nossa quinta parada era a Hungria, e por lá estávamos enquanto este causo se desenrolava.

Causo sim, porque não sabíamos ainda de que maneira chegaríamos ao nosso próximo destino: Zagreb. Estávamos em Budapeste, e em nossas pesquisas (mais) um ônibus parecia ser a forma de locomoção mais adequada até a próxima cidade. Assim que chegamos à capital húngara – mais especificamente no dia seguinte, uma vez que chegamos debaixo de chuva, e com chuva passamos nosso primeiro dia por lá – começamos a pesquisar de que maneira faríamos tal trajeto. Existiam algumas possibilidades, mas como tudo o que pesquisávamos, eram informações novas e de caráter absolutamente desconhecido. E chegamos aqui ao nosso primeiro ponto:

1) Tenha (e não tenha) medo de pessoas

A gente e o Anton - nosso amigo e protagonista das próximas linhas desse texto.

A gente e o Anton – nosso amigo e protagonista das próximas linhas desse texto.

Aprendemos muito cedo (e em outra viagem) que nem todo demônio é vermelho, nem todo anjo tem asas. “É viajando que a gente conhece as pessoas“, profetizou uma pessoa certa vez, e essa é uma verdade irrefutável. Tem gente que se descontrola durante esse período, e exagera – pro bem ou pro mal – em determinadas situações. Portanto, não confie cegamente nos relatos alheios: suas impressões, seu conforto e suas expectativas têm relação direta com a sua personalidade e sua proposta de viagem.

Sendo assim, sempre que pesquisamos “coisas que dependeriam de gente”, procuramos nos informar se aquela REALMENTE era uma boa ideia com os locais. E no caso dessa viagem Budapeste/Zagreb, não foi diferente. Porém, a forma como isso ocorreu que foi engraçada, e nos dá margem à segunda dica:

2) Preste atenção aos sinais

Oras, estávamos num albergue localizado a algumas quadras do centro de Budapeste – mas o casarão, por alum motivo bizarro, era quase que completamente “decorado” com pôsteres, lembranças e coisinhas croatas. “Esse tiozinho não promove a própria cidade? Mas que cacete…” foi meu primeiro pensamento. E resolvemos matar a curiosidade sobre aquele fato perguntando ao gordinho bigodudo de voz fina.

– Eu nasci em Zagreb, mas vim morar em Budapeste.

Decoração náutica, pôsteres de Split, Dubrovnik e Plitvice. Nada de Budapeste... por que?

Decoração náutica, pôsteres de Split, Dubrovnik e Plitvice. Nada de Budapeste… por que?

Explicado, meus amigos. E instantaneamente o senhorzinho (chamado Anton) se tornou nossa fonte mais confiável de informações sobre nossos próximos destinos. Com isso, deixamos o protocolar bom dia/boa noite de lado, e passamos a puxar assunto com o sujeito. O que leva à terceira e última dica desse texto:

3) Amizades acontecem

Assim que chegamos, caía um mundo de chuva. Ficamos ilhados no albergue. Era começo de noite, nossos estômagos estavam nas costas. Resolvemos perguntar ao Anton se seria possível nos emprestar um guarda-chuva para irmos até algum restaurante próximo. Ele nos emprestou duas capas. E capas BACANAS, não aqueles sacos plásticos com capuz. “Pra gente ir tranquilo e voltar quando quiser”, sorrindo. Ganhou de cara nossa simpatia – e alguns bons votos de confiança.

Se não fossem as capas do Anton, não teríamos tido nossa primeira (e acachapante) impressão do prédio mais bonito que já vimos na vida: o Parlamento de Budapeste.

Se não fossem as capas do Anton, não teríamos tido nossa primeira (e acachapante) impressão do prédio mais bonito que já vimos na vida: o Parlamento de Budapeste.

Porém, a maior surpresa aconteceu alguns dias depois, num papo sobre como chegar à Croácia de ônibus. Fomos perguntar ao Anton quais as linhas mais confiáveis, quanto custava, e antes mesmo de engatarmos a segunda pergunta ele nos veio com essa:

– Se vocês esperarem mais dois dias, eu vou pra lá de carro. Vocês podem vir comigo de carona, se quiserem.
– Uou! E quanto sai, Anton?
– Não sai nada, é carona. Vocês vão comigo e eu deixo vocês na rodoviária.
– <3

Dé, esperando a carona pra Croácia, com aquela cara de "a gente se deu bem nessa" - e se deu bem mesmo, meus amigos :)

Dé, esperando a carona pra Croácia, com aquela cara de “a gente se deu bem nessa” – e se deu bem mesmo, meus amigos 🙂

E numa viagem em que toda grana poupada é uma bênção, a economia pode estar num papo bacana com alguém ainda mais bacana. Antes que perguntem: claro que não dá pra confiar em todo mundo, muito menos tomar isso tudo como regra. Mas são possibilidades, que existem pra valer. No mundo existem dois tipos de pessoas: as boas e as ruins. E elas estão por aí, espalhadas pelo mundo. Se a gente tiver um mínimo de inteligência e sagacidade (sempre quis usar essa palavra num texto) e ficar atento aos lugares e pessoas que passam pela gente, a chance de termos boas surpresas é enorme.

Vale pra viagem, mas vale pra vida também 🙂

Argentina

A casa de Maradona

23 de julho de 2015

Ir a Buenos Aires e não conhecer a Bombonera é deixar uma lacuna na sua viagem. Bom, pelo menos é o que dizem todos os que visitam o estádio, arrastando até mesmo os desinteressados por futebol até o bairro da Boca. Mais ou menos como ir ao Rio e não visitar o Cristo, o mitológico estádio do Boca Juniors é parada obrigatória para qualquer turista que visita a cidade portenha. E nós fomos conferir essa história.

Existe um certo “terrorismo” quanto a La Boca. Não são poucos os que demonizam o bairro (onde também está localizado o Caminito), recomendando “cuidado ao andar pelas ruas”, entre outros conselhos que deixam os visitantes de pé atrás. Opinião pessoal: um absoluto exagero. É um bairro antigo e boêmio, bastante diferente da área central da cidade – mas numa comparação binária, seria como colocar lado a lado as regiões do Jardins e da Moóca em São Paulo. Cuidado a gente tem que ter em qualquer lugar, e não é por estar degradado que um lugar é necessariamente ruim. Então, encare sim o passeio.

Uma paredão em azul e amarelo. Bem-vindos à Bombonera.

Uma paredão em azul e amarelo. Bem-vindos à Bombonera.

O estádio é sim imponente pra cacete. Do lado de fora, um paredão de concreto azul e amarelo, com grandes colunas verticais, deixando claro que estamos entrando num lugar que em nada se assemelha às “arenas” modernas de hoje em dia. Na pequena sala de entrada do museu, você compra os ingressos pro tipo de visita (só o museu, museu e gramado com visita guiada, etc.), e aguarda a chamada numa acanhada lojinha.

A entradinha do museu, e o anúncio que a coisa ali é sobre paixão mesmo.

A entradinha do museu, e o anúncio que a coisa ali é sobre paixão mesmo.

O museu é muito bacana. Estátuas dos jogadores mais famosos do time (Maradona, Palermo, Riquelme), a relação completa dos jogadores que vestiram a camisa do Clube, uma pequena maquete do bairro em outros tempos, e uma memoriabília sensacional, com taças, flâmulas, camisas e todo tipo de objeto que ajude a contar a história do Boca. Da mesma forma que tudo no estádio, é menor do que você imagina – ainda mais se tiver as mesmas referências que eu quanto a esse tipo de museu: o do Corinthians e o Museu do Futebol no estádio do Pacaembú são absurdamente gigantes perto do museu do Boca.

Uma miniatura do bairro, nos tempos de fundação do estádio.

Uma miniatura do bairro, nos tempos de fundação do estádio.

Um cara que perde três pênaltis num mesmo jogo merece mesmo uma estátua.

Um cara que perde três pênaltis num mesmo jogo merece mesmo uma estátua.

A camisa de caminhão do Navarro Montoya. [Clubismo] Em outros tempos, outro goleiro ridículo aderiu à mesma moda no Brasil [/Clubismo].

A camisa de caminhão do Navarro Montoya. [Clubismo] Em outros tempos, outro goleiro ridículo aderiu à mesma moda no Brasil [/Clubismo].

Schiavi, esse parceirásso :)

Schiavi, esse parceirásso 🙂

Mas a graça da Bombonera são os vestiários e o gramado.

Graça pra quem visita, obviamente. O vestiário dos visitantes é apertado e deve ser um inferno se preparar ali. Fora que a arquibancada mais hardcore dos caras fica justamente em cima dele, propositalmente. A fama de caldeirão da Bombonera não é à toa. É tudo meio velho e podre, como tudo no bairro, e é justamente isso que carrega ainda mais a mística do lugar. “Ah, mas isso fica longe do que eu vejo na Champions League”, dirá o representante da geração Playstation. Sim amiguinho, é bem diferente. Por isso mesmo a Libertadores é divertida: porque é aqui, e não na Europa.

Quanto ao gramado e às arquibancadas: aquilo tudo que ouvimos e vemos é exatamente daquela maneira: assentos colados, corredores apertados e uma verdadeira parede de arquibancada que impressiona de verdade. Nossa guia era extremamente animada (e a maioria dos visitantes, brasileira), e contou detalhadamente os principais fatos da história do estádio. Mostrou também onde fica o camarote vitalício do Maradona, e nos levou à “geral” da Bombonera (aquela que fica em cima do vestiário visitante), onde organizou uma baguncinha básica com a galera. Um passeio bem do divertido, e mais divertido ainda por termos feito o dito seis meses após o título da Libertadores do Corinthians – justamente em cima dos caras.

É alta a bagaça, meus amigos. Dá um calafrio.

É alta a bagaça, meus amigos. Dá um calafrio.

Pertinho do gramado, e de frente pros camarotes.

Pertinho do gramado, e de frente pros camarotes.

Hora de ver mais de perto por onde o Romarinho passou.

Hora de ver mais de perto por onde o Romarinho passou.

Na saída, a hora da saudade.

Na saída, a hora da saudade.

Conclusão: a Bombonera vale sim a visita – muito mais por seu caráter histórico, e por ser um estádio sobrevivente à modernização que engole o futebol nos dias de hoje. É um ponto turístico pra quem não acompanha o esporte, mas uma obrigação pra quem ama o certame.

Apêndice gordinha: saindo de lá, caminhe por algumas ruas e vá almoçar no Obrero – que é igualmente precário e tradicional. Um bifão de chorizo não fará mal depois de duas horinhas de tour por terras amarelo-celestes. E tente encontrar a flâmula do seu time de coração na parede forrada dos caras 🙂

Um restaurante tradicional, num reduto de torcida, com uma parede de verdade.

Um restaurante tradicional, num reduto de torcida, com uma parede de verdade.

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Pro almoço, mais uma tradição – por que não?

P.S.: Achei que faltava um vídeo mostrando a Bombonera funcionando. Então fechamos o texto com o melhor momento já vivido por esse estádio:

Brasil, Gastronomia

Babem, gringos

20 de julho de 2015

Com o termo sendo utilizado de forma totalmente pejorativa nos últimos tempos, o Faniquito de hoje vem exaltar (e indicar*) dois lugares pra você se deleitar com aquela iguaria maravilhosa e tipicamente brasileira, chamada coxinha.

Só dois? Sim, só dois. São os que a gente ama, que têm um preço bacana, uma coxinha “tamanho gordinho” e cujo passeio (afinal, estamos num site de viagens) é bem bacana.

Porém, contamos com a colaboração dos nossos amigos e leitores para aumentarmos o número de indicações. Sem melhores ou piore, a ideia é somente indicar lugares em que a gente vai pra comer, e sai sorrindo. Às indicações, portanto:

Praça Cheese Lanchonete

Isso é uma foto de celular, sem Photoshop.

Isso é uma foto de celular, sem Photoshop.

Em frente à FNAC Pinheiros, um bar com mesas na calçada (aprovamos) pode passar em branco aos mais apressados. Recomendação? Esqueçam a pressa. O atendimento é bacana, a cerveja é gelada, com uma boa variedade de rótulos e sem frescuras gourmet, graças a Deus e à Sil – a dona do bar e sua futura amiga, caso você tenha 5 minutos pra um bom papo. E sim, ela lembra do seu nome depois de 3 ou 4 visitas.

Mas o papo é coxinha, e a de lá é referência na região – sendo inclusive indicada por hotéis e albergues próximos à gringaiada que procura pelo quitute nacional. É uma das histórias que a Sil mais conta, sempre com novos fatos, como bilhetinhos desajeitados de gente que vem de todo canto do mundo.

A coxinha não decepciona nem um pouquinho, sendo muito bem servida, e atendendo àquelas coisas que a gente procura no salgadinho ideal – sequinha, bem recheada e crocante. E no conjunto da obra, o bar – que não é badalado como o Frangó, o Veloso ou outros lugares de São Paulo – deixa saudade. Mas como fica do lado do metrô Faria Lima, dá pra voltar sempre – pra mais uma coxinha e um papo na calçada.

Praça Cheese Lanchonete
R. Álvaro Anes, 25 – Pinheiros – São Paulo/SP

Padaria Real

O triângulo de queijo cobriu um pouco a foto. Desculpem.

O triângulo de queijo cobriu um pouco a foto. Desculpem.

Quer pegar uma estrada no fim de semana? Sorocaba é um ótimo destino pra quem ama o salgadinho. “Mas você vai pegar estrada e pagar pedágio pra comer coxinha?” – SIM, meus amigos. E não é exagero. Assim que você chega à cidade, escolha uma das (agora quatro) lojas da cidade. São enormes, e a marca da padaria traz a data de sua fundação: um lugar que foi fundado em 1957 e está aberto e imponente até hoje não é pouca coisa.

Mesmo com o tamanho das padarias – muito semelhante às grandes padarias que a gente conhece por aí – o que mais impressiona é a frequência das fornadas de coxinha, necessária à demanda dos clientes locais e forasteiros, que vêm aos montes experimentar a iguaria.

Obviamente que não é só coxinha que a padaria vende (e o triângulo de queijo se tornou outra necessidade deste que vos escreve sempre que visita  a dita cuja). Mas sem dúvida, é a grande estrela da casa, inclusive com algumas variações interessantes – já pensou numa coxinha de bacalhau? Pois bem, eles têm. Mas fique com a tradicional. Coma quantas aguentar, e não tenha vergonha de levar pra viagem. É inevitável.

Padaria Real
R. da Penha, 1.373 – Centro – Sorocaba/SP

E você, onde levaria seu amigo gringo pra apresentar esse quitute sensacional? Indique suas preferências pra gente 🙂


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Causos

O poder da porra da viagem

16 de julho de 2015

Por Flavio Pucci


Ele não era um super-herói, mas tinha um superpoder: o de conseguir viajar por pelo menos 5 minutos por dia. Tinha dia que era um pouco mais.

Conseguia desligar tudo e embarcar numa viagem quando menos se esperava. Reuniões de alinhamento, reuniões de metas, reuniões de fluxo ou reuniões de qualquer coisa. Esses eram as principais plataformas de embarque. Ele aproveitava aquele início de reunião onde todo mundo contava uma piada enquanto a pauta não vinha e ia, ia simbora.

O único (d)efeito colateral desse superpoder era que ele não escolhia o lugar pronde ía. Ou seja, ele tinha o poder de sair dali mas não sabia onde podia cair.

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Da última vez saiu de uma reunião em que tinha que ouvir o novo posicionamento de uma marca e caiu na bolsa de valores de Nova York. Um caos total: telefone tocando, gente gritando e o pior, ele sentia todo aquele stress como se fosse um local, e não um passageiro. Não viu valor nenhum naquilo, até voltar para sua reuniãozinha de posicionamento em São Paulo. Perto da Bolsa, a reunião de posicionamento era picas. Mais fácil que tabuada do zero: zero vezes um?

Num outro dia em Lassa, no Tibet, trocando ideia com um povo num bar, descobriu que não podia realmente escolher seu destino, mas podia ditar seu ritmo, seu tom.  Exemplo: podia facilmente cair num lugar como a bolsa de valores, só que ouvindo um Bach. Melhorava muito o cenário. Era quase como estar no Salar do Uyuini numa tarde cheia de nuvens. Era quase como escolher seu destino sem escolher seu destino.

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Quando estava no Alaska, ouviu um barulho estranho. Era sua secretária, que entrou na sala e disse: Senhor, sua reunião na Patagônia foi cancelada, em contrapartida, agendei o alinhamento em Dudinka. Às 14h30.

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Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Croácia

Zagreb pra isso

13 de julho de 2015

Depois das generalidades, trazemos hoje as coisas que Zagreb realmente soma. Porque sim, toda cidade tem suas particularidades – e algumas delas podem ser muito legais. Começando pelo passeio até a cidade alta – e partindo do último ítem do texto anterior (no final do segundo parágrafo), quando dissemos que havia uma escadaria próxima ao centro gastronômico da cidade.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

Pra quem já subiu o Roraima, essa escadinha é um espirro.

O acesso à cidade alta é possível tanto pela escadaria quanto pelo funicular (Zagrebacka Uspinjaca) – e temos aí nossa primeira particularidade: o funicular de Zagreb é um dos “menores transportes coletivos” do mundo. Não usamos o bichinho, uma vez que a subida pela escadaria leva pouco mais de um minuto, mas nos rendeu algumas fotos bem simpáticas.

O funicular é o transporte familiar de fato - afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

O funicular é o transporte familiar de fato – afinal, não cabe mais que uma família por bondinho.

Já na cidade alta, algumas coisas valem a pena. A começar pelo passeio até duas ruas acima, onde demos de frente com a Igreja de St. Mark. Apesar do prédio relativamente pequeno, é uma construção marcante – principalmente por seu telhado, composto de um mosaico de ladrilhos brilhantes, com desenhos e dois escudos em destaque: o brasão de armas de Zagreb (vermelho, com um castelo, à direita), e o brasão que representa o Reino da Croácia (1527 a 1868, que foi parte das terras da Coroa de St. Stephen – hoje território croata em toda a sua extensão).

A bela igreja de St. Mark...

A bela igreja de St. Mark…

...e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

…e os brasões destacados (que ao vivo, possuem cores BEM mais vivas).

Existem outras igrejas e prédios do governo próximos à igreja, mas tínhamos um objetivo: ouvir/assistir ao estouro do canhão, que acontece na cidade todos os dias ao meio-dia em ponto: uma tradição que vem desde 1º de janeiro de 1877. Procuramos nas placas espalhadas pelas ruas da cidade, e nada. Andamos, andamos, e nada. Pois quando resolvemos sentar pra descansar próximos ao funicular, e a Dé foi comprar uma pipoca, olhamos pra cima e…

...enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã...

…enquanto a Dé garantia a pipoquinha croata da manhã…

...aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

…aquela janelinha aberta lá em cima acusa o bendito canhão!

Sim, o forte (Kula Lotrščak) tem placas que dão a entender que o prédio é um pequeno museu. Entramos e perguntamos se era ali mesmo o raio do canhão – o que nos foi confirmado pela moça que tomava conta da loja no piso térreo. Compramos a entrada (que além do canhão dá acesso à parte superior do forte, que nos permite uma visão em 360º de Zagreb). Bom, antes de qualquer coisa, o canhão – em vídeo. Sim, estávamos sozinhos – e o estouro é pra arrebentar qualquer ouvido…

O guarda responsável pelo canhão convidou a gente a visitar a cabine em seguida pra tirar umas fotos.

Faz barulho MESMO o danado.

Faz barulho MESMO o danado.

Logo depois, subimos pra conferir Zagreb por cima. E que surpresa agradável foi essa 🙂

Perto dali, outro ponto marcante da cidade é o Stone Gate. Porém, mesmo com esse nome, não esperem um portão de pedra, ou mesmo algo grandioso, como uma catedral ou um forte. O Stone Gate é um fragmento da muralha que abrigava a cidade velha. Possivelmente datado de 1266, é um memorial que abriga uma pintura da Mãe de Deus – peça inexplicavelmente salva do fogo em 1731, em um dos diversos incêndios que castigaram a região. Nessa pequena curva está hoje uma espécie de capela, que atrai fiéis de todas as partes do mundo. E exatamente por ser uma capela, não nos sentimos suficientemente à vontade pra bater uma foto lá dentro.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

Stone Gate: menor que a sala aqui de casa, é exatamente essa curvinha aí.

São algumas das curiosidades da capital croata, que é um lugarzinho dos mais gostosos. Mesmo não tendo esse apelo turístico todo, todo lugar novo sempre garante um punhado de histórias bacanas. As de Zagreb voltaram na nossa memória, e possuem um sabor bem bacana!