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dezembro 2015

Faniquito

Ano um

14 de dezembro de 2015

Exatamente hoje completamos nosso primeiro aniversário!

Com um saldo de 89 textos (contando com esse) e 22 países contabilizados até o momento. Um começo de muita realização pra gente, que fez dos nossos papos recorrentes motivo de pauta e disciplina: dois textos por semana, sempre que a agenda de ambos permitisse, com espaço liberado para amigos, conhecidos ou aventureiros que, assim como nós, curtissem soltar o verbo sobre suas experiências pessoais na estrada – fosse ela de terra, asfalto, gramada, de areia, do céu ou mesmo debaixo d’água.

Chegaram à nossa caixa postal as mais diversas histórias: paixões, desabafos, contos, receitas, dicas, percepções pessoais, e o mais importante – olhares diferentes sobre o mesmo assunto. Viajar amplia os horizontes, e isso a gente já sabe. Some mais e mais pessoas, e o horizonte que surge é imensurável. Essa é nossa vontade, sempre: ir mais e mais longe, até conhecer tudo o que uma, duas ou várias vidas permitam.

Da nossa parte, esmiuçamos e fragmentamos nossas próprias experiências, e nos acostumamos a discutir e relembrar nossas viagens semanalmente. Um hábito gostoso, e que fez muito bem à nossa memória. Abrir nossa memoriabilia, tirar dúvida sobre alguns detalhes para ilustrar nosso próximo texto é sempre coisa boa de se fazer, e o Faniquito continuou sendo mais diversão e menos trabalho pra gente.

E mais de 700 fotos, sendo quase todas autorais :)

E mais de 700 fotos, sendo quase todas autorais 🙂

Por isso mesmo, além de apagar velinhas, agradecemos a todos vocês que estiveram com a gente durante esse primeiro ano – seja comentando, curtindo, compartilhando ou enviando textos pra gente, bem como as primeiras pessoas que apostaram no Faniquito para planejar suas viagens. Num ano tão difícil e adverso, procuramos manter o entusiasmo sem perder a noção da realidade. Viajar é sim um prazer, exige esforço, algum investimento (que varia conforme propósitos e condições), e nem sempre essa equação é simples como a gente vê em alguns discursos por aí. Não planejamos algumas coisas que surgiram pelo caminho, como a necessidade de alguns posicionamentos, e senso crítico com determinadas situações. Estamos constantemente buscando esse crescimento, e vocês nos ajudam nessa caminhada.

Nesse nosso penúltimo texto de 2015, somos só alegria…! Se quiserem nos presentear, enviem novos textos – quem já nos escreveu, quem ainda está ensaiando ou mesmo quem nunca cogitou. É bem divertido, acreditem. Aos que gostam desse nosso recheio, sintam-se à vontade para nos divulgar. E se você estiver a fim de viajar, e quiser um roteirinho fora da curva, conte com a gente pra montar um itinerário divertido. Seremos todos muito felizes!

Obrigado mesmo galera! Que seja só o início!

Cuba

Enfim, Cuba!

10 de dezembro de 2015

Por Yara Mansur


Cuba habitou meu imaginário desde a adolescência.

A trilha sonora de fundo para as imagens do paraíso caribenho era composta por longas discussões dos caras mais velhos e bacanas do colégio sobre o embargo americano, veio a era Gorbachev, sua perestroika e a glasnost e então, sobraram poucos paises socialistas no mundo. E dos remanescentes, Cuba era o único na banda ocidental do planeta, portanto, o mais acessível para nós, brasileiros.

No Oscar de 2000, lá vem o Wim Wenders com seu incrível documentáro, Buena Vista Social Club, para colocar mais lenha nesta fogueira e reacender a curiosidade sobre a ilha.

Depois de algumas tentativas adiadas pela nada amistosa passagem de furacões e ciclones que anualmente assolam a região, em 2010, eu finalmente desembarquei em Havana.

Logo no início da pesquisa de como viajar, o que fazer, onde se hospedar e encontrar poucas informações ou recomendações para uma viagem “solo”, as dificuldades apareceram. Começou com a questão do visto que, na época, hoje não mais, exigia uma carta convite ou o pagamento de uma pequena fortuna pela sua permissão para ir à Cuba.

Deu para perceber, logo de cara, que não seria uma viagem barata, apenas uma companhia aérea que voava para Cuba, tudo tinha que passar pela agência oficial do governo cubano e por aí foi …. até que passei por cima do meu orgulho de viajante “solo” e optei por um pacote de viagem.

O roteiro proposto chegava em Havana, mas ia direto para Varadero, onde fiquei 2 dias. Depois, 4 dias em Cayo Largo, ao sul de Cuba e por fim, mais 3 dias em Havana.

Varadero é uma balneário clássico, com os resorts “all-inclusive”, na sua maioria construídos na década de 50 e mantidos com sua arquitetura original. Não é uma cena essencialmente cubana, é uma cena caribenha. Mas como foi a minha primeira parada, o queixo ficou caído com aquele mar de cor indescritível. Não me lembro onde me hospedei, mas sinceramente, eram todos bem parecidos, portanto, não há como errar.

Varadero, apresentando Cuba...

Varadero, apresentando Cuba…

...e um pouco de suas cores.

…e um pouco de suas cores.

Na verdade, Varadero foi uma espécie de preparação para Cayo Largo, onde realmente a imagem do paraíso se materializou. Na época, Cayo Largo começava a receber investimentos estrangeiros, em formato de parceria com o governo cubano. Neste modelo, os hotéis e restaurantes só poderiam utilizar mão-de-obra local, materiais locais, ingredientes locais nos seus empreendimentos, divisas também não poderiam ser remetidas para fora de Cuba. Espanhóis e italianos tinham topado a empreitada e construído a pousada que fiquei. O nível de serviço era no quase baiano, com a mesma simpatia e gentileza, portanto, nada que pudesse nos afetar ou diminuir o prazer de estar neste lugar.

Pra não deixar dúvidas...

Pra não deixar dúvidas…

...agora sim, a cena cubana tão desejada era concreta.

…agora sim, a cena cubana tão desejada era concreta.

Em Havana, os bairros turísticos são Vedado, Habana Centro e Habana Vieja. Fiquei em Vedado, no famoso Hotel Nacional. Em Cuba, como em todos os lugares, os hotéis são classificados por estrelas, mas um 5 estrelas cubano não é exatamente um 5 estrelas não cubano. Portanto, opte por uma hospedagem acima do que você normalmente utilizaria para garantir o conforto esperado.

Em Habana Centro e Habana Vieja, ficam a maioria dos hotéis, restaurantes ou paladares como são chamados por lá, merece destaque o La Guarida e a sorveteria Coppelia, a fila é enorme e você logo entederá o por quê. Nestes bairros estão também os locais de interesse dos viajantes, o imponente Capitólio Nacional, a Plaza de La Catedral, a Plaza de la Revolución e toda história que você puder ouvir reverenciando Fidel, mas principalmente, Che Guevara, mais ídolo do que o primeiro.

O Capitólio Nacional.

O Capitólio Nacional.

E a Plaza de la Revolución.

E a Plaza de la Revolución.

Bom, é importante saber que todo cubano se autointitula “guia turístico”. Você pode simplesmente passear com um bom contador de histórias ou visitar os locais com um guia de fato, se resolver contratar o guia na rua. A decisão é sua, pode ser uma boa, por que boas histórias nunca são demais, mas se quiser evitar, opte por um serviço contratado no hotel.

Andar pelas ruas de Havana é sentir-se na década de 50, na sua arquitetura preservada, prédios em estilo barroco e neoclássico, nos carros antigos, no ritmo das pessoas na rua. 50 total!

Alguns detalhes da arquitetura e cores cubanas...

Alguns detalhes da arquitetura e cores cubanas…

...e seus carros antigos característicos.

…e seus carros antigos característicos.

Os táxis são lindos, perfeitamente conservados e mais enfeitados do que carro alegórico em pleno carnaval, vale todo tipo de adereço: tapetes, bonecos, espelhos, luzes e o que mais tiver à mão. Eles também não ligam o taxímetro, combine o preço antes e pechinche, sempre. Tem também o “côco-táxi”, uma moto adaptada para levar 2 pessoas, em geral turistas, que quebra um galho.

O simpático côco-táxi.

O simpático côco-táxi.

Dólar por lá é coisa do capeta, leve euros e troque-os por pesos cubanos, faça isso no hotel ou no aeroporto, em casas de câmbio oficiais, nunca na rua. Esqueça também o cartão de crédito. A lei da demanda e oferta funciona num país socialista tanto quanto num país capitalista e tudo é muito caro por causa da escassez de oferta.

Cubanos e não-cubanos quando estão em Cuba fumam em todos os lugares, inclusive os famosos e onipresentes habanos, prepare-se para muita fumaça, até no elevador.

A terra dos habanos, que sempre te acompanham em qualquer lugar.

A terra dos habanos, que sempre te acompanham em qualquer lugar.

Ítens de higiene são controlados. Por exemplo, não é sempre que você encontrará papel higiênico nos banheiros, mesmo em locais como museus, onde tudo estará muito limpo e bem mantido, papel será coisa rara.

Na linha dos ítens controlados, internet e telefone são coisas praticamente impossíveis. Para os cubanos e não-cubanos o acesso custará muito, muito, mas muito caro mesmo, além de bloqueios a sites e aplicativos que ainda reinam por lá.

O povo cubano é de fazer festa para tudo. Juntou 4 numa mesa, vão começar a cantarolar alguma coisa (geralmente boa), alguém vai improvisar uns instrumentos e em alguns minutos estarão dançando. Ah, e você beberá o melhor rum da sua vida, pode ser até na Bodeguita del Medio, onde desfrutaram seus mojitos, Nat King Cole e Ernest Hemingway.

Se “Paris é uma festa”, Cuba também é. Desfrute!


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Fazendo as malas, Hospedagem, Ir e vir, Perrengues

Maldito mês de dezembro (?)

7 de dezembro de 2015

Foi-se a primeira semana de dezembro. O período de Festas é um dos momentos do ano em que a grande maioria das pessoas resolve botar o pé na estrada: férias escolares e/ou coletivas, é uma oportunidade de enfim juntar a família e fazer alguma coisa diferente da vida. Não por acaso, é justamente entre dezembro e janeiro em que essa alegria pode ser trocada por ódio mortal e absoluto se você não souber jogar direitinho com essas datas. Botar as malas no carro pode significar horas e horas de congestionamentos, competição por comida e abrigo com outros turistas, dores de cabeças inimagináveis e absurdas… enfim, a coisa toda pode virar um inferno.

Que o humor da Dé no trânsito seja igual ao seu durante esse final de ano.

Que o humor da Dé no trânsito seja igual ao seu durante esse final de ano.

Sendo assim, a gente vem passar umas dicas e conselhos aos que se aventuram nesse período, e que normalmente soltam fumaça só de pensar nesse “maldito mês de dezembro”. Vamos lá:

1) Sim, é mais caro – conforme-se ou não vá

O final de ano obviamente não é a melhor época pra viajar se você está apertado de grana. Períodos que coincidem com férias escolares/coletivas têm um aumento descomunal de preços em praticamente tudo: hospedagem, comércio local, lazer e abastecimento vão arrancar uma grana do seu bolso SIM – e não adianta ficar ranhetando na fila da vendinha ou pro tio do picolé. Se não tiver essa grana extra disponível, capriche na seleção de filmes do Netflix e fique em casa – seus meses de janeiro e fevereiro agradecerão, acredite.

2) Procedência

Na praia, na montanha, no interior ou exterior, com desconhecidos, amigos ou família: verifique a procedência da sua hospedagem (cuja reserva – espero – já tenha sido feita há dois ou três meses). Chuveiros que não esquentam, geladeiras que não fecham, ventiladores quebrados ou ar condicionado barulhento são coisas que sempre deixam a gente soltando fumaça. Tem cobertor? Cama suficiente? Pernilongo? A casa é ventilada? E a água? Precisa levar alguma coisa? Tem wi-fi? A internet é boa? É camping mesmo ou é um quintal adaptado? Não se acanhe em perguntar e pesquisar: mais vale apertar o espaço no carro e levar um ventilador de casa (desde que a voltagem bata – sim, não esqueça desse detalhe) do que passar duas semanas suando que nem um porco madrugada adentro.

Este é o Amadeu - o cara que você NÃO quer encontrar este mês.

Este é o Amadeu – o cara que você NÃO quer encontrar este mês.

3) Kit de escoteiro

Vale pra qualquer viagem, mas simbora relembrar: farmacinha (remédio pra dor de cabeça/muscular, band-aid, cotonete, gase, esparadrapo, pomada pra coceira, repelente se for o caso, protetor solar, creme dental e escova de dentes são o kit básico). Se usar algum medicamento específico, leve de casa. “Ah Marcelo, mas onde eu vou tem farmácia“. Sim, tem. E se não tiver o que você precisa (ou custar o triplo do que você normalmente paga) você vai se sentir culpado por não ter seguido essa dica. Uma bolsinha que cabe no porta-luvas ou no bolsinho da mochila pode te poupar a dor de cabeça de sair correndo no aperto, e uma graninha razoável.

Dinheiro em viagem é pra diversão, e não pra apagar incêndio.

Além da farmacinha, outros ítens legais de se ter na bagagem:

  • adaptador elétrico/benjamim (imagina que legal ter que desligar o ventilador pra deixar o celular carregando?);
  • se for tirar muitas fotos, lembre-se: descarregá-las pode ser necessário se você não tiver cartões de memória suficientes. Aí um hd externo ou uma boa conexão (para backup em nuvem) podem ser necessários. Ajuste expectativa e realidade, e seja feliz.
  • prepare-se pro melhor e pro pior: se mesmo com previsão de sol existir alguma possibilidade de fazer frio, não seja a anta que só levou bermuda e biquini. Às vezes sua praia pode acabar virando um Banco Imobiliário, e se isso acontecer, esteja quentinho, faça uma pipoca e divirta-se da mesma forma.
Nunca subestime a capacidade de diversão de um jogo de tabuleiro em dias de chuva.

Nunca subestime a capacidade de diversão de um jogo de tabuleiro em dias de chuva.

4) Tenha alternativas

Viaje com antecedência, e se possível faça o mesmo pra voltar. Horários bizarros são bem-vindos, desde que não coloquem em risco sua saúde e segurança (se for o caso, junte-se ao exército de turistas e escolha uma boa trilha sonora). Quando em seu destino, lembre-se que os programas mais populares serão inevitavelmente os mais abarrotados de gente. Procure alternativas menos conhecidas, ou mude os horários (não tenha medo de acordar cedo, almoçar mais tarde ou mesmo jantar no final da tarde – você está descansando, e sair da rotina inclui experimentar novos hábitos). Se a multidão for inevitável, não seja o cara que fica reclamando da demora, da fila ou do atendimento ruim (as pessoas da cidade que você está visitando também precisam se adaptar à demanda, e não é coisa simples).

Insira um milhão de turistas nessa foto e vislumbre seu futuro.

Insira um milhão de turistas nessa foto e vislumbre seu futuro.

5) Aproveite e mude seu jeito

É final de ano, e todo mundo quer festejar. Faça parte das lembranças boas das pessoas, sendo aquele que faz a diferença pro bem. Lave aquela louça que você não lavou o ano todo, divida as despesas e as dores de cabeça com quem estiver contigo, e faça parte do grupo. Se você não tiver grupo, é uma ótima época pra fazer amizades. Procure manter um sorriso na cara, e respire fundo nas dificuldades antes de responder com uma patada. Suas férias podem te ajudar a cumprir aquelas eternas promessas jamais cumpridas, se sua atitude começar a mudar antes mesmo da contagem regressiva.

São nossas dicas (mas ainda não é nosso último texto do ano) 😉