Categoria

Vietnã

Camboja, Tailândia, Vietnã

As viagens nas viagens

5 de fevereiro de 2015

Por Yara Mansur


Há viagens que a gente acha que sempre quis fazer.

Há viagens que arrebatam a gente e quando a gente vê, já foi, está lá.

Há viagens que a gente só vai entender realmente algum tempo depois e quando está contando para alguém o que aconteceu e o pior (ou melhor), a cada vez que conta, a gente tem um “insight” novo, percebe outra coisa.

A minha última viagem, foi como uma daquelas bonecas russas, daquelas que quando você abre, encontra outra dentro, menor, mas mais delicada, com mais detalhes, com outras cores. Pois é, para mim, o sudeste asiático foi uma viagem dentro de outra viagem dentro de outra viagem.

Claro que era uma viagem desejada desde sempre, desde que me considero um ser viajante era um dos destinos top 5 de qualquer lista que eu tenha preparado nesta vida.

Pois bem, junte este desejo, com o fato de que uma amiga querida decidiu “Viver a vida sob as ondas” , foi passar uma temporada na Tailândia para se tornar instrutora de mergulho e pronto, oportunidade de ouro, boa companhia, agendas acertadas e lá fomos nós.

Vencido aquele momento difícil do planejamento da viagem: abrir mão dos lugares que você não poderá conhecer desta vez e terá que deixar para a próxima. Seguir de cidade para cidade, num ritmo de gincana, apenas para dizer que você esteve lá pode até ser considerado opção para algumas pessoas. Para mim, definitivamente não. Eu preciso me demorar no lugar. Andar e me perder além dos “tem que ver” que blogs e revistas de viagem insistem em divulgar. É bom provar novos sabores, entrar no museu ou na galeria sem pressa, conseguir ingresso para um show, para uma ópera ou uma peça, mas principalmente, ter a chance de voltar, se quiser, naquele lugar, café ou praça que te encantou. Não sei você, mas eu preciso disto.

Bom, o roteiro ficou com Vietnã, Camboja e Tailândia. Laos, Mianmar e Índia, na próxima. Três países muito diferentes entre si, surpreendentes, cada um a seu modo.

No Vietnã, os destinos foram Hanói , Halong Bay e Ho Chi Minh, que até 1975 atendia por Saigon.

Primeira parada então, após longas horas de vôo, foi em Hanói. De lá, mais duas horinhas numa van e pronto, no porto. Escolher a operadora do cruzeiro que vai te levar águas tranquilas da baia de Halong é tarefa fácil. A oferta é grande, tem para todos os gostos e bolsos. O roteiro e passeios que você fará são basicamente os mesmos. Além de encartar-se com as milhares e milhares de ilhotas que formam a baia, tem uma descida do barco para visitar uma caverna, onde você será apresentado para as lendas mágicas que povoam o imaginário do povo vietnamita. Eu acabei escolhendo a Emeraude (http://www.emeraude-cruises.com) e recomendo. Boas acomodações, que ficaram melhores ainda por que eu ganhei um “free upgrade” para cabine luxo, uma grata surpresa. Excelente comida, tripulação atenciosa, enfim, tudo certo por um preço justo. Junte-se a isto um grupo de viajantes bem diversificado, trocando opiniões sobre suas câmeras fotográficas, a eterna discussão Nikon x Canon e concluindo que se pudemos nos fundir numa pessoa só, teríamos visitado quase que o planeta todo, faltando basicamente a Antártida.

Só faltou mesmo foi sol para tingir esta paisagem cinza. Alguns dias depois, um amigo sortudo esteve lá e como podem ver pela diferença das fotos, com sol é bem melhor. Bom, isto é praticamente uma regra para a vida, mas os dias cinzentos também tem sua beleza peculiar.

f_ycamb01

Das histórias de dragões e deuses diretamente para um ritmo acelerado na capital, Ho Chi Minh. Uma incrível concentração de “scooters” por m² imaginável e duas regras básicas para sobreviver. Uma regra para o motorista: se você for bater, desvie. A outra regra é para o pedestre: faça contato visual com o motorista e atravesse a rua, caminhe num ritmo constante e siga diretamente para o ponto desejado. Só não vale entrar na frente do ônibus ou caminhão, os demais vão desviar. Semáforo? Não, não tem. Apenas continue andando. Ninguém vai lhe machucar ou buzinar para você. Primeira lição, confiança. Confiei.

f_ycamb02

Em Saigon, muita memória da guerra, da luta para a unificação do norte e sul, com o povo mostrando muito orgulho desta página da história. Aproveitamos para ver o teatro de marionetes na água. É executado com música e instrumentos típicos, ao vivo. Um espetáculo composto de várias histórias curtas, divertidas, comédia de erros. Um exemplo do senso de humor vietnamita.

De Saigon para Phnom Penh, paisagem rural, cruzando a fronteira para o Camboja.

f_ycamb03

Fizemos este trecho de ônibus, tranquilo, confortável e numa velocidade máxima de 60 Km/h, não que a estrada não fosse boa, esta era mesmo a velocidade permitida para o trajeto.

Na capital Phnom Phenh, o lugar em que a gentileza impera. Observe os locais, sorrindo e cumprimentando quem cruza o seu caminho. Faça isto e você terá um dia harmônico. Eu fiz. Deu certo.

Nossa sequência de visitas aos tempos começava, de fato, aqui. Deste dia em diante, templos todos os dias. Os “wat”. Dos suntuosos, ligados ao Palácio Real até aquele que fica na esquina, em madeira. Templos para todos os gostos e monges vestindo a cor laranja.

f_ycamb04

De lá para Angkor, em Siem Reap, o maior complexo religioso do planeta, um conjunto de templos de diferentes épocas que tem por finalidade deixar você de queixo caído tal é a beleza do lugar. Segunda lição, a grandiosidade da gentileza e da generosidade. Exercitei a gentileza e o respeito.

f_ycamb05

Angkor era uma das coisas mais esperadas desta viagem. Há passes para visitar o complexo por 1 dia ou por 3 dias, há uma opção de ver o nascer do sol por lá e várias combinações possíveis de roteiros e formas de percorrer o lugar, de carro ou bicicleta.

Os tempos mais visitados são:

Angkor Wat, inicialmente hindu e depois transformado num templo budista, durante todo o tempo de construção, mais , o país mudou de religião e o tempo também.

f_ycamb06a

Bayon, com os rostos gigantes é uma das coisas mais impressionantes.

f_ycamb06b

Ta Phrom, onde você de quebra pode se sentir a própria Lara Croft. Em ruinas, o que resta do tempo se integrara às raízes das árvores e à vegetação. Um espetáculo.

f_ycamb06c

Altamente recomendada é uma vista ao Museu Angkor, antes da visita aos templos. Vai lhe ajudar a entender muita coisa e a se comportar adequadamente também.

f_ycamb07

O instinto de sobrevivência disse para escolher o carro, mas eu sempre imaginei fazer esta visita de bicicleta, então, de bicicleta lá fomos nós, com a equipe nota mil da Grasshopper http://grasshopperadventures.com/. Bem, fui de bicicleta, mas voltei de tuk-tuk. Prepare-se, e bem, se quiser fazer este roteiro como no imaginário desta viajante, pois o sol e o calor castigam. Exaustão. Mas D´us salve o tuk-tuk e tudo deu certo.

f_ycamb08

Altamente recomendada também é fazer uma massagem ao final do percurso. Aliás, altamente recomendado é não perder nenhuma, reforço, nenhuma oportunidade de fazer uma massagem nesta região do planeta. É vida. Bom, então, depois de mais uma massagem, voamos para Bangkok, a capital que tenta ser cosmopolita, mas que me encantou mesmo pelo que guarda do passado. Hospedagem no bairro chinês de Bangkok, em meio à confusão de luminosos da rua e do cheiro das especiarias e temperos da comida. Shanghai Maison, http://www.shanghaimansion.com, para aquele momento da viagem em que você também quer vivenciar o hotel, um pequeno luxo numa viagem espartana.

Roteiro de templos só se intensificaria nos próximos dias. Em Bangkok, visitamos o Marble Temple, Wat Arun, Grand Palace e dentro deste o Wat Pho e o Buda reclinado.

f_ycamb09a

f_ycamb09b

Antes de seguir para Chiang Mai, lugar que deveríamos estar no dia 7 de novembro para o mais do que esperado Festival das Lanternas, visita à Ayutthaya, que foi a capital do Sião, pouco mais de uma hora de trem de Bangkok para desembarcar no passado. Um lugar sensacional, onde os elementos dos templos de Bangkok estão presentes e lhe são apresentados na versão simples, rural. O Buda reclinado, em Ayutthaya, ainda mais bonito do que o de Bangkok.

f_ycamb10

De lá, para as montanhas, no norte, em Chiang Mai, o Festival das Lanternas, o momento das oferendas e da confraternização. De hábitos, referências e espiritualidade tão diferentes, nós, os diferentes fomos simplesmente acolhidos como iguais. Templos e cerimônias reservadas para os monges, nesta época, se abrem para quem quiser participar. Aprender a acolher, simplesmente desconsiderando as diferenças. Por que no fundo, no fundo, qual a diferença mesmo? Acolhimento sem questionamento. Isto, simplesmente, não tem preço.

f_ycamb11a

f_ycamb11b

E por fim, Koh Phi Phi, uma ilha no sul da Tailândia, destino final da viagem e lar, doce lar, para a amiga instrutora de mergulho. Por que esta menina foi tão longe? Basta mergulhar e entenderá. Das inúmeras escolas e agências de mergulho da ilha, escolhi o The Adventure Club – Phi Phi, http://diving-in-thailand.net/, obviamente a escola da amiga instrutora de mergulho. Depois de um vídeo de introdução, um teste escrito, conhecimentos básicos aprendidos, lá vamos nós para o barco, para 2 mergulhos do tipo DSD, aquele em que você vai grudado com o “divemaster”.

No primeiro mergulho, seus conhecimentos teóricos são colocados à prova. Passou, mergulhou. Passei, mergulhei.

f_ycamb12

Para realmente entender as coisas é necessário aprofundar-se, na superfície, todo argumento é raso. Mergulhei. Alguns lugares fazem mais sentido sob as ondas, e nisto, esta querida amiga, que sempre quer ter razão, estava coberta dela, mais uma vez.

Roteiro encerrado. A viagem dentro da viagem, não.


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.