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Peleș

Causos, Romênia

Um sonho por 50 Bani

29 de outubro de 2015

Ontem fez exatamente um ano que a Dé levou uma TREMENDA rasteira profissional. Não foi uma surpresa, mas ainda assim não foi um momento lá muito fácil. Antes que vocês fujam daqui, vou explicar o contexto desse momento – de mochila nas costas.

Sabe aquela hora em que você PRECISA viajar, pois o trabalho te consumiu de tal forma que uma pausa é tão necessária quanto respirar? Essa era ela, antes das nossas férias: clima ruim em casa, cansaço mental, emputecimento agudo… toda aquela coisa que todos nós sabemos muito bem como funciona. Preparamos as mochilas e fomos descansar (bem) longe daqui.

Os dias se passaram, e quando os trinta dias estavam terminando o pensamento de voltar a viver naquele inferno começou a tomar conta da cabeça da pequena. Em nosso penúltimo dia de Romênia estávamos visitando o Castelo de Peleș (que foi motivo do nosso segundo texto no Faniquito), quando pouco antes da saída passamos por uma daquelas fontes repletas de moedas, que a gente vive encontrando em diversos cantos do mundo. Um lugar lindo daqueles, seria possivelmente “nossa última fonte em muito tempo”… oras, por que não fazer uma fezinha? Chamei a Dé:

– Vem cá.
– O que foi.
– Pega a moedinha, e faz um pedido.
– Qual pedido?
– Aquele.

Era igualzinha :)

Era igualzinha 🙂

Era óbvio qual seria o pedido.

Viramos as costas, ela jogou a moedinha. Eram só 50 bani (coisa de 50 centavos de Real), mas acho que a vontade era tamanha de se livrar daquele encosto de emprego que o pedido foi feito recheado de esperança. “Vai dar certo, vai por mim“, eu lembro de dizer antes de dar um abraço nela. Passamos bem o resto do dia, e voltamos pro Brasil com aquele sentimento de missão cumprida depois de uma viagem gostosa como a que havíamos feito.

Obviamente o humor dela foi pro espaço já na primeira semana de volta ao emprego. Coisa de pouco menos de um mês, nessa mesma data, a Dé rodou. Dia seguinte ela já estava tocando a vida novamente, e três dias depois arranjou um novo lugar pra trabalhar: mais distante de casa, mas com gente interessada, profissional e sem fulando puxando tapete de geral. É lá que ela está até hoje, feliz da vida e levinha da Silva.

Faz um ano que aquela fonte nos fez o favor de levar a sério nosso pedido. Toda viagem tem por função natural trazer pras nossas vidas dias melhores. Essa em especial trouxe mais que isso, e um ano depois a gente continua muito grato por, em algum momento, termos apostado numa grande virada em nossas vidas em uma moedinha dourada que valia quase nada.

Valeu, e muito.

Romênia

No meio do caminho tinha um castelo

16 de dezembro de 2014

A Romênia dificilmente surge como destino principal quando a gente fala em viajar pra Europa. Mesmo quando o assunto é Leste Europeu, ela normalmente acaba como opção de fundo. Mas estávamos lá, e dela falaremos em outras oportunidades. Hoje o assunto é um passeio específico – um destino meio óbvio, quando o assunto é Romênia: o Castelo do Drácula. Mas não é sobre ele que falaremos. Não dessa vez.

O assunto aqui é o Castelo de Peleș (fala-se Péleshhh), que fica na região de Sinaia – uma cidade mais conhecida por suas montanhas, e por ser uma famosa estação de esqui. Bem, famosa pra quem esquia… a gente realmente desconhecia o lugar. Essa cidade fica justamente no caminho entre Bucareste e Brasov – onde fica o Castelo do dentuço. E seria uma das paradas do nosso tour.

Um pouco da belíssima fachada

Uma fachada respeitável

Cabem aqui algumas curiosidades:

– Não importa o tour que você contratar (existem vários, com diferentes pacotes): chegando ao Castelo, seu guia será substituído por um guia ligado diretamente à equipe do Castelo, “para que não hajam distorções nas histórias da família real”;

– Ao entrar, você precisa calçar “uma meia sobre os sapatos”. É uma meia meio nojentinha (existem dois baús repletos delas – possuem tamanhos e cores diferentes, portanto dispa-se das suas vaidades), mas ecologicamente correta;

Não é bonito, mas funciona 🙂

– Ao chegar, os grupos são organizados conforme os critérios da equipe do Castelo (nosso grupo, que era relativamente pequeno, com 8 ou 10 pessoas, teve de 10 a 15 pessoas somadas). Por que essa informação? Nossa guia era uma moça toda austera e educada, cujas instruções e informações eram dadas no gogó – e ela falava razoavelmente baixo. Isso, num grupo mais amplo, prejudica – e muito – a compreensão das histórias;

– Porém, como estávamos em dois, acabamos nos organizando: enquanto um ficava próximo à guia e conseguia pegar todas as explicações, o outro ficava na rabeira do grupo, pra conseguir fotografar os ambientes sem aquele povaréu na frente. Parece besteira, mas não é;

A diferença entre "pessoas" e "não-pessoas" numa foto

A diferença entre “pessoas” e “não-pessoas” numa foto – preferimos sempre a segunda opção

– Falando em fotos: as externas são liberadas. Para fotografar (e filmar) os ambientes internos, é cobrada uma taxa (coisa de uns 25, 30 Reais pras fotos, um pouco mais pros vídeos). Por ser um pouco salgada, pouca gente no nosso grupo pagou. Mas tenho certeza que depois dos primeiros dois minutos todo mundo se arrependeu. Vale – e como vale.

O Castelo de Peleș era a residência de verão do primeiro Rei da Romênia, Carol I (1839-1914) – e esse é o único registro histórico que pretendo fazer. Cercado por montanhas, o complexo é impressionante. A paisagem compõe algo muito próximo ao imaginário popular no que se diz respeito a “um Castelo em uma floresta”: enormes paredes verdes, um gigantesco parque, e alamedas que conduzem o visitante por um belíssimo passeio da entrada à chegada. Há uma fonte (pra variar, repleta de moedas – fizemos o nosso pedido por lá, e bem… ele se realizou). Os jardins ao fundo são coisa a se perder de vista, e só deixam todo o ambiente mais encantador.

Os ENORMES e coloridos jardins

O Castelo, não por acaso, é considerado um dos mais bonitos do mundo. Creio que as imagens externas deixem isso bem claro e justifiquem a fama. Quanto aos ambientes internos, visitamos somente o salão central e o primeiro piso (existe a opção de tour completo – o qual não fazia parte do nosso pacote: a quem desejar, vale se informar previamente na compra do tour), mas o passeio já valeu com sobras. Os relatos da guia são ricos em detalhes, e contextualizam cada uma das salas e quartos visitados. A preservação é primorosa, e a gente se sente de fato imerso num mundo à parte enquanto está por lá.

A sala de armas

A sala de armas – com muitas e muitas armas (tinha até uma armadura pra cavalo)

Um dos detalhes do salão central, que é incrível

Um dos detalhes do salão central, que é incrível e todo cheio das histórias

Os móveis são todos originais, e igualmente impressionantes

Os móveis são todos originais, e tão impressionantes quanto o Castelo

Os vitrais são bonitos DEMAIS

Um dos vários vitrais – que estão por toda parte, e não destoam da beleza geral

Aqueles momentos em que você se liga que está "na casa da realeza"

Aquela hora em que você olha pra cima, e o queixo cai

Por incrível que pareça, não é o local das principais refeições

A sala dos lanchinhos corriqueiros – sim, não é essa a sala de jantar

Ficamos estupefatos!

Ficamos estupefatos!

É um passeio absolutamente necessário aos que desejam ampliar um pouco a percepção sobre a história (extremamente confusa, embaralhada e sofrida) da Romênia, além de obviamente, conhecerem um belo de um castelo de verdade!