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Faniquito, Fazendo as malas

Fazendo a mala

4 de maio de 2015

Nossa primeira grande viagem foi para Bolivia e Perú. Como marinheira de primeira viagem, pesquisei tudo o que podia e não podia. Li trezentos mil relatos sobre cada lugar que iríamos visitar. Teríamos que viajar várias vezes dentro desses dois países e, como vocês podem imaginar, os ônibus e trens disponíveis por lá não eram da melhor qualidade. Isso sem contar os relatos de sofrimento das pessoas que resolveram fazer o tour para o Salar de Uyuni (o deserto de sal da Bolívia). Com isso em mente, me preparei para todos os cenários de desgraça possíveis e imagináveis.

Ainda lembro muito bem de arrumar a mala pensando em tudo que eu poderia precisar, seguindo uma planilha toda elaborada com tudo que uma pessoa preparada deveria ter. Assim como lembro claramente de chegar nos últimos dias da viagem com metade da mochila praticamente intacta.

Pensando nesse exato momento, eu te conto o que eu aprendi sobre como fazer a mala:

1. você não pode levar todas as possibilidades dentro da sua mala

A gente precisa de pouco, acredite.

A gente precisa de pouco, acredite.

Vamos encarar os fatos: existem literalmente milhares de coisas que podem acontecer durante uma viagem. Coisas que podem dar certo, que podem dar errado, que não saem conforme planejado. O albergue que te parecia tão ajeitadinho na internet pode ser um pulgueiro, então você leva o seu saco de dormir pra colocar na cama; chover numa época que normalmente não chove – você quer mesmo andar com um guarda chuva durante o período inteiro da sua viagem?; fazer um frio ou calor maior do que você estava esperando; você pode torcer o pé, ter dor, ter um piriri, ou então seu vôo ter overbooking e você passar uma noite a mais numa cidade sem reserva de hospedagem, ou então numa rodoviária xexelenta… É impossível você estar preparado para cada uma dessas possibilidades. Viajar é improvisar, e é difícil começar a imaginar o improviso arrumando a mala, no conforto do seu lar, onde você tem tudo à mão. O melhor é escolher o meio termo, ou se preparar para o cenário mais provável. Para o que foge disso, você pode se planejar financeira e espiritualmente para algumas surpresas: para comprar uma blusa mais quentinha, alugar um cobertor, ou até mesmo pegar um guarda chuva emprestado do albergue ou hotel.

2. diminua a quantidade de roupas

Mala mais vazia = menos peso nas costas = mais lugar pra trazer lembranças

Mala mais vazia = menos peso nas costas = mais lugar pra trazer lembranças

Na hora de arrumar a mala, pegue tudo que planeja levar e coloque na cama. Assim você tem uma visão geral de tudo que precisa caber na sua mala ou mochila. Tente reduzir ao mínimo possível. Lembre-se que você não precisa de uma roupa pra cada dia: você pode lavar roupa a cada três ou quatro dias, sempre que você chega em uma cidade nova, a cada duas cidades, enfim… você tem que pensar no planejamento da sua viagem e ver de quanto em quanto tempo pode usar aquela mesma roupa. Pra quem usa mochila, também pensar que esse é o peso que suas costas vão ter que aguentar durante todo o período da viagem.

3. mochila do dia

Minha mochilinha: meu xodó.

Minha mochilinha/minha companheirinha

É uma mochilinha que você leva nas costas o dia inteiro, todos os dias, com sua câmera, seu passaporte, carteira, celular e afins. Eu gosto de sair de casa com ela já pronta – é ali que eu levo tudo que tenho de valor, além de todo o planejamento da viagem, passagens, reservas etc. É minha fiel escudeira: durante o dia ela vai até virando cabide… amarro blusas e o que mais for possível nela, assim minhas mãos ficam livres, e não largo dela nem em avião e ônibus (ela viaja no meu pé).

4. alguns itens básicos

Isso é muito pessoal, mas sempre tem algumas coisas que não dá pra deixar de levar. O Masili, por exemplo, não fica sem fone de ouvido (pra ouvir música durante as viagens) e tampão de ouvido (pra quando a gente divide quarto em albergue). Eu, por exemplo, já fui salva por um pacote de lencinhos umedecidos numa rodoviária perdida entre o Perú e a Bolívia – além dos mesmos lencinhos terem sido essenciais para a manutenção do nosso casamento no Monte Roraima, onde passamos praticamente 3 dias sem conseguir tomar banho. Eu levo uma canga na minha mochila do dia, porque protege a câmera, e ainda posso usar pra outras milhares de coisas. Agora também tenho um tênis próprio para caminhada – depois de me arrastar durante quase 10 dias pela Europa por causa de dor no pé, resolvi que esse tênis, ao lado de um chinelo, são necessários e mais do que suficientes pra qualquer viagem.

Esse é só o básico do básico. Aos poucos a gente vai compilando mais dicas sobre essa arte e deixando por aqui.