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Europa

Perrengues

Perrengues de viagem: quem nunca?

2 de julho de 2015

Por Daniela Beneti


Oi gente, voltei! Hoje vou falar um pouco de perrengues de viagem. Porque a gente sempre fala de roteiros maravilhosos, paisagens incríveis e fotos sensacionais. Mas e os imprevistos? Numa viagem de verdade não sai tudo perfeito, isso é coisa de turista, não de viajante.

Eu, particularmente, acho que os perrengues são o tempero da história, a prova que você viveu o lugar. Como no meu primeiro mochilão, com a minha amiga Camila. Quando decidimos fazer essa viagem, procuramos uma agência que oferecia um “pacote mochilão”: eles fechavam a hospedagem econômica, as passagens de trem e/ ou avião e você se virava por lá. Um ótimo negócio, certo?.

É, só que não #sqn. A pessoa que fez nossas reservas devia estar com aquela vontade Primeiro, porque tínhamos um traslado programado para o dia da nossa chegada na Europa e descobrimos o quê ? Que o traslado havia comparecido no dia anterior, quando nem havíamos saído do Brasil. A sorte foi chegarmos por Lisboa, o que deixou bem mais fácil descobrir como chegar no hostel de transporte público mesmo. Uma lição pra vida de “do it yourself”. Acredite, você consegue se virar e não vai se perder só por circular com transporte público de outro país.

Pegue seu pastelzinho e relaxe. Os perrengues apenas começaram.

Pegue seu pastelzinho e relaxe. Os perrengues apenas começaram.

Mas calma, que está apenas começando. Depois de 3 dias em Lisboa, íamos para Salamanca, na Espanha. Ao chegar na segunda cidade, depois de 6 horas de trem, descobrimos que a nossa reserva do hotel estava errada, era só pro dia seguinte. Isso à meia-noite de um sábado. Não tem problema, arrumaremos outro lugar pra dormir, certo?

A recepcionista riu na nossa cara. Salamanca é uma cidade universitária, o que significa que ela BOMBA de festas e baladas no final de semana. Não tinha um único quarto disponível na cidade. Acredite, nós procuramos.

Tirando foto na praça central de Salamanca pra esquecer que a gente não tinha onde dormir.

Tirando foto na praça central de Salamanca pra esquecer que a gente não tinha onde dormir.

Claro que pensamos: já que não tem jeito, vamos pra balada. Mas estávamos a cara da derrota depois de uma viagem longa, sem lugar pra se trocar. Voltamos pro hotel e ficamos na recepção, o que resultou em 5 vídeos hilários de madrugada, a Camila quase voando no pescoço da recepcionista de manhã e muita música de elevador na recepção.

Depois disso, passamos por mais duas cidades na Espanha, nos dirigimos para a França, onde visitamos Paris e Nice, na Corte d’Azur. Na França, para nossa surpresa, foi quase tudo perfeito. As pessoas, ao contrário do que nos disseram, eram super simpáticas e solícitas. A comida não era absurdamente cara e os lugares maravilhosos. Até que decidimos conhecer a Torre Eiffel. Vou resumir pra vocês: a melhor coisa da Torre é ficar fora dela.

Não me levem a mal: a vista é maravilhosa, a experiência é única. Mas julho é um calor desgraçado e, por ser o auge do verão e das férias por lá, incrivelmente cheio. Foram 5 horas de fila pra chegar no topo, espremidas por gente de todo lado. E nem pense em bancar o esperto e comprar pra ir de escada e tentar pegar o elevador no segundo andar. Eu vi muita gente quase morrendo de cansaço, já que o primeiro andar equivale a uns 4 ou cinco lances de escadas e o elevador é vigiado o tempo todo por um segurança. Deixe isso de lado, fique na grama em volta da Torre e faça um piquenique. Tem show por lá, carruagens com turistas, tudo de graça e sem stress.

Dica: nós amamos Paris e a Torre Eiffel, mas a melhor coisa é vê-la de fora. Ficamos 5 horas na fila pra subir. Compre sua baguete e faça um piquenique embaixo dela que é bem mais legal.

Dica: nós amamos Paris e a Torre Eiffel, mas a melhor coisa é vê-la de fora. Ficamos 5 horas na fila pra subir. Compre sua baguete e faça um piquenique embaixo dela que é bem mais legal.

Depois de Paris, conhecemos Nice e seus arredores (Eze, Mônaco, MonteCarlo) estávamos loucas para ir para a praia já que, em Barcelona, pegamos uma frente fria e a água gelada. Bem, nos orientaram para pegar o trem e ir para VilleFranche-sur-Mer, a praia favorita dos moradores. Sabe porque eles preferem essa do que a de Nice? As pedras. As praias de lá não tem areia e a praia de Nice é linda, mas puro pedregulho. Em VilleFranche elas eram pequenas, mas difíceis de caminhar no sol.

Não que isso tenha estragado o passeio, foi apenas um perrengue menor e engraçado. Porque a nossa capacidade de improvisação seria testada mesmo saindo de lá para a próxima cidade, Veneza.

Devíamos ter desconfiado quando a moça nos avisou, ainda no Brasil, que não havia trem direto. Segundo ela, teríamos que descer em Gênova e comprar a passagem para continuar. Fizemos exatamente como ela disse: saímos de Nice com o trem e descemos em Gênova para comprar os bilhetes para Veneza.

Tudo lindo, tudo maravilhoso na Côte d’Azur. Até que descobrimos que a praia era de “pedrinhas”. Nada de areia, pedra quente.

Tudo lindo, tudo maravilhoso na Côte d’Azur. Até que descobrimos que a praia era de “pedrinhas”. Nada de areia, pedra quente.

Como já passara metade da viagem, nossos mochilões tinham crescido consideravelmente, ainda mais quando minha amiga descobriu que, mesmo em Euros, o xBox era mais barato lá. Ela resolveu comprar o maior kit que encontrou na FNAC e, claro, precisou de uma mala só pro infeliz. Logo, tínhamos 2 mochilões de 90 litros e uma mala com um xBox.

Isso significa que, ao descer, uma de nós tinha que ficar imóvel com a mala e a outra procurar as passagens, porque andar na estação com aquilo era inviável. Quem ficou? Exato, eu. Não deu 5 minutos para minha amiga voltar furiosa: “Sabe porque ela não conseguiu comprar o bilhete? PORQUE ESSE TREM NÃO EXISTE!”. É amigos, o trem em que estávamos IA DIRETO de Nice para Veneza e nós descemos do último trem do dia.

Fumegando de ódio, Camila saiu pela estação à procura de uma forma para chegarmos até Veneza e me deixou novamente com as malas. Foi aí que, de repente, escuto uma gritaria e todo mundo saiu correndo do hall da estação. Menos eu, que não conseguia me mexer com todas aquelas malas.

Agora, imaginem a cena: você, paralisado no meio de uma estação e eis que passa um homem, correndo e xingando em italiano, PERSEGUIDO por dois pit bulls enormes e um outro homem, gritando palavrões em italiano e “Cannes Periculoso”. Logo vem a polícia correndo no sentido contrário. Confusão, briga. Os caras são presos e os cachorros vão junto.

Depois de uns 20 minutos, minha amiga volta sorrindo triunfante, ao lado de um funcionário da estação e pergunta: “ué, por quê você está tão pálida?”. Minha resposta foi apenas “não importa o que você resolveu,eu topo qualquer coisa desde que eu NÃO DURMA AQUI”.

Bem, ela havia descoberto um jeito de chegar em Veneza, se entendendo de alguma forma com o funcionário que só falava italiano. Sim, havia uma forma. Mas seria preciso trocar de trem 4 vezes durante a noite, para chegar à Veneza às 6 da manhã. O que significava não dormir. De novo.

Viajamos com trens noturnos por cidadezinhas minúsculas. Não havia nenhum aviso sobre qual estação era aquela: tínhamos que correr pra porta para tentar descobrir onde estávamos e trocar de trem. Claro, os trens estavam vazios a não ser por uns poucos indivíduos suspeitos. E quando eu digo suspeitos, quero dizer ter que inventar nomes pra fugir de conversas estranhas e dar desculpas mil para não irritar ninguém e não ser seguidas. Isso e ficar às 3h30 numa estação com a placa enferrujada, sem viva alma, rezando para o trem passar. Até promessa eu fiz, acredite (imprimi mil santinhos quando voltei).

Mas o trem passou. E quando achamos que íamos dormir no último, numa cabine só nossa, três mulheres entram e começam animadamente a tagarelar com a gente. Eram professoras do Cazaquistão (juro por tudo que é mais sagrado), que estavam fugindo de um congresso sei-lá-onde no interior da Itália para passar o dia em Veneza. A grande aventura da vida delas, mas eu mal conseguia manter os olhos abertos. Quando elas descobriram que éramos brasileiras, festa: “we love Isaura”. Sim, a Escrava Isaura, a novela original, passou no Cazaquistão e era sucesso. Vai entender.

Foto bonita né? É que você não sabe o que passamos pra chegar aqui. E é claro, nos perdemos dentro de Veneza também, mas quem não se perde lá?

Foto bonita né? É que você não sabe o que passamos pra chegar aqui. E é claro, nos perdemos dentro de Veneza também, mas quem não se perde lá?

Chegamos exaustas em Veneza. Entramos no hotel às 7 da manhã, mas vocês sabem, check-in é só depois do meio-dia, com sorte. A maneira com que o recepcionista nos olhou entregava que estávamos péssimas. Ele então indicou uma sala em reforma, onde poderíamos deixar as malas.

Esse santo homem ficou com dó e foi nos chamar às 10h, pois conseguira adiantar um quarto. Nos encontrou dormindo no chão, abraçadas com a bagagem.

Esse nem foi nosso pior perrengue. Um dia conto da história de um feriado em Camboriú e como um cubo de frango quase virou um soco no meu baço. Mas essa fica pra outra hora.

Me arrependo? Claro que não. Aprendi muito e hoje me viro muito melhor em qualquer viagem. Perrengues são aprendizado valioso para se virar e também para forçar você a interagir com o mundo, com as pessoas do local e com qualidades suas que você desconhecia. E você, tem algum perrengue de viagem para contar? Compartilhe com o Faniquito!


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Hungria

Terror Háza

8 de junho de 2015

Você está passeando em uma das principais avenidas de Budapeste, quando de longe avista um edifício que se destaca naturalmente. Está em uma esquina. Sua arquitetura é muito bonita e bem preservada (assim como a grande maioria dos prédios da cidade). Porém, o diferencial está lá em cima: uma espécie de letreiro em negativo, que funciona quase como cobertura, e ao mesmo tempo projeta em letras agressivas aquilo que define sua história: TERROR. Estamos falando de Terror Háza, cuja tradução literal é “casa do terror“.

Obviamente, não é um museu comum. É um prédio com mais de 130 anos que serviu como sede da polícia secreta soviética, durante os tempos de ocupação húngara, logo após a Segunda Guerra Mundial. Essa ocupação durou aproximadamente 40 anos, terminando somente em 1990. Pra quem está de fora e chega em Budapeste, é uma verdadeira overdose de informações aquilo que a cidade oferece em diversos pontos, que misturam o passeio ao ar livre a verdadeiros memoriais. Pode parecer algo pesado, ou “forçado” para nós, que não vivemos esse período (dessa maneira, tivemos nossa ditadura, e todo período de repressão e censura deve ser levado muito a sério), mas é algo natural para os húngaros. O país possui uma história riquíssima e extremamente dolorosa, que permanece viva e aflorada em seu povo. Terror Háza possui três andares e um subsolo que reafirmam essa máxima. Budapeste foi totalmente destruída durante a Segunda Guerra, e sua reconstrução (bem como a de todo o país) mostra a força de todo um povo. Ainda do lado de fora do prédio, um enorme cordão de pequenas fotos de vítimas do regime deixa isso mais evidente.

Um memorial nas paredes externas de Terror Háza, que vai muito além de decoração.

Um memorial nas paredes externas de Terror Háza, que vai muito além de decoração.

Logo na entrada do prédio – assim como em sua moldura externa, os dois símbolos principais do regime: as setas, do Partido das Setas Cruzadas (Nyilaskeresztes Párt-Hungarista Mozgalom), que nada mais era do que o partido nazista húngaro, organização fascista que também tinha como alvo os judeus; e a estrela, do ÁVH (Államvédelmi Hatóság), a polícia secreta húngara. Ainda no térreo, um enorme tanque de guerra em cima de uma piscina de óleo, rodeado de fotos de prisioneiros do prédio deixa claro que o passeio não será para estômagos fracos.

Os totens com os símbolos, as imagens do tanque e fotos, e as escadarias.

Os totens com os símbolos, as imagens do tanque e fotos, e as escadarias.

O tour é feito de cima para baixo, começando portanto pelo último andar. Após a transformação do prédio em museu, as salas foram transformadas em sessões históricas, que narram cronologicamente o período de dominação do país pelas organizações fascistas e comunistas citadas logo acima. Existe todo um aparato áudio-visual que transforma cada setor em uma experiência intensa – por vezes claustrofóbica, outras de esperança, empatia, de dor e sofrimento, e num conjunto geral algo que você acaba levando debaixo da pela quando sai dali.

A primeira sala mostra como a Hungria teve seu território fragmentado, ocupado, desocupado e reagregado por uma dezena de vezes. Essa história divide espaço com filmes da época, que mostram a ocupação nazista antes da chegada dos soviéticos. Telefones nas paredes transmitem mensagens de rádio daquele período, dependendo do número que você escolha discar. Um enorme carro preto dá a impressão que vai te sequestrar assim que as luzes se apagam e o som abafa.

Imagens do carro, propagandas de época, e de uma sala com fotos das lideranças do partido.

Imagens do carro, propagandas de época, e de uma sala com fotos das lideranças do partido.

O passeio segue, por corredores de letras metálicas, que levam a uma sala de reunião onde estão expostos na parede os uniformes dos oficiais do exército e do serviço secreto. Novamente, telefones trazem pronunciamentos e gravações da época (todos em húngaro). Dali adiante existe uma espécie de vestiário, onde dois manequins com uniformes giram ao centro. Na sala ao lado, pequenas mesas de interrogatório.

O corredor, as salas de reunião e interrogatório, e o vestiário.

O corredor, as salas de reunião e interrogatório, e o vestiário.

Uma sala ampla, com um enorme mapa impresso no carpete, guarda em cones metálicos invertidos alguns ítens carregados por soldados, sobreviventes e prisioneiros durante o período. Nas paredes, esses mesmos personagens e suas famílias se revezam contando suas histórias. Sem a menor dúvida, uma das instalações mais densas e dramáticas do museu.

A sala com o mapa acarpetado, e em destaque, alguns objetos.

A sala com o mapa acarpetado, e em destaque, alguns objetos.

Pouco adiante, cabines com propagandas políticas da época, escondidas sob cortinas vermelhas e imagens de Stalin. O discurso, todos sabemos, é sobre a excelência do poder, e “seu reflexo no bem-estar da população”. Na mesma sala, uma verdadeira parafernália mostra o quão complexa era a ação de espionagem naquela época. Novamente, telefones e pequenos aparelhos de áudio trazem mensagens gravadas. A seguir, uma pequena sala, com bens de Stalin e de alguns membros do seu partido.

As cabines com propaganda política, e o aparato de espionagem.

As cabines com propaganda política, e o aparato de espionagem.

Em outro espaço, uma especie de labritinto feito com tijolos de sabão faz com que o visitante se perca numa imensidão branca, terminando seu passeio em uma cela. Próximo dali, uma instalação com diversos utensílios, que mais parece uma cozinha gigante prateada, expõe todo o tipo de produção operária feita pelos prisioneiros – de marmitas a panelas, de ferramentas a objetos decorativos.

A cela, uma sala do partido, e objetos produzidos pelos prisioneiros.

A cela, uma sala do partido, e objetos produzidos pelos prisioneiros.

Uma espécie de auditório, montado com folhas de jornal do chão ao teto, faz alusão à censura da época, com uma sala secreta repleta de escutas escondida na parede direita. Seguindo dali, damos numa espécie de galpão, com uma enorme cruz luminosa no chão. Nas paredes, objetos sacros e vestimentas de bispos, escancarando o comprometimento religioso ao regime da época.

Duas das salas mais impressionantes, sobre censura e religião.

Duas das salas mais impressionantes, sobre censura e religião.

O passeio termina no subterrâneo do prédio, onde estão as áreas de maior impacto. Um enorme memorial, de luzes vermelhas e cruzes metálicas representa um pequeno número dos milhares de mortos naquele lugar. Diversas armas estão expostas perto dali, e a baixa iluminação te aproxima ainda mais dessa sensação de agonia.

O clima pesa de vez no memorial às vítimas.

O clima pesa de vez no memorial às vítimas.

Perto dali, alguns televisores contam histórias de pessoas que perderam familiares naquele local. Uma bicileta exposta, roupas penduradas, objetos de operários e um enorme carrinho repleto de pedras ilustram essas histórias (todas em húngaro, com legendas em inglês). E eu confesso que saí dali chorando.

Apesar da iluminação bonita, um dos locais mais tristes do museu.

Apesar da iluminação bonita, um dos locais mais tristes do museu.

Num último corredor, o acesso às celas e solitárias de quem teve sua vida sentenciada em Terror Háza. Não há nenhum aparato de som, sendo as instalações fiéis ao que eram na época: cubículos cercados, alguns com uma espécie de cama ou colchão, salas de tortura e até mesmo uma forca. Algumas televisões em determinados pontos mostram esses mesmos lugares no momento em que foram encontrados – seu estado de podridão e desumanidade. É chocante.

A área prisional e de tortura, exatamente como era.

A área prisional e de tortura, exatamente como era.

Terror Háza é uma visita obrigatória em Budapeste. Reserve uma manhã, faça uma refeição leve e prepare o coração. Não há glamour nem diversão num passeio tão intenso, mas o que se leva dali é muito mais do que um souvenir (que sim, existe – eu inclusive tenho um aqui, na minha mesa): a gente aprende muito sobre o ser humano, e o quanto ele é capaz de ir do mais baixo ao mais grandioso. E nenhum livro de História é capaz de botar essas lições na sua cabeça com tanta ênfase quanto um sobrevivente desse período maldito na história da humanidade.

Assim como a ferrugem, uma visita que fica pra sempre.

Assim como a ferrugem, uma visita que fica pra sempre.

Fotos no interior do museu são proibidas. Por isso mesmo quase todas as fotos deste texto foram retiradas do site oficial de Terror Háza. Apesar disso, você encontra mais fotos de lá numa rápida busca pelo Google. É que a gente também faz apologia ao turismo respeitoso – e não ao sem-noção. Porém, encontramos uma galeria de panorâmicas (autorizada e bonitinha) que permite um passeio lá dentro, e dá pra ver alguns desses ambientes bem de pertinho. Acesse aí: http://www.panoramablog.eu/media/budapest/terrorhaza/terrorhaza.html

Causos, Fofuras

As coisas simples da vida, e das viagens

21 de maio de 2015

Por Daniela Beneti


Oi gente! Já tô de volta pra mais uma participação especial no Faniquito, tipo convidado em seriado americano. Espero que vocês gostem de me ver/ ler por aqui.

Bem, ao vasculhar minhas fotos para o post anterior (não viu? É esse aqui ó), eu achei algumas que são legais por um motivo especial: não tem nenhum ponto turístico.

Claro que ver os grandes marcos, tipo Torre Eiffel, Coliseu, etc, é maravilhoso. Mas se tem uma coisa nesse tipo de viagem que eu realmente adoro é experimentar o dia a dia de lá.

Tá servida, Mademoseille? Ostras fresquinhas!

Tá servida, Mademoseille? Ostras fresquinhas!

Algumas das lembranças e histórias mais legais que eu tenho das viagens envolvem fazer coisas banais, tipo ir à feira livre. É, feira. Na França é muito comum e bem parecido com as que temos no Brasil. É até maior – fui parar em uma pra comprar uma mala nova, pois a minha tinha arrebentado o zíper ainda na ida.

Como raios fui parar na feira pra isso? Ora pois, mas foi Maria, nossa simpática copeira/ cozinheira portuguesa do hotel de Paris. Fui perguntar para o recepcionista onde poderia comprar malas, qual o shopping (ê paulista) mais próximo, ela ouviu e lascou logo o português: “Mais vais a pagar caro!  Deixa-te disso, vais a Duplex!

Aí você, como eu, pergunta o que é Duplex. Ela não me respondeu, só fez um “Duplex, sabes?” (não, eu não sabia) “Segues aqui ó, veja bem. E vais a achar equipagem baratinha” . Desenhou um mapinha no guardanapo e nos despachou porta a fora.

Ora pois, essa é Maria, uma figura portuguesa com certeza.

Ora pois, essa é Maria, uma figura portuguesa com certeza.

Fomos pra Duplex pensando que era uma loja especializada. Só que Duplex é uma das trocentas estações de metrô de Paris, sendo essa suspensa. Embaixo dela tem uma feira de rua, igualzinha as daqui – gente falando alto, comendo guloseimas, comprando frutas e legumes. E sim, malas. Roupas. Sapatos. A feira lá é bem abrangente. Claro que tem produtos locais, tipo ostras enormes, muito queijo. Foi muito legal.

Mas eu mentiria se dissesse que era a primeira vez que via uma feira de rua na Europa. Quando fiz mochilão, em 2008 com minha amiga Camila Dean, nosso hotel no subúrbio de Paris tinha uma feirona logo em frente. Quando chegamos em Nice, no sul da França, descobrimos que a feira de lá é famosa e vimos pela primeira vez frutas como groselha e framboesa, frescas. À noite, as barraquinhas são recolhidas e tudo vira restaurante. Conhecemos dois sul-coreanos no trem e fomos lá, beber.

Claro que nada supera descobrir como são feitas aquelas balinhas coloridas com desenho no meio. Eu e meu pai passeávamos em Praga quando vimos uma vitrine estranha, onde o vendedor juntava grandes blocos coloridos e brilhantes em um bloco. E esticava. Azul, marrom, creme. Esticou até aquilo ficar fininho – e não era trabalho fácil, pois os tubos originais eram enormes. No final, ele picotou aquele tubinho e nos deu: eram balas, e ele havia desenhado uma árvore dentro. Não acredita? Olha aí embaixo.

Nunca na vida eu ia acreditar se não tivesse visto.

Nunca na vida eu ia acreditar se não tivesse visto.

Outra coisa que gosto de fazer em viagens é ir ao mercado para comprar pão, frios, água, suco. Isso ajuda muito a diminuir seus gastos com alimentação durante o trajeto e te coloca em contato com os hábitos locais.

Em Portugal, descobri que tangerina é clementina. Em Santiago do Chile, descobri que todos os produtos de higiene vem em embalagens enormes, tamanho família, e fiquei amiga do pessoal do caixa. Em Paris, conversei com uma velhinha na fila que adorou saber que eu era brasileira, me deu balinhas e, quando eu disse que gostava muito de Paris, me respondeu “Bien sure, tout le monde aime Paris, c’est fantastique”.

Passei vergonha no mercado em Roma, perto da estação Termini, ao erguer um cacho de uva e o maldito se desfazer, com todas aquelas bolinhas rolando, alegremente, enquanto todo mundo olhava o desastre.

Não foi nenhum chef famoso, foi perto da Termini. Mas olha, não trocaria meu simpático tiramissu por sobremesa gourmet nenhuma.

Não foi nenhum chef famoso, foi perto da Termini. Mas olha, não trocaria meu simpático tiramissu por sobremesa gourmet nenhuma.

Outra coisa que adoro são os restaurantes pequenos e escondidos. Nunca fico caçando restaurantes que guias e reportagens recomendam. Não dá tempo. Mas entrar em restaurantezinhos locais sempre rende boas surpresas e histórias hilárias.

Como em Salamanca, quando duas meninas famintas (eu e Camila) entraram em uma lanchonete e viram que tinha tortilha – um tipo de omelete espanhol com batata. Pedimos e veio um lanche RECHEADO com uma tortilha enorme. Comendo assim, claro que tem que fazer siesta, vocês tão malucos.

Ou quando, novamente famintas (eu andei muito no mochilão, tenham compaixão), e sem nenhum restaurante por perto no subúrbio de Florença, eu e Camila entramos em uma cantininha a noite.

Ok, lanche de tortilha. Pela minha cara de felicidade, dá pra ver que é bom.

Ok, lanche de tortilha. Pela minha cara de felicidade, dá pra ver que é bom.

O lugar inteiro parou e olhou para nós – só famílias do bairro. Sentamos, veio a garçonete com o cardápio. Queríamos algo que não fosse macarrão ou lasagna daquela vez e minha amiga viu “Petto de taquino à caprese”. Sabendo que caprese era uma salada, perguntou “Petto de taquino?” e encolheu os ombros. A garçonete saiu correndo. “Caramba o que foi que você disse, Camila?!”

Quando a garçonete voltou, olhou pra nós, concentrada. Todas as mesas nos observavam em expectativa. Ela então bateu os braços, imitando um pássaro e disse “turkey”. É, esse suspense todo pra dizer que era peito de peru. Sensacional.

Teve o restaurantezinho na Normandia, em uma das cidadezinhas beirando a costa. Eu e meu pai, estávamos em uma viagem temática de Segunda Guerra e ele quis visitar as praias do Desembarque. Na volta, Seu Ricardo queria porque queria jantar em um restaurante típico, mas não havia nada no caminho.

Depois de rodar por vilas que pareciam abandonadas, vimos um restaurantezinho pequeno e simpático. Donos também muito simpáticos nos receberam, mas só falavam francês e eu falava muito pouco da língua na época. A dona tentou me oferecer pratos típicos , mas quando foi me explicar o que era “tête de boeuf” e quis me mostrar, o cozinheiro interviu: “melhor não”. Era miolo de boi, pessoal. O cozinheiro salvador sugeriu uma pizza, que de estranho tinha só um ovo frito no centro. E bebemos a verdadeira Cidra – nada dessa coisa que te dão no Natal, não. A Cidra é o orgulho da Normandia, é uma delícia e sobe que nem rojão.

Na Normandia, a pizza tem um ovo frito malandro no meio. Mas ainda é melhor que “Tête de boeuf”.

Na Normandia, a pizza tem um ovo frito malandro no meio. Mas ainda é melhor que “Tête de boeuf”.

Essas são só algumas das histórias de cotidiano em viagem. Porque pra mim isso é ser viajante e não turista: experimentar a vida local, falar com as pessoas, andar de metrô, trem, ônibus. E perceber como temos coisas em comum com outros povos, coisas que nem percebemos, que nos aproximam do outro e nos tornam mais tolerantes quando voltamos.

Esse simpático casal viu eu e minha mãe passeando em Mendoza e resolveu conversar com a gente, tirar nossa foto e quiseram ser fotografados, mostrando como os Mendocinos são hospitaleiros.

Esse simpático casal viu eu e minha mãe passeando em Mendoza e resolveu conversar com a gente, tirar nossa foto e quiseram ser fotografados, mostrando como os Mendocinos são hospitaleiros.


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Áustria

O café de Freud, Hitler e Trotsky

18 de maio de 2015

O Cafe Central* (http://www.palaisevents.at/en/cafecentral.html) é uma casa tradicionalíssima de Viena. Localizada no andar térreo do antigo prédio da Bolsa de Valores austríaca, mistura-se muito bem ao visual tradicional e absolutamente bem preservado da Cidade Antiga (Innere Stadt), localizada na área central da cidade. O Cafe pode passar desapercebido num passeio mais apressado, pois possui um pequeno jardim e alguns guarda-sóis bem em frente a sua fachada, que é tão tradicional quanto os outros prédios vizinhos. Porém, a constante aglomeração de pessoas em sua entrada – por vezes sutil, por vezes desanimadora – deixa clara a necessidade de uma visita.

O visual imponente, a austeridade e a educação de seus funcionários pode afugentar os mais inseguros num primeiro momento. Mesmo de bermuda e camiseta, não há olhar torto nem discriminação no atendimento, portanto entre – mesmo se estiver de mochila nas costas. O responsável pela recepção (esse enorme senhor da foto abaixo) foi descrito pela Dé como “a cara da Áustria”. A legenda explica.

"Esse homem pra mim é a cara da Áustria" - BASSI, Debs.

“Esse homem pra mim é a cara da Áustria” – BASSI, Debs.

Seu interior é absolutamente fantástico. O Cafe Central completa 140 anos de existência em 2016, e está impecavelmente preservado, sendo nome presente em qualquer lista dos dez melhores cafés do mundo. Porque sim, não basta ser bonito – precisa ser gostoso. Suas colunas de mármore e os adornos do teto fazem do salão um lugar deliciosamente aconchegante. As mesas são pequenas, mas numerosas – o que causa uma boa rotatividade de clientes. Portanto, mesmo em caso de espera, não desanime, pois a chance do seu nome ser chamado rapidamente é grande.

Um lugar tão antigo e histórico só podia ser bonito. Pra burro.

Um lugar tão antigo e histórico só podia ser bonito. Pra burro.

Nossa visita aconteceu no meio de uma tarde quente, e acabamos/acabei (a Dé não gosta) não pedindo café. Mas fomos aconselhados a experimentar o apfelstrudel da casa. Tentando aproveitar ao máximo a experiência, eu pedi o dito, enquanto a Dé pediu um petit-gateau (sim, quando você sabe que só vai visitar um lugar uma única vez, tente tirar o máximo dele, mesmo que seu máximo possível seja composto de dois pratos, ao invés de somente um por duas vezes). Antes de falar dos dois, fiquem com as imagens:

Eu daria um abraço apertado nesse strudel.

Eu daria um abraço apertado nesse strudel.

E esfregaria esse petit-gateau na cara.

E esfregaria esse petit-gateau na cara.

Essa jarrinha ao lado do strudel é chocolate branco, meus amigos. O verdadeiro, não a barrinha de banha derretida. E essa folhinha com o nome do Cafe no topo do petit-gateau é uma folha… de chocolate. Sim, come-se isso. O chantilly é sexualmente indecente – sim, dá pra enfiar a cara nele e chamar de “meu amor”. Não por acaso, um dos frequentadores da casa era o safado do Adolf Hitler – e imagino que tenha sido uma clientela suficientemente exigente e satisfeita naqueles tempos. Porcos malditos à parte, a casa recebeu outros nomes que nos são muito mais simpáticos, e que também marcaram a história do mundo – porém, de uma forma muito boa, como Sigmund Freud, Leon Trotsky e Peter Altenberg. Com essa aura histórica permeando o ambiente, foi uma meia hora absolutamente gostosa e memorável essa que tivemos lá.

Nota-se que o pedido do  ainda não chegou.

Nota-se que o pedido do Altenberg ainda não chegou.

Viena é uma cidade propensa a bons momentos como esse, e dela falaremos em outras oportunidades. Mas quando estiver por lá, não esqueça: no meio da tarde, ao passar na esquina da Strauchgasse com a Herrengasse, uma pausa para o café pode ser bem especial.


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Alemanha

O Muro de Berlim,
ou a história ao vivo

7 de maio de 2015

Por Luciana Carpinelli


A primeira referência a Berlim de que me lembro é do muro, provavelmente em uma aula de História no primário. Nunca tive muita paciência para os feitos da Igreja Católica, para as disputas entre Gregos e Troianos e muito menos para as Grandes Navegações. Então a história da Alemanha e tudo o que a envolvia, com (e apesar de) todas as suas crueldades, me deixavam mais curiosa.

Isso ficou um pouco adormecido em mim desde que o meu grupo na faculdade fez uma pesquisa sobre Joseph Mengele e o Nazismo, mas acabou ressurgindo com a minha temporada em Berlim. E o Muro foi o primeiro “ponto turístico” que resolvi visitar.

O sábado de setembro amanheceu, como de costume, azul e ensolarado, e lá fui eu com meu mapa debaixo do braço. Depois de algumas idas e vindas no metro (óbvio que me perdi), consegui chegar à estação Kochstraße. Logo que saí dela, dei de cara com o museu Haus am Checkpoint Charlie, que guarda a história do famoso Muro de Berlim.

Um dia ensolarado.

Um dia ensolarado.

E na saída da estação Kochstraße...

E na saída da estação Kochstraße…

...o museu Haus am Checkpoint Charlie.

…o museu Haus am Checkpoint Charlie.

A sensação, ao chegar ali, foi um misto de tristeza e alegria. Estava feliz por ter a oportunidade de estar em um lugar tão importante, mas é impossível não sentir o peso do sofrimento que a divisão causou pra tanta gente. Confesso que por alguns momentos fiquei ali observando aquela imagem que tinha visto em tantos livros e chorando quietinha.

Aliás, para mim aquele é um dos lugares mais tristes do mundo. Enquanto estive por lá, lembrei muito da senhorinha que sentou ao meu lado no avião da ida e nas histórias que ela me contou sobre o Holocausto. Vi também algumas frases no muro que me fizeram imaginar quantas vidas foram mudadas pra sempre por ele. Se com isso já fiquei meio pensativa, preferi evitar ver a mostra ao ar livre que eles chamam de “Topografia do Terror” e não consegui sorrir na foto ao lado do que sobrou daquela época.

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Checkpoint Charlie – o ponto da travessia.

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Um dos fragmentos do muro.

Mas de repente eu viro a esquina e encontro uma das coisas mais bizarras que ja vi na vida: uma “praia” onde um dia houve o Muro. Isso mesmo, um monte de areia com algumas barraquinhas e tendas, em que as pessoas ficam refesteladas, tomando uma cerveja e comendo um currywurst. Para mim parece um tanto inadequado, mas esse pedaço de “paraíso” artificial acaba suavizando o clima pesado do lugar.

A “praia”, logo ao lado.

Hesitei em trazer um pedacinho do Muro comigo, mas achei que não seria um souvenir muito positivo a ser guardado. Prefiro ficar com a lembrança de ter visitado um lugar que nunca imaginei conhecer pessoalmente.

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Alemanha, Gastronomia

Freistaat Bayern: um passeio muito além da Oktoberfest

23 de abril de 2015

Por Melissa Lüdeman


A Alemanha tem uma história carregada de significado. É impossível pensar no país e não se lembrar do massacre aos judeus durante a Segunda Guerra. Sem dúvida, o nazismo está enraizado na memória coletiva do mundo, mas é na parte sul do país que a lembrança é muito mais branda, e a população, muito mais alegre e receptiva.

A Baviera está localizada no Sul da Alemanha, onde o clima é mais ameno aos padrões tropicais dos brasileiros. No verão, as temperaturas podem chegar à média dos 30ºC – um deleite para turistas que não estão acostumados com o frio devastador.

Visão aérea do centro de Munique

Visão aérea do centro de Munique

Munique, uma das maiores cidades da região, é especialmente agradável. Além de ser palco do maior evento de cerveja, comida e música do mundo – a Oktoberfest –, também respira história, modernidade (ainda que comedida) e harmonia com a natureza.

É impossível chegar ao coração de Munique e não se apaixonar. A Praça de Carlos (Karlsplatz) é a porta de entrada para o centro. Além do Portão de Carlos (Karltor), uma parte da antiga muralha da fortaleza medieval que protegia a cidade, o local possui uma bela fonte no cerne da praça, um alívio refrescante para turistas que visitam a cidade no verão.

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Fonte da Karlsplatz

Fonte da Karlsplatz

Seguindo adiante pelo Karltor, por meio da Neuhauser Strasse, é possível visualizar o prédio da Augustinerbräu*, a cervejaria mais antiga de Munique, fundada em 1328. Para quem gosta de cerveja, experimentar esta preciosidade é quase obrigatório.

Logo mais à frente, surge a Praça de Maria (Marienplatz), uma das mais bonitas praças da Alemanha, que abriga a antiga e a nova prefeituras (Altes und Neues Rathaus) no mesmo perímetro. A nova prefeitura, além de ser um prédio de beleza ímpar com uma arquitetura esplendorosa, possui no centro a Torre do Relógio, onde, todos os dias às 11h e às 17h uma procissão de bonequinhos saem de dentro do relógio para dançar.

Neues Rathaus na MarienPlatz

Neues Rathaus na MarienPlatz

Ainda no centro, podemos avistar de quase todos os lugares a Frauenkirche, igreja que foi parcialmente destruída na Segunda Guerra, e hoje está restaurada. Com suas cúpulas verdes marcantes e salão gigante, a igreja pode abrigar até 20.000 fiéis.

Para os que adoram comer, tenho duas dicas deliciosas e igualmente especiais para todos os tipos de bolso: o Viktualienmarkt, um mercado ao ar livre, e a cervejaria/restaurante Hofbräu.

O Viktualienmarkt é uma espécie de feira ao ar livre com tudo que há de melhor em comidas típicas bávaras, bem como temperos, mel caseiro, geleias, frutas maravilhosas e queijos de vários tipos. Prove tudo que lhe oferecerem e aprecie os aromas de cada barraca. Procure pelo Obatzda, uma pasta de queijo Camembert com páprica, cerveja e temperos e descubra que este é o acompanhamento perfeito para um bretzel tradicional.

Viktualienmarkt

Viktualienmarkt

A Hofbräuhaus foi fundada em 1589 pelo Duque William V da Baviera para uso próprio, a fim de evitar a fadiga que era ter que comprar a cerveja direto da Saxônia. Apenas depois de um tempo, em 1828, a cervejaria foi aberta ao público. O local é bastante amplo, com espaços em áreas internas e externas (ou biergarten, como eles costumam chamar os lugares onde se toma cerveja ao ar livre), e mesas no melhor estilo bávaro de ser: dois bancos grandes com uma mesa de madeira no meio. A decoração é simples, mas muito bonita, e o teto com pinturas é um espetáculo à parte.

Interior da Hofbräuhaus

Interior da Hofbräuhaus

Além de tomar o Maß de cerveja Hofbräu, ou HB para os íntimos – que na minha opinião é uma das melhores cervejas do mundo –, você poderá experimentar pratos típicos da Baviera: eisbein (joelho de porco)schweinsbraten (bife tenro de porco com batatas), würstplate (poutporri com várias salsichas alemãs), apfelstrudel (torta de maçã), entre outros, sempre regado a muita música tradicional.

Schweinsbraten com batata

Schweinsbraten com batata

O passeio pelo centro de Munique pode ser feito em um dia, para aqueles que tiverem pressa, ou em dois, para ter um pouco mais de folga para curtir cada detalhe. Acompanhe um dos muitos guias que transitam pelo local e conheça muitas histórias. Vale muito a pena!

Afinal, “In München steht, eins, zwei, g’suffa!” (Aqui em Munique – um, dois, nós bebemos!).

Eu, e a minha querida e amada Maß

Eu, e a minha querida e amada Maß


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*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.