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Uma saga chamada Roraima (5/6)

22 de março de 2016

Acordamos cedo, de verdade. Não sei que horas eram, mas ao abrir a barraca não existia Monte Roraima. Tudo era névoa, e a sensação é que estávamos (e devíamos estar mesmo) no meio de uma nuvem espessa. Não era um bom sinal, pois a descida era perigosa mesmo em condições climáticas ideais. Aquele clima multiplicava o perigo. Fechamos a tela e começamos a nos trocar. Dez minutos depois, abrimos novamente e… nem sinal de névoa. Mesmo escuro, o céu estava aberto. Não há meteorologista que consiga decifrar o que acontece lá em cima…

O café da manhã consistia num mingau HOR-RO-RO-SO, e uma maçã. Nosso guia disse que era o desjejum ideal, e por isso encaramos até onde nosso estômago aguentou. Passamos para a maçã em seguida (pra tirar aquele gosto de papa da boca), e de barriga cheia arrumamos nossas coisas. Antes da descida, o Ricky reúne o grupo e pede para que todos oremos por um retorno em segurança. Definitivamente o papo sobre os perigos daquela manhã era bem sério. Seguimos.

O caminho era exatamente o mesmo de dois dias antes, no sentido inverso, com o agravante de somar a quilometragem do segundo dia, para que chegássemos à primeira base – aquele em que dormimos no primeiro dia. No total, eram 17 quilômetros pelo caminho, sendo 4 pra baixo e 13 pra frente. Pra animar, um visual inspirador antes da descida.

Era só descer. Simples, não?

Era só descer. Simples, não?

O primeiro trecho era justamente o Paso De Las Lágrimas, agora pra baixo. Pedras molhadas, um cuidado desgraçado, por muitas vezes encaixamos o corpo e fomos descendo quase de bunda. O grupo vinha unido, e com ordens expressas de não parar para fotografias naquele local sob hipótese alguma (o que explica um pouco a falta de imagens desse texto). No meio da descida, o celular da Dé dispara um alarme que ela esqueceu de desligar. Sem poder parar, seguimos com o alarme tocando por uns 20 minutos até a primeira parada. Uma cena que de tão ridícula foi engraçada demais.

Vencida essa etapa, agora “era só descer”. Parece fácil falando assim, mas não demorou para entendermos o porquê daquele dia ser justamente o mais difícil. Os obstáculos não eram tão grandes logo de cara, mas eram constantes. Já era nosso quinto dia, e não tardou para os músculos das pernas começarem a cansar. Descíamos lentamente (o grupo novamente desgarrou), e aos poucos os joelhos foram ficando bambos. Um pouco depois e já tínhamos que usar os braços para apoiar o corpo. A descida ficava mais íngreme, pois havíamos ultrapassado o paredão e entrávamos no trecho que levava até o segundo acampamento, e a trilha ficava definitivamente vertical. Os braços cansaram, e passamos a descer de bunda, literalmente. Nosso ritmo era cada vez mais lento, e a manhã ganhava ares dramáticos, quando finalmente chegamos.

A primeira parte tinha ficado pra trás. Ou pra cima.

A primeira parte tinha ficado pra trás. Ou pra cima.

Ao lado, a cachoeira do Kukenán lá longe.

Ao lado, a cachoeira do Kukenán lá longe.

Nisso todo o grupo já estava descansando e pronto para almoçar. Não tínhamos ideia de que horas eram. Ainda estávamos sem banho (naquele momento já eram dois dias desse martírio). Jogamos as mochilas no chão, pegamos um prato e comemos o que conseguimos, pouco antes de desabar no chão. Não se passaram dez minutos até ouvirmos o chamado do guia: “Vamos embora?”

Pegamos as mochilas e saímos antes de todo mundo, já sabendo que seríamos ultrapassados nos minutos seguintes – o que obviamente aconteceu. Com o passar do tempo, nos vimos (quase) isolados novamente (pois tínhamos a companhia do Christoph, um dos dois alemães do grupo, e que estava tão cansado quanto a gente), seguindo uma trilha que parecia ser a correta. Esse “parecer” começou a nos preocupar quando passamos a ter uma visão mais ampla do horizonte, confirmando que de fato não havia ninguém por perto. Acho que estávamos cansados demais para entrar em pânico, e seguimos adiante, confiando que chegaríamos ao nosso destino. O tempo se arrastava, e a impressão era de estarmos caminhando há horas. Meu maior medo era que chegássemos sem luz natural ao primeiro acampamento, e não pudéssemos tomar banho por mais um dia – coisa que já não dava mais pra tolerar.

Treze quilômetros de uma trilha não tão confiável (mais pra frente).

Treze quilômetros de uma trilha não tão confiável (mais pra frente).

Quando tudo parecia desgraçado, vimos alguém mais à frente. O coração acelerou. Era um dos guias, nos esperando para atravessar o primeiro dos dois rios que precisávamos cruzar. Não estávamos longe! Mas as pernas estavam esgotadas, e nosso medo de cair era gigante. Com todo o cuidado do mundo e com muta ajuda dele, atravessamos um a um até a outra margem. O Christoph resolveu ficar por ali mais um pouco para descansar, enquanto eu e a Dé seguimos desesperadamente para o primeiro rio. Queríamos chegar. Queríamos tomar banho. O ânimo ganhou sobrevida, e mesmo em frangalhos nos apressamos. O Ricky nos esperava no primeiro rio, e da boca dele veio nosso maior presente:

– Ricky! Que horas são?!?!?
– São 13h40.

SIM, ERA COMEÇO DA TARDE – AINDA!

A impressão era de fim de tarde, tal o nosso cansaço. Com a ajuda dele, atravessamos trôpegos e seguimos de meias encharcadas até o acampamento, que ficava pouco acima. Com exceção do Christoph e do canadense – que faziam parte do grupo, éramos novamente os últimos. Porém dessa vez, nada de mau humor. O grupo nos recebeu com uma alegria absurda, e a tarde era ensolarada e linda! Foi emocionante demais chegar ali, seguir até nossa barraca, arrancar a roupa e correr em direção ao rio!

Tomamos um banho que levou umas duas ou três horas, eu não sei precisar. Foi sem a menor sombra de dúvida – e debaixo de um sol delicioso – o melhor banho das nossas vidas.

Cheirosos, dignos e LIMPOS, voltamos ao acampamento. A Dé foi tirar um cochilo, eu fiquei com o grupo. Passamos a tarde conversando, ganhamos um queijinho (!) dos guias enquanto eles preparavam o jantar. O clima era leve, e não havia ser humano triste naquele lugar. Outros grupos estavam por ali – todos em seu primeiro dia de expedição. Alguns viajantes vieram pedir dicas e impressões da gente. A Dé apareceu, e agora estávamos todos do nosso grupo numa única mesa. Veio a comida (que era novamente macarrão – a gente não aguentava mais macarrão!), e pela última vez jantamos todos juntos. Assim que terminamos, o Ricky tomou a frente e preparou um agradecimento coletivo. Ressaltou o esforço de cada um, e novamente fomos… os últimos:

“Vocês dois… eu confesso que me enganei a respeito de vocês. Achei que os gordinhos (!) não iam conseguir, mas vocês estão aqui, e merecem os parabéns de todos nós!”

Meio fiodaputa, mas a gente aceitou o elogio.

Ainda mais porque em seguida os caras trouxeram duas garrafas de vinho (! de novo) pra todo mundo brindar o final daquele dia glorioso. O vinho era tão bom quanto o macarrão, mas e daí? Urubu na guerra é frango, meus amigos, e não ficou gota na garrafa. A ordem pro dia seguinte era que acordássemos mais ou menos cedo, tomássemos o café da manhã sem pressa e de lá seguíssemos calmamente até a base. Estava quase acabando, e fomos dormir com sentimento de missão cumprida…

…mas duvidando que nossos corpos (e pés) funcionariam na manhã seguinte.

Faniquito

Eu, viajante

23 de fevereiro de 2016

Eu nunca pensei que seria uma daquelas pessoas que se programa todo ano pra viajar. Há 8 anos, quando fizemos nossa primeira viagem, a coisa toda aconteceu de uma forma tão impulsiva, que não foram poucas as vezes que me desentendi com a Dé durante aqueles oito dias: pouco dinheiro, medo de improvisar, insegurança por estar num lugar totalmente desconhecido eram algumas das coisas que me faziam temer mais do que aproveitar aqueles primeiros momentos. Aos poucos, fui me acostumando àquele cenário, e a coisa toda acabou fluindo de uma maneira um pouco melhor. Mas não foi fácil.

Por isso mesmo, entendo as pessoas que resistem a sair da concha. A gente vive ouvindo sobre a tal “zona de conforto”, e o quanto ela acaba “nos protegendo” de tudo aquilo que não conhecemos. É um jeito de enxergar a vida, sem dúvida: no quentinho e fofinho, tudo parece maravilhoso e sob controle. Durante a maior parte da minha vida, era essa a minha cabeça. E da mesma forma, quando ouvia que fulano ia pra não sei onde, tudo aquilo me parecia trabalhoso demais, caro demais, difícil demais pra valer tamanho investimento. Estava enxergando o mundo lá de dentro da minha concha, onde a gente vê as coisas pela perspectiva de um olho mágico, com travas na porta e chave girada. É mais seguro acompanhar a vida daqui, de dentro da redoma.

A gente acaba se boicotando. Encontrando “prioridades mais prioritárias”, e algumas desculpas que reprimem nossas vontades. Claro que custa dinheiro – tudo na vida custa. Dinheiro é necessário. A diferença é o que você faz com o que ganha. Quanto tempo você pretende economizar, de quanto precisa, no que de fato quer gastar, e se viajar for uma opção válida e forte, pra onde quer ir. Pode demorar pouco, pode levar uns dois ou três anos. Se é longe, precisa de tempo, e se você não tem tempo, precisa dar um jeito de conseguir compensar esses intervalos de uma maneira produtiva, pra que a viagem não seja um parênteses, e sim parte da sua vida. A ideia central é: incorporar esse planejamento e todas as suas variáveis ao seu dia-a-dia, de forma que pensar a viagem não seja um ato de desespero, com pouco menos de um mês pra tirar férias, e sim uma ação contínua e abrangente.

Mas como sair de dentro da concha, e incorporar essa rotina?

Planejar. Sempre.

Planejar. Sempre.

Planejar uma viagem é pensar em vontades, escancarar desejos e tentar concretizar alguns sonhos. Tudo isso leva em consideração esse contexto complexo, de distâncias, valores, tempo hábil, deslocamento e diferenças. Transformar dificuldade em ânimo é o primeiro e mais difícil passo. Parece tão difícil quanto dar entrada num carro, num apartamento, comprar um sofá, criar um filho. A gente se sente incapaz até começar a fazer – seja voluntariamente, ou por necessidade. E sim: viajar torna-se uma necessidade quando você começa. Ver novas cores, jogar do imaginário pra memória, ou mesmo experimentar as transformações inevitáveis que uma experiência dessas sempre (e repito: SEMPRE) proporciona são algumas das razões que levam a gente a todo ano repetir esse ciclo, de uma forma tão natural que nem percebemos mais quando começa e quando termina um desses projetos.

Mesmo em um contexto econômico tão adverso quanto o atual, projetos são projetos: existem opções, que às vezes não são tão óbvias, e as vontades, bem… essas nunca mudam. Nossa função é sempre ajudar, incentivar, não deixar a bola cair. Talvez pelo fato de nossa primeira viagem ter sido feita da forma mais absurda possível – ambos desempregados e sem renda alternativa, demorando a entender caro e barato num país diferente, e sem saber sobre como seria o dia seguinte – que a gente assimile as dificuldades como sendo um terreno comum, ao qual qualquer ser humano está sujeito. Na adversidade, aprendemos mais em oito dias do que em meses e meses de namoro. Amadurecemos. Conhecemos coisas novas. Outras opções. Colecionamos momentos, que até hoje têm cheiro de novo. Voltamos felizes – e obviamente, preocupados, mas corremos atrás e ajeitamos as coisas até a viagem seguinte, que teve outros problemas, e mais uma tonelada de ensinamentos, soluções e memórias.

Viajar é um ciclo de recompensas. Seria fácil cair no lugar comum e citar que “dinheiro em viagem não é gasto, mas investido”. Soa babaca quando nosso bolso está vazio, mas aprendemos a dar nossos pulos mesmo com pouco ou quase nada na carteira. Então sim, é um constante investimento viver e proporcionar a outras pessoas esse tipo de sensação. É o que a gente leva adiante, e que nenhum momento de dificuldade é capaz de arrancar de dentro da gente. Sua cabeça muda, você evolui como ser humano e cidadão, além de entender de uma forma muito mais clara sua importância pro mundo e pras pessoas. Viajar é foda. Não existe hora boa ou ruim pra isso: existe sim o planejamento adequado à situação e suas necessidades.

É nossa prioridade – tão inabalável quanto qualquer vontade sincera. Como, quando e onde cuidar dela, depende de você. Quanto a nós dois, um novo planejamento está em andamento, e quem sabe logo mais ele venha parar aqui. Até lá, pense bem o quão gostosa é essa concha, e se essa coceirinha aí não é vontade de dar uma volta pelo resto do oceano…

Brasil, Em duas rodas

Bicicleta na estrada: de Mogi a Guararema

11 de fevereiro de 2016

Era sábado à tarde quando a Gica nos ligou, convidando para um passeio de bicicleta “de verdade”. Nossos já estabelecidos 12 quilômetros aos finais de semana aqui na vizinhança dariam lugar a corajosos 52, em terrenos nunca antes desbravados. Nossas bicicletas ainda estavam virgens de quase tudo, limpinhas da Silva e totalmente delicadas.

– Jinhu, você sabe que eu adoro me f**der.

Com essa singela frase que a Dé me convidou ao desafio. Eu, de maneira muito parceira e temerosa, aceitei.

No dia seguinte, saímos de casa por volta das 9h30. Percorremos os 6 primeiros quilômetros da ciclovia da Avenida Eliseu de Almeida. Um trecho de duas ou três quadras estava interditado para o desfile de Carnaval que aconteceria à noite, então seguimos cuidadosamente pela rua e calçadas até retomar a ciclovia, em direção ao metrô Butantã. Chegando lá, nova estreia, descendo as escadas com as meninas debaixo do braço, e agradecendo aos céus por termos comprado quadros de alumínio – que sim, são mais caros, mas que valem cada centavo investido na hora do levantamento de peso.

Seguimos do Butantã à República, onde encontramos Gica e André – os responsáveis pelo passeio (e por nossas bicicletas, como já contamos em outro texto). Mudamos da linha amarela para a vermelha, e seguimos a travessia pela cidade, indo de metrô até o Brás, e de trem dali em diante – do Brás até Guaianazes, fazendo nova baldeação e seguindo até Estudantes, em Mogi das Cruzes.

Suas definições de "atravessar a cidade" foram atualizadas.

Suas definições de “atravessar a cidade” foram atualizadas.

O primeiro passeio de bicicleta começou no metrô...

O primeiro passeio de bicicleta começou no metrô…

...e seguiu de trem.

…e seguiu de trem.

Lá, encontramos o Alex e a Su, que completaram o nosso grupo. Estávamos prontos pra seguir – enfim, de bicicleta. Capacetes e luvas seriam usados pela primeira vez. Estávamos ansiosos. Filtro solar distribuído e um breve lanchinho, começamos nossa pedalada.

Hora de pedalar pra valer :)

Hora de pedalar pra valer 🙂

Um primeiro trecho ainda pela cidade, e algumas mudanças já se fizeram necessárias: nossos bancos estavam baixos demais, e as pernas (ou melhor, as coxas) acusaram isso na primeira tentativa de acompanhar o grupo. Ajustamos, e agora confortáveis, seguimos viagem. O trecho urbano deu lugar a uma estradinha com quase nenhum movimento. Encarávamos nossos primeiros trechos de descida, e principalmente de subida. Com a ajuda da Gica e do André, fomos descobrindo aos poucos qual a relação de marchas usar em qual trecho, e nesse passo-a-passo fomos adquirindo a confiança que até então não tínhamos. Não havia pressa, e isso ajudou muito para que o casal de novatos não desse vexame ou fizesse feio.

O primeiro trecho urbano, em fila até a chegada na estrada.

O primeiro trecho urbano, em fila até a chegada na estrada.

Já na estrada vazia, o registro do grupo completo.

Já na estrada vazia, o registro do grupo completo.

Do asfalto ao paralelepípedo, os primeiros trechos em subida que de fato utilizamos o que havíamos aprendido. Mesmo com pouca inclinação, aquele obstáculo – que até o início do dia era intransponível – ficou pra trás. A sensação de vitória é deliciosa, e íamos encontrando nosso ritmo. Pouco depois chegávamos à Estação de Sabaúna, onde demos um tempinho pra reabastecer numa barraquinha de caldo de cana. O calor maltratava, mas o vento na cara, o bom humor da galera e nossas garrafas d’água compensavam. O cansaço, surpreendentemente, era bem menor do que esperávamos. Seguimos adiante.

Na Estação de Sabaúna...

Na Estação de Sabaúna…

...uma pausa pro "caldicana".

…uma pausa pro “caldicana”.

Pouco depois, entrávamos num extenso trecho de terra. Pra minha alegria, a Dé – que não tinha experiência alguma nesse tipo de terreno – passeou tranquilamente junto ao grupo. Tanto ela como eu ainda tínhamos alguma dificuldade com a nova posição de nossos bancos, a ponto de perdermos o equilíbrio em algumas paradas pelo caminho. Cada pessoa do grupo tinha seu ritmo, mas todos fizemos questão de estar sempre juntos – fosse avisando sobre algum carro que se aproximava, dividindo água, ou falando besteira. O passeio era ótimo, e já valia mesmo sem termos chegado ao destino.

Aquela hora em que você não reconhece mais São Paulo.

Aquela hora em que você não reconhece mais São Paulo.

Pelo caminho, paisagens incríveis e pausas providenciais.

Pelo caminho, paisagens incríveis e pausas providenciais.

Pouco antes da chegada, hora de sujar de vez nossas meninas.

Pouco antes da chegada, hora de sujar de vez nossas meninas.

Mas chegamos.

A Vila Estação Luis Carlos é uma área recém-restaurada pela prefeitura de Guararema, e que esteve abandonada até 2010. Hoje, além de abrigar restaurantes, bares, comércio e algumas poucas residências, a vila serve de ponto para o Passeio Turístico Estação Guararema – Estação Luís Carlos, que é realizado com a locomotiva Maria-Fumaça 353. A primeira impressão que tivemos ao chegar foi de que aquele lugar era cenográfico, tal a intensidade das cores da pequena vila – que foi entregue restaurada há apenas 4 anos – e sua cara de coisa nova, mesmo com detalhes arquitetônicos tão tradicionais. Uma rua reta, uma praça, um calçadão onde estavam estacionados trocentos carros, e pouco adiante, a locomotiva. Mesmo minúscula, ficamos surpresos com o charme e a beleza do lugar, do qual até então sequer havíamos ouvido falar.

Descemos das bicicletas, e chegamos...

Descemos das bicicletas, e chegamos…

...à Estação Luis Carlos, que parecia cenográfica...

…à Estação Luis Carlos, que parecia cenográfica…

...com suas casinhas coloridas...

…com suas casinhas coloridas…

...e essa combinação inacreditável de "igrejinha azul mais Brasília amarela".

…e essa combinação inacreditável de “igrejinha azul mais Brasília amarela”.

Um final de tarde colorido :)

Um final de tarde colorido 🙂

Cansados e felizes, nos instalamos em um dos bares para aproveitar um pouco da vila. Eu e a Dé estávamos realizados – não havia um mês que tínhamos feito nosso primeiro passeio com nossas próprias bicicletas, e conseguimos superar 20 quilômetros de um trecho nada semelhante à habitual ciclovia. Passava das 17h quando pedimos alguns petiscos e bebidas. Ficamos de bobeira por lá por mais ou menos hora e pouco, ouvindo um grupo animado de violeiros e observando aquele inesperado vai-e-vem num lugar tão pequeno. Reabastecemos nossas garrafas, tiramos várias fotos, tomamos coragem e começamos o caminho de volta.

Já familiarizados com o terreno, a insegurança foi dando lugar ao cansaço. O sol aos poucos ia sumindo, e temíamos pela pedalada à noite, o que acabou acontecendo principalmente pela minha queda de rendimento. Mesmo com pouca luz, a volta foi bastante segura (pelas lanternas das bicicletas, que foram utilizadas também pela primeira vez), e por não demorarmos a chegar no trecho urbano. A chegada à Estação de Estudantes, em Mogi, foi totalmente redentora pra gente.

Um pouco mais de terra na hora de voltar...

Um pouco mais de terra na hora de voltar…

...algumas descidas redentoras...

…algumas descidas redentoras…

...e quando o fôlego acabava, era hora de empurrar.

…e quando o fôlego acabava, era hora de empurrar.

Não imaginávamos que algum dia faríamos parte de um grupo disposto a fazer um passeio desse tipo. Não nos imaginávamos capazes de saltar de 12 para 52 quilômetros nesse tipo de teste físico. Mas deu certo. Deu tudo muito certo. E mesmo com a (inevitável) posterior dor na bunda, do cansaço no dia seguinte, foi muito gostoso. Uma experiência totalmente diferente de um passeio de carro, trem ou ônibus. O contato com a natureza, um grupo de gente do bem, um trajeto bonito e esse lado lúdico que a bicicleta traz formam um conjunto que periga viciar.

Agora é fato: temos mesmo um novo faniquito adquirido 🙂

Causos, Fofuras

Do amor e tantos Bowies

13 de janeiro de 2016

Por Beta Clapp


Esse é um relato sobre o amor. Daqueles amores que a gente sente instantaneamente quando para pra observar de um jeito mais atento. Quando desacostuma o olhar. Do amor e outras sensações que vem dele, das que não são descritas em palavras, por mais que a gente tente. Ta aí a minha tentativa de começar a falar do meu amor por São Paulo, pelo Masili e pela Dé, pela Isabella e pelo Bowie. E não reparem: amor e amar serão repetidos várias vezes por aqui.

Em janeiro de 2014, recebi o convite pro aniversário do Masili. Eu no RJ, ele em SP. Eu, que já amo SP, tinha mais um motivo pra encher a mochila e partir. Claro que eu não ia confirmar o evento e avisar pra ele que eu ia na comemoração: a ideia era brotar lá de surpresa e causar uma comoção mesmo. Foi aí que eu comecei a angariar as minhas parceiras no crime – Isabella (que na época nem conhecia o Masili) e Carol toparam a surpresa, e a Dé foi a aliada primordial no plano de causar um faniquito no moço.

O aniversário do Marcelo era na sexta, o bar estava marcado pra sábado. Mas quem vai pra SP na sexta podendo ir na quarta? Eu e Isabella estávamos com a agenda tranquila e decidimos chegar antes pra poder aproveitar essa cidade tão querida. Passagens compradas, hostel reservado, comecei a planejar o tour dos dias que viriam.

Uma pequena pausa pra falar sobre Isabella. Isabella é um amor que é. Não dá pra ir além disso. Isabella vive pensando nos outros. Eu vivo pensando em Isabella e em Isabella pensar nela. Essa viagem era pra mim, pra Marcelo e pra Isabella. Apesar de ela já ter ido pra SP, eu queria mostrar pra ela a cidade que eu amava. E na busca pela programação da viagem eu descobri que na sexta-feira, a mesma do aniversário do Masili, o Museu da Imagem e do Som (MIS) ia inaugurar uma exposição sobre David Bowie, um dos grandes amores de Isabella. A exposição tinha sido montada originalmente no Victoria and Albert Musem em Londres entre março e agosto de 2013 e tava indo pro MIS.

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Toda vez que Isabella falava do Bowie, os olhos brilhavam e ela abria um sorriso. A minha reação era sempre a mesma – eu (dizia que) não conhecia Bowie.

Então eu descobri a exposição e queria fazer a segunda surpresa da viagem, agora pra Isabella. Entrei no site e vi que dava pra comprar as entradas antes, o ingresso que era R$5 ia pra R$25, mas mesmo assim eu estava decidida a garantir a nossa ida na estreia. Mandei e-mail pro hostel pra ver se alguém podia me dar um help e comprar pra gente, a fim de evitar o prejuízo. No final das contas, não dava pra comprar antecipado no MIS, o site não funcionava e eu corri o risco de comprar no dia. Mandei pra ela a programação que tinha pensado e tinha um buraco na sexta de manhã. Era segredo.

Chegamos em SP na quarta-feira muito cedo, largamos as coisas no hostel e fomos pra rua. O dia terminou com uma chegada milimetricamente arquitetada por mim e pela Dé, na qual passamos pela portaria do prédio deles sem tocar o interfone e quase matei o Masili do coração quando ele abriu a porta e ta-dá!, estávamos lá.

Passei quarta e quinta andando com Isabella pela cidade. Sempre ficava tensa quando pegávamos o metrô: aquelas telinhas cheias de propaganda ficavam sugerindo eventos pela cidade e eu ficava sempre desviando a atenção dela, com medo de aparecer alguma coisa sobre a exposição. Consegui.

Sexta de manhã chegou. Eu estava mega ansiosa. A primeira surpresa tinha sido sucesso, a segunda ia rolar, eu tinha fé. Mal podia esperar pela reação dela. E mais uma pausa pra falar de Isabella. Isabella, que pensa muito pouco nela, estava sendo livre. Isabella estava sendo ela, fazendo o que queria, sem pressa, sem estado de alerta, sem preocupações constantes. O faniquito.

Pegamos um ônibus e fomos. Quando chegamos lá nos deparamos com um cartaz gigante e esse container aí de baixo. Os olhos de Isabella brilharam mais do que todas as vezes que ela falou do Bowie, encheram d’água e o sorriso não fechava nunca. Parecia que a gente ia entrar e dar de cara com o próprio Bowie. Não consegui um registro desse momento, mas tem esse aí que foi posterior à chegada.

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Ficamos um tempinho do lado de fora, a exposição abria às 11h. Eu achando que ia estar lotado e nada, muito longe disso. Rolou uma filinha com algumas pessoas, compramos nossos ingressos e entramos. Deixamos a bolsa num armário (felizmente era proibido fotografar, acho isso sempre um alívio) e antes de entrar pegamos um fone com um aparelho do tamanho de um radinho de pilha que deveria ficar pendurado no pescoço. No fone rolava o que até então eu achava era tão só uma trilha sonora pra curtir a exposição.

Passamos por um corredor escuro, com umas luzes azuis pelo caminho e a primeira sala era dedicada a nada menos que Space Oddity. Logo na abertura um cartaz contava a história da composição da música. Pra definir o nome, Bowie procurou Stanley Kubrick, e na minha cabeça foi algo do tipo: oi, Kubrick, beleza?, aqui é o Bowie, eu fiz uma música nova e queria saber se rola de fazer um jogo de palavras com Space Odyssey”. Isso foi sensacional demais pra mim.

Essa primeira sala era bem pequena, eu ainda estava tentando entender como aquilo ali rolava no mundo e eu não sabia. Fui acompanhando a sequência, rascunhos, matérias de jornal, cifras, e, de repente, quando virei, dei de cara com uma televisãozinha antiga que passava isso aqui:

Foi, então, que tudo fez sentido: o fone estava perfeitamente sincronizado com a TV e eu fiquei uns 15 minutos vendo o clipe se repetir. E, assim, eu me apaixonei.

Passamos mais de duas horas lá dentro. A cada passo que eu dava era um mundo que se abria. Eu não conseguia imaginar a possibilidade de fazer tantas coisas incríveis em uma única vida, de ter aquela capacidade de me reinventar, de me desorganizar e de expandir. E aos poucos eu fui percebendo que, sim, eu conhecia Bowie. Eu conhecia e sabia várias das coisas que vi lá dentro, as roupas, os filmes, as músicas. E mais do que o que era concreto, eu de alguma forma me reconhecia ali. Eu queria ser e era, em alguma molécula do meu corpo, um pouco de Bowie. Porque Bowie não era ele, era tudo, era todos e não era coisa alguma. David Jones. David Bowie. Ziggy. E por aí vai.


(esse vídeo também rolou numa televisãozinha e mais uns 15 minutos se foram no repeat)

Chegamos ao final. Uma sala enorme, escura, redonda, com um pé direito altíssimo e vários manequins vestidos com roupas dele. Toda a sala era feita de telões que passavam imagens de shows. Não um show, mas alguns. Às vezes dois, às vezes três. E por conta do radinho mágico, dependendo do lugar onde você estava na sala, o som ia mudando.

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A minha primeira reação foi ficar girando no mesmo lugar pra ouvir tudo e olhar pra tudo. Foi quando eu parei, olhei pros lados e vi: as várias pessoas que estavam na sala naquele momento experimentavam cada uma o seu show particular, escolhiam pra qual tela olhar, mas todas, sem exceção, estavam emocionadas. Eu me sentei no chão de carpete, encostada num canto e chorei. Quietinha, no meu canto, eu chorei um bocado. Eu não conseguia entender o que acontecia, mas acontecia e era incrível, era lindo e era totalmente inexplicável. E foi, assim, que o amor chegou. A paixão era evidente, mas sim, eu amava Bowie, assim. Talvez porque isso seja mesmo o amor, uma coisa que apesar de poder ser recíproco, compartilhado ou não, no fundo você experimenta sempre sozinho. Tem a ver com o que te afeta, como te afeta e como você olha e esquece tudo ao redor. Nada importava naquela hora, então eu me entreguei. E como em todo amor, não dava vontade de partir.

Várias vezes eu me perdi da Isabella lá dentro e quando olhava pro lado ela ainda estava com a mesma cara de quando tinha chegado. A gente digeriu cada pedacinho daquilo tudo e tentou guardar o máximo que deu. No fundo eu acho que se alguém me pedir pra contar as coisas que aprendi sobre ele na exposição eu não vou saber dizer muita coisa. Porque não é por aí. E quem sabe valha a pena a gente pensar se a gente aprende alguma coisa efetivamente sobre quem se ama ou sobre o que se ama, porque eu acho que não. O amor é essa experimentação constante do que diz alguma coisa, do que brilha na e da gente. Porque, na verdade, afeto a gente não vê, não toca, não define. Os afetos estão por aí, pra serem vistos com o corpo, pra serem sentidos pela alma e a gente sabe que eles vem quando dá aquele vazio que vai crescendo lá dentro do estômago e sai pela boca iluminando tudo ao redor. Quando a gente experimenta o amor é lisergia pura.

Quando eu comecei a escrever esse texto, tinha pensado em pesquisar fotos, falar da exposição, tentar contar pra quem não pôde ir o que deu pra ver por lá. Mas não deu. Não dá. Como eu disse no começo, esse é um texto sobre o amor, e só quem vive um amor é capaz de enxergá-lo como ele se dá.

http://arte1.band.uol.com.br/homenagem-a-david-bowie/

A nossa viagem continuou linda. A comemoração do aniversário do Masili teve ainda mais uma surpresa, com a chegada da Carol.

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Eu voltei pro RJ no domingo e a primeira coisa que fiz foi baixar a discografia do Bowie. Na época, escolhi 4 discos pra ouvir: Heroes, The man who sold the world, The rise and fall of Ziggy Stardust and the spiders from Mars e, claro, Space Oddity. Os quatro estão no meu iPod até hoje – já são dois anos – e ainda não consegui parar de ouvi-los, nem achei que era a hora de passar pra outros. Depois disso comprei o meu primeiro vinil do Bowie, claro, Space Oddity. Depois que minha irmã se mudou e levou a vitrola, o disco passou um tempo na casa da Isabella, até que no meu aniversário do ano passado, Isabella, sendo Isabella, me devolveu o disco – com uma vitrola de presente.

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Mas antes disso, no natal de 2014, eu ganhei da minha irmã e de outra amiga um outro presente maravilhoso. Um livro lindo e sensacional da exposição, que eu nem sabia que existia. Pra quem quiser ver mais, tá aqui ó: http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/2215/David-Bowie-.aspx

Quando Bowie se foi no início dessa semana meu coração apertou, mas eu não chorei. Eu disse pra mim mesma que era uma bobagem, que não tinha porque. E aí hoje, eu decidi usar esse lugar tão querido que é o Faniquito pra fazer a minha despedida desse grande amor que se foi. Finalmente, eu chorei. Eu ainda tento entender porque a tristeza de vê-lo ir. Mas como é amor, não tem nenhuma explicação. Pelo que vi e ouvi de algumas pessoas, a conclusão que chegamos é de que talvez seja mesmo difícil entender que Bowie era tão mortal quanto a gente, e que pra ser mais de um, todos e nenhum é só a gente querer.

E, assim, eu me despeço desse texto tão querido e do Bowie, esse amor tão recente e tão arrebatador, como eu já disse em algum outro momento. Agradecendo a ele por ter sido todos eles e até o fim ter sido mais. E aos meus amigos que me ensinaram, como o Bowie: “I never thought I’d need so many people”. Amo vocês.


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Em duas rodas

Tirando as rodinhas da bicicleta

11 de janeiro de 2016

Esses últimos dias foram de total expectativa pra gente: acabamos de comprar e montar nossas bicicletas, inspirados e influenciados por diversas coisas que andaram acontecendo por aqui.

A começar, obviamente, pela estrutura que São Paulo agora possui para a prática do ciclismo. “Ah, mas não é o ideal… ainda falta muito, tem muita coisa precária e nem tudo é essa maravilha“. Verdade. Mas ao mesmo tempo, é algo concreto, e que precisa ser ocupado, utilizado e com o tempo desenvolvido para que se firme e torne-se algo tão natural quanto uma rua ou uma calçada. Há espaço sim para todos, a cidade é imensa, e a alternativa maravilhosa sob diversos aspectos. Tivemos nosso primeiro e real contato quando da primeira visita à Avenida Paulista aberta. O ambiente presente naquela primeira visita (e que se repetiu na segunda, bem em como outros diversos finais de semana) nos tomou de assalto, e dali em diante a bicicleta passou de ideia a projeto.

Além disso, estar de bicicleta muda sua relação com a cidade. Os trajetos são livres, o contato diferente, e a vontade de redescobrir paisagens e elementos que fazem parte da sua então rotina acrescenta algo lúdico a lugares tão conhecidos. Nossa ansiedade em visitar a casa da mãe/sogra, ir comer um pastel no sacolão ou mesmo dar uma volta pelas redondezas é comparável à de uma criança no dia de Natal. Existe também a parte física, que os dois trintões (a Dé ainda é trintinha, eu que estou entrando nessa perigosa área do til) precisam cuidar.

Redescobrir a cidade: sempre é hora pra isso, e os amigos já estão lá.

Redescobrir a cidade: sempre é hora pra isso, e os amigos já estão lá.

Tão lúdico que até andar pelo Minhocão parece uma boa ideia (mas de bicicleta).

Tão lúdico que até andar pelo Minhocão parece uma boa ideia (mas de bicicleta).

Temos alguns/vários amigos que já fazem parte desse movimento: alguns utilizam a dita pra trabalhar, outros fazem trilha em grupos noturnos, e uns já se profissionalizaram e viajam de bike para distâncias não tão curtas assim. Foi justamente seguindo as dicas de um casal de amigos – a Gica e o André, o casal que faz algumas das viagens mais inacreditáveis nesse modelo, e que despertou um faniquito incontrolável em nós dois – que colocamos nosso plano em prática. Eles nos mostraram algumas das possíveis combinações entre os diversos elementos que compõem uma bicicleta: guidões, freios, manetes, quadros, pneus, passadores de marcha, selins, pedais e tantas coisas que podem facilitar ou dificultar sua pedalada. Nosso teste prático foi breve, mas bastante esclarecedor – além de potencializar definitivamente o projeto. Com isso, fizemos nossa compra e montagem durante o último sábado, e se o cronograma der certo vamos retirar as crianças nessa próxima quarta-feira.

A Gica e o André pintaram nosso faniquito de trocentas cores.

A Gica e o André pintaram nosso faniquito de trocentas cores.

Aos temerosos ou que ainda não sabem pedalar, um depoimento pessoal: a Dé também não sabia até 2008, quando nos metemos a eliminar essa lacuna no Parque Villa-Lobos, aqui em São Paulo. Alugamos duas bicicletas, e eu (que nunca tinha ensinado ninguém a andar de bicicleta na vida) fiz o papel de professor naquele dia. Sim: em UM DIA ela aprendeu e deu a volta no Parque comigo. Obviamente um tombinho aqui e uma tremidinha ali fizeram parte desse passeio, exatamente da mesma forma quando a gente aprende a dirigir, arruma um emprego, essas coisas. Fato é que depois de se equilibrar pela primeira vez, nunca mais você esquece. Alguns meses depois, esse dia nos permitiu desfrutar da mesma experiência de um passeio no parque – mas em Buenos Aires, o que foi muito legal.

Já ouvimos sobre o medo e os perigos de andar de bicicleta “na rua”. Bem, perigos existem sob qualquer circunstância, e enfrentá-los é o que nos faz crescer e amplia horizontes. Por isso mesmo, estamos muito felizes em poder inaugurar essa sessãozinha chamada “em duas rodas“, que em breve – esperamos – receba mais e mais conteúdo da gente, e de quem mais se habilitar a dividir suas experiências bicicletísticas aqui no Faniquito 🙂

Faniquito

Ano um

14 de dezembro de 2015

Exatamente hoje completamos nosso primeiro aniversário!

Com um saldo de 89 textos (contando com esse) e 22 países contabilizados até o momento. Um começo de muita realização pra gente, que fez dos nossos papos recorrentes motivo de pauta e disciplina: dois textos por semana, sempre que a agenda de ambos permitisse, com espaço liberado para amigos, conhecidos ou aventureiros que, assim como nós, curtissem soltar o verbo sobre suas experiências pessoais na estrada – fosse ela de terra, asfalto, gramada, de areia, do céu ou mesmo debaixo d’água.

Chegaram à nossa caixa postal as mais diversas histórias: paixões, desabafos, contos, receitas, dicas, percepções pessoais, e o mais importante – olhares diferentes sobre o mesmo assunto. Viajar amplia os horizontes, e isso a gente já sabe. Some mais e mais pessoas, e o horizonte que surge é imensurável. Essa é nossa vontade, sempre: ir mais e mais longe, até conhecer tudo o que uma, duas ou várias vidas permitam.

Da nossa parte, esmiuçamos e fragmentamos nossas próprias experiências, e nos acostumamos a discutir e relembrar nossas viagens semanalmente. Um hábito gostoso, e que fez muito bem à nossa memória. Abrir nossa memoriabilia, tirar dúvida sobre alguns detalhes para ilustrar nosso próximo texto é sempre coisa boa de se fazer, e o Faniquito continuou sendo mais diversão e menos trabalho pra gente.

E mais de 700 fotos, sendo quase todas autorais :)

E mais de 700 fotos, sendo quase todas autorais 🙂

Por isso mesmo, além de apagar velinhas, agradecemos a todos vocês que estiveram com a gente durante esse primeiro ano – seja comentando, curtindo, compartilhando ou enviando textos pra gente, bem como as primeiras pessoas que apostaram no Faniquito para planejar suas viagens. Num ano tão difícil e adverso, procuramos manter o entusiasmo sem perder a noção da realidade. Viajar é sim um prazer, exige esforço, algum investimento (que varia conforme propósitos e condições), e nem sempre essa equação é simples como a gente vê em alguns discursos por aí. Não planejamos algumas coisas que surgiram pelo caminho, como a necessidade de alguns posicionamentos, e senso crítico com determinadas situações. Estamos constantemente buscando esse crescimento, e vocês nos ajudam nessa caminhada.

Nesse nosso penúltimo texto de 2015, somos só alegria…! Se quiserem nos presentear, enviem novos textos – quem já nos escreveu, quem ainda está ensaiando ou mesmo quem nunca cogitou. É bem divertido, acreditem. Aos que gostam desse nosso recheio, sintam-se à vontade para nos divulgar. E se você estiver a fim de viajar, e quiser um roteirinho fora da curva, conte com a gente pra montar um itinerário divertido. Seremos todos muito felizes!

Obrigado mesmo galera! Que seja só o início!