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Chocolate

Argentina, Gastronomia

As ovelhinhas

12 de novembro de 2015

Se você está de dieta, este texto não é pra você*.

Um dos produtos de maior destaque na culinária argentina é seu sorvete – fama justificada e merecida, que se diga. Não faz muito tempo que qualquer pessoa que viajasse pra lá tinha quase que por obrigação experimentar os sorvetes do Freddo, marca que possui uma infinidade de lojas em Buenos Aires (e que desembarcou no Brasil já há alguns anos). Experimentar um Freddo no Brasil – lamento informar – não é a mesma coisa do que fazê-lo em seu país de origem: com uma quantidade muito maior de sabores, até mesmo a textura do sorvete varia. Continua sendo um programão, que a gente sempre que pode usufrui.

Respeita o Safadão.

Respeita o Safadão.

Mas não viemos aqui falar do Freddo.

Com apenas duas lojas, sendo uma em cada cidade – Ushuaia e El Calafate – a Ovejitas de la Patagonia** (http://www.ovejitasdelapatagonia.com/) é a principal loja de sorvetes da Patagônia Argentina. Com uma simpática (e óbvia) ovelhinha como mascote, suas vitrines atraem qualquer pessoa que goste de chocolate e sorvete: ou seja, quase todo ser humano vivo e com um mínimo de prazer por comida gostosa.

Parada obrigatória nas noites patagônicas.

Parada obrigatória nas noites patagônicas.

Deixamos para conhecer a loja somente em Calafate (burrice, com o passar dos anos a gente aprende a não adiar certos prazeres). O menuzão na parede destaca quem realmente importa – nada de Flocos e Creme (por sinal, quem inventou essas duas porcarias)? Entre frutas e doces que de fato merecem uma versão gelada, qual não foi nossa surpresa quando demos de cara com um sabor descrito como CHOCOLATE SUPER DELICIOSO? Essa coisa meio Willy Wonka mexe com a cabeça de qualquer pessoa, e foi o primeiro de nossos diversos pedidos. Bem, um sorvete de chocolate ARGENTINO misturado com pedaços de doce de leite ARGENTINO… a gente acaba perdendo a cabeça mesmo.

Super Sambayon, Tramontana, Sandia, e obviamente...

Super Sambayon, Tramontana, Sandia, e obviamente…

...o CHOCOLATE SUPER DELICIOSO, com tarugos repuxantes de doce de leite.

…o CHOCOLATE SUPER DELICIOSO, com tarugos repuxantes de doce de leite.

Ostentação e amor.

Ostentação e amor.

Além do sorvete, diversos chocolatinhos, doces e outras coisas coloridas fazem parte do universo ovelhístico. É tudo tão bonitinho (e deve ser tão gostoso) que seu orçamento pode ir pro espaço se você acabar se deixando levar pela emoção. Em Calafate está também a fábrica do sorvete, a qual tentamos visitar sem sucesso (acho que demos azar e a dita estava fechada quando aparecemos por lá). Sem problemas: o que importa é a loja, e seu cardápio que acaba virando um desafio pessoal a ser vencido.

Ovejitas: aprovamos e sentimos saudades.

Ovejitas: aprovamos e sentimos saudades.

Sim, a Patagônia é um lugar gelado. Tomar sorvete no frio? É uma das coisas que mais fazem sentido nessa vida – e sorvete bom… meu amigo, isso não tem clima que te desanime! E quem é capaz de falar não para ovelhinhas tão simpáticas?


* Por sinal, nenhum texto do Faniquito é. Acostume-se, ou procure um site de viagens diet.

** Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Argentina

Chocolate com gelo

12 de maio de 2015

É de conhecimento público um dos conselhos mais conhecidos – e oferecidos – a quem viaja: “pegue dicas com os locais”. Não é uma regra, mas é uma verdade – sem esquecer que existe nó cego e pilantra em qualquer lugar do mundo. Não era o caso da Deborah, com agá.

Não, não estou falando da minha esposa. Deborah é o nome de uma das donas de uma doceria que fica na principal rua do centro de Ushuaia, chamada Isla de Chocolate* (http://tinyurl.com/deborah-com-h), onde além de fazermos amizade, experimentamos alguns doces e ótimas bebidas quentes durante nossa estadia na cidade. Deborah acabava puxando papo sempre que aparecíamos por lá, e em determinado dia – um dos últimos – nos recomendou conhecer o Glaciar Martial: “Não tem muito apelo com os turistas, e acaba sendo uma atração muito mais local no fim das contas”, ela nos disse. E topamos a empreitada.

Dois bons motivos pra bater um papo com a Deborah.

Dois bons motivos pra bater um papo com a Deborah.

A distância do centro (dir) até o Glaciar Martial (esq).

A distância do centro (dir) até o Glaciar Martial (esq).

Do centro de Ushuaia pegamos um remis (uma espécie de táxi muito comum na Argentina, onde você define previamente trajeto e valores, fazendo o trajeto sem taxímetro ligado), que nos levou até a parte alta da cidade. Durante essa subida, é possível ver (e caso você tenha dinheiro, acessar e se hospedar em) alguns dos mais luxuosos hotéis da cidade. A estrada termina justamente na entrada do parque, de onde seguimos à pé. Ou melhor… de aerosilla.

Se um visual desses não te comove, nada mais será capaz.

Se um visual desses não te comove, nada mais será capaz.

Sim, aerosilla. A entrada do parque é gratuita, mas dali em diante a subida é feita por teleféricos (ou aerosillas), cujo valor na época – 2013 – era de 65 pesos (li em outro site que o valor subiu para 80, mas ainda assim não é nenhuma fortuna). Sim, pode-se subir à pé também, e de graça, porém são necessárias outras duas coisas: disposição, e que o parque não esteja debaixo de neve, pois durante as estações frias ele se transforma em estação de esqui. Conselho: tire o escorpião do bolso e aproveite o passeio, que é lindo.

O passeio de teleférico termina num mirante, cuja vista dispensa descrições.

Isso chama-se "recompensa".

Isso chama-se “recompensa”.

Dali em diante, mais uma breve caminhada. A subida é bastante tranquila, atravessando o riozinho atrávés de uma pequena ponte, e caminhando por entre as árvores. Não há uma imagem que não seja minimamente espetacular, e desde aquele momento o passeio já se justificava.

A única coisa feia nessa foto: eu.

A única coisa feia nessa foto: eu.

Era verão, e pelo caminho encontramos enormes placas de gelo, que me permitiram a experiência mais próxima de brincar na neve que havia tido até então – e só por isso já se tornava imediatamente inesquecível. Pode parecer besteira, mas realizar essas coisas traz pra gente uma felicidade pura – e não fui só eu quem deixou essa sensação explícita…

Bobos e felizes. Muito bobos, e muito felizes.

Bobos e felizes. Muito bobos, e muito felizes.

Após dez minutos à pé, seria possível prosseguir, subindo as montanhas. São vários os grupos de turistas, inclusive famílias que arriscam a subida pelo terreno pedregoso. É uma subida bem arriscada, pois as pedras são soltas, e o desafio é maiúsculo. Porém, não estávamos preparados – eu, principalmente, e pouco depois de iniciarmos a subida acabamos nos instalando ali mesmo para descansar e apreciar aquela paisagem espetacular.

Sem subir, você já tem tudo isso a seus pés.

Sem subir, você já tem tudo isso a seus pés.

“Descansar de quê?”, você pode perguntar. Bem, além do nosso até então nenhum preparo físico e total inexperiência nesse tipo de passeio, havia um obstáculo natural sempre presente em Ushuaia: o vento patagônco. E se ainda assim parecer exagero, caso o vídeo anterior ainda não tenha te convencido, o que vem a seguir deixa isso bem claro (para traduzir o contexto: a Dé está rachando o bico, pois minha mochila tinha acabado de rolar montanha abaixo POR CAUSA DO VENTO, sendo resgatada por um rapaz que vinha subindo, e resolveu bancar o goleiro. No meio do vídeo, quase que EU sou levado pelo vento):

O Glaciar Martial proporciona um passeio absolutamente espetacular, com paisagens lindas e uma tranquilidade muito difícil de ser encontrada. Como bônus, pouco antes da saída do parque, na volta do teleférico, um café, chocolate quente ou mesmo um conhaque para fechar lindamente o programa antes da descida para o centro da cidade.

A chegada da aerosilla...

A chegada da aerosilla…

...e um afaguinho final :)

…e um afaguinho final 🙂

Caso você tenha ficado com vontade, eu entendo. E acima de tudo, recomendo.


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.