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Gastronomia, Tailândia

“Spicy or no spicy?”

3 de janeiro de 2017

A culinária tailandesa é famosa pelo “excesso” (ao menos pra nós, ocidentais – daí as aspas) de pimenta em seus pratos. Pra quem não curte um sabor picante, pensar em comer por lá pode fazer com que o destino escolhido seja outro. É com esse cenário que nos planejamos, e fomos comprovar se de fato a coisa era grave desse jeito…

Já adianto: não é*.

Estivemos em três lugares: Bangkok, Koh Phi Phi e Koh Tao. Em todos você encontra uma variedade bastante grande de restaurantes, bares e lanchonetes. Na capital do país predomina a comida local, mas outras opções existem em abundância. Não é difícil encontrar um hambúrguer, uma massa ou um peixinho. A comida de rua é presença constante e maciça, mas não provamos por pura paranoia pessoal (o que é meio estúpido, mas pra uma primeira viagem pro outro lado do mundo resolvemos apostar na segurança e correr poucos riscos).

Sobre essas variedades: a comida de rua é perfumadíssima, e dá o tom local que todo viajante procura. Em banquinhos minúsculos ou sentados no chão, quem opta por ela come muito bem e paga muito pouco. Quanto às outras opções listadas acima, normalmente são encontradas na maioria dos restaurantes, dividindo o cardápio com os pratos locais. O curry é presença constante entre os pratos locais, e experimentá-lo em suas variações tornou-se um exercício muito legal, praticado por este que vos escreve. Além do sabor marcante, é uma ótima maneira de se habituar com a pimenta. Da mesma forma, os pratos com noodles – aquele macarrãozinho simpático – também estão sempre presentes, e normalmente são a opção segura para os não chegados numa pimentinha. Mas comer macarrão todo dia não dá, né amiguinhos…

Comida de rua é a imagem mais tradicional de Bangkok que ninguém fotografa. Mas mesmo fotografando, fico devendo o cheirinho pra vocês.

Não se deixei enganar: não é a cor do curry que determina se ele é “picante” ou “muito picante”. E a porçãozinha de arroz é pra dar uma contrabalanceada nessa pimenta toda.

Não está a fim de encarar comida picante? Vá de noodles sem medo!

Pimenta que está de fato presente em quase tudo. A Dé tentou por algumas vezes perguntar antes do pedido se o prato A, B ou C era apimentado. Mesmo nas negativas, o que vinha era pelo menos um pouco picante. Recomendação pessoal: TREINE antes de ir pra lá. Sim, gaste seus vidrinhos de Tabasco, principalmente aquele da Habanero. Mais importante do que se habituar com a pimenta que entra é encarar com dignidade a pimenta que sai. Adquirir um pouco de tolerância pode ser a diferença entre os dias legais e os desconfortáveis. Porém, longe de ser uma coisa insuportável. Em momento algum eu deixei de comer alguma coisa pela quantidade de pimenta. Vá com calma, prove, acostume-se e saboreie.

Nas ilhas (Koh Phi Phi e Koh Tao) as opções são muitas, uma vez que a frequência turística em ambas é monstruosa. De pizzas a hambúrgueres, dá pra encontrar de tudo. Os frutos do mar são excelentes, e pra quem gosta dá pra pedir um caranguejo caprichado (a gente tentou, mas continuamos detestando o dito cujo pelo custo-benefício ser aquela martelação sem fim pra quase nada). Curry e Fried Rice são bem-vindos, inclusive no almoço, debaixo daquele sol obsceno. A cerveja mais comum é a Chang (que vai estampar pelo menos uma das camisetas que você trará de recordação), mas a mais gostosa é a Leo. Experimente ambas. Os sucos e shakes são excelentes – shakes que por sinal não têm nada a ver com milk-shake. São sim batidas de frutas – às vezes com um pouco de leite condensado (que não passa perto do doce que conhecemos) e bons punhados de gelo. Coloridos, vistosos e gostosos, pra combater o calor dos temperos.

Se pedir pizza, lembre-se: você não está em São Paulo (nessas horas, infelizmente).

Um hambúrguer de fazer inveja a muito reduto hipster, por um preço igualmente maravilhoso. Pra interromper qualquer experiência gastronômica oriental sem nenhum peso na consciência.

Lula, pra você que não é coxinha 🙂 #foratemer

Fried rice dentro de um abacaxi, cheio de frutos do mar, verduras e legumes. Um dos principais pratos de Koh Phi Phi.

O caranguejo realmente veio lindo, mas a gente continua não sabendo comer esse troço. Pra quem gosta, uma ótima pedida.

E em Koh Phi Phi tomei o suco mais bonito que eu já vi na vida. Pitaia rosa é exatamente dessa cor, a foto não está saturada.

Ainda nas ilhas: café da manhã é coisa comum (parece informação besta, mas tem lugar na Europa que pra encontrar um é um verdadeiro parto), fácil e variadíssima. Tem de tudo: as tradicionais panquecas doces e salgadas, wraps saudáveis, combos inusitados (como o english breakfast, com direito a feijãozinho doce e linguiça), e cafés quentes, gelados, puros ou misturados. Forrar a pança antes da praia é uma ótima ideia, já que sair dela pode causar um conflito emocional daqueles.

Por que não um wrap de salmão com chips de mandioca logo cedo?

English Breakfast? Tem… mas se você está com saudade do feijão daqui, não é bem isso o que você vai encontrar. Mas é gostoso 🙂

Zona de conforto: peça um cheese frangão, e comece o dia no sossego!

Resumão desse texto: não deixe que a pimenta e as especiarias orientais impeçam você de conhecer esse país. A Tailândia é um lugar sensacional, e você vai comer coisa boa por preços módicos. E se der um bode hora dessas, sempre tem um McDonalds ou Burger King por perto pra matar saudade dessas porcarias que a gente ama.

*Que fique claro: esse é um relato pessoal. Tolerância é coisa de cada um, e obviamente existem lugares, pratos e opções que podem desmentir esse texto de cima a baixo. É questão de opção arriscar pra mais ou pra menos. Divirta-se 😉

Brasil, Gastronomia

Babem, gringos

20 de julho de 2015

Com o termo sendo utilizado de forma totalmente pejorativa nos últimos tempos, o Faniquito de hoje vem exaltar (e indicar*) dois lugares pra você se deleitar com aquela iguaria maravilhosa e tipicamente brasileira, chamada coxinha.

Só dois? Sim, só dois. São os que a gente ama, que têm um preço bacana, uma coxinha “tamanho gordinho” e cujo passeio (afinal, estamos num site de viagens) é bem bacana.

Porém, contamos com a colaboração dos nossos amigos e leitores para aumentarmos o número de indicações. Sem melhores ou piore, a ideia é somente indicar lugares em que a gente vai pra comer, e sai sorrindo. Às indicações, portanto:

Praça Cheese Lanchonete

Isso é uma foto de celular, sem Photoshop.

Isso é uma foto de celular, sem Photoshop.

Em frente à FNAC Pinheiros, um bar com mesas na calçada (aprovamos) pode passar em branco aos mais apressados. Recomendação? Esqueçam a pressa. O atendimento é bacana, a cerveja é gelada, com uma boa variedade de rótulos e sem frescuras gourmet, graças a Deus e à Sil – a dona do bar e sua futura amiga, caso você tenha 5 minutos pra um bom papo. E sim, ela lembra do seu nome depois de 3 ou 4 visitas.

Mas o papo é coxinha, e a de lá é referência na região – sendo inclusive indicada por hotéis e albergues próximos à gringaiada que procura pelo quitute nacional. É uma das histórias que a Sil mais conta, sempre com novos fatos, como bilhetinhos desajeitados de gente que vem de todo canto do mundo.

A coxinha não decepciona nem um pouquinho, sendo muito bem servida, e atendendo àquelas coisas que a gente procura no salgadinho ideal – sequinha, bem recheada e crocante. E no conjunto da obra, o bar – que não é badalado como o Frangó, o Veloso ou outros lugares de São Paulo – deixa saudade. Mas como fica do lado do metrô Faria Lima, dá pra voltar sempre – pra mais uma coxinha e um papo na calçada.

Praça Cheese Lanchonete
R. Álvaro Anes, 25 – Pinheiros – São Paulo/SP

Padaria Real

O triângulo de queijo cobriu um pouco a foto. Desculpem.

O triângulo de queijo cobriu um pouco a foto. Desculpem.

Quer pegar uma estrada no fim de semana? Sorocaba é um ótimo destino pra quem ama o salgadinho. “Mas você vai pegar estrada e pagar pedágio pra comer coxinha?” – SIM, meus amigos. E não é exagero. Assim que você chega à cidade, escolha uma das (agora quatro) lojas da cidade. São enormes, e a marca da padaria traz a data de sua fundação: um lugar que foi fundado em 1957 e está aberto e imponente até hoje não é pouca coisa.

Mesmo com o tamanho das padarias – muito semelhante às grandes padarias que a gente conhece por aí – o que mais impressiona é a frequência das fornadas de coxinha, necessária à demanda dos clientes locais e forasteiros, que vêm aos montes experimentar a iguaria.

Obviamente que não é só coxinha que a padaria vende (e o triângulo de queijo se tornou outra necessidade deste que vos escreve sempre que visita  a dita cuja). Mas sem dúvida, é a grande estrela da casa, inclusive com algumas variações interessantes – já pensou numa coxinha de bacalhau? Pois bem, eles têm. Mas fique com a tradicional. Coma quantas aguentar, e não tenha vergonha de levar pra viagem. É inevitável.

Padaria Real
R. da Penha, 1.373 – Centro – Sorocaba/SP

E você, onde levaria seu amigo gringo pra apresentar esse quitute sensacional? Indique suas preferências pra gente 🙂


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Alemanha

O Muro de Berlim,
ou a história ao vivo

7 de maio de 2015

Por Luciana Carpinelli


A primeira referência a Berlim de que me lembro é do muro, provavelmente em uma aula de História no primário. Nunca tive muita paciência para os feitos da Igreja Católica, para as disputas entre Gregos e Troianos e muito menos para as Grandes Navegações. Então a história da Alemanha e tudo o que a envolvia, com (e apesar de) todas as suas crueldades, me deixavam mais curiosa.

Isso ficou um pouco adormecido em mim desde que o meu grupo na faculdade fez uma pesquisa sobre Joseph Mengele e o Nazismo, mas acabou ressurgindo com a minha temporada em Berlim. E o Muro foi o primeiro “ponto turístico” que resolvi visitar.

O sábado de setembro amanheceu, como de costume, azul e ensolarado, e lá fui eu com meu mapa debaixo do braço. Depois de algumas idas e vindas no metro (óbvio que me perdi), consegui chegar à estação Kochstraße. Logo que saí dela, dei de cara com o museu Haus am Checkpoint Charlie, que guarda a história do famoso Muro de Berlim.

Um dia ensolarado.

Um dia ensolarado.

E na saída da estação Kochstraße...

E na saída da estação Kochstraße…

...o museu Haus am Checkpoint Charlie.

…o museu Haus am Checkpoint Charlie.

A sensação, ao chegar ali, foi um misto de tristeza e alegria. Estava feliz por ter a oportunidade de estar em um lugar tão importante, mas é impossível não sentir o peso do sofrimento que a divisão causou pra tanta gente. Confesso que por alguns momentos fiquei ali observando aquela imagem que tinha visto em tantos livros e chorando quietinha.

Aliás, para mim aquele é um dos lugares mais tristes do mundo. Enquanto estive por lá, lembrei muito da senhorinha que sentou ao meu lado no avião da ida e nas histórias que ela me contou sobre o Holocausto. Vi também algumas frases no muro que me fizeram imaginar quantas vidas foram mudadas pra sempre por ele. Se com isso já fiquei meio pensativa, preferi evitar ver a mostra ao ar livre que eles chamam de “Topografia do Terror” e não consegui sorrir na foto ao lado do que sobrou daquela época.

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Checkpoint Charlie – o ponto da travessia.

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Um dos fragmentos do muro.

Mas de repente eu viro a esquina e encontro uma das coisas mais bizarras que ja vi na vida: uma “praia” onde um dia houve o Muro. Isso mesmo, um monte de areia com algumas barraquinhas e tendas, em que as pessoas ficam refesteladas, tomando uma cerveja e comendo um currywurst. Para mim parece um tanto inadequado, mas esse pedaço de “paraíso” artificial acaba suavizando o clima pesado do lugar.

A “praia”, logo ao lado.

Hesitei em trazer um pedacinho do Muro comigo, mas achei que não seria um souvenir muito positivo a ser guardado. Prefiro ficar com a lembrança de ter visitado um lugar que nunca imaginei conhecer pessoalmente.

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