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Boca Juniors

Argentina, Estive lá

Você precisa conhecer o El Ateneo?

10 de março de 2016

Um dos pontos turísticos mais famosos de Buenos Aires, a livraria El Ateneo faz jus à fama. Porém, esqueça suas filiais. Estamos falando daquele prédio lindo e famoso, localizado na Avenida Santa Fé: o El Ateneo Grand Splendid.

Inaugurado como teatro em 1919, o prédio funcionou como casa de tango, estação de rádio e cinema antes de se tornar a livraria que é hoje. Obviamente seu acervo é notável – pela quantidade e qualidade, sendo comparável a qualquer megalivraria no mundo. Nela você encontra livros, discos, dvd’s e blu-rays a preços quase sempre justos. Mas não é essa variedade que a destaca das demais – porque sim, a gente sabe que pela internet você é capaz de comprar qualquer coisa sem sair de casa. Não sair de casa vai contra tudo o que o Faniquito propõe, por isso mesmo viemos aqui indicar um destino 🙂

A visão do primeiro andar é acachapante.

A visão do primeiro andar é acachapante.

Com quase um século de existência, o prédio exala história. Aos que nunca visitaram Buenos Aires, dou meu depoimento pessoal: a ideia que eu tinha na cabeça antes de conhecer a cidade, naquilo que se presta a identificar sua História e tradições, é facilmente reconhecido tanto no exterior quanto no interior da El Ateneo. Poucos são os lugares cuja arquitetura é tão destacada e preservada (nesse caso, restaurada) quanto na livraria. Os camarotes e bancadas laterais possuem diversas poltronas, e não se permitir alguns minutos de leitura e/ou contemplação num ambiente tão especial beira ao sacrilégio. Os acessos aos andares superiores é feito de escada – o que novamente respeita a arquitetura original, enquanto o acesso ao piso inferior é feito por escadas rolantes. Mas o prédio é acessível, e existe um elevador para esse propósito. Esqueça a pressa em casa.

A visão lateral dos dois andares da casa...

A visão lateral dos dois andares da casa…

...e o detalhe dos camarotes, onde sentar um pouquinho vira quase uma necessidade.

…e o detalhe dos camarotes, onde sentar um pouquinho vira quase uma necessidade.

Falando em detalhes: os cuidados e afrescos são de babar.

Falando em detalhes: os cuidados e afrescos são de babar.

A beleza da casa inclusive facilita o consumo – uma péssima notícia pra você que tem uma ratoeira no bolso. Afinal, existe lugar mais legal pra se levar um souvenir do que uma loja linda dessas? Não quer ler em espanhol? Não tá acostumado aos maravilhoso hábito da leitura? Nem eu, que acabei trazendo pra casa um livrão do Quino, um do Langer e um almanaque do Boca Juniors. A Dé trouxe alguns ótimos livros de fotografia de artistas locais. Tem pra todo mundo, e suas desculpas correm o risco de não funcionarem. Portanto, além do espaço reservado aos alfajores, guarde outro para uns livros na sua mala.

Muito melhor que qualquer chaveiro.

Muito melhor que qualquer chaveiro.

O espaço antes reservado ao palco do teatro é hoje destinado a um café. Assim como os cafés de livrarias do Brasil, esse é caro de fazer sangrar os olhos. Experimente por conta e risco, mas gastronomicamente não é mais especial do que nenhuma outra loja próxima (e muito mais barata). Vale pela experiência de tomar um café na livraria, mas não muda a vida de ninguém.

Aqueles 5 minutinhos em que você pára pra dar uma lida, aproveita a beleza do lugar e não esquece nunca mais.

Aqueles 5 minutinhos em que você pára pra dar uma lida, aproveita a beleza do lugar e não esquece nunca mais.

Destaque para a pintura do teto, de autoria do ítalo-argentino Nazareno Orlandi...

Destaque para a pintura do teto, de autoria do ítalo-argentino Nazareno Orlandi…

Sua outra metade...

Sua outra metade…

E por fim, o conjunto completo - que é maravilhoso.

E por fim, o conjunto completo – que é maravilhoso.

Portanto, quando estiver conhecendo a capital dos hermanos, não discrimine os pontos turísticos básicos. Certamente a El Ateneo estará entre eles, e além do ar condiconado mais que bem vindo pra combater o calor portenho, é um dos melhores lugares pra fazer uma pausa nas inevitáveis caminhadas. Estar lá dentro garante um dos melhores sabores argentinos.

 

Argentina

A casa de Maradona

23 de julho de 2015

Ir a Buenos Aires e não conhecer a Bombonera é deixar uma lacuna na sua viagem. Bom, pelo menos é o que dizem todos os que visitam o estádio, arrastando até mesmo os desinteressados por futebol até o bairro da Boca. Mais ou menos como ir ao Rio e não visitar o Cristo, o mitológico estádio do Boca Juniors é parada obrigatória para qualquer turista que visita a cidade portenha. E nós fomos conferir essa história.

Existe um certo “terrorismo” quanto a La Boca. Não são poucos os que demonizam o bairro (onde também está localizado o Caminito), recomendando “cuidado ao andar pelas ruas”, entre outros conselhos que deixam os visitantes de pé atrás. Opinião pessoal: um absoluto exagero. É um bairro antigo e boêmio, bastante diferente da área central da cidade – mas numa comparação binária, seria como colocar lado a lado as regiões do Jardins e da Moóca em São Paulo. Cuidado a gente tem que ter em qualquer lugar, e não é por estar degradado que um lugar é necessariamente ruim. Então, encare sim o passeio.

Uma paredão em azul e amarelo. Bem-vindos à Bombonera.

Uma paredão em azul e amarelo. Bem-vindos à Bombonera.

O estádio é sim imponente pra cacete. Do lado de fora, um paredão de concreto azul e amarelo, com grandes colunas verticais, deixando claro que estamos entrando num lugar que em nada se assemelha às “arenas” modernas de hoje em dia. Na pequena sala de entrada do museu, você compra os ingressos pro tipo de visita (só o museu, museu e gramado com visita guiada, etc.), e aguarda a chamada numa acanhada lojinha.

A entradinha do museu, e o anúncio que a coisa ali é sobre paixão mesmo.

A entradinha do museu, e o anúncio que a coisa ali é sobre paixão mesmo.

O museu é muito bacana. Estátuas dos jogadores mais famosos do time (Maradona, Palermo, Riquelme), a relação completa dos jogadores que vestiram a camisa do Clube, uma pequena maquete do bairro em outros tempos, e uma memoriabília sensacional, com taças, flâmulas, camisas e todo tipo de objeto que ajude a contar a história do Boca. Da mesma forma que tudo no estádio, é menor do que você imagina – ainda mais se tiver as mesmas referências que eu quanto a esse tipo de museu: o do Corinthians e o Museu do Futebol no estádio do Pacaembú são absurdamente gigantes perto do museu do Boca.

Uma miniatura do bairro, nos tempos de fundação do estádio.

Uma miniatura do bairro, nos tempos de fundação do estádio.

Um cara que perde três pênaltis num mesmo jogo merece mesmo uma estátua.

Um cara que perde três pênaltis num mesmo jogo merece mesmo uma estátua.

A camisa de caminhão do Navarro Montoya. [Clubismo] Em outros tempos, outro goleiro ridículo aderiu à mesma moda no Brasil [/Clubismo].

A camisa de caminhão do Navarro Montoya. [Clubismo] Em outros tempos, outro goleiro ridículo aderiu à mesma moda no Brasil [/Clubismo].

Schiavi, esse parceirásso :)

Schiavi, esse parceirásso 🙂

Mas a graça da Bombonera são os vestiários e o gramado.

Graça pra quem visita, obviamente. O vestiário dos visitantes é apertado e deve ser um inferno se preparar ali. Fora que a arquibancada mais hardcore dos caras fica justamente em cima dele, propositalmente. A fama de caldeirão da Bombonera não é à toa. É tudo meio velho e podre, como tudo no bairro, e é justamente isso que carrega ainda mais a mística do lugar. “Ah, mas isso fica longe do que eu vejo na Champions League”, dirá o representante da geração Playstation. Sim amiguinho, é bem diferente. Por isso mesmo a Libertadores é divertida: porque é aqui, e não na Europa.

Quanto ao gramado e às arquibancadas: aquilo tudo que ouvimos e vemos é exatamente daquela maneira: assentos colados, corredores apertados e uma verdadeira parede de arquibancada que impressiona de verdade. Nossa guia era extremamente animada (e a maioria dos visitantes, brasileira), e contou detalhadamente os principais fatos da história do estádio. Mostrou também onde fica o camarote vitalício do Maradona, e nos levou à “geral” da Bombonera (aquela que fica em cima do vestiário visitante), onde organizou uma baguncinha básica com a galera. Um passeio bem do divertido, e mais divertido ainda por termos feito o dito seis meses após o título da Libertadores do Corinthians – justamente em cima dos caras.

É alta a bagaça, meus amigos. Dá um calafrio.

É alta a bagaça, meus amigos. Dá um calafrio.

Pertinho do gramado, e de frente pros camarotes.

Pertinho do gramado, e de frente pros camarotes.

Hora de ver mais de perto por onde o Romarinho passou.

Hora de ver mais de perto por onde o Romarinho passou.

Na saída, a hora da saudade.

Na saída, a hora da saudade.

Conclusão: a Bombonera vale sim a visita – muito mais por seu caráter histórico, e por ser um estádio sobrevivente à modernização que engole o futebol nos dias de hoje. É um ponto turístico pra quem não acompanha o esporte, mas uma obrigação pra quem ama o certame.

Apêndice gordinha: saindo de lá, caminhe por algumas ruas e vá almoçar no Obrero – que é igualmente precário e tradicional. Um bifão de chorizo não fará mal depois de duas horinhas de tour por terras amarelo-celestes. E tente encontrar a flâmula do seu time de coração na parede forrada dos caras 🙂

Um restaurante tradicional, num reduto de torcida, com uma parede de verdade.

Um restaurante tradicional, num reduto de torcida, com uma parede de verdade.

bombonera13

Pro almoço, mais uma tradição – por que não?

P.S.: Achei que faltava um vídeo mostrando a Bombonera funcionando. Então fechamos o texto com o melhor momento já vivido por esse estádio: