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Áustria

O café de Freud, Hitler e Trotsky

18 de maio de 2015

O Cafe Central* (http://www.palaisevents.at/en/cafecentral.html) é uma casa tradicionalíssima de Viena. Localizada no andar térreo do antigo prédio da Bolsa de Valores austríaca, mistura-se muito bem ao visual tradicional e absolutamente bem preservado da Cidade Antiga (Innere Stadt), localizada na área central da cidade. O Cafe pode passar desapercebido num passeio mais apressado, pois possui um pequeno jardim e alguns guarda-sóis bem em frente a sua fachada, que é tão tradicional quanto os outros prédios vizinhos. Porém, a constante aglomeração de pessoas em sua entrada – por vezes sutil, por vezes desanimadora – deixa clara a necessidade de uma visita.

O visual imponente, a austeridade e a educação de seus funcionários pode afugentar os mais inseguros num primeiro momento. Mesmo de bermuda e camiseta, não há olhar torto nem discriminação no atendimento, portanto entre – mesmo se estiver de mochila nas costas. O responsável pela recepção (esse enorme senhor da foto abaixo) foi descrito pela Dé como “a cara da Áustria”. A legenda explica.

"Esse homem pra mim é a cara da Áustria" - BASSI, Debs.

“Esse homem pra mim é a cara da Áustria” – BASSI, Debs.

Seu interior é absolutamente fantástico. O Cafe Central completa 140 anos de existência em 2016, e está impecavelmente preservado, sendo nome presente em qualquer lista dos dez melhores cafés do mundo. Porque sim, não basta ser bonito – precisa ser gostoso. Suas colunas de mármore e os adornos do teto fazem do salão um lugar deliciosamente aconchegante. As mesas são pequenas, mas numerosas – o que causa uma boa rotatividade de clientes. Portanto, mesmo em caso de espera, não desanime, pois a chance do seu nome ser chamado rapidamente é grande.

Um lugar tão antigo e histórico só podia ser bonito. Pra burro.

Um lugar tão antigo e histórico só podia ser bonito. Pra burro.

Nossa visita aconteceu no meio de uma tarde quente, e acabamos/acabei (a Dé não gosta) não pedindo café. Mas fomos aconselhados a experimentar o apfelstrudel da casa. Tentando aproveitar ao máximo a experiência, eu pedi o dito, enquanto a Dé pediu um petit-gateau (sim, quando você sabe que só vai visitar um lugar uma única vez, tente tirar o máximo dele, mesmo que seu máximo possível seja composto de dois pratos, ao invés de somente um por duas vezes). Antes de falar dos dois, fiquem com as imagens:

Eu daria um abraço apertado nesse strudel.

Eu daria um abraço apertado nesse strudel.

E esfregaria esse petit-gateau na cara.

E esfregaria esse petit-gateau na cara.

Essa jarrinha ao lado do strudel é chocolate branco, meus amigos. O verdadeiro, não a barrinha de banha derretida. E essa folhinha com o nome do Cafe no topo do petit-gateau é uma folha… de chocolate. Sim, come-se isso. O chantilly é sexualmente indecente – sim, dá pra enfiar a cara nele e chamar de “meu amor”. Não por acaso, um dos frequentadores da casa era o safado do Adolf Hitler – e imagino que tenha sido uma clientela suficientemente exigente e satisfeita naqueles tempos. Porcos malditos à parte, a casa recebeu outros nomes que nos são muito mais simpáticos, e que também marcaram a história do mundo – porém, de uma forma muito boa, como Sigmund Freud, Leon Trotsky e Peter Altenberg. Com essa aura histórica permeando o ambiente, foi uma meia hora absolutamente gostosa e memorável essa que tivemos lá.

Nota-se que o pedido do  ainda não chegou.

Nota-se que o pedido do Altenberg ainda não chegou.

Viena é uma cidade propensa a bons momentos como esse, e dela falaremos em outras oportunidades. Mas quando estiver por lá, não esqueça: no meio da tarde, ao passar na esquina da Strauchgasse com a Herrengasse, uma pausa para o café pode ser bem especial.


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Alemanha, Gastronomia

Freistaat Bayern: um passeio muito além da Oktoberfest

23 de abril de 2015

Por Melissa Lüdeman


A Alemanha tem uma história carregada de significado. É impossível pensar no país e não se lembrar do massacre aos judeus durante a Segunda Guerra. Sem dúvida, o nazismo está enraizado na memória coletiva do mundo, mas é na parte sul do país que a lembrança é muito mais branda, e a população, muito mais alegre e receptiva.

A Baviera está localizada no Sul da Alemanha, onde o clima é mais ameno aos padrões tropicais dos brasileiros. No verão, as temperaturas podem chegar à média dos 30ºC – um deleite para turistas que não estão acostumados com o frio devastador.

Visão aérea do centro de Munique

Visão aérea do centro de Munique

Munique, uma das maiores cidades da região, é especialmente agradável. Além de ser palco do maior evento de cerveja, comida e música do mundo – a Oktoberfest –, também respira história, modernidade (ainda que comedida) e harmonia com a natureza.

É impossível chegar ao coração de Munique e não se apaixonar. A Praça de Carlos (Karlsplatz) é a porta de entrada para o centro. Além do Portão de Carlos (Karltor), uma parte da antiga muralha da fortaleza medieval que protegia a cidade, o local possui uma bela fonte no cerne da praça, um alívio refrescante para turistas que visitam a cidade no verão.

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Karltor, o portão da antiga muralha medieval que cercava Munique

Fonte da Karlsplatz

Fonte da Karlsplatz

Seguindo adiante pelo Karltor, por meio da Neuhauser Strasse, é possível visualizar o prédio da Augustinerbräu*, a cervejaria mais antiga de Munique, fundada em 1328. Para quem gosta de cerveja, experimentar esta preciosidade é quase obrigatório.

Logo mais à frente, surge a Praça de Maria (Marienplatz), uma das mais bonitas praças da Alemanha, que abriga a antiga e a nova prefeituras (Altes und Neues Rathaus) no mesmo perímetro. A nova prefeitura, além de ser um prédio de beleza ímpar com uma arquitetura esplendorosa, possui no centro a Torre do Relógio, onde, todos os dias às 11h e às 17h uma procissão de bonequinhos saem de dentro do relógio para dançar.

Neues Rathaus na MarienPlatz

Neues Rathaus na MarienPlatz

Ainda no centro, podemos avistar de quase todos os lugares a Frauenkirche, igreja que foi parcialmente destruída na Segunda Guerra, e hoje está restaurada. Com suas cúpulas verdes marcantes e salão gigante, a igreja pode abrigar até 20.000 fiéis.

Para os que adoram comer, tenho duas dicas deliciosas e igualmente especiais para todos os tipos de bolso: o Viktualienmarkt, um mercado ao ar livre, e a cervejaria/restaurante Hofbräu.

O Viktualienmarkt é uma espécie de feira ao ar livre com tudo que há de melhor em comidas típicas bávaras, bem como temperos, mel caseiro, geleias, frutas maravilhosas e queijos de vários tipos. Prove tudo que lhe oferecerem e aprecie os aromas de cada barraca. Procure pelo Obatzda, uma pasta de queijo Camembert com páprica, cerveja e temperos e descubra que este é o acompanhamento perfeito para um bretzel tradicional.

Viktualienmarkt

Viktualienmarkt

A Hofbräuhaus foi fundada em 1589 pelo Duque William V da Baviera para uso próprio, a fim de evitar a fadiga que era ter que comprar a cerveja direto da Saxônia. Apenas depois de um tempo, em 1828, a cervejaria foi aberta ao público. O local é bastante amplo, com espaços em áreas internas e externas (ou biergarten, como eles costumam chamar os lugares onde se toma cerveja ao ar livre), e mesas no melhor estilo bávaro de ser: dois bancos grandes com uma mesa de madeira no meio. A decoração é simples, mas muito bonita, e o teto com pinturas é um espetáculo à parte.

Interior da Hofbräuhaus

Interior da Hofbräuhaus

Além de tomar o Maß de cerveja Hofbräu, ou HB para os íntimos – que na minha opinião é uma das melhores cervejas do mundo –, você poderá experimentar pratos típicos da Baviera: eisbein (joelho de porco)schweinsbraten (bife tenro de porco com batatas), würstplate (poutporri com várias salsichas alemãs), apfelstrudel (torta de maçã), entre outros, sempre regado a muita música tradicional.

Schweinsbraten com batata

Schweinsbraten com batata

O passeio pelo centro de Munique pode ser feito em um dia, para aqueles que tiverem pressa, ou em dois, para ter um pouco mais de folga para curtir cada detalhe. Acompanhe um dos muitos guias que transitam pelo local e conheça muitas histórias. Vale muito a pena!

Afinal, “In München steht, eins, zwei, g’suffa!” (Aqui em Munique – um, dois, nós bebemos!).

Eu, e a minha querida e amada Maß

Eu, e a minha querida e amada Maß


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