Categoria

Faniquito

Faniquito, Fazendo as malas

Portas em automático

20 de agosto de 2015

Por Erica Hideshima


Faniquito. Palavra que define toda santa viagem. Pra mim, a empolgação é a mesma na hora de fazer uma mala de cinco quilos pra passar o fim de semana trabalhando nos eventos esportivos da vida, ou quando preparo meus dois grandes volumes de 32 quilos pra passar um mês fora. E, confesso, conter a ansiedade de escrever sobre isso está bem complicado – uma palavra atropela a outra, dá vontade de contar um monte de histórias num post só…mas vou tentar me controlar.

Dizem por aí que “viajar é trocar a roupa da alma”. E como eu gosto de shopping, gente. Sério: viajar é a coisa que mais amo na vida – mais do que comer e dormir.

Cada vez que a gente sai de casa, sempre volta com um monte de coisas que dariam excesso de bagagem se fossem palpáveis e tivéssemos de colocar nas malas. Memórias, sensações, sabores e cheiros que sempre serão lembrados – mesmo que você volte para o mesmo lugar depois de anos.

Depois de rodar e rodar por aí a gente acaba criando rituais para que cada vez a viagem funcione melhor. Esses são os primeiros passos depois que escolho pra onde ir:

  • Checar o formato da tomada (e a voltagem dela)
  • Checar a temperatura média no mês
  • Checar os meios de transporte públicos.
Transporte público: pra ficar de olho (e às vezes fotografar)

Transporte público: pra ficar de olho (e às vezes fotografar)

  • Conferir no TripAdvisor as dicas de pontos turísticos e hotéis.
  • Fazer um roteiro dia-a-dia (flexível, claro), já estipulando quanto dinheiro gastar por dia e quais são os lugares a serem visitados – sempre cumprindo a ordem de prioridades. Geralmente eu seguro bastante o dinheiro nos primeiros dias, pra poder esbanjar da metade pra frente caso não haja nenhum imprevisto no meio do caminho.
  • Reservar os hotéis quase sempre no www.booking.com, que reserva e cancela quase sempre de graça.
  • Avaliar o custo benefício do hotel em relação aos lugares onde quero ir. Geralmente, procuro ficar perto de estações de trem e metrô pra chegar mais rápido nos pontos que quero visitar.
Tudo fica mais fácil com mobilidade

Tudo fica mais fácil com mobilidade

  • Ter sempre dinheiro a mais pra imprevistos como o citado aqui embaixo.
  • Especialmente checar os aeroportos menores se você viaja com companhias low cost – teve uma vez que achei que iria de Frankfurt pra Veneza e era em um aeroporto a mais de 100km de onde eu estava. Ou seja: é como se estivesse em Congonhas e tivesse de pegar o vôo em Viracopos. Me ferrei e desembolsei mais de 100 eurecas pra chegar ao aeroporto. E era um táxi ilegal – ou seja, se tivessem me matado e jogado no mato, jamais teriam descoberto. Espero que minha mãe não leia isso.
  • Guardar seu passaporte como se fosse sua vida – sim, me roubaram o passaporte em Nápoli. Acreditem: o passaporte brasileiro é o mais caro no mercado negro, já que brasileiro não tem cara de nada e tem cara de tudo. Vale a pena comprar aqueles porta documentos que você usa dentro da calça. Coloque ali também o cartão de crédito e seu dinheiro.
  • Ter um cartão pré-pago ligado à sua conta bancária. No Itaú, por exemplo, tem o Global Travel – transfiro dinheiro da minha conta pro cartão pagando uma taxa que vale a pena na hora de comprar aquele monte de coisa que a gente paga muito mais caro no Brasil.
  • Não pare na rua pra dar atenção pra gente puxando papo do nada. Os caras são muito bons em levar suas coisas sem você nem perceber. Em Paris, por exemplo, tem o golpe do anel de ouro. Eles tentam parar as pessoas na rua dizendo que elas deixaram cair o anel de ouro. Passe reto – e muito rápido.
  • Atenção para o peso da sua bagagem: em vôos intercontinentais as malas podem pesar 32 quilos cada. Mas se você for voar em companhias low cost dentro da Europa ou Estados Unidos, muitas vezes você só pode despachar uma mala – com, no máximo, 23 quilos. Os caras enfiam a faca mesmo porque sabem que as pessoas não podem jogar a bagagem fora.
Fique de olho na balança (da bagagem)

Fique de olho na balança (da bagagem)

  • Leve uma farmacinha na bolsa. Remédios para dor-de-cabeça, cólica e alergias nunca são demais. Sou meio hipocondríaca, confesso, mas me sinto muito mais segura saindo de casa sem medo de comprar coisas desconhecidas se eu passar mal.

Enfim, seguir guias pode ser muito chato. E minha intenção não é fica botando o terror em ninguém. Sei quanto enche o saco alguém dizendo “faça isso, faça aquilo”…

Disto isso, encerro minha primeira participação no Faniquito já com faniquito de escrever outro post. Mas aí, prometo, vai ser sobre por onde andei…e por onde quero andar.


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

Brasil, Faniquito, Perrengues

A primeira vez

10 de agosto de 2015

Acordamos e decidimos abrir o guia, numa página aleatória. Seria aquele nosso destino do dia – dependendo, do final de semana. Minha mãe mandou bater… Cunha. Pronto, temos pra onde ir. Onde fica Cunha? Não faço a menor ideia…! Vamos levar o guia pra padaria e descobrir enquanto a gente toma café? Vamos.

E assim nasceu nossa primeira viagem (já resumida em um parágrafo aqui mesmo, certa vez).

Café tomado, uma mochilinha com troca de roupa. Pegamos o carro e a estrada. Cunha é uma cidadezinha paulista (bem conhecida, diga-se – a gente é que nunca tinha ouvido falar mesmo), localizada quase na divisa com o Rio de Janeiro. Pelo caminho fomos descobrindo que é também a capital nacional do Fusca, entre outras curiosidades que nosso guia nos proporcionava. Mas não estamos aqui pra falar de Cunha – por mais que devêssemos. A história vale um texto porque nos propusemos a meter as caras num lugar novo de uma hora pra outra, e assim fizemos.

Das melhores sensações.

Das melhores sensações.

Apesar da carta de motorista desde os 21, seria minha primeira estrada na vida (uma vez que comprei meu carro só 2008 – ano em que reaprendi na marra a dirigir). Seguimos do final da manhã até a metade da tarde um caminho gostoso, com calma e uma certa ansiedade de quem está “fazendo acontecer” pela primeira vez na vida. Assim que chegamos, encostamos o carro num canto e fomos aproveitar o sossego do lugar. Tudo novo, tudo acontecendo pela primera vez – a gente inclusive, como casal novo e com a massa fresca, de quem ainda não sabia se teria futuro. Um passeio pelo centrinho, algumas fotos do fim de tarde, era hora de procurar algum lugar para passar a noite.

Um pouco de sossego, um novo amigo...

Um pouco de sossego, um novo amigo…

...um fim de tarde e uma boa história pra contar.

…um fim de tarde e uma boa história pra contar.

Rodamos a cidade inteira, literalmente (parece exagero, mas a cidade inteira é rodável, acreditem). Nenhuma vaga, em lugar algum. Recomendaram que fôssemos pra Parati. Longe demais pra risco semelhante, acabamos indo pra Guaratinguetá – igualmente sem vagas. Eis que num acaso bizarro, perguntamos no meio da estrada pra um motoqueiro se ele sabia de algum lugar, e ele nos sugeriu um motelzinho em Lorena. Agradecemos, mas não sabíamos sequer como chegar.

Eu levo vocês lá – ele disse. E a gente seguiu o motoqueiro. Até O MOTEL – que era um pulgueiro, mas tinha vaga, um chuveiro e uma cama. Nos bastava.

Com tudo absolutamente do avesso ao que havíamos imaginado, resolvemos seguir para Ubatuba no dia seguinte. Tentaria salvar aquela primeira viagenzinha indo até Itamambuca, mas chegando no entroncamento para as praias, o caminho estava totalmente entupido de gente. Nos conformamos em ficar por ali mesmo, numa praia mais central (e cuja qual obviamente não lembro o nome), que seria nosso destino para o almoço.

Que foi sensacional, e disso me lembro bem.

Algumas dessas conchinhas hoje estão aqui em casa.

Algumas dessas conchinhas hoje estão aqui em casa.

E nosso almoço não foi nada ruim, pra algo que nem namoro era ainda.

E nosso almoço não foi nada ruim, pra algo que nem namoro era ainda.

Paulistas que somos, botar o pé na areia já valeria pelo final de semana. Mas naquele momento a Dé sugeriu irmos atrás de um lugar chamado “cachoeira do macaco”, que ela havia lido (no guia ou numa placa, também não lembro). Procuramos incessantemente, até sermos guiados por um frentista, e darmos de cara com uma caixa d’água da Sabesp. Mais algumas voltas, e terminamos num lugarzinho mais gostoso, que compensou aquela volta toda.

A água que queríamos não estava numa caixa...

A água que queríamos não estava numa caixa…

E a soma de tudo deu... nisso :)

E a soma de tudo deu… nisso 🙂

Deu tudo errado, e nada saiu como planejado. Não importa. A primeira vez é inesquecível (pro bem ou pro mal, sabemos todos disso), e dali em diante começaríamos a ganhar experiência nessa coisa de viajar.

Tudo isso pra dizer e insistir: bote o pé na estrada. Sim, a situação econômica está terrível pra todo mundo. Mas assim mesmo, com um mínimo (às vezes, um tanque de gasolina, dinheiro pro pedágio e uns sanduíches na sacola térmica) a gente aumenta nosso mundo pessoal. Pode dar tudo errado: você pode dormir num pulgueiro, levar multa, pegar estrada no breu, dar de cara com uma linda e frondosa caixa d’água. Ainda assim será uma história a ser contada lá na frente. E toda história, quando bem contada, é muito boa. Saber rir da própria desgraça, mais ainda. Então, meta as caras. E não poupe seu dedo de fazer o trabalho do cérebro quando o assunto for escolher um destino, quando este insistir em te podar desses momentos.

Faniquito, Fofuras

A Dé e o Paul

18 de junho de 2015

De certa forma, é muito fácil escrever o texto de hoje.

É dia 18 de junho, aniversário do Paul McCartney. E como nosso site se propõe a falar de qualquer assunto relativo a viagens, é a primeira vez que o tópico “música” aparece por aqui. Paul McCartney que é de longe um dos sujeitos que mais amamos aqui em casa, e por quem abrimos nossos corações sem nenhuma censura. Um sujeito bacana, levinho e extremamente talentoso, cujo rosto estampa o pôster que está na parede da sala, juntamente de seus outros três amigos. Bobo eu seria se não desse à sua música ou dos Beatles os devidos créditos por viagens constantes, as quais felizmente posso fazer muito bem acompanhado.

Paul aniversaria hoje, e cantou nossa última música enquanto namorados, na manhã do nosso casamento. Por um minuto e quarenta e cinco segundos, “I Will” fez as vezes de calmante para um cara naturalmente nervoso, que precisou travar os dentes para que o coração não saísse pela boca. Naquele mesmo ano de 2010, teríamos a oportunidade de encontrar o ilustríssimo músico inglês – oportunidade que seria única, não tivéssemos cometido a loucura de comprar ingressos (caros, muito caros, ainda mais pra quem havia acabado de comprar um apartamento) para seus dois shows, em dias seguidos. Poucas vezes fomos tão felizes, com duas vezes três horas de uma espécie de hipnose coletiva cantada a plenos pulmões. Viajamos para longe, muito longe… sim, havíamos visto um beatle – de pertinho no primeiro dia, debaixo de chuva e um pouco mais longe no segundo. Cruzamos uma fronteira da vida que para ambos era tão importante quando conquistar novos horizontes, e daquelas duas noites jamais esquecemos.

Uma selfie antes do melhor show das nossas vidas.

Uma selfie antes do melhor show das nossas vidas.

Paul foi o responsável por tortamente adquirirmos um videogame, um controle em forma de bateria, outros de duas guitarras e um microfone, para que por vezes espalhássemos finais de semana caseiros em música que nos remete às nossas vidas. A casa vira taverna. A gente permanece viajando.

Paul é um membro da família, sem a menor dúvida. E pra ele eu deixo meu mais sincero desejo de felicidade plena e eterna – a qual ele certamente terá, dado que sua obra é imortal. E agradeço, por aproximar ainda mais minha pequena de mim. Não haveria escolha mais óbvia e linda para começarmos nossa vida juntos. Uma vida que já tem mais de 7 anos de história. Mas que hoje, seu aniversário, embala novamente o aniversário de outra pessoa, que me permitiu conhecer algo além do quintal de casa (quando minha casa nem quintal mais tinha), e me apresentou o mundo – para o qual passei a escrever há alguns meses por aqui.

Porque hoje Paul, é aniversário da Dé. Que num passado não tão distante me contou num desses churrascos da vida que tinha um sonho pra vida: conhecer Machu Picchu. Naquela época eu sequer imaginava que um dia seríamos os dois uma coisa só lá na frente, e aquele sonho contado de maneira tão distante me parecia coisa mais que difícil de ser feita – eu, devendo os tubos em cheque especial, ela vivendo de aluguel num quartinho na Vila Mariana. O tempo passou, as vidas se trombaram, e um ano depois de “I Will” encerrar nosso namoro e iniciar nosso casamento desembarcávamos no Perú. Não por acaso, a primeira foto do primeiro texto do Faniquito é justamente sobre essa conquista.

Do churrasco a Huayna Picchu foi um longo caminho.

Do churrasco a Huayna Picchu foi um longo caminho.

Foi com ela que eu reaprendi a sonhar (porque sim, meus amigos – eu desconfio dessa gente que é feliz o tempo todo, 24/7), desses sonhos fazer planos, e desses planos montar projetos que virariam viagens, que nos levariam a outros continentes, ou a um show do Paul McCartney. Foi ela que me segurou quando meu pai se foi, e com ela eu imaginei uma vida perfeitamente possível, e totalmente imprevisível, uma vez que sempre fomos o casal improvável. Mas deu tudo certo, e a gente tem muito a celebrar, sonhar,  planejar e viajar ainda.

Faniquito funcionando até em dia de chuva :)

Faniquito funcionando até em dia de chuva 🙂

Por isso, o texto de hoje saiu fácil. Falar daquilo que a gente ama é fácil, e a gente faz isso toda segunda e quinta. Mas hoje, me dei ao direito de falar de QUEM eu amo – e que não por acaso, contextualiza tudo isso de uma maneira muito simples. Parabéns Jinhu (ela é Dé pra vocês, mas Jinhu só pra mim)… e que seus sonhos continuem cada vez mais altos, distantes e coloridos. Eu compro todos, e deles faço questão de fazer parte e contar história por aqui.

Faniquito

Cento e oitenta e três

15 de junho de 2015

É uma semana festiva essa…

Nesse último domingo, o Faniquito completou seus primeiros seis meses de vida. Com este, são 48 os textos publicados desde 14 de dezembro de 2014. E pra nossa satisfação, nesse mesmo domingo atingimos os 800 seguidores em nossa página no Facebook. São apenas números, mas que ainda assim estão muito acima de qualquer pretensão inicial nesse projeto.

Começamos o Faniquito como uma distração. Um lugar onde pudéssemos – eu e a Dé – falar sobre um dos nossos grandes prazeres: viajar e descobrir o mundo. Que pudéssemos por alguns minutos, ou até algumas horas, nos distrair dessa rotina desgastante e destrutiva que vivemos nos dias atuais, e mergulhar em pesquisas, lembranças e planos que envolvessem essa paixão. Uma espécie de fuga, que nos forçaria a incorporar esses momentos (que sempre tivemos desde nossa primeira viagem) ao nosso planejamento diário. Dois textos semanais, em dias definidos: segundas e quintas-feiras. Preferencialmente sendo um meu, um dela – peso esse que a balança não equilibrou ainda, mas quem sabe seja equalizado mais pra frente.

E tem sido muito gostoso viver por aqui. Alguns amigos se juntaram ao projeto, e nos deram o prazer de trazer horizontes que ainda não desbravamos pra essa página, com outra visão e outras percepções – mesmo quando os destinos coincidem. E é muito bom dividir isso tudo, um carinho que ganhamos e que sequer era cogitado quando começamos a pensar esse projeto. Vieram novos adeptos, aproximaram-se outras pessoas, e nos vimos escrevendo pra muita gente, sem sequer sabermos se estávamos preparados pra isso. Esse susto é parte de qualquer empreitada, rumo a um novo destino, e não nos acomodamos em lugares comuns.

Este pequeno registro de hoje é um marco pra gente. E uma forma sutil de agradecer a todo mundo que acredita que a vida se resume a algo mais – e que esse algo mais nunca parece resumível enquanto estamos vivos e podemos descobrir algo novo. Tem sido muito bom isso tudo, e esperamos que vocês estejam aproveitando da mesma forma que estamos. Se possível, nos digam quem são vocês – o que têm achado, o que querem ver, o que não gostam… enfim, nos ajudem a apagar mais velinhas. A vida nunca parece suficiente pra gente fazer tudo o que deseja, mas esse pouquinho aqui tem sido uma experiência muito boa, e dele queremos voar ainda mais alto.

Obrigado mesmo, galera. 🙂

Faniquito

Turbulências

2 de junho de 2015

Sejamos sinceros: você, ser humano assalariado, de uma vida sem grandes luxos e ajustada, que faz parte de uma boa parcela da população brasileira, não está pensando em viajar no atual momento econômico deste país. Então por que cargas d’água você entraria semanalmente em nosso site, cujo mote principal é justamente “esse luxo” de botar o pé na estrada?

Acredite: há um motivo.

Por pior que seja o momento – e atualmente, ele é BEM ruim – a gente precisa de metas. Nossa primeira viagem em 2008 aconteceu sob o pior cenário possível: ambos desempregados, de passagem comprada alguns meses antes em outra situação, com dinheiro contado. Uma situação desgraçada, pois teu planejamento é todinho econômico: orçamento restrito, programação desconhecida, ajustes mínimos e improvisos perigosos. Mesmo de cabeça quente, fazendo contas todo santo dia e regulando os impulsos, nosso objetivo era claro: sobreviver àquela primeira incursão em terras estrangeiras. E mesmo tendo sido uma ótima viagem (sim, viajar sempre é bom, mesmo quando é ruim), o pau quebrou algumas vezes, e tivemos a companhia de uma certa tensão inevitável.

A gente sonha sem se preocupar com limites, e com a cabeça no lugar realiza o que estiver ao alcance. Nem sempre dá pra ir longe como gostaríamos – ao mesmo tempo em que é gostoso acompanhar a realização alheia, a gente sente uma frustração razoável em não poder igualar certas conquistas. É inerente ao ser humano esse desejo de algo mais, e é isso que constantemente nos move (ou pelo menos, deveria).

Por isso mesmo, o texto de hoje não é exatamente sobre destinos, dicas ou conquistas realizadas. É sobre motivação. Sobre sonhar com algo a mais, e não desanimar com as adversidades. Às vezes falta grana. Falta tempo. Dá errado. Sim, é muito fácil e muito cômodo vender a ideia de que sempre é maravilhoso, mas sabemos: não é assim na vida real. E a frustração faz parte – e da mesma forma que incomoda, serve de combustível pra gente arriscar na sequência.

Há sempre um longo caminho até a praia (menos para os cariocas) :)

Há sempre um longo caminho até a praia (menos para os cariocas) 🙂

Então sim, a gente continua falando de coisas bacanas. De lugares legais. De histórias divertidas, mesmo nesse momento “casca grossa” que estamos vivendo por aqui – todos nós. É nossa maneira de contribuir com aspirações maiores, com metas futuras, nosso apertar de lâmpada pra que haja uma luz no fim do túnel, e que a gente tenha capacidade e coragem de enfrentar a lama e os buracos pra chegar lá. E queremos você por perto, se inspirando quando possível, sonhando junto quando algo te emocionar, e estabelecendo metas pessoais. É nossa missão, nesse universo de tanta coisa ruim, botar um pouco de alegria e cor nos dias de todo mundo.

Não estamos num comercial de margarina, numa novela da Globo, nem vivendo em cenários do Instagram. Toda viagem longa tem turbulências, mas a ideia é sempre passar ileso e pousar com tranquilidade em nosso destino. Força aí, molecada… que o Faniquito não pode parar 🙂

Faniquito

E o que fica?

28 de maio de 2015

Existe uma coisa mais importante do que a viagem em si: o conjunto de memórias que ela nos proporciona. Somos feitos de experiências, que nos afetam e transformam a todo instante. Num período especial – como uma viagem, uma data especial como um aniversário, um reveillon ou outras festas – tudo o que queremos é aproveitar ao máximo cada momento, e que de tão especiais levá-los dali em diante pro resto da vida. Mas sabemos que o tempo é cruel, e aos poucos certas memórias perdem cor, vida, detalhes e emoções, podendo se transformar futuramente numa imagem turva daquilo que já foram um dia.

Por sorte, vivemos num mundo onde qualquer registro é possível de diversas e excelentes maneiras. Hoje em dia qualquer pessoa pode gravar um vídeo (e que luxo era isso há 20 anos), um depoimento, ou ainda tirar fotos e mais fotos sem se preocupar “se o filme está acabando”. Possuímos um aparato considerável, a preços módicos e bastante populares já há algum tempo. Nossa memória agradece, pois tenho certeza que num futuro distante, mesmo que esses registros tenham se tornado obsoletos, eles existem – e resgatá-los será uma possibilidade E uma necessidade de toda uma geração.

"Minhas férias" - versão 1985

“Minhas férias” – versão 1985

Mas você já parou pra pensar como andam os seus registros?

Sim. Preservar as memórias é tão necessário quanto acumulá-las. E antes que eu seja considerado um cara com TOC, vou exemplificar o que quero dizer: em algum momento você já revirou as fotos (aquelas, reveladas, tiradas em máquinas analógicas) da sua infância? Conseguiu identificar as pessoas que estão ali? Ou as situações? Em que ano foram tiradas? Por sorte você talvez consiga encontrar aquele carimbo estratégico no rodapé ou no verso da chapa (e na pior das hipóteses, aquela data digital horrorosa no rodapé da foto). É pouco, mas é o que tínhamos… organizávamos álbuns de 24 ou 32 fotos, e nos baseávamos neles para contar uma história que só podia ser vista individualmente.

Hoje, tiramos 32 fotos durante nosso almoço, e exibimos pro mundo.

Então, que tal seguir umas dicas básicas pra organizar direito essa bagunça, e não fazer das memórias da sua viagem um catadão de arquivos aleatórios? Nada de muito difícil ou avançado, e que fará toda a diferença quando daqui a algum tempo você quiser lembrar onde e quando tomou aquele sorvete maravilhoso:

1) Uniformize e não invente

Local / AnoMêsDia_0001 - é baba.

Local / AnoMêsDia_0001 – é baba.

Lugares têm nome. Dias são datas. Monte pastas levando em consideração essas duas informações, e dificilmente você perde aquilo que registrou. Nada de “Nova Pasta (1)” e “Unnamed File”. Mais: se existe um diretório IMAGENS no seu micro, USE: crie um diretório Fotos, outro chamado Viagens dentro dele, e pronto! Parece besta porque é óbvio. Pras lembrancinhas físicas, a mesma coisa. Guarde tudo junto, num só lugar. E organize – é muita sacanagem jogar tudo num canto e depois querer achar alguma coisa. Sua viagem e suas memórias merecem respeito.

2) Backup – faça quantos puder

Mais vale dois HDs funcionando do que um soltando fumaça.

Mais vale dois HDs funcionando do que um soltando fumaça.

Já imaginou perder todos os registros de uma viagem inesquecível por desleixo? Nunca mais ver aquela foto incrível, tirada longe pra burro de casa? Nunca confie plenamente no HD do seu micro. Ou no seu cartão de memória, que pode ficar guardado acidentalmente ao lado de um ímã. Faça cópias dos seus arquivos – em DVD, HDs externos, em nuvens, pen drives, enfim… porque se existe uma certeza nesse mundo, é que um dia a sorte acaba – pra todo mundo. Então, seja precavido.

3) Está viajando? Gostou do lugar? Pegue uma lembrancinha e leve na mala.

Tente lembrar do nome do prato daquele restaurante húngaro...

Tente lembrar do nome do prato daquele restaurante croata…

Pode ser cartão de visita, guardanapo, etiqueta, folheto, bolacha de copo, o que for. Chegando em casa, organize um “coisário” com essas bugigangas. Se visitou várias cidades ou países, divida as coisas em envelopes ou saquinhos. Pode parecer besteira, mas se alguém te perguntar sobre o que fazer em certo lugar que você já visitou, a dica sairá redondinha. Não é mole guardar detalhes de diversos lugares visitados uma única vez, mas relembrar é fácil quando você tem à mão uma lembrancinha.

4) Faça um diário durante a viagem

Serve até como terapia, às vezes.

Serve até como terapia, às vezes.

Querido diário, as minhas férias foram…” – NÃO. Nada disso, pelamor. Acabou o dia? Antes de dormir (naquela pausa no banheiro, ou mesmo deitado na cama) faça um resuminho rápido dos principais acontecimentos do dia. Na hora de contar pra todo mundo com foi sua viagem, nada vai ficar pra trás, e quando quiser relembrar, essas anotações serão um roteirinho mais que simpático pra você sentir saudade daqueles dias 🙂

5) Capriche, e respeite suas memórias

Rale, e faça seu equipamento ralar também.

Rale, e faça seu equipamento ralar também.

Uma viagem é uma conquista importantíssima. Faça valer. Registre coisas interessantes, momentos bacanas, e viva intensamente cada segundo. São dias de deleite, não de pressa. Faça algum esforço para se orgulhar dessas memórias: cuide bem do seu material, tire fotos e faça seus vídeos com calma e cuidado. Mas não viva de fotos: viva os momentos que estarão nelas. Contar uma história bem vivida é mole – e a foto ou o vídeo são excelentes auxiliares, mas o protagonista é você.