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Chapado na chapada

26 de fevereiro de 2015

Por Flavio Pucci


Calma leitor, quem me conhece sabe que não sou adepto de coisas ilegais. Não fumo, não injeto, não cheiro…só bebo, e viajo. Viajo pra caralho. Numa dessas viagens, eu e minha (hoje) esposa pegamos 30 dias de férias e fomos de carro de São Paulo à Recife. Que viagem.

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Tudo isso de Uninho – chupa Land Rover.

Poderia escrever aqui sobre a viagem toda, mas com certeza deixaria escapar detalhes importantes. Um texto é pouco. Prefiro então focar num bom capitulo dessa longa viagem, a Chapada Diamantina.

Chegando em Lençóis, não dávamos muito para a cidade, nem para o que nos aguardava por entre aquelas montanhas. Já na pousada, conhecemos o Alcino, um cara de papo manso e várias histórias sobre a cidade. Além de pousada, o lugar tem um atelier nos fundos com vários souvenirs legais para levar de recordação. Nada de brindes escritos “lembrança da Bahia” ou coisas do tipo. Compramos uns copinhos de cachaça feitos a mão, uma graça.

Todas as manhãs, o Alcino serve o melhor – não sei que nome dar pra isso, mas eles chamam de – café da manhã do mundo. Tem de tudo, é tudo fresco e tudo feito na hora. Se você perguntar sobre algum ingrediente, é capaz de ouvir toda a história da família do Alcino com pontos em comum com a história de Lençóis. Sentar para tomar um café da manhã ali, é sem dúvida uma viagem. E é tão “turístico” isso que você pode fazer mesmo sem estar hospedado na pousada.

Café da manhã na Estalagem e Atelier Alcino (foto da internet)

Café da manhã na Estalagem e Atelier Alcino (foto da internet)

Durante toda a viagem, eu e a Carla chegávamos nas cidades com aquele pé atrás de todo brasileiro. Desconfiando um pouco aqui, não acreditando um pouco acolá. Lençóis deu um tapa gigantesco na nossa cara. Ainda bem. Que cidade hospitaleira, que cidade foda. Puta merda.

Num restaurante argentino chamado El Jamiro*, conhecemos uma garçonete, a Ale, que foi nossa guia (até espiritual) e disse tudo o que tinha de melhor por ali. “não deixem de fazer o Vale do Pati”. Ela foi tão simpática que repetimos de restaurante no outro dia só para encontrá-la e ouvir mais um pouco da cidade. Ela tinha planos de abrir um café, o Café de Todos os Santos, espero que já esteja funcionando… e bombando. Lembro que naquela noite fomos dormir pensando em largar tudo e abrir qualquer coisa em Lençóis.

Carla em frente o El Jamiro, mal sabendo o que estava por vir...

Carla em frente o El Jamiro, mal sabendo o que estava por vir…

Vamos à Chapada, mais especificamente ao Vale do Pati. Os outros passeios são bons mas são um tanto quanto comerciais. Ficam próximos da cidade e não te dá aquela sensação de “faço parte dessa porra chamada natureza”. A maior verdade que encontrei revendo as fotos e até pensando sobre esse lugar é que: não existe texto nem foto que descreva essa porra. Posso te mostrar mil fotos, escrever mil textos e falar feito um idiota. Nada se compara a caminhar entre os vales, passar pelas montanhas e chegar num mirante, puta merda. Falta ar… e quando chegamos lá, tudo o que queremos é ficar ali, sentado, contemplando. Você fica, como diria Rubem Alves, estupidificado.

Nóis no mirante

Nóis no mirante

Ficamos 4 dias caminhando (uma média de uns 20km por dia), tomando água de rio, banho de cachoeira e conhecendo pessoas. No meio dessas andanças, conhecemos o Seu Nô, um senhor que nunca ouviu falar do Neymar. “E Messi, quem é? Conheço o Pelé, pode ser?” O Vale do Pati é um lugar ímpar. Lá, a casa que tem geladeira, não tem fogão e a casa que tem fogão, não tem geladeira. Mas todas têm muita história pra contar.

Casa do Seu Nô, onde ficamos hospedados duas noites.

Casa do Seu Nô, onde ficamos hospedados duas noites.

Esse passeio de 4 dias você pode fazer sozinho ou com um guia. Escolhemos a segunda opção por questões de “faltamos todas as aulas de geografia e não sabemos ler mapa nem bussola”. Ainda bem porque o nosso guia não poderia ser melhor, o Diógenes. Um figura, torcedor do Vitória, simples de tudo e que gostava de “meditar”. Vivia nos convidando para “meditar”. Fomos descobrir mais tarde que “meditar” era o mesmo que “fumar um”. Disse a ele que não curtia muito essas paradas e que, estando ali na Chapada, não precisava usar nada para se sentir chapado. #tudumpish.

Eu e o Diógenes, nosso guia.

Eu e o Diógenes, nosso guia.

Não acredito em destino mas (momento cliché do texto), esse tipo de viagem parece que vem com parte do roteiro pré determinado e uma pequena nota de rodapé: você só vai encontrar gente foda pelo caminho. E vai querer voltar, certeza. Seu puto.

A lembrança que temos da Chapada é que:
1) cansa pra caralho.
2) vale a pena pra caralho.


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*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Brasil, Dinheiro, Venezuela

Monte Roraima: como faz?

9 de fevereiro de 2015

Agora que já contei sobre minha relação de amor e ódio com o Monte Roraima, porque não dar os detalhes de como fazer a viagem? Afinal, quem nunca imaginou chegar lá em cima?

O planejamento da viagem é relativamente simples, e assim como qualquer outra viagem, existem agências que fecham pacotes pra fazer o tour. O problema é que se você comparar os preços desses pacotes com os de se fazer uma viagem por conta, é desanimador. Uma viagem barata acaba saindo pelo dobro – ou até o triplo – do valor. Então resolvemos fazer tudo na cara e na coragem…

Fomos para Boa Vista (RR) de avião. A cidade é relativamente pequena, e até tem alguns tours pra se fazer por lá, mas resolvemos não explorar muito e ir direto pra a Venezuela. Saímos de Boa Vista rumo a Pacaraima na parte da manhã. A fronteira entre Brasil e Venezuela tem fama de não ser muito “confiável” em relação a horários (li relatos de que às vezes fecham pro almoço, e só voltam no dia seguinte), portanto a ideia era chegar por lá ainda pela manhã. Fizemos esse trajeto entre as duas cidades de táxi coletivo. Essa viagenzinha, que leva de duas a três horas, custa uns R$ 35,00 por pessoa (consideravelmente mais barato que a viagem de táxi normal, que sai por volta de R$ 150,00). Uma coisa interessante nesse trajeto é que alguns dos táxis coletivos – especificamente os da Companhia Pacaraima – fazem uma parada estratégica pra banheiro e um lanchinho num restaurante chamado Rosa de Saron, onde é servida a paçoca – coisa linda de Deus…

Tá lá escrito: TEMOS PAÇOCA. E se você pensa que estamos falando de amendoim...

Tá lá escrito: TEMOS PAÇOCA. E se você pensa que estamos falando de amendoim…

...errou feio. Carne, farofa, cebola e água gelada: quem precisa de mais?

…errou feio. Carne, farofa, cebola e água gelada: quem precisa de mais?

Pacaraima é a ultima cidade brasileira, bem na fronteira com a Venezuela. É uma cidadezinha tão pequena que o “caixa eletrônico” do Bradesco é uma mulher atendendo dentro de um mercadinho. As dezenas de táxis que te levam a Santa Elena de Uairén estão concentrados bem do lado da fronteira, só esperando encher o carro pra te levar à cidade. Esse é um trajeto bem mais rápido, de uns 20 minutos, que custa de 2 a 3 Reais.

Bradesco: humanizando o atendimento.

Bradesco: humanizando o atendimento eletrônico.

Já em Santa Elena, nos hospedamos no Hotel Michelle. Ele é bem localizado, perto do centro da cidade, com vários lugares pra comer por perto. Os albergues e pousadas da cidade são basicamente a mesma coisa: meio precários, com um wi-fi bem lento, ventiladores barulhentos e os preços são bem parecidos. Santa Elena de Uairén não é uma cidade turística: não tem muita coisa pra se fazer, nem lugares bonitos para ver, mas serve de base pra praticamente todos os tours do Roraima. De todos esses, a grande maioria sai da frente da Posada Backpackers.

Santa Elena de Uairén é basicamente isso aí durante o dia.

Santa Elena de Uairén é basicamente isso aí durante o dia.

Se você andar um pouquinho pela cidade, vai encontrar várias pessoas oferecendo o tour pro Roraima e/ou pro Salto Ángel. Também existem outras tantas opções e guias independentes, com os quais você pode entrar em contato pelo Facebook ou mesmo por telefone, negociar e fechar o passeio. Resolvemos fazer o nosso com o pessoal do Backpacker Tours, pela estrutura que eles ofereceram. Em outros casos, teríamos que carregar, armar e desarmar a barraca, carregar comida, o preço do carregador seria mais caro, ou ainda teríamos que esperar alguns dias a mais pra fechar um grupo e sair. Enfim… as opções são inúmeras. Mais uma vantagem de fechar com eles foi o Ricky – nosso guia – do qual já tinha ouvido falar muito bem.

Os preços dos tours são bem parecidos em todos os lugares que você pesquisar, assim como a forma que todos eles trabalham. Então, basta achar um lugar que te inspire confiança.

A imagem da confiança.

A imagem da confiança.

Ricky: de amado a odiado, e depois amado de novo. Histórias em breve.

Ricky: de amado a odiado, e depois amado de novo. Histórias em breve.

Um ponto muito importante é o dinheiro. O câmbio oficial atual diz que um Real equivale a mais ou menos 2,27 bolívares venezuelanos. Na época (setembro de 2013) a média era de 1 pra 2,70 ou 2,80. Acontece que o câmbio oficial por lá não quer dizer quase nada. A coisa mais normal do mundo é trocar dinheiro na fronteira, onde o câmbio “paralelo” é o mais favorável. No dia em que chegamos na Venezuela, esse tipo de câmbio era de 1 pra 18. Já no último dia, tinha subido para 1 pra 23. Em uma das pesquisas de preço que fizemos, a mulher responsável pelo tour chegou a ligar para um conhecido na fronteira, e perguntar como estava o câmbio antes de nos passar o valor. Então é bom ficar atento a essas variações.

Pega essa, Eike Batista.

Pega essa, Eike Batista.

Outra coisa importante: a nota mais alta de bolívares é de Bs.F. 100,00. Isso pode ser um problema na hora de trocar o dinheiro, pois você pode ter que contar centenas de notas ali, na fronteira, dentro de um táxi coletivo, e voltar com elas escondidas na cueca, no sutiã ou sabe-se lá onde. A parte boa é que dá um up na sua moral… afinal, quando no Brasil você se sentiria tão rico assim?

Brasil, Perrengues, Venezuela

Eu e o Roraima, o Roraima e eu

2 de fevereiro de 2015

A viagem que fizemos para o Monte Roraima não foi a melhor, nem a mais divertida, mas com certeza foi a mais marcante.

Durante as minhas pesquisas, acho milhares de lugares que vão entrando na lista de lugares que quero conhecer. A chance de conhecer alguns desses lugares, mesmo estando lá, é mínima. Talvez pela distância, por serem de difícil acesso, ou então por ser um lugar mais caro… mas nada disso diminui minha vontade de realmente conhecê-los.

O Monte Roraima era uma dessas viagens. Da primeira vez que li a respeito já pensei em fazer essa loucura, mas depois acabei deixando a ideia um pouco de lado: é uma viagem difícil, requer um preparo físico que nós definitivamente não temos e (convenhamos, gordinhos que somos) não teríamos num futuro muito próximo.

Você não é nada perto do Roraima.

Você não é nada perto do Roraima.

Aí lançaram UP… e eu, sendo essa pessoa completamente influenciável, me pus a pensar no Roraima de novo. O filme é maravilhoso, mas o que realmente me impressionou foi a parte do DVD que mostra a viagem que os desenhistas fizeram pra lá, pra conhecer e criar o universo do filme com mais propriedade.

Sempre vemos fotos do Roraima e principalmente do topo. Claro, as fotos são incríveis… mas fotos são fotos, e aquele documentário mostrou um mundo simplesmente diferente de qualquer outro lugar que eu já tenha visto.

Bom, desconsiderei o fato de que os desenhistas foram até uma parte do caminho de helicóptero, resolvi não esquentar a cabeça com detalhes bobos como “preparo físico”. Usei todo meu poder de persuasão para convencer o Masili, e decidi que sim: subiríamos o Roraima. Vale dizer que nossas duas únicas experiências anteriores com trekking haviam sido: uma mini-trilha, e outra mais longa e relativamente fácil – ambas na Patagônia. Mas isso foi só mais um detalhe que eu resolvi ignorar. Então lá fomos nós, ingenuamente ansiosos.

Essa parrede é 3 vezes maior do que parece na foto.

Essa parede é 3 vezes maior do que parece na foto.

Fechamos a nossa ida ao Roraima com a Backpacker-Tours, e no dia anterior à subida tivemos uma reunião com o guia, que serviu basicamente para nos dar alguns avisos importantes, como “quanto custa um resgate de helicóptero”, ou ainda um breve relato do trecho mais difícil e perigoso da descida, o funcionamento geral da viagem, logística, etc. Saímos de lá com um “medo saudável”, aquele medinho controlável que te impulsiona rumo a uma nova aventura, ao desconhecido, mas que deixa sempre uma pulguinha atrás da orelha…

Os próximos 6 dias foram extremos em relação ao esforço físico. Senti músculos da cintura pra baixo que eu nunca imaginei ter. Andei mais durante aqueles dias do que ando normalmente durante um ou dois meses. Durante a noite, dormíamos em uma barraca – uma mesma barraca por 5 noites, diária e estrategicamente montada em cima de pedrinhas (que durante a noite pareciam verdadeiros pedregulhos). A descida da volta me proporcionou bolhas no pé que eu nunca desejarei ao meu pior inimigo. A experiência toda deveria ter sido detestável, mas não foi. Muito pelo contrário, foi emocionante. O Masili demorou alguns meses para começar a ter carinho pela viagem, mas mesmo com dores e pensando que eu realmente havia dado um passo maior que a perna, achei aquilo tudo maravilhoso.

O único lugar onde você é recebido por uma tartaruga de pedra...

O único lugar onde você é recebido por uma tartaruga de pedra…

...por um sapinho minúsculo que não pula...

…por um sapinho minúsculo que não pula…

...e é cercado por pedras que não fazem o menor sentido.

…e é cercado por pedras que não fazem o menor sentido.

Confesso que passar por essa provação toda fez com que eu me sentisse muito bem comigo mesma – quase uma vencedora, mesmo sendo sempre a última a chegar no nosso grupo, a mais devagar, e a que notoriamente estava mais cansada. Mas diferente da maioria das pessoas que nos acompanhou, eu não fui por causa do trekking: meu objetivo lá era muito claro. Eu queria chegar no topo, queria estar dentro daquele mundo tão diferente e tão bonito que eu tinha visto por fotos e pelo documentário, queria ver de perto aquelas rochas em formatos bizarros, encontrar algumas plantas que só crescem ali, conhecer o sapinho minúsculo preto que não pula, presenciar o clima instável, ficar no meio das nuvenzinhas passando frio pra logo depois sentir calor, ver o mundo de cima daquele monte sem cume.

Cheguei lá. Sem casa, cachorro, nem amiguinho escoteiro.

Cheguei lá. Sem casa, cachorro, balão colorido ou amiguinho escoteiro.

Apesar do sofrimento, de todas as dores, e até um mergulho acidental em uma piscina de lodo, eu consegui exatamente o que queria ao subir o Roraima: me senti em outro planeta andando pelo topo, numa paisagem inigualável. Aliás, meu sucesso foi tão grande que estou pensando seriamente em desconsiderar detalhes bobos como todos os perrengues que passamos e começar a sonhar com, talvez… o Kilimanjaro!

Argentina, Brasil, Paraguai

A maior queda-d’água
em volume do mundo

19 de janeiro de 2015

Por Vanessa Marques


Sim, é isso mesmo. A maior cachoeira em volume de água do mundo fica aqui pertinho da gente. Foz do Iguaçu, o segundo destino brasileiro mais procurado pelos gringos, é bastante subestimada pelos próprios brasileiros. Conheço muitas pessoas que já visitaram mais de uma dezena de países, mas nunca se animaram em ver as majestosas cataratas de perto. Que pena! Se eu tivesse que listar as três coisas mais bonitas que já vi neste mundão-de-meu-deus, certamente as cataratas estariam entre elas. Foz do Iguaçu é absolutamente imperdível. Acredite em mim.

Primeira coisa: quando falamos “Foz do Iguaçu”, não vamos nos prender à cidade em si. Foz é uma cidade de fronteira, consideravelmente grande e sem uma identidade bem definida. Dentre as grandes cidades do Brasil, certamente não é uma das mais interessantes. Mas vamos considerar uma visita a Foz como uma viagem à tríplice fronteira, que envolve também Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina). As três cidades ficam a poucos minutos de distância entre si.

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A primeira dúvida de quem viaja a Foz costuma ser relativa a hospedagem: Foz ou Puerto Iguazú? Bem, depende dos seus objetivos de viagem. Se seu foco for comprar bugigangas no Paraguai, sugiro ficar em Foz, pela proximidade. Se você quiser conhecer as cataratas e aproveitar bons restaurantes de comida argentina a uma curta caminhada de distância, Puerto Iguazú sem dúvida é a sua escolha.

Se optar por Foz, uma dica econômica de hospedagem no centro é o Hotel Pietro Ângelo*, com diárias em torno de R$ 200 para duas pessoas. A localização é boa e o hotel foi reformado recentemente: http://goo.gl/wSL8NI. Bem perto dele, uma ótima opção para o jantar é o Vó Bertila Pizza & Pasta, um gostoso restaurante italiano bem aconchegante.

Para quem quiser ficar na pequena cidade argentina, um hotel que indico por sua excelente localização é o Yretá Apart Hotel, com diárias em torno de R$ 220 (http://goo.gl/q7sdRU). A rodoviária da cidade fica bem próxima a ele, o que permite fácil acesso às linhas de ônibus que ligam Iguazú às cataratas brasileiras, argentinas, Ciudad del Este, centro de Foz e etc, tudo por um preço bem camarada. Os restaurantes também ficam muito próximos e alguns são excelentes. Algumas dicas para quem aprecia os bons cortes argentinos: Aqva, La Rueda 1975 e El Quincho del Tio Querido, todos no centrinho (minúsculo) da cidade. Para quem procura um barzinho para a happy hour, o Puerto Bambu Resto Bar, na esquina mais bacana da cidade, é a melhor escolha. E se você procura alta gastronomia contemporânea com referências francesas e italianas, faça uma visita ao De La Fonte. É uma boa chance de conhecer um restaurante deste tipo sem pagar os preços extorsivos cobrados aqui no Brasil.

Os táxis na região são um tanto caros. Se optar por fazer os passeios utilizando este meio de transporte, negocie com o mesmo taxista um pacote para todos os dias por um preço fechado, chorando um bom desconto. Como disse no parágrafo anterior, a partir de Puerto Iguazú é tranquilo fazer os passeios de ônibus por preços baixos. Em Foz o transporte público é mais complexo e disperso. Outra opção é alugar um carro no aeroporto de Foz. Verifique apenas se a CNH brasileira é válida na Argentina, e NEM SONHE em entrar com o carro alugado no Paraguai, por motivos óbvios.

 

ATRAÇÕES

Ah, elas merecem um capítulo separado.


Parque das CataratasLado argentino

Separe o primeiro dia (de sol) para conhecer o parque argentino. Se todas as atrações estiverem abertas, vai levar um dia inteiro. Tome um café reforçado antes de sair. Chegando ao parque, entre pela trilha “Sendero Verde”, que é curtinha – desta forma você evita o trenzinho lotado na primeira estação. A trilha termina em um lugar onde existe uma lanchonete, banheiros e entrada para outras trilhas (chamados de “circuitos”). Sugiro começar pelo Circuito Inferior, que é o mais cansativo. Faça o Circuito Inferior inteiro, tome o barquinho para a Ilha de San Martin e suba o monte para ter uma vista inesquecível das cataratas. Esse percurso todo, ida e volta, deve tomar as três primeiras horas no parque (fazendo com calma). Voltando, faça um lanche e siga para o Circuito Superior. Esse é rápido e beeeem mais leve, sem cansaço. Aí tome o trenzinho rumo à estação Garganta Del Diablo e faça este último circuito, que é basicamente 1 km pra ir e outro pra voltar, mas totalmente plano, sobre o rio, bem calminho. No final, você ficará frente a frente com uma das vistas mais impressionantes deste planeta… Prepare-se!

O Parque das Cataratas do lado argentino...

O Parque das Cataratas do lado argentino e sua aura de “Ilha da Fantasia”

Parque das CataratasLado brasileiro

O parque brasileiro não requer um dia inteiro, já que é bem menor que o argentino, mas se você quiser fazer as coisas com calma, talvez seja melhor não marcar mais nada para este dia. O “nosso” lado das cataratas tem uma super infraestrutura que agrada até aos gringos mais exigentes. Para começar, entre no ônibus e desça na estação Macuco Safari, um passeio de bote bem radical que sobe o rio ao estilo “taca-le pau” e termina embaixo de uma queda d´água muito forte. Se possível, leve uma muda de roupa e toalha, MESMO QUE ESTEJA USANDO CAPA DE CHUVA. O passeio molha de verdade. Mas vale muito a pena! É demais!

O Macuco do lado brasileiro custa 170 reais (janeiro/2015). No lado argentino o passeio custa menos, mas dizem que não é tão seguro. Há alguns anos aconteceu um acidente grave quando um bote virou.

Quando terminar o Macuco, tome o ônibus novamente e desça na estação “Trilha das Cataratas”. As vistas dessa trilha são deslumbrantes: você vai ver todas as quedas argentinas a partir do melhor dos camarotes. No final dela também existem vistas incríveis: é lá que as pessoas clicam a foto clássica do arco-íris:

...e do lado brasileiro. Com arco-íris e tudo.

Duplo arco-íris, verdadeira ostentação da natureza, porque beleza pouca é bobagem.

Outras atrações da região: Ciudad del Este (mesmo para quem não é muambeiro, vale pelo interesse “antropológico”, por assim dizer), Usina de Itaipu, Parque das Aves, Free Shop de Puerto Iguazú (uma opção para quem quer fazer compras sem enfrentar o perrengue paraguaio), Templo Budista de Foz e Tríplice Fronteira. Mas tenha em mente uma coisa: as cataratas são as estrelas absolutas da região. Se for preciso, abra mão de qualquer outra atração para visitá-las tanto na Argentina quanto no Brasil. Depois volte aqui para me contar como foi. Boa viagem! 🙂


Se você quiser participar das publicações do Faniquito com suas histórias, curiosidades e dicas de viagem (e não importa o destino), é só entrar em contato com a gente por esse link. Todo o material deve ser autoral, e será creditado em nosso site.

*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Brasil

A grama do vizinho

12 de janeiro de 2015

Budapeste é uma das cidades mais impressionantes que já visitei. Durante todo o tempo que estive lá fiquei perplexa com as paisagens que a cidade oferece.

De um lado o Castelo de Buda, de outro a Chain Bridge e mais pra frente o Parlamento. Por um tempo considerei a ideia de morar ali, ter a oportunidade de ver essa cidade linda todos os dias, me sentir minúscula perto de tantos prédios gigantescos e cheios de história, de ficar embasbacada todos os dias ao passar por uma mesma rua.

Ah... o Parlamento <3

Ah… o Parlamento <3

Mas será que isso é possível?

Quando digo “Budapeste”, sinta-se à vontade para trocar o nome da cidade por qualquer outra: Praga ou Viena, que têm tantos prédios históricos quanto Budapeste; Dubrovnik com suas muralhas gigantescas e suas ruazinhas estreitas e lotadas; El Chaltén, que tem no seu quintal o Fitz Roy, absurdamente lindo e imponente; Rio de Janeiro com o Pão de Açúcar e a sua vista maravilhosa; São Paulo com suas… ahm… seu… hmmm… seus prédios intermináveis? Seu bolsão de poluição no céu?

Que céu poluído mais bonito!

Que céu poluído mais bonito!

Essa história de morar em Budapeste e ver tanta beleza todos os dias me fez pensar: morando em uma cidade qualquer, fazendo parte do seu cotidiano, mergulhada na sua rotina, é possível prestar atenção no que a sua cidade realmente te oferece? Não estou falando de coisas pra fazer, de lugares para comer, isso todos nós sabemos e estamos procurando conhecer cada vez mais. É possível olhar a sua cidade com os olhos de alguém que vê uma cidade pela primeira vez, por exemplo? É possível andar pela mesma rua todos os dias e não deixar que a paisagem vire somente um cenário, daqueles que você sabe que está lá simplesmente porque sempre esteve ali, e sempre vai estar?

Nasci em São Paulo, mas me mudei para o interior e por lá fiquei durante alguns anos. Nós morávamos relativamente perto da capital, então vínhamos pra cá várias vezes. Lembro de chegar em São Paulo uma vez, e em pleno dia útil pela manhã a Avenida Professor Francisco Morato estava toda livre (coisa que não se vê mais hoje em dia). Andar por aquela avenida gigantesca vendo uma cidade completamente diferente da minha me fez achar tudo aquilo muito novo e divertido. Voltamos a morar em São Paulo e depois de algum tempo (não muito) me acostumei de novo com a cidade. Acostumei tanto com a cidade a ponto de voltar da nossa última viagem achando que São Paulo não é uma cidade turística, e que não oferece paisagens impressionantes pra quem chega aqui. Que o caos do cotidiano é tão intenso que, como pode alguém querer conhecer essa cidade quando se tem o Rio de Janeiro, cheio de praias e belezas naturais, um pouquinho mais pra cima?

Foi nesse contexto que me propus a prestar atenção no que está ao meu redor. Cheguei em São Paulo decidida a dar uma chance pra esse lugar tão cinza e hostil. Confesso que é uma tarefa difícil quando se está parada no trânsito em um carro sem ar condicionado, ou então de pé num ônibus lotado, mas a experiência tem sido gratificante.

É olhar com carinho que a cidade retribui.

É olhar com carinho que a cidade retribui.

Por exemplo, existe um prédio na Marginal Pinheiros que integra de uma forma espetacular a tal “parede viva” com uma fachada espelhada e imponente – coisa que nunca vi em nenhum outro lugar. Sempre achei que as praças de São Paulo não eram usadas, mas duas ruas atrás de onde trabalho tem uma pracinha cheia de sombras, muito gostosa pra sentar, descansar e tomar coragem antes de voltar pra labuta. Me descobri uma fã dos prédios espelhados e acho que um bom paisagismo faz desses prédios um multiplicador de paisagens bonitas e céus azuis cheios de nuvens. As belezas estão aí pra quem quiser vê-las, não são tão óbvias quanto as de Budapeste, e às vezes não têm tantas histórias quanto as de lá, mas achar beleza no meio do caos está me parecendo recompensador.

Umas das grandes vantagens de viajar é que chegar num lugar novo te faz enxergar com outros olhos, te faz aceitar coisas novas, experiências diferentes. E conseguir trazer esse olhar e essa abertura pra sua vida cotidiana… aí que a coisa toda se torna enriquecedora.

Nuvenzinhas x 2

Nuvenzinhas x 2