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março 2015

Brasil, Faniquito

“A gente precisa mergulhar”

10 de março de 2015

Da ideia à concepção foram aproximadamente sete meses. Estávamos em nossa última viagem, fazendo um passeio de caiaque. O grupo parou em uma praia para descansar, e além dos sanduíches, máscara e snorkel estavam disponíveis para quem quisesse nadar um pouco e dar uma olhada nos peixinhos. Foi o que fizemos, e mágico talvez defina a sensação que tivemos ali – a Dé especialmente, que chegou doida pelo caiaque, e saiu apaixonada pelos peixinhos.

A gente precisa mergulhar – ela disse.

Com essa frase voltamos pra casa, e esse pensamento virou um mantra, que virou pesquisa, que virou matrícula. Era início de dezembro quando passamos pela Narwhal Morumbi*, fizemos um orçamento e poucas semanas depois compramos nosso equipamento básico: snorkel (o canudinho), máscara, nadadeiras (aprendemos que o bagulho NÃO CHAMA pé-de-pato) e botas (pra proteger o pé, pois as nadadeiras são abertas e presas com alças). O dinheiro estava curto, e esse já era um pequeno investimento. Deixamos o curso pra depois.

Foi-se janeiro – e todas as suas contas. Em fevereiro voltamos à loja e fechamos o curso de Open Water Diver, certificação equivalente ao mergulhador nível básico. Optamos pela Narwhal pelo fato dessa certificação ser homologada pela PADI (Professional Association of Diving Instructors), que é um órgão reconhecido mundialmente, e cuja carteirinha também vale planeta fora – algo interessante o suficiente pra quem quer viajar mergulhando, ou mergulhar viajando. Aí vai de cada um… a gente se contenta com ambos 🙂

O curso consiste num treinamento de quatro dias, dividido em dois finais de semana: no primeiro, um dia somente de carga teórica, e o outro de treinamento prático em piscina; o outro, dois dias de mergulhos em águas abertas. Parece pouco, “quatro dias pra aprender a manejar aquilo tudo, enfiar um tubo na boca e respirar debaixo d’água sem engasgar e morrer“. Pelo menos era esse meu pensamento… e é um pensamento que faz sentido, até você começar a entrar em contato com o negócio todo.

Fizemos testes dos dois primeiros dias com o Gustavo e a Adriana – nossos instrutores. Do material didático que o curso oferece, um DVD – que assistimos anteriormente – já dá uma boa adiantada no conteúdo, que é estranho à primeira vista, mas que passa a fazer sentido durante a aula. No fim do dia, uma provinha pra deixar a coisa toda ainda mais emocionante. Mas tudo correu bem, e domingo estávamos na piscina, tendo nosso primeiro contato com o equipamento completo (exceto a roupa). Montamos e desmontamos tudo por diversas vezes, simulamos trocentos exercícios, fizemos teste de natação, e vencemos alguns medos (como desalagar a máscara debaixo d’água – algo que parece humanamente impossível, que te fará afogar assim que você tentar, até o momento em que você faz, e parece a coisa mais óbvia e simples do mundo). Foi um dia puxadíssimo, mas adoramos. Saímos de lá elétricos, e ansiosos para fazer o checkout (ou batismo – o termo que se usa pros testes em águas abertas).

Gustavo e Dri fazendo tudo parecer possível :)

Gustavo e Dri, fazendo tudo parecer possível 🙂

Então a Dé teve a ideia: Já que nosso aniversário de casamento tá quase aí, por que não fazer o checkout juntando as datas? E assim, agendamos nossa ida a Ilhabela para esse último final de semana (dias 7 e 8 de março). Descemos um dia antes, pois nosso aniversário foi dia 6, e por lá comemoraríamos.

Não conhecíamos. Ilhabela é um lugar bonito pra burro. Pedimos algumas dicas de hospedagem, e acabamos ficando no Hostel Central Ilhabela (http://www.hostelcentralilhabela.com/). Ótima localização, um serviço atenciosíssimo da Luana (recepcionista e faz-tudo), nos estabelecemos e logo a seguir fomos jantar pra comemorar nossa data-pretexto… afinal de contas, não é todo dia que a gente completa bodas de madeira/ferro (sim, eu procurei). E comemoramos à altura (vá com fome ao Pìmenta de Cheiro – http://www.pimentadecheiroilhabela.com.br/ –  preços não muito módicos, mas pratos deliciosos e ogros que valem a pena), porque tem muito casal que desmancha bem antes disso.

Pra descer todo santo ajuda ( a subida foi um inferno, à noite e com chuva...)

Pra descer todo santo ajuda ( a subida foi um inferno, à noite e com chuva…)

Durante a descida, uma parada pro xixi, e também pra acompanhar um afago desajeitado no inglês, enquanto matavam impiedosamente o português

Durante a descida, uma parada pro xixi, e também pra acompanhar um afago desajeitado no inglês, enquanto matavam impiedosamente o português

Albergue mais que honesto, com direito a ventilador de teto e ar condicionado

Albergue mais que honesto, com direito a ventilador de teto e ar condicionado

O jantar das bodas de madeira

O jantar das bodas de madeira

Chegou o sábado. Mesmo com o tempo fechado e chuvoso durante os dois dias, correu tudo muito bem. Um novo grupo de instrutores (o Kauê – que faz inclusive recomendações culinárias, o Vinicius, o Guilherme e o Ricardo), e mais ouros 13 iniciantes compuseram nosso grupo: tinha casal de noivos, gente que já mergulhava clandestinamente mas tomou vergonha e foi se certificar, gente que estava indo viajar, uma menina menor de idade acompanhada dos pais, casal de namorados, enfim… uma galera.

Nosso barco, e a galera (a foto é do segundo dia)

Nosso barco, e a galera (a foto é do segundo dia)

O primeiro dia não foi fácil. A ambientação com aquela roupa de neoprene, a ansiedade em montar o equipamento direitinho, a equipagem com mais um monte de gente ao seu redor (fizemos o curso em piscina com somente uma menina), e não fazer feio ao cair na água. Depois de cair, notar o quão diferente é o mar de uma piscina. Parece uma imbecilidade falar isso, mas é verdade… a visibilidade é totalmente diferente, e as correntezas são um fator inédito até aquele momento. Além disso, engolir água salgada é bem diferente (e pior) do que aquela água da piscina. O lastreamento é totalmente diferente, e se habituar com tudo isso te dá um enrosco emocional num primeiro momento. Mas aos poucos a coisa vai fluindo. Lá embaixo, o primeiro contato com os peixinhos é emocionante, sem brincadeira. O receio de fazer besteira com o oxigênio vai embora com a calma que o ambiente te passa, e aos poucos você relaxa e aproveita. Mesmo com pouca visibilidade, a gente até conseguiu brincar um pouco, olhar ao redor e ver que nosso mundo de fato tinha aumentado. Fizemos outros testes (semelhantes aos feitos na piscina), e ao final do dia estávamos totalmente esgotados. Tanta confusão até desanima um pouco assim que você pode parar e descansar, mas toda novidade é assim: começa difícil pra aos poucos virar uma coisa natural. Essa era nossa esperança, e com esse pensamento voltaríamos no dia seguinte.

Dois cilindros pra cada um

Dois cilindros pra cada um – e sim, é a gente que monta o equipamento 🙂

Alguns de nossos melhores amigos do final de semana

Nossos melhores amigos durante o final de semana

Repusemos as energias seguindo as indicações do Kauê, e fomos à Creperia N’Areia  (http://www.creperianareia.com.br/ – peça pelo número 23), e na creperia também pudemos conhecer melhor os instrutores e o pessoal do mergulho… um happy hour merecido, fechado com um churro ali do lado, num verdadeiro carrinho de comida, e não essas porcarias gourmet (Churros Lorac: http://tinyurl.com/oqc22jy). Voltamos ao albergue e capotamos.

De onde sai o barco pela manhã, chegam os peixes à noite

De onde sai o barco pela manhã, chegam os peixes à noite

Honesto, gostoso e barato - recomendamos!

Honesto, gostoso e barato – recomendamos!

No segundo dia repetimos a dose. Porém, com a tensão deixada pra trás, o dia fluiu com muito mais tranquilidade e as coisas pareciam bem mais simples. Tivemos os problemas que todo iniciante tem (e que bom, afinal de contas é pra isso que estávamos fazendo um curso, e não bancando o herói): algumas dificuldades para a equipagem, mas dessa vez sabíamos das variantes do nosso local de mergulho. Mais alguns exercícios durante a manhã, e um mergulho turístico simulado – acompanhado de um instrutor, em caráter observador – para fechar o treinamento. Voltamos ao barco debaixo de uma chuva monstra, e de lá fizemos nossa última reunião, onde foram apontados todos os problemas, méritos, mudanças e recomendações para que tomássemos dali em diante. Todos se certificaram no fim das contas, e o saldo ao final de toda essa maratona é que cumprimos uma de várias etapas. Missão cumprida, hora de encher o bucho e pegar a estrada.

A partida do segundo dia :)

A partida do segundo dia 🙂

Reunião antes do mergulho

Uma reunião antes do mergulho

Chegou a hora de ir mais fundo, depois de sete meses de planejamento...

Chegou a hora de ir mais fundo, depois de sete meses de planejamento…

... e assim fomos :)

… e assim fomos 🙂

A galera na água, antes de ir lá pro fundo

A galera na água, antes de ir lá pro fundo

O resultado: água, equipagem, e um sorriso descabido

O resultado: água, equipagem, e um sorriso descabido

O almoço dos campeões, antes de cinco horas e meia de serra

O almoço dos campeões, antes de cinco horas e meia de serra

A coisa mais bacana é saber o quanto se dispor a começar uma aventura dessas é capaz de expandir seus horizontes, e multiplicar as possibilidades de destinos possíveis. Olhar para o mar e não pensar somente em molhar os pés ou dar uma nadada. Ir além, conhecer um pouquinho do que existe ali embaixo. Foi essa a grande descoberta, feita involuntariamente sete meses antes, e confirmada agora há pouco. Dá pra ir além, sempre dá. O negócio é procurar o jeito certo de fazer isso, respirar fundo e meter as caras. Vale a pena, e pode ser mais bacana do que você imagina.


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

República Tcheca

O baque de Český Krumlov

5 de março de 2015

É impossível descrever o que a gente sente ao descer do ônibus, na chegada a Český Krumlov. A rodoviária mais parece um pequeno estacionamento, e de lá segue-se à pé por poucos minutos até a entrada de seu Centro Histórico. O cenário avistado ainda de longe é inacreditável: a torre de um castelo, uma ponte de pedras, uma parede verde que termina em um rio sinuoso, e um vilarejo de casinhas coloniais… telhados vermelhos, paredes bonitas, e os mais diferentes tons de verde. Poderia ser encontrada em qualquer livro de contos de fada – mas é de verdade.

Se a primeira impressão é a que fica, definitivamente eu não estava preparado.

Se a primeira impressão é a que fica, definitivamente eu não estava preparado.

A cidade de fato vai além desses limites – possivelmente com as moradias dos cidadãos, que durante o dia trabalham no Centro Histórico. São várias as hospedarias, os restaurantes e as lojinhas, que vendem produtos de todos os tipos: artesanatos locais, adesivos temáticos, roupas (típicas ou não), brinquedos de madeira, mercearias, etc. Não conhecemos os arredores, justamente por esse motivo. Porém, desbravar a cidade velha é uma delícia, e pode ser feito em um dia e meio – tranquilamente e sem correrias.

O fluxo de turistas é grande, mas tranquilo.

O fluxo de turistas é grande, mas tranquilo.

De perto tudo é ainda mais bonito.

De perto tudo é ainda mais bonito.

Old Český Krumlov está charmosamente “abraçada” num rio em formato de ‘S’. Suas ruelas permitem o trânsito de carros, mas ele é raríssimo – e de certa forma bastante trabalhoso aos que tentarem. Os turistas tomam conta do local, mas seu fluxo passa longe de ser aquela coisa insuportável. Passeia-se com razoável tranquilidade entre suas ladeiras, e nelas encontra-se algumas coisas que desde então alimentam nossa saudade da cidade: existem artistas locais tocando música tradicional em suas pequenas pontes (com sapatos pontudos e instrumentos insólitos); existem algumas lojas/janelas que vendem o Trdelník (que não é tcheco, mas originário da Transilvânia) – uma espécie de pão em espiral coberto de açúcar e canela, cujo aroma e sabor são impossíveis de se traduzir aqui (mas as imagens farão você desejar um assim mesmo); atravessar a cidade de uma ponta a outra não leva mais de 15 minutos, e essas são apenas algumas das peculiaridades e delícias de Český Krumlov.

E dessa linda janelinha...

E dessa linda janelinha…

...sai essa verdadeira delícia quentinha - e no caso, recheada.

…sai essa verdadeira delícia quentinha – e no caso, recheada.

A travessia da cidade pode ser feita inclusive de bote :)

A travessia da cidade pode ser feita inclusive de bote 🙂

O programa obrigatório de Český Krumlov é visitar o castelo. Uma das coisas bacanas: esse programa é de graça. É possível passear por dentro de suas muralhas, conhecer o local que funcionava como uma espécie de feira lá dentro, atravessar um enorme hall central, e de lá subir uma ladeira para conhecer os jardins no alto da cidade. Mais: nesse mesmo complexo, após atravessar o enorme e espetacular labirinto verde, encontra-se um restaurante de comida típica ao final desse jardim, lá em cima, chamado Krčma Markéta* (http://www.krcma-marketa.cz/). Deleite-se com a cerveja artesanal e as carnes preparadas na pedra, além de um apfelstrudel pra comer de joelhos.

As muralhas do castelo, vistas de baixo.

As muralhas do castelo, vistas de baixo.

Já lá em cima, o mercadinho daquela época.

Já lá em cima, o mercadinho daquela época.

E após atravessar o hall central...

E após atravessar o hall central…

...você recebe a cidade de presente.

…você recebe a cidade de presente.

Após a subida, os enormes e lindos jardins lá de cima.

Chegando ao Krčma Markéta, esteja com fome e com sede (você estará). Cerveja artesanal, e comida rústica de verdade.

Por fim, o apfelstrudel. Que deveria vir numa moldura.

Por fim, o apfelstrudel. Que deveria vir numa moldura.

Depois de um almoço bem servido, desça a ladeira (sim, você não estará apto a fazer nenhum esforço depois desse banquete), atravesse o castelo e vire à esquerda para visitar o mais completo Museu de Tortura do Leste Europeu (cuja entrada é paga, mas vale a pena). De um touro de ferro que funcionava como forno para queimar pessoas, a sapatos com pregos e parafusos para esmagar os ossos dos condenados, o local é uma ode à criatividade maldita do ser humano. Um verdadeiro contraste à doçura e delicadeza da cidade, mas que só faz aumentar a sensação de se estar passeando numa história de fantasia – nesse “capítulo”, macabra.

Um lugar que você não gostaria de entrar...

Um lugar que você não gostaria de entrar…

...e acessórios que você não gostaria de vestir.

…e acessórios que você não gostaria de vestir.

A noite da cidade é deliciosa. As lâmpadas amarelas deixam as ruas à meia-luz. Alguns grupos de senhores se reúnem neste ou naquele bar, e cantam alegremente anunciando o final do dia. Os passeios ficam mais vazios, mas não menos tranquilos. Num mirante próximo à igreja dois músicos tocam viola, enquanto as pessoas admiram a lua sentadas nos bancos ou no gramado. A paz reina.

A vida noturna de Český Krumlov :)

A vida noturna de Český Krumlov 🙂

E o movimento das ruas.

E o movimento das ruas.

No mirante, música ao vivo, a lua e toda a tranquilidade do mundo.

No mirante, música ao vivo, a lua e toda a tranquilidade do mundo.

Existem outras atrações e possibilidades que Český Krumlov oferece. Porém, jantar após às 21h30 não é uma delas. A cidade FECHA (literalmente) por volta das 22h – ou seja, almoce e jante cedo, se não quiser passar fome, ou ter que se contentar com um lanchinho comprado nas mercearias. Outra coisa engraçada: não é servido café da manhã em praticamente nenhum restaurante, café ou bar. Se for, é capaz que ele seja assim:

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Český Krumlov é um lugar inesquecível. Daqueles que valem cartões de memória de tantas fotos, mas acima disso, de uma paz condizente com uma época que não vivemos, mas que quase podemos tocar estando lá, rodeados por paisagens tão espetaculares. Destino obrigatório aos que visitam a República Tcheca, e que deixa saudade aos que têm a oportunidade de conhecê-lo.


*Nossos textos não são patrocinados. A gente indica aquilo que a gente gosta/aprova, porque isso também ajuda na viagem alheia. Simples assim.

Faniquito

5 motivos práticos para viajar

2 de março de 2015

Temos todo um projeto voltado pra isso. Mas vale enfatizar certos aspectos que fazem de cada viagem uma experiência completa e rica, que a gente acaba levando pro resto da vida. Mais do que um período de descanso, a gente acaba encontrando outras diversas razões para não desperdiçar – e investir nesse período, em que deixar tudo pra trás pode ser a melhor solução para definir nossos próximos passos. Cinco desses motivos a gente aponta pra você agora mesmo:

1) Relembrar que o planeta possui mais de sete bilhões de habitantes

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Um novo ambiente faz notar que nosso universo de pessoas não é tão grande assim, e isso é mais do que válido sob vários aspectos: atravessar uma fronteira pode te fazer minoria ou maioria (religiosa, sexual ou racial), gerar (des)conforto por estar num local com idioma e/ou hábitos diversos, e toda essa mudança instantânea te aproxima automaticamente dos nativos, pois a inclusão é uma necessidade inerente ao ser humano. Isso dá uma noção clara do quão ínfimo e reduzido é nosso lugar no universo, e faz pensar em como as coisas funcionam coletivamente.

2) Descobrir novos sabores

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Um mesmo prato pode ter muitos sabores diferentes – e eles se distinguem mais e mais conforme aumentam as distâncias. Diferentes regiões possuem diferentes ofertas, e nem sempre o que à primeira vista possa parecer estranho ou bizarro é necessariamente ruim. Feijão no café da manhã? Frutas exóticas? Carne crua? Insetos? Caldos bizarros? Sim, o mundo oferece um menu infinito, e a fome nos acompanha durante toda a vida. Estar disposto a ampliar o horizonte dos sabores pode fazer da sua boca um verdadeiro parque de diversões.

3) Uma primeira vez pra tudo

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De conhecer o mar a saltar de um penhasco. Andar de bicicleta na estrada. Assistir a um jogo de futebol de um time que não o seu. Pedir carona. Conhecer um templo, uma igreja, um prédio histórico. Ver ao vivo aquela obra de arte tão conhecida dos livros. Assistir a um show. Usar botas. Luvas. Patins. Esquis. Capacete. Não usar nada. Andar de trem. De navio. De avião. De balão. Nadar. Tomar banho. Não tomar banho. Dormir no relento. Experimentar. A vida se multiplica, e sempre há algo a ser feito. Fazê-lo é das maiores vitórias.

4) Reaprender

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Aprendemos sobre certo e errado acompanhando de perto aquilo que a gente vive. Em outros lugares, com outras pessoas e outras histórias, a realidade se apresenta de forma totalmente diferente (coisas que funcionam em um lugar não funcionam em outro, e vice-versa; hábitos e educação diferentes causam toda uma cascata de desdobramentos que apresentam realidades totalmente distintas das que vivemos; certas atitudes significam coisas diferentes em lugares distantes, etc.). Viver novas situações – ou velhas, mas em contextos diferentes – nos faz reavaliar certas atitudes, hábitos e costumes. Nossa esperança é renovada, e nos transformamos inevitavelmente em algo melhor dali em diante.

5) As novas amizades

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Estar fora da zona de conforto é estar suscetível. Nesse momento, numa jogada meio inexplicável do universo, acabamos encontrando novos rostos pelo caminho. E alguns deles acabarão ilustrando memórias que nunca mais deixarão de fazer parte da sua vida (nosso repertório inclui poucas decepções e muitas boas surpresas). Gente que te oferece um guarda-chuva numa noite de temporal, que dá aquela força quando suas energias estão acabando, que bate um papo gostoso e inesperado dividindo um vagão de trem, ou ainda que te oferece carona para um longo trecho, poupando valiosas economias durante uma viagem. Amizades pontuais, rápidas ou duradouras, não importa: dividir experiências enriquece, e vale muito mais do que voltar repleto de tranqueira do free shop.